Os dramas que não conhecemos

Cada pessoa carrega um misto de sentimentos, dramas imperceptíveis aos olhos

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Os dramas que não conhecemos

Sabe aquelas pessoas que estampam em seus rostos reluzentes os mais belos sorrisos, mas que no fundo carregam o peso de estar em outra realidade?

Há muito tempo, ouvi a história do Palhaço, conhecido pelo dom de trazer alegria e risos a todos que assistiam aos seus espetáculos.

Dizia o conto que uma pessoa muito triste procurava por muito tempo a ajuda de profissionais sem alcançar resultados.

Um profissional amigo, preocupado, sugeriu: – “Olha, soube que na cidade há um palhaço capaz de alegrar o dia de todo mundo. Que tal assistir à sua apresentação?”

Ao que o amigo respondeu: – “Não posso, Doutor. Eu sou o Palhaço!”

Cada pessoa carrega seus próprios sonhos e dramas.

Cada pessoa carrega seus próprios sonhos e dramas.

Alguns desses dramas são imperceptíveis aos olhos de outros e, convenhamos, alguns desses dramas nem mesmo elas conhecem a origem.

Experiências traumatizantes na infância, que deveria ser a mais bela fase da vida, podem trazer reflexos na vida adulta.

Bullying, abuso psicológico, físico, rejeição, abandono e humilhação podem deixar marcas profundas, resultando em crises de ansiedade e outros problemas emocionais na vida adulta.

O fato de tais experiências estarem escondidas no labirinto da memória pode externar a impressão de que nada está acontecendo, o que agrava ainda mais o desespero de não saber a origem dos gatilhos.

E lá no fundo, os dramas que não conhecemos estão cobrando um preço!

Segundo alguns pesquisadores, até mesmo problemas durante a gestação podem moldar a saúde mental de um adulto.

Mas, o que fazer?

Primeiro, esteja presente. Seja companheiro, aprenda a ouvir.

Lembre: costumamos ser míopes quando olhamos o sofrimento dos outros. A humanidade precisa de empatia.

Segundo: Apoie.

O tratamento profissional é necessário e, por se tratar de algo desenvolvido por toda uma vida, não haverá solução rápida. É necessário ter paciência. – Não é isso que a gente espera do mundo e o mundo espera de nós?

Não se trata de uma questão de fé ou crença, é uma questão de saúde.

Esteja atento, seja companheiro, apoie e incentive a busca profissional. Não critique!

Caso estes dramas também o aflijam, busque a ajuda de verdadeiros amigos e profissionais da área.

Leia também:  Depressão – como ajudar? (Informativo) ‣ Jeito de ver

 

Quando tudo não é o bastante

Vivemos numa teia.

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Aranhas, não gosto muito de aranhas…

Mas, o que é que isso tem a ver com  o título?

Vamos ao texto.

Saber que nem sempre conseguiremos alcançar  as nossas metas parece fácil.

Por exemplo, às vezes, percebemos que o esforço por algo valeu à pena. Quando os resultados são perceptíveis, nós ficamos felizes.

Mas, em algumas situações tudo que fazemos se parece um  mero rascunho, sim, as coisas parecem não estar no lugar correto…  ficamos desanimados. E agora?

Isso acontece quando sentimos a falta de encorajamento, elogios e apoio.

O encorajamento é o ato de inspirar, motivar ou dar apoio a alguém, incentivando a continuar em direção a seus objetivos ou a superar desafios. A falta desse apoio pode gerar sentimentos de insegurança e desânimo.

Elogios podem ser definidos como expressões de apreço, admiração ou reconhecimento dirigidas a alguém por suas habilidades, realizações ou comportamento positivo.

A competitividade atual tornou a chamada “crítica construtiva” mais comuns que elogios sinceros. Isso talvez porque o crítico muitas vezes se apresente como alguém em uma posição superior à do criticado.

O elogio quando dado de forma correta pode surtir efeitos bem mais positivos do que as chamadas críticas construtivas. Quando o elogiado entende o motivo do elogio, isso o motivará a repetir ou melhorar ainda mais o desempenho.

