A inocência das crianças – Pobres Crianças!

Qual não foi o espanto da população com aquela cena...leia a crônica.

O espanto!

A INOCÊNCIA DAS CRIANÇAS

A campanha eleitoral naquela pequena cidade do interior nordestino já havia alcançado o mais baixo nível de toda a história…

Cadeiradas eram afagos, perto do que se via por lá, mas também não era tão violenta quanto aquele caso do senador assassino que matou alguém lá em 4 de Dezembro de 1963…

Mas esqueceram a gentileza!

Palavrões, cadeiras voando, e um tal de “ladrão” pra cá e “ladrão” pra lá… mas ninguém cogitava a ideia de processar o candidato A, B ou C. Vai que tinha algo escondido!

Então, o coordenador da campanha de Jorge Clemente resolveu inovar: — “Nada é tão puro quanto uma criança!”

Bem, crianças não votam…

Usar crianças em campanhas políticas é meio estranho. Candidatos com cara de nojo abraçando crianças que dariam tudo para não estar naquele lugar…

Usar crianças é um artifício complicado, pois muitos casos de corrupção envolvem dinheiro que seria destinado à educação e à cultura – o futuro das mesmas.

Mas, como não estou aqui para explicar política e sim para contar o caso, deixe-me continuar:

Jorge Clemente teve a brilhante ideia para apaziguar os ânimos: — “Vou inovar… No carro de som, vou colocar algumas crianças para acenar ao povo, enquanto o locutor fala mansamente o nome Clemente…”

E assim se deu.

Quatro meninos foram escolhidos para desfilar no carro e acenar ao povo pelas ruas da cidade.

E qual não foi a surpresa da população ao ver que, enquanto a caravana passava, as inocentes crianças erguiam os pequenos dedos médios, em riste, para os adversários políticos.

Pobres e inocentes crianças…

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Show aberto ao público – Nada é de graça!

Imagem de Pexels por Pixabay

Os carros de som divulgam o evento: um cantor renomado fará um show no pequeno município.

A população, que sente falta de investimentos em esportes, saneamento e educação, se anima com o carisma do artista.

Fico pensando: se cada morador recebesse o valor investido pela prefeitura no show, eles pagariam para vê-lo? – Confesso que tenho minhas dúvidas.

Contudo, as prefeituras no Brasil frequentemente recorrem a este expediente, e a população, que não recebeu educação para pensar criticamente, aplaude o favor.

Após serem seduzidas pela fantasia, retornam satisfeitas ao mundo real de dificuldades, aguardando a próxima distração.

ANALISANDO GASTOS

Em ano eleitoral, prefeitos na Bahia aumentaram significativamente os gastos com a contratação de artistas para os festejos juninos de 2024, totalizando R$ 364 milhões para 3.356 apresentações, com um custo médio de R$ 108 mil por show, mais que o dobro do registrado em 2023.

No ano passado, 210 municípios gastaram R$ 153 milhões para 3.138 shows, com um custo médio de R$ 48,7 mil cada.

Esses dados, provenientes do Painel da Transparência dos Festejos Juninos do Ministério Público do Estado da Bahia, refletem a preocupação com a transparência nas contas públicas, embora 328 dos 417 municípios baianos tenham reportado suas despesas.

GASTOS EXTRAORDINÁRIOS

Um dos casos mais emblemáticos foi o de Banzaê, com uma população de apenas 12 mil habitantes, que gastou R$ 1,78 milhão em shows, um valor superior ao orçamento anual da prefeitura para cultura, que é de R$ 1,23 milhão.

A prefeita Jailma Dantas (PT) justificou que os gastos incluíram um convênio com o governo do estado e outras fontes de receita.

O cantor Wesley Safadão, por exemplo, foi contratado em diversas cidades, somando R$ 8,2 milhões em cachês.

Luís Eduardo Magalhães pagou R$ 1,1 milhão por uma apresentação de Gusttavo Lima, enquanto Candeias gastou R$ 6,1 milhões, evidenciando um aumento em relação aos R$ 3,4 milhões do ano anterior.

A prefeitura de Candeias defendeu que a festa gerou 2.000 postos de trabalho diretos e movimentou a economia local.

