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Os anões do Orçamento (uma história real)

 

Congresso Nacional onde as histórias acontecem...

Imagem de Renato Laky por Pixabay

Um conto desencantado

Era uma vez a muitos e muitos anos, pra ser mais exato e quebrar o encanto, lá no final dos anos 80 e início dos anos 90,  quando um grupo de “anões malvados” que se uniu para fraudar o reinado, que já não andava bem das pernas…

Interessante introdução para uma estória, não é verdade?

Mas, o fato é que não há nenhum encanto na história acima. Entendamos:

O termo ” anões do orçamento” se deu ao fato de que os principais envolvidos eram deputados sem grande repercussão ou importância, eram anões de poder lá no Congresso Nacional.

Entenda a fraude

Com a promulgação da Nova Constituição de 1988, os poderes da comissão de orçamento foram ampliados, o que resultou na formação do grupo dos “sete anões”.

O grupo operava com três fontes de recursos.

A primeira era formada por propinas pagas pelos prefeitos para incluir uma obra no orçamento ou conseguir a liberação de uma verba já prevista.

A execução dessas tarefas era realizada pela Seval, uma empresa criada pelo deputado João Alves de Almeida, que cobrava uma “taxa” para fazer o serviço.

O grupo estava envolvido em fraudes com recursos do Orçamento da União até serem descobertos, a partir das denúncias do economista José Carlos Alves dos Santos (grave esse nome), integrante da quadrilha e chefe da assessoria técnica da Comissão do Orçamento do Congresso,  e que foram investigados em 1993, por uma Comissão Particular de Inquérito.

Ao fim da CPI , o relatório final de Roberto Magalhães (PFL-PE) pediu a cassação de 18 dos envolvidos, quatro renunciaram aos cargos para fugir das punições e  apenas seis perderam seus mandatos.

Deputados envolvidos na fraude

Perderam mandatos: Carlos Benevides (PMDB-CE) , Fábio Raunheitti (PTB-RJ), Feres Nader (PTB-RJ), Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), José Geraldo Ribeiro (PMDB-MG) e Raquel Cândido (PTB-RO)

Renunciaram, por motivos óbvios: Cid Carvalho (PMDB-MA), Genebaldo Correia (PMDB-BA), Jão Alves (PFL-BA), Manoel Moreira (PMDB-SP)

Abençoados com o glorioso perdão:

Anibal teixeira (PTB-MG), Daniel Silva (PPR-RS), Ézio Ferreira (PFL-AM), João de Desu Antunes (PPR-RS), Flavio Derzi (PP-MS), Paulo Portugal (PP-RJ), Ricardo Fiuza (PFL-PE), Ronaldo Artagão (PMDB-RO).

Para encerrar a lista Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) que ficou muito, mas muito  famoso posteriormente.

– Polícia Federal encontra dinheiro em apartamento que seria utilizado por Geddel | Bahia | G1 (globo.com)

Nada como ser inocente!

Prejuízos ao País

Os envolvidos roubaram mais de R$ 100 milhoões, em esquemas de propinas, para favorecer governadores, ministros, senadores e deputados.

O rastreamento das contas bancárias resultou na queda do presidente da Câmara da época, Ibsen Pinheiro, o líder do PMDB, deputado Genebaldo Corrêa e o deputado baiano João Alves de Almeida (falecido em  2004).

Havia dois esquemas  fraudulentos.

No primeiro parlamentares faziam  emendas remetendo dinheiro para entidades filantrópicas ligadas a parentews e laranjas.

Porém, o principal esquema eram os acertos com grandes empreiteiras para a inclusão de verbas orçamentárias, para grandes obras, em troca de muito, muito dinheiro.

Na CPI do orçamento, foi apurado que cada  deputado recebia entre 5 e 20 por cento do valor da obra.

O ex-chefe da Acessoria de Orçamento do Senado, Jose Carlos Alves dos Santos desmontou o esquema ao denunciar as irregularidades…

Crimes geram crimes…

Mas, antes que alguém elogie o bendito por isso, tenho que lembrar que ele próprio foi  preso e acusado de assassinar a  esposa, Ana Elizabeth Soprano, que ameaçava denunciar as peripécias do marido e a gangue.

Na casa dele foi achada uma mala com mais de 600 mil dólares.

Condenado a 20 anos de prisão, resolveu acusar o restante da banda. Tentou se matar na prisão, mas foi salvo!

Não falou mais do assunto desde que saiu da prisão,

Anões de sorte

O Deputado João Alves, foi o único ser vivo a ter acertado mais de 200 vezes na Loteria.

Você acredita?

Bem, uma tática de lavagem de dinheiro também  utilizada por criminonos é comprar  bilhetes de loterias premiados.

E a história sem fim continua…

Com o tempo os anões do orçamento se foram…

E em seus lugares surgiram vampiros, sanguessugas e mágicos, que faziam maravilhas para si e a própria família por meio do Orçamento Secreto e emendas PIX…

Pena que as notícias soem para muitos como estórias para ninar pacatos cidadãos…

E ainda, alguns sortudos são periódicamente “sorteados” nas loterias eleitorais, por aí.

E foram ricos para sempre

… ou deixaram fortunas ao seus herdeiros!

 

Consegue dormir com uma história dessas?

Com a promulgação da Nova Constituição de 1988, os poderes da comissão de orçamento foram ampliados, o que resultou na formação do grupo dos “sete anões”.

O grupo operava com três fontes de recursos…

Gilson Cruz

Veja também Notícias de Guerras – o jogo da informação ‣ Jeito de ver

(Fonte: Wikipedia)

Lembre do escândalo dos Anões do Orçamento que completa 20 anos (terra.com.br)

 

 

 

 

 

Um bom rapaz – uma crônica.

Histórias de um desconhecido…

Sabe aquelas histórias, aparentemente, sem pé, nem cabeça, que te contam e que ficam na tua mente por anos?

Há muitos anos, enquanto aguardava o ônibus que trazia as mercadorias para o meu trabalho, um senhor, desconhecido,  se aproximou e aparentemente sem nenhum motivo começou a me contar uma história mais ou menos assim:

“Na cidade onde eu morava, conheci um menino gente boa, de família boa – mas pensa num menino que desacertou na vida!

Ele tinha vários irmãos, cinco ou seis, não me lembro bem e num deslizamento de terra… perdeu a maioria deles.

Restaram, apenas, ele e mais dois irmãos.

Após as tragédias, a vida jamais volta ao normal.