O elogio quando dado de forma correta pode surtir efeitos bem mais positivos do que as chamadas críticas construtivas.

Por outro lado, o que fazer quando há algo a ser aprimorado?

Mostrar o caminho, dar o exemplo  é muito mais produtivo do que gastar todo o vernáculo do mundo em “críticas construtivas”.

E enfim, apoio.

Este pode ser definido como suporte físico, moral ou emocional para ajudar a alguém em necessidades, nos objetivos ou desafios. Fornecendo recursos, encorajamento, orientação ou assistência prática.

A falta destes três elementos pode gerar a sensação de que todo o esforço, não foi o bastante.

Aprender que nem sempre se chegará ao fim do percurso é essencial para ter um conceito correto a respeito de si mesmo. Mas, não se deve desprezar aquilo que foi alcançado ou parcialmente alcançado.

No dia a dia, aplique o princípio dos três elementos citados (encorajamento, elogio e o apoio). Seja você mesmo aquilo que se espera nos outros. As boas atitudes, também são contagiantes!

Lembre, na teia em que vivemos, cada movimento afetará, de forma  positiva ou negativa, a vida de quem nos cerca.

Que cada vibração que dermos nesta teia espalhe a energia necessária para que cada um possa espelhar e espalhar a mesma força  também aos demais.

Leia também: A beleza da individualidade ‣ Jeito de ver

 

Como lidar com o luto e a perda ( Reflexão)

 

É natural que nossas emoções e memórias, sejam moldadas por figuras marcantes do nosso passado com o passar do tempo.

A saudade e as lembranças daqueles que se foram podem continuar conosco, mesmo enquanto seguimos em frente com nossas vidas.

Nossas recordações estão profundamente ligadas às emoções que experimentamos. Reviver sentimentos ligados a alguém que perdemos é uma resposta humana natural.

A nostalgia tem um papel, fazendo-nos revisitar o passado com carinho, mesmo diante dos desafios enfrentados.

E se…

A angustiante questão do “e se” é uma constante em nossas vidas.

Isso ocorre porque, junto com a saudade e as memórias, quando alguém jovem falece, tendemos a criar uma imagem idealizada, lembrando principalmente das qualidades positivas.

Por exemplo, aqueles que perdem um amor ainda na juventude tendem a idealizá-lo como perfeito, já que não vivenciaram conflitos com a pessoa amada.

Lembre-se, cada pessoa é única. Enfrentar essas experiências pode ser doloroso e as pessoas reagem de maneiras diferentes.

O que fazer então?

Não é necessário apagar ou destruir as lembranças, em atos desesperados como eliminar fotos, pertences ou objetos que remetam ao ente querido.

Tais atos podem ser uma demonstração da importância do relacionamento passado, para o bem ou para o mal, ou uma tentativa de recomeçar do zero – o que é um equívoco. Quem carrega o peso de uma história não começa do zero novamente.

Quem carrega o peso de uma história não começa do zero novamente.

O ideal é encontrar um equilíbrio entre o passado e o presente.

O que eu fazia antes que não contribuiria para um novo relacionamento?

A busca de um propósito

Procure um significado e propósito, refletindo sobre como suas emoções e talentos impactavam a pessoa, para o bem ou para o mal.

Concentre-se no que a fazia feliz – esforce-se para ser uma pessoa melhor.

Quando sentimentos do passado, que são naturais, impactam negativamente sua vida atual, buscar orientação profissional pode ajudar a explorar esses sentimentos e encontrar formas saudáveis de lidar com eles.

Lembre-se, cada pessoa é única. Enfrentar essas experiências pode ser doloroso e as pessoas reagem de maneiras diferentes.

Canalizar essas emoções para atividades produtivas, como escrever poesias, compor músicas, criar histórias ou até mesmo um site cultural, pode ser uma forma interessante de dar novo significado à importância de um ente querido.

Profissionais da área podem ajudar na gestão dessas emoções, não hesite em procurá-los.