Contudo, a questão central não é apenas a legalidade dos gastos, mas sua proporcionalidade em relação ao orçamento das prefeituras e suas prioridades.

O Ministério Público ressaltou que o painel não atesta a eficiência dos gastos, mas busca promover o controle social.

SUPER CACHÊS

A prática de usar verbas públicas para altos cachês de artistas populares, como Gusttavo Lima, tem sido alvo de críticas e investigações, especialmente em um contexto em que muitos municípios enfrentam sérias dificuldades financeiras.

Recentemente, Gusttavo Lima foi investigado por seu envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro e teve bens bloqueados, mas isso não impediu que ele continuasse a faturar com shows pagos por prefeituras, que muitas vezes comprometem suas receitas em áreas essenciais como saúde e educação.

Um estudo revelou que, em 2024, o artista arrecadou R$ 12,3 milhões com prefeituras, afetando diretamente outros investimentos municipais.

Em pequenas cidades, como Mara Rosa (GO), o custo de um show de Gusttavo Lima representou 10,35% do orçamento destinado à cultura, e em Campo Verde (MT), 52,78% do orçamento para a mesma área.

CRÍTICAS

Críticas surgem de moradores e profissionais, como professores, que questionam a priorização de shows em detrimento de necessidades básicas da população.

O uso de verbas públicas para grandes shows em ano eleitoral levanta questionamentos sobre as prioridades das administrações municipais.

O “pix orçamentário” implementado pelo governo de Jair Bolsonaro, que permitiu a liberação de R$ 3,2 bilhões para as prefeituras, intensificou essa prática, dificultando a fiscalização do uso desses recursos.

Além de beneficiários em termos de entretenimento, a cultura popular e a música se tornaram ferramentas políticas, com artistas se posicionando publicamente em eventos que se assemelham a comícios.

OS FATOS

Essa relação entre grandes festas e campanhas eleitorais reforça a prática do “pão e circo”, que distrai a população de questões mais prementes, como investimento em saúde, educação e infraestrutura.

A conclusão é clara: a promoção de grandes shows pelas prefeituras não é um favor à população, mas sim uma estratégia que desvia recursos que poderiam ser utilizados em áreas essenciais.

Se tivessem a opção de escolha, muitos cidadãos optariam por melhorias em serviços públicos ao invés de eventos festivos. Assim, por trás da aparência de benfeitoria, a população é frequentemente enganada.

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Para onde vão as doações das campanhas “Criança Esperança”?

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Imagem de Artur Skoniecki por Pixabay

Nos anos de 2016 e 2017, uma notícia circulou pelo WhatsApp:

Documento do WikiLeaks revela que a Globo repassou à Unesco apenas 10% do que arrecadou com o Criança Esperança. A Globo sonega R$ 600 milhões e usa as crianças pra te pedir dinheiro e aumentar as isenções de Imposto de Renda.

Quer doar? Procure a Apae da sua cidade. Repassem aí. Quanto mais pessoas souberem disso, menos arrecadação a Globo vai ter.” – Globo não repassa só 10% do Criança Esperança para a Unesco – Agência Pública (apublica.org)

ERA FALSA.

Porém, muitos se perguntam que acontece com o dinheiro doado nas campanhas CRIANÇA ESPERANÇA DA REDE GLOBO.

O Criança Esperança não tem como foco principal a distribuição de alimentos.

Seu propósito é promover a inclusão social e o desenvolvimento de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, por meio do apoio a projetos sociais.

Esses projetos incluem atividades educacionais, culturais, esportivas e de inclusão digital, além de iniciativas para promover os direitos humanos, a igualdade racial, a prevenção da violência e da exploração infantil, contribuindo assim para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Embora a alimentação não seja o foco, alguns projetos do Criança Esperança podem incluir componentes de nutrição e alimentação saudável, especialmente os que se concentram na saúde e no bem-estar das crianças.

Informações detalhadas sobre projetos específicos que fornecem alimentação podem ser encontradas nos detalhes dos projetos aprovados pela UNESCO ou nos relatórios anuais do programa.

As doações para o Criança Esperança destinam-se a projetos que favorecem o desenvolvimento de crianças e jovens em todo o Brasil.

Os fundos arrecadados são enviados diretamente para a conta da UNESCO, que seleciona os projetos por meio de um processo anual de edital público.

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