As pessoas aprendem a viver com o que se apresenta a elas.

O mundo mudou totalmente para ele, e ele não sabia disso.

Vivendo com o que tinha nas mãos, chegou à adolescência. Se essa fase é tão complicada para qualquer pessoa, imagina para um menino que trazia na cabeça tantos problemas?

Ele parecia um bom menino, não brigava, era prestativo e como qualquer adolescente estava carente de amizades.

E ele fez amizades.

Mas, não se pode dizer que eram boas amizades.

Os amigos que ele encontrou ofereceram algumas coisas, que não eram boas pra ele, sabe? Drogas…

Seu comportamento não mudou muito em casa, ele continuava calado, mas era amoroso com os pais…

Ah! Com o tempo, ele viciou… e os amigos passaram a cobrar pelas drogas que ele usava.

As cicatrizes da marginalidade…

Quando não era dinheiro, eram favores…sabe aquele negócio de avião? Avião é aquele que leva a encomenda de uma área a outra da cidade. Pra sustentar o vício ele passou a cooperar com os amigos, que passaram a lhe fornecer coisas cada vez mais viciantes…

Quando a dependência já governava as suas atitudes os seus amigos forneceram uma arma e lhe pediram um “favor”.

-” Dá um susto lá no concorrente!”

E lá foi ele, mas as coisas não saíram como programadas, e ele foi acabou sendo detido por tentativa de homicídio.

Acho que ele atirou no sujeito lá, não sei…

Na prisão, ele temia,  suas crises de abstinência,  medo dos policiais… medo, de outros presos.

E por causa dum longo período preso, conseguiu se livrar do vício e agora vida nova. 

Decidiu procurar emprego, casar com a namorada…  Estava pronto para ser um novo homem!

Morando agora com a pessoa que amava, todo dia ele saía pela grande cidade em busca de trabalho, queria um emprego. Mas ao examinarem os seus antecendentes, ninguém lhe dava a oportunidade.

Seu registro tinha a observação de ex-detento.

As pessoas tinham medo!

E por meses ele tentou, sua mulher passava o dia faxinando em várias casas para ter algo para comer e ele tinha por profissão, procurar trabalho. E não encontrava!

Envergonhado, para não parecer um fracassado passou a cometer pequenos crimes. Pequenos roubos.

Trazia agora um pouco de dinheiro pra casa.

E sua mulher, inocente, agora se alegrava com a primeira chance dada ao seu marido.

Mas, ele não era bom no que fazia… até que, foi preso novamente.

Explicou à Polícia que nos ultimos anos procurou trabalho e que ninguém se arriscava a confiar nele.

Ex-detento!

Foi enviado para a prisão e novamente, cumpriu a  pena e saiu.

E o roteiro se repetiu, nos mesmo detalhes. Procurar emprego, receber “Não”,  não conseguir olhar sem constrangimento a amada nos olhos…

Ele perdeu novamente o brilho nos olhos…como um menino assustado na tragédia.

Ele não tinha armas, vou te lembrar isso…

Um justiceiro improvável…

Até que um dia contrataram ele para um serviço, não sei quem foi – e lá, ninguém se ousava a perguntar quem era.

De repente, traficantes pequenos, aviões, ladrões e algumas pessoas tidas como perigosas passaram a ser executadas na cidade.

Diziam por lá, que o pobre menino virou justiceiro. Pois toda vez que ‘os homem’ apareciam na casa dele com um pacote, no outro dia um marginal morria. ( Nota: Marginal é um termo usado para definir os que vivem à margem da lei).

Se quer saber a verdade, eu tenho certeza que era ele. Mas, ninguém nunca vai saber quem eram ‘os homem’ que contratava ele.

Ele parecia não viver mais. Ficava na porta de sua casa, calado, olhando o vazio…

Sua mulher o amava, mas não conseguia ver vida nas palavras, nos gestos, no olhar dele.

A criminalidade diminuiu bastante naquela região.

A última tentativa

Ele, numa ultima tentativa de resgatar um pouco da vida que perdeu, vestiu a sua melhor roupa.

Saiu de casa na esperança de que desta vez, os problemas acabariam. Que ele, enfim, conseguiria um emprego, um trabalho!

E assim saiu.

Olhou a foto da amada, sorriu um riso que não sorria há muito tempo, olhou para o céu e foi…

E no ponto de ônibus, enquanto se preparava para mais uma tentativa foi apagado da história. Seis tiros.

As pessoas corriam, fugiam “dos homem” que faziam aquilo, pareciam querer apagar mesmo a última esperança do rapaz. Ou apagar algo que os incriminasse. Não sei… mas, assim é a vida.

Parece incrivel, mas naquela hora, ao olhar a face do menino, parecia que ele tinha se livrado de um peso.

Seu rosto estava sereno. E os bandidos, jamais foram, nem serão encontrados”.

No momento em que aquele desconhecido me contaria sobre as manchetes nos jornais, o que aconteceu com a mulher do rapaz e o que a polícia local estava fazendo, o ônibus se aproximava enquanto ele se preparava para embarcar e em vez de dizer adeus, apenas disse: As histórias não assim pra todo mundo….as pessoas não são iguais! É a lei!

Confesso que quase trinta anos após ouvir essa história, que não sei se é verdadeira ou não, entendo apenas as ultimas palavras daquele desconhecido: “As pessoas não são iguais… perante a lei!”

Leia mais em  A População Carcerária no Brasil – Jeito de ver

Palavras de uma Mãe (Poesia no Drama)

O rosto triste, cansado. As palavras reais de uma Mãe após a tragédia.

Imagem de ThuyHaBich por Pixabay

 

Menino, volta pra casa

Por favor, não diz que não te avisei

Menino, cuida das tuas ‘companhia’

 

Menino, não é assim que se enrica

Menino, volta pra casa

 

Menino, a noite chega

tu lembra a tua canção de ninar?

Não era brincadeira

O bicho papão existe…

e pra nós pobres, ele é diferente…

 

Volta pra casa, Menino

Tua pele é marcada

desde que tu nasceu

te olham torto nos mercado e te amarram como se amarra os porco…

Te amarram em poste,

meu coração dói

 

Volta,

pra casa…

Menino, sei que o mundo é injusto

mas trabalha, mesmo que por pouco

com pouco também se vive.