 

Veja mais em Confira as melhores 7 dicas para superar a dor do luto (telavita.com.br)

Leia também:  Amar novamente… ( e sempre) ‣ Jeito de ver

 

 

 

 

De Degraus e Silêncios – Um Pai Solitário

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Imagem de Paul Sprengers por Pixabay

Sentado sozinho, nos degraus em frente a sua casa, ele passava os dias.
Há pouco tempo, seu filho deitado num velho sofá, na sala, dormindo, confiando no poder amoroso da cura, na presença dos pais.
Ainda sonhava com os tempos em que um beijo no machucado aliviava as dores e fechava as feridas, embora isso já fosse há mais de quarenta anos no passado.
Mas, filhos não envelhecem…
E sentado sozinho nos degraus, o pai não olha para trás, para não lembrar do amor de sua mocidade, já cansada de carregar o peso do tempo, indo e vindo entre a cozinha e a sala onde o eterno menino dormia.
Relembra as primeiras quedas, os abraços e os planos para o futuro…
E acredita no ciclo natural…em que os mais velhos preparam o mundo para os novos.
Mas, desta vez não foi assim…
E ele sentado nos degraus, sem olhar para trás, tenta questionar o tempo. Como se estivesse ansiosamente esperando uma resposta do futuro.
Pois desta vez, a sala vazia e o silêncio na cozinha, lembram quantas adversidades um homem só – neste mundo tão grande – pode enfrentar, sem entender o motivo.
E ele jamais entenderá…

Gilson Cruz

Veja também Noites de outono (Poema Simples) ‣ Jeito de ver

Solidão: o que é, causas, sintomas e tratamento (indicedesaude.com)

Canções do Silêncio e das Estrelas

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Imagem de 2341007 por Pixabay

A Inspiração que Falta

O que mais tortura um escritor, se não a falta do que escrever?
Bem, quando se refere a este trabalho, até a falta de inspiração é objeto de escrita.

Me fogem ideias, me faltam palavras…

Poderia falar sobre aquele jovem senhor que cuidava de sete cachorrinhos e que, diariamente, repetia a Deus que ficaria rico. Que seria um dia cantor de músicas internacionais, ficaria famoso e ganharia também numa dessas loterias da vida.

As estações pareciam longas e intensas…

O fato é que todos os dias, antes mesmo de o sol sorrir, ele, acompanhado de seus amiguinhos, revirava os recicláveis para lotar o seu carrinho e extrair das sobras dos restaurantes o alimento dos pequenos companheiros.

Alguns poucos anos se passaram, e num desses invernos, os cachorrinhos vagavam pelas ruas, procurando amizade e, consequentemente, um pouco de alimento.

Cães também comem, é verdade!

O amigo dos cães desaparecera! Ele abandonara os seus amiguinhos. Segundo alguns, “a vida lhe sorriu”.

Diziam que aquele homem, sem nome, estava agora bem de vida. “Que Deus lhe ouvira as preces…” Que bom! Mas não digam isso aos cachorrinhos… estavam sozinhos agora!


Entre o Palco e as Ruas

Agora que as noites de inverno passavam, os bares da cidade passaram a contar com música ao vivo.
A praça lotada, pessoas felizes, aplaudiam a linda voz do cantor que sonhava em um dia poder mostrar seu talento a públicos maiores.

E depois de horas, a apresentação chegava ao fim.
Namorados passeavam a contemplar um último brilho da lua e, quem sabe, levar um último beijo de boa noite.

E enquanto todos se deslocavam para suas casas, satisfeitos, não percebiam os mesmos cães deitados ao redor do que seria um novo amigo.

As noites de inverno não são românticas, nem mesmo nos nordestes do Mundo.
Por isso, as pobres criaturas envolviam agora o seu novo dono, alguém de olhar triste e pele sofrida, que, para fugir da vida ou das memórias, adormecia no meio da praça e despertava com o auxílio daquilo que o inebriava.

