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Retratos da vida – o que deixamos passar

Gilson Cruz

A Superficialidade do Cotidiano

Falar sobre tristeza é complicado. Ouvir sobre ela pode ser ainda mais desafiador.

A rotina mecânica do dia a dia nos acostumou a buscar contentamento em coisas superficiais: a TV ligada enquanto arrumamos a casa, o rádio ao fundo com murmúrios que já não nos despertam interesse. As letras e músicas se tornaram meros acompanhamentos para nossas tarefas diárias.

É triste perceber como antigas fotografias, agora, evocam uma felicidade incerta. A lembrança da casa na praia, da família reunida, das crianças tagarelando e dos pais resmungando sob o calor intenso traz um sentimento de felicidade passada. O sol de verão, as risadas… a foto ainda é linda.

Mas o passado parece se assemelhar ao presente de maneira vívida, exceto pela ausência de alguns sorrisos na próxima foto. Assim tem sido a vida. Os momentos bons e antigos parecem congelados no tempo.

A Automação das Emoções

Vivemos de forma automática. Ignoramos aqueles e aquilo que consideramos menos relevantes no momento. Deixamos de responder a quem se importa conosco e, quando essas pessoas se vão, talvez finjamos ou realmente nos sintamos tristes.

Falar sobre tristeza não é simples. Assim como não foi para um homem que se aposentou após anos de trabalho árduo e descobriu uma doença, percebendo que talvez não desfrutaria seus últimos anos como planejara: ao lado da mulher amada, com menos preocupações, sem a angústia do hoje e a incerteza do amanhã.

Ou para um amigo que, ao sair do consultório médico, chorava e murmurava: “É a vida… o pobre vive para trabalhar. E quando velho, a cura é o buraco (a cova)!”

Sem palavras, os dois se abraçavam, incapazes de oferecer consolo além de concordar um com o outro.

Histórias Que Passam Despercebidas

Enquanto os ouvia, eu tentava encorajá-los a não desistir, embora soubesse que palavras de conforto não corrigem injustiças.

E os últimos dias deles seriam uma luta para encontrar plenitude, mesmo nos momentos finais, ao lado da amada que os acompanhou por tantos anos. Seriam dias para lembrar de um passado guardado na carteira, em uma foto preto e branco de um jovem casal, no dia do noivado, repleto de sonhos, risadas e olhares enamorados para a câmera.

Essas histórias se desenrolam todos os dias, enquanto nós, ocupados demais para pensar e demasiadamente egoístas para além de nossos próprios problemas, deixamos passar despercebidos os momentos e as pessoas. Agimos como se fossem eventos secundários na televisão, enquanto mecanicamente cuidamos das tarefas em nossas casas.

Veja mais em Vamos falar de amor? (Muito além da paixão) › Jeito de ver

Versos sem destino ( um conto )

Um belo conto sobre amor platônico. Divirta-se.

Imagem de Tumisu por Pixabay

Gilson Cruz

 

No início, as pernas tremiam

As pernas tremiam quando ela entrava na sala de aula.
Ele não sabia, mas talvez a adolescência ainda existisse, embora disfarçada, atrás das lentes daqueles óculos para corrigir um pouco daquela miopia.

As “quintas-feiras” de Primavera, eram terríveis!
Ele tinha que suportar,  já na aula de entrada a voz doce daquela – que em qualquer outro lugar, seria uma jovem linda, uma paixão e que naquela hora era nada menos que a sua professora.

As aulas eram chatas, a voz dela era doce, mas ela vivia insistindo para que ele desse mais atenção às aulas.

O misto de emoções parecia irreal.

No outono, acontecem as paixões, diziam os colegas em tom de brincadeira entre as aulas de histórias, ciências e biologia.

Mas, não é que havia um pouco de verdade?

Alunos se apaixonarem por professores, não era tão incomum.
Ele era tímido, introvertido, mas para ela, ele criava seus melhores versos, inventava novas canções – e sonhava com o momento de mostrá-las – ainda que sabendo, lá no fundo, que não haveria chance alguma de algo acontecer.