 

Lembra do teu amigo que jogou a pedra,

e a pedra infeliz subiu,

subiu e achou de cair no carro dos dotô, do bicho papão…

que matou ele

e ele é que não volta…

 

Mas, o Dotô vive na paz vive na paz dos bichos, aqui perto

A lei é diferente, pois tu, tu não esquece…

não esquece a pele dele, é igual a tua e ele não volta mais p’ra casa

 

Eu tinha medo quando você brincava a tua bola até tarde da noite

Mas, você tá grande…

E hoje não tenho paz, você não para em casa

Volta pra casa…

 

Um dia aqueles bicho te pega…

não tem advogado pra tu, nem niuma chance

A nós sobreviver é missão, pra não sumir no mundo, na história

 

Não fala daqueles lá que roubaram mais,

que tem carro, fazenda e troça na cara de todo mundo

-Eles também estão errados, mas, pra eles é diferente, sempre será…

 

Menino, está dormindo?

abre os teus olhos…

abre os olhos…

acorda, meu filho…

 

Menino…

eu te avisei…

 

Leia mais em Eterno Menino (Lembranças de um amigo) ‣ Jeito de ver

 

 

 

Lembrando os velhos seresteiros

O Último Encontro dos Velhos Seresteiros

Havia uma barraquinha próxima ao muro da igrejinha, na praça que hoje é conhecida como a Praça dos Ferroviários. Era o ponto de encontro dos velhos seresteiros!

Chegavam aos poucos, cada um trazendo o seu próprio instrumento: violões, pandeiros, cavaquinhos… e enquanto a cidade se preparava para dormir, a melodia ditava o ritmo dos sonhos.

Ser menino era meio complicado.
Eu ficava à distância, sentado à porta da minha casa, observando cuidadosamente a entonação e decorando quase todo o repertório.

A “Morena Bela do Rio Vermelho” se envaidecia, mas não podia ouvir o clamor de “Fica comigo esta noite” ou a angústia apaixonada de “Onde estás agora?”

Seu Júlio puxava o coro: “Hoje que a noite está calma…” e, num Sol Maior perfeito, as vozes se encaixavam, dando à noite a impressão de harmonia entre lua, estrelas e apaixonados.

“Maria Helena” era a verbena daquela noite. “Meu Grito” era a oportunidade de desabafar entre “Os Verdes Campos da Minha Terra”. Às vezes, os músicos cansavam. Então, Seu Júlio, amigavelmente, trazia água para os amigos.

Prontinhos, agora hidratados, voltavam risonhos e com muito mais empolgação e emoção para cantar.

Entre “Negue”, “Ronda” e “Vou Sair Para Buscar Você”, chegava a hora de partir. E cantavam “A Volta do Boêmio”.

Era uma reunião de amigos.
Era um show de amigos para amigos.

O Fim de Uma Era

Esses encontros aconteciam apenas nos finais de ano. A cada ano, porém, o número de velhos amigos da serenata diminuía.

Eram quase trinta no início. No último encontro que pude contemplar, restavam apenas seis.
Músicos passam. Músicos morrem.

Por fim, Seu Júlio também faleceu. As serenatas acabaram.

A barraca foi demolida e, em seu lugar, construíram uma linda pracinha. Não há marcas ou lembranças daquele terreno onde a velha barraca resistia entre velhos arames.

Novos e belos músicos nasceram, mas jamais saberão o que era sentar entre amigos, rir das próprias falhas, cantar no mesmo tom sem competir. Eles não compreenderão como é bom cantar junto, dividir o prestígio, a emoção, o momento. Assim como deve ser a arte.

A Celebração da Amizade

Talvez a lua não provoque mais a mesma emoção. As pessoas mudam com o tempo e podem pensar que seria tolice cantar sob noites enluaradas.

Mas os seresteiros sabiam: não era a lua em si. Era a celebração da amizade, do amor, em belas e antigas canções. Eles sabiam que um dia tudo aquilo passaria e, por isso, precisavam se encontrar. A lua era apenas um pretexto.

Que os novos amigos encontrem sempre um motivo para se reunir, para celebrar. A vida passa.

Hoje, depois de tanto tempo, me pergunto: “Os velhos, incansáveis seresteiros quase não paravam. O que será que tinha naquela água que Seu Júlio servia?

Gilson Cruz

Leia mais em O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver

O Dia da Consciência Negra (Zumbi)

Conscientização é a palavra.

Imagem de Markus Winkler por Pixabay

“A história pertence ao vivo […] se ela não tem função para além de apagar o passado e impedir o futuro, então a sociedade é governada por mortos.”

Autor, não citado na fonte.

Esquecer o passado é estar condenado a repetir velhos erros.

Direto ao assunto

O clima de fim de verão no Centro Histórico em Salvador, na Bahia, traz entre os muitos sons a harmonia das percussões dos grupos afros, exaltando a luta pela igualdade e o combate ao preconceito histórico.

A nostalgia de canções do Olodum, Reflexus, Bamda Mel e muitas outras ecoa ainda no ar.

No centro, imponente, há uma estátua em homenagem a Zumbi dos Palmares.

Enquanto reflito, recordo-me de que aprendi pouco sobre esse líder negro, pois muitos professores evitavam abordá-lo, e outros afirmavam que era um herói “fabricado” para forjar um identitarismo histórico.

Por muito tempo, aprendemos nas escolas que o Brasil foi “descoberto” e que exploradores e bajuladores do império eram heróis. Sim, a ignorância sobre o líder negro tinha um propósito.

“Quem controla o passado controla o futuro; quem controla o presente controla o passado.”

Orwell aborda como a reescrita da história serve ao controle social, criando uma realidade em que as pessoas perdem a capacidade de questionar o presente. — George Orwell, em 1984.

Conhecendo a História

Quando se trata de história…há sempre mais a ser descoberto, não é verdade?

Bem, Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, é símbolo de resistência contra o colonialismo e a escravidão.

Pouco se sabe sobre sua vida, e algumas histórias são questionadas, como a de que ele teria sido criado por um padre após ser sequestrado.

Uma menção confiável a Zumbi aparece em uma carta de d. Pedro II de Portugal, de que o Rei de Portugal ofereceu perdoá-lo caso ele aceitasse submeter-se.

Outra possibilidade é que “Zumbi” representasse um título de liderança no Quilombo dos Palmares. É possível que ambas as suposições sejam corretas.

Zumbi discordou de Ganga Zumba, então chefe de Palmares, que aceitou um acordo de paz dos portugueses, garantindo liberdade aos nascidos no quilombo, enquanto os fugidos seriam recapturados.

Em 1678, Zumbi tornou-se líder e liderou a resistência até sua morte, em 1695, quando sua cabeça foi exposta em praça pública para aterrorizar os negros que o viam como imortal.