Há alguém que não leve consigo um passado? Alguns o temiam, acreditavam ser um fugitivo – mas todos são fugitivos de algum modo!
Não falava muito sobre família, amigos – nada. Apenas dizia ao carteiro que esperava um cartão que viria de um antigo lugar chamado Mimoso.

Diziam nas ruas que conversar com bêbados ou cuidar deles era trabalho para heróis, e que nem mesmo ambulâncias seriam deslocadas quando se tratasse de acidentes com eles.
Línguas maldosas!


A Brevidade da Vida

Um dia o encontrei dormindo, cansado de esperar o movimento lento das coisas e, enquanto ele dormia, coloquei em suas mãos um desses lanches que não sustentam um dia inteiro, mas que era bem melhor que o álcool.

É estranho perceber que hoje, não consigo lembrar o nome dele.
Mas, num dia desses, cansado de viver esperando por ninguém sabe exatamente o quê, seu coração decidiu parar…

Aqueles que criticavam o seu modo de vida estavam atônitos, de certo modo, tristes.
Me faltam palavras para descrever o que senti. Sei que a vida lhe foi breve.

Quando percebo como alguns sobrevivem com tão pouco, sinto a vergonha alheia de ver como outros estão dispostos a prejudicar centenas em fraudes por atitudes egoístas.

Não ouvi anúncios de sepultamento. Alguém, talvez, chore a sua falta e lamente a sua vida ausente.
O universo, porém, continuará frio e inóspito. Não se apagarão estrelas por ele…

O verão chegaria há apenas quatro dias… e novamente os pets andariam sozinhos nas mesmas praças.
Enxotados e maltratados, como pessoas ignoradas.

Me tortura a alma não saber o que dizer.

Gilson Cruz

Veja também Retratos da vida – o que deixamos passar ‣ Jeito de ver

Amar é não deixar de acreditar

“Com amor, conseguimos muito mais…”

Apesar de ser um clichê, nada poderia ser tão real quanto o senso de realização ao perceber que aquilo que amamos fazer surtiu os efeitos desejados.

O compositor sente-se orgulhoso ao ver que uma canção bem elaborada teve boa aceitação do público, assim como o poeta é alimentado pela sensação de ter emocionado corações. O professor sente-se feliz ao ver o seu aluno alcançar aquilo que ele se propôs a ensinar.

Não importa o segmento, tudo aquilo que conseguimos fazendo por amor tem um sabor diferente.

Uma das facetas do amor, descrita pelo apóstolo São Paulo na Bíblia, é “acreditar em todas as coisas”.

Aplicando de um modo diferente tais palavras, poderíamos afirmar:

Se você ama algo, aprenda, reaprenda se for preciso, tente várias vezes até encontrar a maneira correta de agir. Isso é acreditar!

Não despreze seus sonhos, mesmo que estes não o enriqueçam! Estar bem financeiramente é bom, mas enriquecer não significa estar feliz!

Se você ama alguém, aprenda, reaprenda se preciso for a ser o apoio necessário para que ambos cresçam juntos.

Relacionamentos em que os objetivos são alcançados isoladamente enfraquecem com o tempo. Dividir o entusiasmo é tão importante quanto compartilhar as frustrações. Seja o apoio, isso é acreditar!

Alcançar o sucesso é o sonho de cada pessoa, apesar dos diferentes conceitos a respeito do que seria alcançá-lo. A pessoa pode alcançar todos os objetivos traçados para a própria vida, mas seria frustrante não compartilhar com ninguém a alegria de tais conquistas.

Assim, é real afirmar que precisamos compartilhar não apenas as frustrações, mas principalmente o entusiasmo! Sim, compartilhar também é amar…

E com amor, chegamos muito mais longe!

 

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O pequeno mundo de Lis ( Poema à Felicidade)

 

“Lis,
Me diz,  menininha levada
O que te deixa feliz?

“Besouros no Jardim?
Flores vermelhas?
Ou achas as mais belas
Rosas amarelas?