E o fim de mais um ano…

E as aulas continuaram, o inverno passou, as brincadeiras juvenis se tornavam menos intensas e depois de longos meses, chegaria a hora de se despedir daquela turma, daquela escola e dela, a razão dos versos.

Abraços, adeus…todos contentes.

Emanuel, seu melhor amigo,  abraçaria a História, Romualdo se dedicaria a Educação Física, Cida iria para o Sul, Dalva para a França… todos caminhariam em estradas diferentes.

Melhores amigos se despediam e prometiam sempre enviar notícias – mas, a vida prega essas peças.
Alguns foram para longe e o tempo não lhes permitiu enviar as esperadas lembranças, notícias…

Outros se foram, pois os imprevistos acontecem mesmo aos jovens… não tiveram tempo de dar um último abraço, como o Augusto que desistiu de viver, e que jamais fora entendido por alguém.

Mas, naquele momento de despedidas, sentia a falta da jovem Professora.
Estava num misto de alegria e tristeza por se despedir, por ver mais um fim de ano.

 

E ele decide apresentar os versos

Estava livre agora para conversar com aquela que fora a inspiração das músicas e poemas.

E ainda, na última Sexta-feira, de um Dezembro qualquer, ele organizava seus versos…
Ensaiava suas últimas canções.
Se preparava apenas para um muito obrigado, ainda que meramente formal… e poder se desiludir, então.

E naquela noite, logo após a lua brilhante do novo verão iluminar o leste da cidade, apanhou seu violão e se dirigia, caminhando pelos trilhos até o caminho que levavam à porta mais distante do mundo.

Cada passo pesava toneladas e cada segundo eram séculos vividos até a esquina que dava na rua das Rosas.

E cruzando a esquina, vira de longe um carro.
E do carro descia aquele que falava as palavras que ele desejava falar, e planejar o futuro que ele sonhou por todo um ano…

No momento em que ele chegava, seus olhinhos verdes brilhavam e seus lábios riam enquanto andava alegremente para abraçá-lo.

Abraçar aquele a quem ela amava e de quem certamente ouviria as palavras, que ela desejava ouvir.

Olhando à distância, ele desiludido, via a razão dos seus versos também entrar no carro e saírem.

Não houve lágrimas. E o caminho de volta se tornara longo…

A lua agora iluminava as suas costas e o velho Di Giorgio tinha o peso do mundo.

Naquela noite não haveria músicas ou poemas, até porque num tropeço, o braço do seu violão favorito, se quebrava em dois.
Desempregado, não podia comprar outro…ser jovem, era outro nível!

As músicas cessaram naqueles dias.

E um novo ano se aproximava.
Haveria novas turmas, novos professores e diferentes paixões.
E a vida continuaria. Ele certamente encontraria alguém e amaria, e quem sabe voltaria a escrever novos versos…

Mas, ainda lembraria daquele violão, que o acompanhava nas madrugadas de composições para a sua paixão adolescente, e daqueles meses e sentimentos, que findariam também.  No fim das aulas – num verão.

 

Veja também Caminhos de ferro ( Um conto) ‣ Jeito de ver

 

Fim de uma paixão (e o céu continuava azul)

Imagem de Hans por Pixabay

Gilson Cruz

Não sei o que ardia
naquele momento
Se a ansiedade de continuar tentando
ou o medo…
de aceitar que sonhos,
na maioria das vezes não se realizam.
E naquele momento,
que precisava acordar, acordei.
E o céu continuava azul.

Gilson Cruz

Leia também:  O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver

Ao mesmo lugar (onde eu possa voltar)

Criança corre nos campos. Uma poesia de nostalgia e saudade. Se emocione também.

Imagem de andreas160578 por Pixabay

Gilson

Quero voltar ao lugar

onde as crianças brincam, e esquecer a minha pressa…

Contemplar os risos, esquecer dos riscos e da dor que me atravessa.