Ainda surgirão novas matérias, novas perspectivas.

O Dia da Consciência Negra

Celebrado em 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra, instituído pela Lei n.º 12.519/2011, homenageia Zumbi e promove a valorização da cultura afro-brasileira.

A data contrasta com o 13 de maio, dia da abolição, que não garantiu aos ex-escravos direitos básicos, perpetuando desigualdades.

Movimentos como o Movimento Negro Unificado (MNU) dos anos 1970, influenciados pela “negritude” de Aimé Césaire, fortaleceram a consciência negra e a luta contra o racismo.

Esse movimento busca conscientizar sobre injustiças e o impacto do racismo estrutural, promovendo o empoderamento da população negra.

Infelizmente, a sociedade brasileira ainda enfrenta o desafio de desmantelar privilégios historicamente concentrados.

A população negra, assim como outras minorias, luta por reconhecimento e igualdade em uma sociedade que foi estruturada de forma desigual.

A data visa inspirar mudanças e combater estereótipos, promover eventos e celebrações que destacam as contribuições afro-brasileiras.

Visa lembrar também a luta contra  o racismo e promover a representatividade.

“Uma civilização que escolhe fechar os olhos aos seus problemas mais cruciais é uma civilização atingida. É uma civilização agonizante.” – Aimé Césaire

Embora Césaire se refira às atrocidades coloniais, sua reflexão alerta para o perigo de distorcer a história, pois isso enfraquece a sociedade e mina a resistência à injustiça.

Conclusão

Muitas batalhas foram vencidas, mas a luta contra o preconceito ainda existe. E resiste!

Haverá ainda tentativas de se apagar o registro de pessoas que lutaram por justiça, por igualdade.

Tentarão matar novamente os heróis, apagar os movimentos…mudar a história.

O dia da Consciência Negra é um lembrete de que sempre haverá espaço para melhorias no relacionamento humano.

Enquanto reflito, o som da bossa nova atravessa suavemente os batuques afros e chega aos meus ouvidos numa harmonia única. Sim, é possivel!

Veja Também: Notícias de paz para a Zona Sul

Fonte: Wikipedia

Zumbi dos Palmares: quem foi, liderança e morte – História do Mundo

Consciência negra: o que é, origem, história, dia – Brasil Escola

A Vida e Legado de Michael Jackson

O álbum mais vendido da história.

O Lendário Álbum Thriller

Se você era jovem ou até mesmo um extraterrestre visitando a Terra na década de 1980, provavelmente ouviu algumas das canções dele.

O lançamento do álbum “Thriller” revolucionou a indústria musical, vendendo mais de 70 milhões de cópias e mudando o mundo para sempre.

Eu era apenas um menino naquela época, mas também cedi à tentação de imitar os passos daquele ícone em músicas como “Beat It”, “Billie Jean” e “Thriller”…

Deixando de lado minhas tentativas de dança, vamos falar sobre Michael.

Na década de 80, as canções de Michael Jackson dominavam as rádios ao redor do globo. Sua música era onipresente, com uma mistura de alta frequência nas estações pop e R&B, além de promoções e programas especiais que mantinham suas canções no auge das paradas.

Muitos o consideravam o artista completo: um dançarino excepcional, compositor de talento e capaz de simular instrumentos musicais com sua voz (embora não tocasse nenhum, se o fizesse, seria a perfeição!).

Sua vida foi pontuada por sucessos estrondosos, mas também por desafios pessoais e controvérsias que marcaram sua imagem pública.

Infância e Início de Carreira

Michael Joseph Jackson nasceu em 29 de agosto de 1958, em Gary, Indiana, em uma família de classe trabalhadora.

Ele foi o oitavo de dez filhos dos Jackson, e sua infância foi marcada pela constante união familiar e pela pressão para ter sucesso na indústria da música.

Seu pai, Joseph Jackson, era um músico frustrado e, ao identificar o talento de seus filhos, decidiu formar um grupo musical que reunisse os meninos da família.

Assim, os Jackson 5 surgiram, e o potencial de Michael logo se destacou entre seus irmãos.

Ele começou a se apresentar ao lado de seus irmãos, inicialmente em competições locais e festas.

As performances do grupo logo chamaram a atenção de talentos da indústria musical, e a gravadora Motown assinou um contrato com eles em 1968.

O lançamento de seu primeiro single, I Want You Back, rapidamente se tornou um sucesso nas paradas, solidificando a posição dos Jackson 5 como estrelas em ascensão.

A determinação de Joseph em moldar a carreira dos filhos, embora controversa (pra não dizer, violenta), proporcionou a Michael a disciplina necessária para se destacar.

Sua infância, marcada por treinamento intensivo e obrigações musicais, não apenas moldou seu caráter resiliente, mas também preparou o palco para suas performances futuras.

O auge da carreira e Inovações musicais

A carreira de Michael Jackson como artista solo atinge seu apogeu com o lançamento de álbuns icônicos que permaneceriam no cerne da música pop por várias décadas.

Off the Wall, lançado em 1979, introduziu um novo som que misturava disco, funk e soul, apresentando sucessos como Don’t Stop ‘Til You Get Enough e Rock with You.

Este álbum não apenas estabeleceu Jackson como um artista a ser observado, mas também demonstrou sua habilidade de integrar diversos gêneros musicais, algo que se tornaria uma marca registrada de sua carreira.

Em 1982, Michael Jackson lançou Thriller, um marco na história da música pop. Este álbum, que continua a ser o mais vendido de todos os tempos, trouxe à vida uma nova era de videoclipes.

O vídeo de Thriller não é apenas um clipe musical, mas uma obra cinematográfica que revolucionou a forma como a música era apresentada.

Esta inovação fez com que os videoclipes se tornassem essenciais para a promoção de singles e estabeleceram padrões que ainda são seguidos hoje.

O impacto cultural do álbum foi profundo, influenciando não apenas a música, mas também a moda e as tendências da época.

O sucessor de Thriller, Bad, lançado em 1987, solidificou ainda mais a reputação de Jackson como o “Rei do Pop”. Os singles, como Bad e Smooth Criminal, apresentaram coreografias memoráveis e promoções extravagantes que se tornaram sinônimos do artista.

Durante essa fase, Michael quebrava recordes de vendas e recebeu inúmeros prêmios, incluindo Grammy Awards, destacando sua importância na indústria musical.