“Existem rosas amarelas?
Me permita, então, vê-las!
Seriam as mais serenas
que as margaridas vermelhas?

“Neste universo do existe
nunca, nada permita
bichinhos, carinha triste…

“Nem gritos no ar
Ou luzes no céu
Nem flores caídas
em meio ao papel…

“Ria com as flores
com as cores
Sorria…

“E quando faltarem palavras
Nessa cabecinha agitada
Me mostra, pequena Lis
na dança, no canto
No sonho…
O que te deixa feliz…”

Gilson Cruz

Leia também Poema para Aline (Carinha amarrada) ‣ Jeito de ver

 

Ao Lado nos Belos Instantes

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Imagem de Catkin por Pixabay

 

Nos mais belos momentos de sua vida, de quem você se recordou?

Quem você gostaria que estivesse lá, ao seu lado,

contemplando o sol ao amanhecer ou o mesmo observando o despontar da lua atrás das montanhas?

Quem você gostaria que estivesse ao seu lado,

celebrando todas as conquistas,

dividindo as esperanças,

ou apenas abraçando sem motivo algum – se o amor não for o motivo?

Nos momentos mais extraordinários da vida,

de quem seria o riso, ou as palavras que você gostaria de ouvir?

De quem seriam as mãos e o rosto que você desejaria tocar?

Mesmo que pareça insano…

Ela esteve lá...sempre esteve lá.

Ela te acompanhou por todos estes momentos e em tuas alegrias ou frustrações esteve presente…

Ainda que apenas em teus pensamentos… em tuas memórias… em teus sonhos!

Gilson Cruz

 

Leia também Se pudesse voltar no tempo ‣ Jeito de ver

 

 

Ao vizinho do 61 – Muito Obrigado!

Uma porta marrom, uma parede cinza. Um texto para reflexão.

Imagem de Arek Socha por Pixabay

 

 

A Primeira Impressão 

Meu caro vizinho da casa 61

Sei que a vida anda apressada ultimamente, é verdade, e são raras as vezes que tenho a oportunidade de te encontrar — sem essa pressa maldita, tão comum às pessoas.

Mas quero te agradecer.

Confesso que, vendo a disposição e a força com que realizas tão bem os teus trabalhos, sempre acreditei que eras um Super-Homem.

Por isso, quando te cumprimentei com aquele simples “bom dia”, eu não esperava ouvir tantas histórias.

Saber que tu enfrentas sentimentos como a solidão, a depressão e problemas da natureza humana diariamente me ajudou a considerar melhor a minha vida. Eu, que vivo entre livros e músicas, que torço por um time que não ganha um título nacional desde 1989 e que sempre acreditei também não haver nada errado com o Senhor.

Percebi que, constrangido, narravas um pouco dos teus problemas de infância e quantas visitas ao hospital a tua saudosa mãe se via obrigada a fazer. Chorar ao recordar alguém que te amava e que também se importava tanto contigo não é crime. Fez muito bem!

Eu jamais saberia, é certo, que, apesar dessa força que mostras nos teus passos, há um ser humano mais forte ainda. Pois lidar com certos problemas pode ser desgastante e desanimador — e alguns, infelizmente, desistem no caminho.

Não, eles não são fracos! Eles lutaram, também!

Talvez, não encontrassem ouvidos sinceros, de pessoas que se importassem.

Hoje em dia, quando as pessoas perguntam “Como está?”, o fazem por formalidade, muitas vezes sem nenhum interesse nos outros. Querem ouvir a única resposta que as agrade, para se isentarem do peso de serem úteis!

Quando te cumprimentei e ouvi a tua história, ganhei muito mais do que motivos para acreditar.

Ganhei uma razão para continuar.


Lições de Alguém que Escuta

Disseste-me sentir a falta de teu pai, tua irmã, teus amigos — me identifiquei, pois os meus livros, apesar de maravilhosos, não compartilham os meus sentimentos.