Lembrar que um dia naquele mesmo lugar ouvi os acordes suaves de um violão ressoar.

O balançar dos cabelos, o amor a sorrir, a inspiração, os apelos… que não voltasse a partir.

Quero voltar ao lugar

E reviver o medo de não acertar, de não merecer… Reviver a voz suave, poder viver…

Quero voltar ao lugar onde as crianças brincam e trazer de volta as memórias e fazer as pazes comigo…

E lembrar aquele dia, marcado, riscado no tempo… da menina que sorria, linda, livre, lindo firmamento.

Lembrar dos céus de primavera que nascera em outra estação, do amor que se espera, o infinito, a liberdade, a mão…

Outras crianças hoje brincam. Sim, no mesmo lugar… Venham, ouçam os risos… esqueçam os riscos… É onde quero voltar e ficar.

E recordar aqueles risos… De quem vivo a sonhar.

Leia também : O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver

Amar novamente (acreditar sempre)

Investir num relacionamento é valorizar o humano. Como amar e amar sempre?

Imagem de Karen Warfel por Pixabay

Investir num Relacionamento Duradouro Tem Seus Desafios

O que, no começo, parece ser uma eterna primavera, toma contornos de cinza quando se percebe que a pessoa ao nosso lado também é cheia de defeitos! O fato é que todos nós temos nossos próprios vícios e virtudes, e alguns desses vícios podem ser estranhos a quem não tem a mesma formação, cultura e objetivos.

Por exemplo, algumas pessoas amam mostrar para toda a vizinhança a música que estão curtindo (mesmo quando não são solicitados), ao passo que outras preferem algo mais intimista e se irritam com volumes altos. Pode ser um desafio chegar a um ponto em comum, mesmo em algo tão simples.

Outro desafio comum é apaixonar-se pela aparência física de alguém e viver na ilusão de que a pessoa será assim para sempre. O fato, mais uma vez, é que com o tempo as pessoas mudam. Os traços da juventude amadurecem e aquele frescor de beleza toma agora contornos de uma beleza mais madura, realçada pela experiência vivida.

Entender esse ponto nem sempre é fácil, visto que vivemos numa sociedade escrava das aparências. Em especial, as mulheres são, na maioria das vezes, as mais impactadas pelas regras ocultas desta nova/velha sociedade.

Por exemplo, em novelas e filmes, é muito comum ver mulheres jovens contracenando ou fazendo pares românticos com homens bem mais velhos. Algumas atrizes já disseram em entrevistas que, uma vez que ficam mais velhas, perdem protagonismo nesta área da arte. Enquanto homens mais velhos são valorizados pela experiência, as mulheres mais velhas são criticadas por não conservarem a mesma aparência. No filme Top Gun: Maverick, por exemplo, eram comuns os elogios à boa forma física de Tom Cruise, enquanto a atriz Kelly McGillis, com uma aparência mais madura, recebeu comentários críticos e desnecessários.

Triste dizer, mas isso é apenas um reflexo do dia a dia. Isso acontece quando as pessoas deixam de valorizar a personalidade e se concentram apenas na beleza fugaz.

A Sociedade e as Expectativas Sobre a Aparência

A sociedade moderna está profundamente ligada à aparência e muitas vezes não dá espaço para a evolução natural das pessoas. As mudanças físicas, que são naturais e inevitáveis, muitas vezes se tornam um obstáculo para aqueles que esperam ver sempre a mesma pessoa. Isso é especialmente visível no tratamento dado às mulheres, que, à medida que envelhecem, enfrentam uma pressão ainda maior para manter uma imagem juvenil.

A mídia, por meio de filmes e novelas, reforça esses padrões ao valorizar homens mais velhos, associados à experiência e à sabedoria, enquanto as mulheres mais velhas são muitas vezes marginalizadas ou desvalorizadas por não atenderem aos padrões estéticos da juventude. Essa discrepância causa uma pressão desnecessária e contribui para um ciclo de insegurança que afeta a autoestima de muitas mulheres.