Controvérsias e Legado Duradouro

Michael Jackson, teve uma vida repleta de feitos notáveis, porém, não sem suas controvérsias.

Desde o início da sua carreira até seus últimos anos, o artista enfrentou múltiplos desafios que moldaram sua imagem pública e impactaram sua saúde mental.

Acidente em comercial de uma marca de refrigerante, múltiplas cirurgias plásticas, questões legais e alegações de abuso sexual foram alguns dos aspectos mais conturbados de sua vida, que frequentemente ocuparam as manchetes da imprensa.

Tornou-se uma figura pública icônica ainda muito jovem, o que, sem dúvida, teve efeitos adversos sobre sua saúde mental e bem-estar.

Relatos de solidão, dependência de medicamentos e um desejo constante de proteção pessoal são indicativos do preço que a celebridade pode cobrar.

Esses aspectos frequentemente contribuíram para uma narrativa complexa sobre sua vida e sua luta interna.

Apesar das controvérsias que permeiam sua história, o legado de Michael Jackson continua a ressoar na música contemporânea.

Suas canções, repletas de ritmos cativantes e letras impactantes, continuam a ser celebradas, enquanto sua dança e a produção visual de seus videoclipes são estudadas e admiradas por aspirantes a artistas.

Antes da Conclusão…

A gananciosa indústria musical é marcada por corrupções, chantagens, mentiras e tragédias, muitos cantores foram arruinados por empresários e pessoas sem escrúpulos, isso será bordado em posts futuros.

O que sabemos sobre o Rei do Pop é que a sua trajetória foi marcada por responsabilidades extremas desde a infância.

É amplamente discutido que Michael Jackson possuía características que poderiam ser associadas à síndrome de Peter Pan, embora o diagnóstico oficial nunca tenha sido feito.

A “síndrome de Peter Pan” é um termo popularizado pelo psicólogo Dan Kiley, que descreve adultos que se recusam a crescer emocionalmente e têm dificuldades em assumir responsabilidades ou aceitar as realidades da vida adulta.

Isso pode envolver a busca por uma infância idealizada e a evitação das pressões e responsabilidades associadas à vida adulta.

As responsabilidades na infância e o modo como foi “disciplinado” por seu pai, o privaram de uma infância normal.

Durante grande parte de sua vida, parecia ter uma relação complexa com a infância e com o processo de amadurecimento.

Síndrome de Peter Pan

Algumas características que alimentaram a associação do Rei do Pop com a síndrome de Peter Pan incluem:

. Apegos à infância: Jackson frequentemente falava sobre seu desejo de ter uma infância “normal”, algo que lhe foi negado devido ao intenso treinamento e carreira precoce com os Jackson 5.

. Ele procurava, de alguma forma, reviver a infância perdida, especialmente ao criar o Neverland Ranch, um lugar onde ele recriou um ambiente infantil com brinquedos, um parque de diversões e até um zoológico.

. Comportamento e aparência juvenil: Mesmo na idade adulta, Michael Jackson mantinha uma aparência jovem, o que era intensificado por sua escolha de estilo de vida, como seu jeito de vestir e seu comportamento público.

Muitos o viam como alguém que queria preservar a infância de forma eterna.

. Relacionamento com crianças: Michael Jackson mantinha uma relação próxima com crianças, recebendo-as frequentemente em seu rancho e dedicando tempo a elas.

Essa proximidade, no entanto, foi fonte de controvérsias, especialmente em face das acusações de abuso infantil que marcaram sua trajetória.

Para ele, a companhia de crianças parecia oferecer-lhe uma forma de se reconectar com o que ele sentia que havia perdido ao longo de sua vida.

. Fuga da pressão da fama: Sua luta com as expectativas e a pressão da fama desde muito jovem também contribuiu para a sua busca por uma sensação de refúgio na infância.

Michael Jackson expressava frequentemente o desejo de viver uma vida simples e livre de responsabilidades adultas.

Um outro Prisma

É possível que, devido a essas características, ele tenha optado por um acordo quando enfrentou acusações de assédio sexual.

Embora não se possa afirmar categoricamente que ele sofria da síndrome de Peter Pan em um sentido clínico, seus comportamentos e atitudes parecem ter uma conexão notável com a noção de “não querer crescer”.

Essa tendência é evidente tanto em sua vida pessoal quanto profissional, particularmente em seu esforço para construir um universo onde a infância é idealizada e mantida intocável.

Embora estejamos apenas fazendo suposições neste contexto, é importante reconhecer que, no universo do entretenimento, onde as reputações são frequentemente destruídas, a competitividade e as rivalidades podem ser decisivas para o sucesso ou fracasso de alguém.

Falaremos sobre isso posteriormente.

Uma análise da vida e obra desse grande artista revela que sua infância, dedicação e sucesso consolidam sua reputação como o Rei do Pop.

Para mais informações: Michael Jackson – biografia, carreira e músicas – Brasil Escola

Veja também: The Carpenters: A perfeição e o drama ‣ Jeito de ver

Ouça a nossa Playlist.

The Carpenters: A perfeição e o drama

The Carpenter uma história de sucesso e drama.

(Photo by Chris Walter/WireImage)

Quando eu era jovem, costumava ouvir uma música no rádio que me transportava no tempo. A nostalgia e a alegria que sentia eram incríveis!

Mesmo sem entender a letra, a voz suave da cantora aliviava minhas frustrações. Depois de muito tempo, redescobri aquela canção mágica: “Yesterday Once More”, do The Carpenters.

A letra evoca memórias e sentimentos intensos.

O narrador relembra ouvir suas canções favoritas no rádio, revivendo momentos de sua juventude. A música captura a felicidade e a saudade que essas lembranças despertam, ressaltando como as canções antigas nos levam de volta a tempos mais simples e felizes.

O refrão enfatiza a habilidade da música de nos fazer sentir como se estivéssemos revivendo instantes preciosos, expressando o desejo de revisitar esses tempos por meio das melodias e letras que marcaram uma vida.

O reencontro com a voz impecável de Karen Carpenter e as harmonias esplêndidas de Richard me fizeram recordar a história do The Carpenters. Que tal compartilharmos um pouco dessa história?

O Início

O duo The Carpenters, formado pelos irmãos Karen e Richard Carpenter, surgiu na infância de ambos, em New Haven, Connecticut. Richard se destacou como pianista prodígio, enquanto Karen, inicialmente inclinada para esportes, descobriu seu talento para a bateria e o canto.

