Ao vizinho do 61 – Muito Obrigado!

Uma porta marrom, uma parede cinza. Um texto para reflexão.

Imagem de Arek Socha por Pixabay

 

Meu caro vizinho da casa 61

 

Sei que a vida anda apressada ultimamente, é verdade, e são raras as vezes que tenho a oportunidade de te encontrar – sem essa pressa maldita, tão comum às pessoas.

Mas, quero te agradecer.

Confesso que vendo a disposição e a força em que realizas tão bem os teus trabalhos, sempre acreditei que eras um Super-homem.

Por isso, quando ao te cumprimentar com aquele simples “bom dia”, eu não esperava ouvir tantas histórias.

Saber que tu enfrentas sentimentos como a solidão, a depressão e problemas da natureza humana diariamente, me ajudou a considerar melhor a minha vida. Eu, que vivo entre livros e músicas, que torço por um time que não ganha um título nacional desde 1989 e que sempre acreditei também não haver nada errado com o Senhor.

Percebi, que constrangido, tu narravas um pouco dos teus problemas de infância e quantas visitas ao hospital a tua saudosa mãe se via obrigada a fazer – chorar ao recordar alguém que te amava e que também se importava tanto contigo, não é crime. Fez muito bem!

Eu jamais saberia, é certo, que apesar desta força que mostras nos teus passos há um ser humano mais forte ainda. Pois lidar com certos problemas pode ser desgastante e desanimador – e alguns, infelizmente, desistem no caminho.

Não, eles não são fracos! Eles lutaram, também!

Talvez, não encontrassem ouvidos sinceros, de pessoas que se importassem.

Hoje em dia, quando as pessoas que perguntam “Como está?”, o fazem por formalidade, muitas vezes sem nenhum interesse nos outros. Querem ouvir a única resposta que os agrade, para se isentarem do peso de serem úteis!

Quando te cumprimentei e ouvi a tua história, ganhei muito mais do que motivos para acreditar.

Ganhei uma razão para continuar.

Disseste-me sentir a falta de teu Pai, tua irmã, teus amigos – me identifiquei, pois os meus livros – apesar de maravilhosos, não compartilham os meus sentimentos.

Por favor, peço apenas que não desanimes ao encontrares aqueles que querem apenas ouvir um “estou bem”, por estarem ocupados demais com os seus próprios egos. É duro admitir, essas pessos existem e pouco se importam com os outros. Vão te dizer que falar dos teus problemas é fraqueza, que existem coisas importantes pra pensar, mas não esmoreça.

Entenda, desabafar, é também uma maneira de reorganizar os pensamentos e aquele que te escuta, se for sincero, terá o privilégio de aprender e crescer junto contigo.

Te peço perdão, por não ter me  lembrado de perguntar o teu nome, mas a tua história de lutas e sofrimento ainda comove e me inspira. Continue a luta.

Agradeço, por ter confiado, a tua história e a tua voz, a um desconhecido que também nem sabias o nome. Acredito que todo o altruísmo, foi teu. E numa próxima ocasião, espero encontrar-te novamente e conversarmos um pouco mais, compartilharmos experiências e ter a chance de conhecer também a tua família, tocarmos algo em meu velho Di Giorgio e descobrir também, os teus talentos.

Agradeço e até uma próxima oportunidade,

Pedro,

Teu vizinho do N° 15.

Como seria … (O Poema de um novo dia). ‣ Jeito de ver

O Mundo Pequeno de Mundinho – um conto ‣ Jeito de ver

Gilson Cruz

 

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Optimized by Optimole