Problemas acontecem

Analise a história de alguém que chamaremos de Marta. Seu relacionamento com Carlos começou quando ela tinha aproximadamente 17 anos. Carlos era o homem dos seus sonhos: bonito, educado, paciente e trabalhador. Marta era uma menina cheia de sonhos, linda, alegre e excelente professora.

Ambos sonhavam com filhos, mas infelizmente alguns problemas os impediam. Investiram tempo e dinheiro em um tratamento que finalmente deu resultados, e ela engravidou. As expectativas aumentaram, assim como a ansiedade e a depressão de Marta, que temia que algo pudesse frustrar seus planos.

Enfim, uma linda criança nasceu! Mas Marta agora enfrentava um novo desafio. Seu corpo mudara, ela teve depressão pós-parto e enfrentou comentários que, embora bem-intencionados, aprofundavam ainda mais sua depressão e sentimentos de inutilidade. Até mesmo Carlos deixou de enxergar toda a batalha que haviam travado para alcançar o objetivo de ter um filho.

Observe que as maiores dificuldades estavam nas mãos de Marta. Carlos, ainda que involuntariamente, a maltratava ao dizer que sentia falta da jovem linda que conheceu aos 17 anos, que não era mais a mesma, pois não tinha a mesma aparência. O pobre Carlos não percebia que ele também não tinha mais a mesma aparência — as mudanças físicas acontecem a todos.

E que mais importante, naquele momento, era ver que, além dos lindos traços no rosto de Marta, havia uma mulher linda e agora mais madura.

Alguns talvez pensem: “Ela sabia que era assim. Que ele gostava da aparência física que ela apresentava!” Certo, mas ninguém precisa ser um idiota pra sempre, não é verdade? (Risos)

Valorizar o Humano e os Desafios da Saúde Mental

Investir num relacionamento é valorizar o humano. E quando a pessoa que amamos sofre de depressão, crises de ansiedade e outros males deste século terrível? As pessoas que amam têm essa incrível mania de acreditar que nunca devem desistir!

Em vez disso, farão o possível para tornar mais leves e suportáveis as pressões do dia a dia. Fazem isso porque estão dispostas a ouvir sem tecer julgamentos precipitados, a colocar-se no lugar do outro e, principalmente, a separar os sintomas da doença da verdadeira personalidade da pessoa.

Investir num relacionamento tem seus desafios, é verdade. Mas, à medida que cada desafio é superado, maior se torna o vínculo e a sensação de realização — de sucesso! Realmente, amar vale a pena!

Gilson Cruz

Leia mais em :E quando a infidelidade acontece? – Jeito de ver

As pessoas que amam, tem essa incrível mania de acreditar,  não desistem nunca!

E quando a infidelidade acontece?

Imagem de Melk Hagelslag por Pixabay

Uma canção antiga pergunta a um tal de Sr. James: “Te envio esta carta pra saber, seus conselhos… e por que as pessoas brincam e nos chutam como se fôssemos pequenas pedras, eles esquecem que temos um coração…”

Tradução livre de My Dear, Manchester.

As pessoas realmente esquecem os sentimentos de outros…

Como discutimos anteriormente em um artigo, tem sido comum às pessoas viverem “relacionamentos abertos” (em que o casal está livre para se relacionar com quem quiser), e a matéria a seguir não é para estes.

É para aqueles que investem tempo e energia em um relacionamento e são vítimas de traição.

O entusiasmo inicial

O início de um relacionamento é marcado pelo entusiasmo e pela ideia de dar início a algo novo, de construir juntos — cria um vínculo que se fortalece à medida que as coisas acontecem.

A construção de um lar, o ocupar dos espaços e a elaboração de planos para o futuro podem transmitir ao jovem casal a confiança de que lutar vale a pena. Essa confiança faz com que ambos vejam sentido no dia a dia.