Em 1963, a mudança para Downey, Califórnia, foi decisiva. Imersos em um ambiente cultural vibrante, dedicaram-se à música. Richard aprimorou suas habilidades na California State University, Long Beach, e conheceram colaboradores importantes.

Em 1969, formaram “The Carpenters” e assinaram com a A&M Records. Lançaram seu primeiro álbum, “Offering” (renomeado “Ticket to Ride”), que abriu caminho para o sucesso subsequente.

Sucesso e Fama Internacional

O sucesso veio com o álbum “Close to You” (1970) e o single homônimo, que alcançou o primeiro lugar nas paradas dos EUA. A combinação da voz suave de Karen e os arranjos sofisticados de Richard criou um som único, cativando uma ampla audiência.

Outro grande sucesso foi “We’ve Only Just Begun”, que se tornou um hino de casamentos e celebrações.

Os Carpenters ganharam popularidade mundial com suas baladas românticas e melodias cativantes.

Embarcaram em turnês internacionais, marcadas pela perfeição vocal e instrumental, ganhando admiração do público e da crítica. Receberam prêmios, incluindo três Grammy Awards, e suas músicas continuam sendo celebradas.

Problemas de Saúde

Karen Carpenter enfrentou críticas severas e preconceitos que afetaram profundamente sua vida pessoal e carreira, contribuindo para sua luta contra a anorexia nervosa. A pressão para manter uma imagem pública idealizada agravou seu estado de saúde.

Essa batalha afetou a dinâmica do grupo, com atrasos na produção musical e interrupções nas turnês.

A luta de Karen destaca a necessidade de um ambiente mais compassivo e de apoio na indústria musical,  enfatiza também a importância de abordar questões de saúde mental e bem-estar com seriedade, oferecendo lições valiosas para jovens artistas.

Maiores Sucessos

O grupo deixou uma marca indelével na música pop com sucessos como “Close to You”, “We’ve Only Just Begun”, “Top of the World” e “Rainy Days and Mondays”. Essas músicas definiram a carreira dos Carpenters e ajudaram a moldar o cenário musical dos anos 70.

A história dos Carpenters é fascinante por várias razões. Mesmo em uma era dominada pela cultura hippie e pelo novo rock, destacaram-se com um estilo único, oferecendo um contraste notável.

A marca dos Carpenters na indústria musical é profunda e duradoura, inspirando lições sobre perseverança, resistência e autocuidado.

Ouvir “Yesterday Once More” ainda me proporciona belas emoções.

Leia mais em:

A Busca pelo Corpo Perfeito ‣ Jeito de ver

Fonte: Carpenters – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Que tal conhecer o Grupo The Carpenters?  Ouça a nossa playlist abaixo, no Spotify:

A Escola de Samba Unidos por Natureza

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Imagem de Monica Volpin por Pixabay

Mestre Arlindo estava preocupado.

Era o primeiro ano em que a Escola Unidos por Natureza disputaria o acesso à décima divisão das Escolas de Samba e não sabia sobre o quê escrever.

Isso porque todos os temas possíveis já estavam comprometidos e seriam abordados por outras agremiações, e nenhum barão do bicho iria querer colocar seu nome numa escola fraca. E convenhamos, repetir o tema dos outros era pedir pra sair!

Daí, o Sr. Martins, um dos compositores, teve a brilhante ideia de compor um samba enredo como nenhum outro.

Um samba que trouxesse toda a história do mundo, sem refrão ou frases repetidas.

E assim se deu, depois de duas longas semanas, o Samba Enredo estava pronto. Os compositores sofreram em pesquisas, mas, ufa! venceram o desafio!

Mas tinha um probleminha: Era um samba de 96 páginas e ninguém conseguiu memorizar absolutamente nada daquilo que foi escrito…

Daí uma nova brilhante ideia: a gente leva por escrito e canta.

E chega o grande dia:

A Portela da Fazenda trazia a ficção científica e mergulharia no mundo dos ETs, tanto que o ET Bilu foi convidado e aparentemente estava lá, foi o que deduziram pelos gritos do Alien: “Busquem conhecimento” enquanto levantavam os braços imensos. – A plateia veio abaixo.

A agremiação “O Salgueiro que você plantou” traria os seis mil anos de escravidão e para surpresa de todos, inclusive dos figurantes, os chicotes eram de verdade e estalavam nas costas, com a mesma cadência do samba enredo: “Mortes na senzala”.

– E o povo aplaudiu pensando que era encenação…

O Beija Flor do Jardim trazia a história da evolução política no país, é incrível como representaram fielmente os políticos e familiares ficando ricos e os pobres se contentando com migalhas.

Foram bem convincentes, tanto que o público passou a atirar pedras nos sambistas…

Outras escolas se seguiram como “Mocidade dependente dos pais”, “Viradouro da esquina”, “Vira Isabel”, todas com nomes que lembravam as do grupo principal.

A plateia já tinha decidido.

A apresentação extraterrestre tinha sido a melhor!

Enfim, chegou a hora mais esperada: “E com vocês, Unidos por Natureza” e o enredo…”

Esqueceram de passar o tema para o locutor, que gritou: – ” Vai lá!”

O Grupo dos cantores pegou apressado suas páginas com a letra do samba e os ritmistas puxaram a música…

Mas, como toda história tem um detalhe… Apanharam na pressa as páginas erradas, e não tinha mais volta.

O Improviso

E Arlindo, nervoso, suando frio, intestino revirando, grita: “Natureza chamou…”

E o público, se identificou de imediato com a letra, aplaudiu freneticamente, respondendo em coro:“Natureza chamou”

E eu me apressei… Eba Eba

Eu me apressei” – Respondiam emocionados…

Corri pra qualquer lugar

NA-NA-Natureza Quem tem um trono É Rei…”

E NO IMPROVISO MAIS BELO E SINCERO DA HISTÓRIA, O PÚBLICO INOCENTE FOI CONQUISTADO e os juízes não conseguiram dar menos que a nota máxima em todos os fundamentos.

O acesso à nona divisão estava garantido.

E até hoje, esse é o samba mais famoso das escolas que por ali desfilaram…

Leia também:  Um E.T em meu quintal (Um dia estranho) ‣ Jeito de ver

Iaçu – Um pouco de Poesia e História

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Imagem de Markus Spiske por Pixabay

 

Quem dera, Iaçu

as tuas águas levassem a saudade

e trouxessem de volta os tempos

do menino que sonhava não partir

Quem dera,

os teus meninos não migrassem mais,

como pássaros, à procura de novos ninhos

e aqui crescessem, se assim quisessem

Recordo

as aulas da Lolita

a doçura da Pró Marlene

e o amor de Mil…

amada Altamira.