Por favor, peço apenas que não desanimes ao encontrares aqueles que querem apenas ouvir um “estou bem”, por estarem ocupados demais com os seus próprios egos. É duro admitir, essas pessoas existem e pouco se importam com os outros. Vão te dizer que falar dos teus problemas é fraqueza, que existem coisas mais importantes pra pensar, mas não esmoreça.

Entenda: desabafar é também uma maneira de reorganizar os pensamentos, e aquele que te escuta, se for sincero, terá o privilégio de aprender e crescer junto contigo.

Te peço perdão por não ter me lembrado de perguntar o teu nome, mas a tua história de lutas e sofrimento ainda me comove e me inspira. Continue a luta.

Agradeço por ter confiado a tua história e a tua voz a um desconhecido que também nem sabias o nome. Acredito que todo o altruísmo foi teu. E, numa próxima ocasião, espero encontrar-te novamente e conversarmos um pouco mais, compartilharmos experiências e termos a chance de conhecer também a tua família, tocarmos algo em meu velho Di Giorgio e descobrirmos os teus talentos.

Agradeço e até uma próxima oportunidade,

Pedro,
Teu vizinho do Nº 15

Como seria … (O Poema de um novo dia). ‣ Jeito de ver

O Mundo Pequeno de Mundinho – um conto ‣ Jeito de ver

Gilson Cruz

 

As mudanças na mente e no corpo.

O Encanto do Passado e as Memórias Selecionadas

Já se perguntou alguma vez: “Por que o passado parece tão melhor que o presente?”

Para responder a esta pergunta, é necessário mergulhar com sinceridade nas memórias e entender que as nossas concepções e perspectivas de mundo se adaptam a novas experiências.

Na infância, a vida se resume a brincadeiras e à proteção de pais e parentes. Nas memórias dessa fase, os momentos mais difíceis – como quedas, perdas, doenças e situações semelhantes – tendem a ser ofuscados por lembranças marcantes, geralmente felizes.

Por outro lado, a puberdade traz a ebulição hormonal, a instabilidade emocional e as atitudes rebeldes que, muitas vezes, resultam em situações que serão motivos de vergonha por anos a fio.


O Caminho do Amadurecimento

As mudanças e transformações no corpo e na mente fazem parte de um processo que chamamos de amadurecimento. Durante essa fase, o vigor da juventude, aliado ao entusiasmo e ao fogo da infância, cria a ilusão de que tudo é possível!

Por isso os exageros: cada paixão é um amor eterno; cada erro, um desastre imperdoável; cada crítica, uma punhalada; e cada rejeição sofrida, um pecado sem perdão. O curioso é que essas paixões, tão intensas e sofridas, logo são substituídas por novas – com as mesmas características.

A adolescência é como um reflexo exagerado do que alguém será ao amadurecer. Com o tempo, o ex-adolescente poderá refletir as atitudes que tanto criticava nos pais:

  • A seriedade diante da vida,
  • A preocupação com as contas da casa,
  • E o foco em questões mais importantes.

Enfim, aprenderá a perdoar os erros do passado, aceitar as críticas e lidar com as próprias falhas. Descobrirá que rejeições são necessárias e que muitas vezes é preciso aprender a dizer “não”.


A Aceitação das Mudanças

Com o tempo, talvez não se reconheça mais o brilho no olhar, os traços no rosto ou a energia de outrora. Perceberá que para estar no presente, relembrando e questionando o passado, foi necessário mudar, aceitar transformações e amadurecer – mesmo que isso significasse abrir mão de desejos e traços da própria personalidade.

Chegará o momento de perdoar paixões infelizes, livrar-se de remorsos e abraçar a compreensão de que assim é a vida. Cada tempo trouxe sua parcela de experiências e ensinamentos, e ainda há muito por viver.

Assim, finalmente, viverá a maturidade – um estágio que permite valorizar o presente, sem as ilusões do passado, mas com a sabedoria que ele proporcionou.

Gilson Cruz

Amizade ao Longo da Vida – definições ‣ Jeito de ver

© Gilson da Cruz Chaves – Jeito de Ver Reprodução permitida com créditos ao autor e ao site.