Há muito tempo, uma jovem senhora de origem humilde me disse as seguintes palavras: “Realmente, às vezes é bom encontrar tudo pronto… Mas, nada se compara a construir juntos! E algumas pessoas jamais entenderão o que é isso!”

O construir juntos traz aquela sensação de que tudo valeu a pena!

E acontecem os reveses…

Mas, mesmo relacionamentos aparentemente sólidos sofrem reveses.

Veja, por exemplo, na linda e triste canção Sonhos, do ano de 1977, composição de Peninha. Observe os versos que expressam bem a sensação de uma vítima de traição:

“Quando uma canção se fez mais forte E mais sentida Quando a melodia fez folia em minha vida Você veio me contar Dessa paixão inesperada por outra pessoa…”

A péssima surpresa e a perplexidade do eu lírico. A sensação de ter os sentimentos traídos pode ser extremamente dolorosa.

O fim da confiança, o golpe na autoestima e a desilusão… são, às vezes, mortais.

A traição tem sido normalizada

Vivemos numa sociedade misógina, e não é incomum ouvir alguns homens falarem: “Eu sou homem, eu posso trair… Quem não pode é ela, que é mulher!” Alguns que pensam dessa maneira, quando recebem de volta o troco na mesma moeda, recorrem à violência e, muitas vezes, ao crime “pela honra”.

Do ponto de vista emburrecido pela tradição, os sentimentos do outro não têm nenhuma importância!

Mas o ponto a ser estudado é: por que as pessoas traem?

Por que as pessoas traem?

É verdade que a falta de um diálogo franco tem sido usada como pretexto para traição. A falta de diálogo apenas mostra a distância que o casal precisa percorrer para que as coisas se ajustem — não um atalho para ser infiel.

As pessoas traem, em primeiro lugar, por serem egoístas! Isso mesmo, egoístas!

O traidor sabe os danos emocionais que causa, mas os seus desejos egoístas estão à frente disso.

Não importa se a vítima de traição sofrerá com a perplexidade de não entender o porquê das coisas — às vezes até desenvolvendo sentimentos de culpa e impotência, ou mesmo se esta culpará a si mesma buscando uma possível razão que justifique a culpa do outro.

O traidor, em algumas situações, demonstrará uma preocupação aparentemente genuína, mas, por ser, na maioria das vezes, um narcisista, esta preocupação tem um propósito que não é o bem da vítima.

Não são altruístas!

Como se fôssemos pequenas pedras…

A ênfase que se dá atualmente à satisfação dos instintos pessoais atingiu um nível quase animalesco! As pessoas foram, de certo modo, reduzidas a meros objetos! Materiais a serem usados e dispensados — quase recicláveis! (risos)

O narcisista

Os narcisistas encaram outros como escravos de suas vontades. Não há amanhã, os desejos são urgentes!

O traidor, por ser egoísta e muitas vezes narcisista, jogará o seu jogo, com arte, até estar pronto para uma nova partida. Por um tempo, jogará o jogo da manipulação. Reconquistar a confiança, fingir se importar — e como “mentiras sinceras me interessam” pensa a pessoa fragilizada, o maior abandonado, é quase certo que ele conseguirá seus objetivos.

E quanto à vítima? O que fazer?

O primeiro passo é lembrar que cada pessoa tem seu valor, e se alguém não valoriza você, está mostrando seu próprio preço. Não tenha medo de reconhecer seu valor.

A falha não é do traído. Perdoar é pessoal, mas desistir de um relacionamento abusivo pode ser necessário, por mais doloroso que seja.

Não tenha medo! A falha de caráter não é do traído!

Não tema recomeçar.

A experiência ensina lições valiosas, entre elas a percepção de traços desejáveis em futuros relacionamentos. Um bom relacionamento é construído por duas pessoas dispostas a se adaptar e serem francas uma com a outra.

Apesar dos percalços… amar ainda vale a pena.

Gilson Cruz

Leia mais em: Amar novamente (acreditar sempre) – Jeito de ver

Amar novamente… ( e sempre)

Alguém solitário num banco. É possível amar novamente após uma perda ?