Lembro da escola,

e do Amizade nas manhãs de sexta feira,

o fardamento azul e branco do CEI

era como um céu escuro, de nuvens claras…

Os meninos na velha ponte

o futsal nos sábados

E o velho ônibus partindo…

Quem dera Iaçu

voltar ao mesmo rio

e ouvir os mesmos risos

E poder trazer de volta essa energia,

esse amor

essa alegria.

Quem dera, quem dera, Iaçu.

 

UM POUCO DE HISTÓRIA 

“Através da Lei Estadual nº 1026, de 14 de agosto de 1958, surge Iaçu, desmembrado de Santa Terezinha, elevando a categoria de município, projeto do deputado estadual José Medrado”. Vamos pra história:

A história de Iaçu remonta à época da colonização portuguesa no Brasil, com as terras sendo inicialmente concedidas a Estevão Baião Parente, em 1674. Após sua morte, as terras passaram por diversas sucessões de herdeiros, marcadas por vendas e arrematações, até que em 1831 foram adquiridas pelos Irmãos Januário. O povoado de Sitio Novo, mais tarde renomeado como Paraguaçu, começou a se desenvolver com a chegada dos trilhos da estrada de ferro em 1882, proporcionando progresso e atraindo novos moradores.

O desenvolvimento de Paraguaçu foi impulsionado pela estrada de ferro, que facilitou o transporte e o comércio na região, tornando-o um centro de atividade econômica. No entanto, apesar do crescimento, a região enfrentou desafios, como a prostituição infantil e a exploração sexual, especialmente através do eixo ferroviário. A cidade, predominantemente rural e pacata, hoje abriga uma população essencialmente rural e mantém sua conexão com o rio Paraguaçu, onde a pesca ainda é uma atividade importante.

Atualmente, Iaçu é uma cidade rural com uma população pacata, próxima a Itaberaba. Localizada às margens do rio Paraguaçu, a cidade ainda mantém atividades como a pesca de tucunarés. Sua economia é impulsionada pela produção de blocos de cerâmica e pela agropecuária, com destaque para culturas como mamona, abóbora, melancia e abacaxi. A cidade também possui pequenos empreendimentos agrícolas familiares, que produzem uma variedade de frutas e vegetais.

Além disso, desde os anos 80, a cidade conta com Hospital e maternidade, proporcionando serviços de saúde à comunidade local.

No campo cultural, a cidade de Iaçu dispõe de um belo repertório de artistas:

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Foto extraída do Site Portal Férias

O principal  incentivador no campo do desenvolvimento da comunicação do município é o Senhor Adalberto Guimarães. Na música, o cantor Téo Guedes. Nas artes Rosângela Aragão. Na poesia Manoel dos Santos, para citar apenas alguns.

O campo das artes é bem produtivo nesta cidade, novos artistas surgem diariamente. E sobre isso falaremos porteriormente.

 

Leia também. Itaberaba -Uma pedra que brilha! ‣ Jeito de ver

Fonte:  História de Iaçu (indap.com.br)

 

 

 

Banda Acordes – a Banda que não aconteceu

A história da banda que não acconteceu.

A história da banda que não acconteceu.

Imagem de Cristhian Adame por Pixabay

 

Quando alguns sonhos não se realizam, nascem histórias que alimentam novos sonhos”

– Gilson Chaves

 

Permita-me contar um pouco da História da Banda Acordes – A Banda que não aconteceu.
O mês de Dezembro de 1987, foi marcado por uma tragédia familiar, a perda do Tio Salomão, aos 36 anos de idade, vítima de um AVC.
Naquele verão, fui ao rio Paraguaçu para espairecer, aquele era o melhor lugar do mundo pra isso. No verão, as pessoas fugiam dos fornos de suas casas e mergulhavam naquelas águas escuras.
Havia um lugar conhecido como “a Prainha”, era um espaço de aproximadamente 50 metros, situado à margem esquerda, onde aos domingos as famílias iam para pequenas partidas de futebol de areia, para a prática da capoeira ou para piqueniques, quando as duas primeiras opções permitiam.
Duzentos metros à esquerda deste lugar, as mulheres tratavam “o fato” dos bois ao amanhecer, deixando no ar da região um “perfume” característico. Provavelmente nenhum outro lugar no mundo tinha aquela fragrância, levemente desagradável…
Não à toa, os cachorrinhos da região olhavam e cheiravam, com uma certa admiração e desejo, os banhistas daquele lugar!

O Início

Naquele lugar, se deu o primeiro contato com o Valdomir.
A gente tinha a mesma idade e  ele tinha um conhecimento básico de violão.

A memória me trai, mas de algum modo ele sabia que uma das lembranças que eu guardava do meu tio era uma “dedeira” – um adaptador que ajudava a extrair um som mais acentuado dos bordões do violão.

Me perguntou naquele dia se poderia levar o violão e testar a dedeira. Consenti.

E naquele dia ouvi pela primeira vez um dedilhado perfeito de The House of the Rising Sun.
Não conhecia nenhum acorde no violão e o novo amigo, com o tempo, me ensinou a tocar “Meu Pequeno Cachoeiro”, em três acordes.

A amizade se desenvolvia e consequentemente os planos de montar uma banda também também cresciam.

Ele tinha um violão Tonante, boca de osso, como era conhecido – cujo timbre se assemelhava ao das guitarras sessentistas.
Ganhei de meu Pai, com uma certa dificuldade, um velho Di Giorgio, segunda mão, que tinha uma aparência sofrida, castigada pelo uso dos velhos seresteiros, mas uma sonoridade maravilhosa.

O vendedor conseguiu vender caro o violão moribundo, mas não enriqueceu com a façanha.

A formação

Paralelamente, Pedrinho, o irmão de Valdomir, se tornava um dos melhores baixistas da época.

Tocou em bandas como a Eclyps ( sim, essa era a grafia,  e que ninguém se ouse a dizer que está errada!) e na Fluid’ Energy (sei lá o que é isso! Mas, esse era o nome, ou algo parecido) que era praticamente a mesma banda Eclyps, com um nome diferente.

Pedro era guitarrista e baixista virtuoso.
Não cantava bem, mas tocava MUITO, muito bem.

Para a bateria, o amigo Dilson Borges.

Dilson era o mais experiente de todos. Já havia trabalhado em bandas como a Doce Magia e, se não me falha a memória, na Legenda.
Apesar de intuitivo, improvisava tranquilamente do Rock ao Jazz. A marcação e as viradas perfeitas eram a sua marca.

Era então início da década de 1990 e a base estava formada. Mas, havia um porém… nenhum dos membros tinha dinheiro para comprar instrumentos, nem sequer usados!

A aquisição de instrumentos musicais não era tão fácil como é hoje.

Costumávamos treinar usando velhas caixas de repique e pratos para percussão ( emprestados de escolas) e os violões Tonante e Di Giorgio, na marcação de baixo e guitarra.

O repertório era vasto. Trazia desde clássicos dos anos 60 até o Pop do início dos anos 80 e 90.

As dificuldades

A inocência às vezes beira a burrice, como diziam os antigos da cidade.
Depois de muitos ensaios decidimos produzir uma fita demo. E a peregrinação atrás de quem pudesse emprestar alguns instrumentos começou.

Convenhamos, os músicos da época, que batalharam por seus instrumentos, ou que receberam de seus pais que podiam lhes bancar,  tinham um ciúme especial e natural por estes, não era muito agradável emprestá-los a possíveis concorrentes.

Por isso a negativa costumava vir de modo disfarçado, no ditado quase popular: “Quem quiser também fazer um som, deveria também trabalhar para conseguir os seus próprios instrumentos”.

A Banda Acordes conseguiu um dia numa sede de uma bandinha, ainda início de carreira, a permissão para usar os instrumentos e a aparelhagem para gravar uma demo.

Dilson não estava presente e foi o melhor que poderia acontecer, pois durante os ensaios o dono dos equipamentos desregulava intencionalmente, causando sons extremamente desagradáveis.

O desapontamento só foi maior quando ele se dirigiu em particular ao Pedrinho nas seguintes palavras: -“Eu NÃO gosto de emprestar meus equipamentos. Quem quiser gravar ou fazer algo bom, que lute pra comprar os seus…” (Olha o dito quase popular!)

– Um NÃO mais objetivo doeria bem menos!

A peregrinação voltaria acontecer, desistir não era a opção. A demo deveria sair.

E assim se deu.

Sem instrumentos e sem lugar para tentar gravar uma fita apresentação. As coisas estavam realmente difíceis.

Três anos de lutas e quase sem esperança, nos dirigimos ao Senhor Adalberto de Freitas, o Bugaiau, o principal comunicador e incentivador da cultura da cidade, pedindo uma oportunidade de gravar umas canções em seu estúdio.

Contrariando as expectativas, o senhor Adalberto riu e concordou. Ficamos em êxtase!
Até esquecemos que não tínhamos os instrumentos!

A gravação no Studio Som da Cidade, do Bugaiau, começaria às 13 horas.
E então a romaria atrás de pessoas que talvez  cedessem os benditos instrumentos, começou.
Zé da Leste, cedeu um pequeno teclado de 3/8, os meninos dos Bárbaros do morro emprestaram uma guitarra, a bateria não me lembro de quem Dilson conseguiu, mas era boa.

Consertamos, então, um velho e lindo contrabaixo vermelho, de sonoridade horrível, mas que funcionou, para a sessão. 

O repertório trazia The Beatles, Procol Harum, Jovem Guarda e algumas canções românticas.
A sessão foi marcada pelo entusiasmo, pelos vocais de Juarez e com exceção do Dilson, nós três revezávamos nos demais instrumentos, de acordo com a música. O dia foi longo, cansativo e posso dizer, um dos melhores dias da minha vida – até então.

Ao sair dos estúdios do Som da Cidade, a realidade caiu como uma tempestade no inverno, gelada e triste.

O fim

O amigo que cedeu a bateria explicou ao Dilson, que não mais a emprestaria, e talvez estivesse correto, era difícil também para ele!

Os meninos dos Bárbaros continuaram dispostos a ajudar, essa sempre foi uma característica deles.

O dono do contrabaixo, ao saber do conserto, pediu de volta imediatamente…

Infelizmente, a vida testava a paciência da banda.

Com o tempo o Valdomir encontrou a mulher que se tornaria a mulher de sua vida, o Pedro voou para São Paulo, Dilson desistiu da Banda e quanto a mim, fui trabalhar nos Correios, lá em Santa Terezinha.

15 anos depois resolvi voltar e investir nos instrumentos e tocar um pequeno projeto com o meu baterista favorito: o Dilson.
Ele costumava rir e dizer: – “Mané, você não desiste nunca”
E a resposta: “Pois é, Mané…Como é que se desiste? A gente não pode desistir..”

Numa desses diálogos repetitivos, dos manés, a gente tocava Reflections of my life, do grupo The Marmalade.

E as horas se apressaram, os dias correram desesperados, para que em poucas semanas, um acidente vascular cerebral respondesse a pergunta: “Como é que se desiste?”
E o sonho de fazer a banda, acabava ali.

Na morte do irmão e melhor amigo.

As lembranças

Apesar de não ter sido, a Acordes foi uma boa Banda. Os ensaios eram engraçados e as canções soam maravilhosamente bem em minhas memórias afetivas.

Depois de 33 anos, de fato, um longo tempo, voltei a ouvir a algumas daquelas fitas.

Não chorei, apesar da vontade. Algumas lembranças me fizeram esquecer as dificuldades e extrair um pouco daquela alegria, do tempo em que o sonho era apenas fazer música.

Ao ouvir hoje as velhas gravações, um misto de emoções invadem a minha mente.

Vocais desencontrados, guitarras desreguladas, contrabaixos às vezes exagerado, as brincadeiras do Valdomir fazendo palhaçadas, conseguindo rir da falta de condições, o olhar desiluidido do Pedrinho imaginando o fim do projeto e o Dilson  fazendo milagres numa caixa improvisada…

É verdade que hoje, a saudade é o melhor palco que existe, os subtons se transformam em estilos – e o pequeno público, na maior multidão.

A banda Acordes ainda vive quando lembro de quatro amigos, que mesmo contra os ventos e tempestades, estavam juntos planejando fazer algo diferente.  O que de algum modo, fizeram.

 

Veja também É hora de ouvir o “MADDS” – se permita ‣ Jeito de ver

 

Infelizmente, a vida testava a paciência da banda…

Até esquecemos que não tínhamos os instrumentos!

Ele costumava rir e dizer: – “Mané, você não desiste nunca”

E a resposta: “Pois é, Mané…Como é que se desiste? A gente não pode desistir..”

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