Imagem de Melk Hagelslag por Pixabay

“Foi Deus que fez a gente, somente para amar… só para amar!”

Foi Deus Quem Fez Você – Canção de Luiz Ramalho, 1980, interpretada por Amelinha.

Os mais românticos costumam dizer:

  • “Só se ama uma vez na vida!”

Embora exista uma verdade por trás destas palavras, o fato é que é possível amar várias vezes na vida.

Parece contraditório? Explicamos…

A verdade é que o amor é um sentimento complexo e pode se manifestar de diversas maneiras ao longo da vida. Não deve ser confundido com paixão ou fascínio, que, por vezes, são definidos como uma “falsificação” do amor, por se basearem em coisas superficiais e passageiras.

Como o amor é algo mais maduro, ele se desenvolve em momentos distintos, com diferentes intensidades e direções.


Amor e suas nuances no cinema

Para entender melhor, vamos relembrar dois clássicos do cinema (com um pouco de spoiler!):

O clássico de 1970, Love Story (Uma História de Amor), conta a história de Oliver, um jovem de família rica inglesa, sem muita graça ou objetivos na vida, que se apaixona por Jennifer, uma jovem estudante de música. Eles se casam.

Os pais de Oliver são contra o relacionamento, pois Jennifer é de família humilde, e deserdam o filho.

O casal tenta ter um filho, sem êxito, e, ao realizarem exames, descobrem uma doença gravíssima em Jennifer. Essa doença tira sua vida. (Eu falei que teria spoiler! Mas, mesmo assim, vale a pena assistir ao drama; há muitas lições!).

O filme A História de Oliver (1978) pode ser descrito como uma continuação de Love Story e mostra os desafios de um amadurecido Oliver à frente dos negócios da família, enquanto aprende a amar novamente. (O drama também merece atenção!).

Esses filmes mostram as dificuldades de amar e amar novamente após uma perda.


A vida precisa seguir: amar é natural

Na vida real, algumas pessoas que perderam quem amavam podem nutrir sentimentos de culpa ao desenvolverem sentimentos românticos por outro alguém e, muitas vezes, sabotam a si mesmas. Não se permitem uma nova chance.

Amar faz parte da natureza humana, embora vivamos num tempo em que os relacionamentos são frequentemente marcados pela falta de substância, de compromisso, e a experiência de amar é confundida com a satisfação instintiva dos próprios desejos.

Mas não é sobre este tipo de relacionamento que estamos falando aqui.

Falamos sobre o compromisso entre duas pessoas, em que ambas têm um sentimento de pertencimento, sem culpa e sem pressão.

Algumas pessoas amaram tanto que, após a morte da pessoa amada, acreditam ter vivenciado o amor eterno e não desenvolvem mais sentimentos românticos ou desejos por mais ninguém – e são felizes assim!

Embora seja difícil resistir à tentação de julgar, quem somos nós para determinar o que é bom para os outros, não é verdade?

Outras pessoas passam a desenvolver sentimentos, mas temem reviver experiências dolorosas ou esquecer a pessoa que ocupou um espaço tão importante em suas vidas.

Mas a vida precisa ser vivida.

Não há erro em tentar!

Nessa situação, a pessoa não deve se sentir culpada. Querer amar alguém é algo natural, e passar a gostar de outra pessoa não significa que o primeiro amor não foi verdadeiro.

Cada pessoa é diferente, e cada uma é amada por motivos distintos. À medida que vivemos novas experiências, crescemos e mudamos, e, com isso, nossas capacidades de entender e amar também evoluem.

Portanto, é vital entender que vivemos em constante aprendizagem. Na vida, podemos amar pessoas diferentes por motivos distintos – e isso também será amor. Não significa apagar uma história vivida, mas dar continuidade àquilo que é essencial: a vida.

Gilson Cruz

Veja mais em Amar novamente (acreditar sempre) – Jeito de ver

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