A Origem do Dia do Trabalho

O valor de um trabalhador

Introdução: Por que ainda precisamos falar sobre o Dia do Trabalho?

Uma reflexão sobre o passado, o presente e os perigos do esquecimento.

O 1º de maio não é apenas uma data no calendário — é um símbolo de resistência, conquista e também de alerta.
Neste texto, você vai reencontrar histórias que parecem distantes, mas que seguem mais atuais do que nunca: jornadas exaustivas, exploração disfarçada de progresso, direitos suprimidos em nome de uma suposta ordem.

Vamos lembrar de onde viemos para entender onde estamos — e, principalmente, para questionar para onde estamos indo.
Porque esquecer a luta dos trabalhadores é abrir espaço para que os retrocessos se repitam.


A Origem do Dia do Trabalho
Reflexão sobre os Direitos dos Trabalhadores


O que é o Dia do Trabalho?

Celebrado em diversos países no dia 1º de maio, o Dia do Trabalho é uma data simbólica que destaca a importância da luta dos trabalhadores.

Essa comemoração remonta ao final do século XIX, quando movimentos trabalhistas começaram a se mobilizar por melhores condições de trabalho e por direitos fundamentais.

Você sabia que, no passado, crianças eram tratadas como adultos em miniatura e chegavam a trabalhar entre dez e doze horas por dia?
Parece absurdo? Pois é — na época, o que hoje nos causa indignação era visto como uma maneira de aproveitar mão de obra barata.

Essas crianças eram exploradas ainda mais que os adultos, privadas do direito à aprendizagem e do desenvolvimento pessoal.
A infância era um privilégio restrito aos filhos dos patrões.


Uma História de Lutas e Conquistas

A origem do Dia do Trabalho é marcada por eventos como a greve de Haymarket, em Chicago, onde trabalhadores protestaram exigindo a jornada de oito horas.

A Revolta de Haymarket foi um conflito que eclodiu após a explosão de uma bomba em uma manifestação em prol da jornada de oito horas de trabalho, em 4 de maio de 1886, na Haymarket Square, em Chicago, nos Estados Unidos. Fonte:  Wikipedia

Com o tempo, essa luta resultou em conquistas como férias, salários mais justos, licenças trabalhistas e direitos básicos que, hoje, muitos consideram garantidos — mas que sempre correm riscos de retrocesso.

Celebrar essa data é manter viva a memória das vitórias passadas e lembrar da necessidade constante de proteger os direitos dos trabalhadores.


Por que é necessário celebrar o Dia do Trabalho?

Mais do que um simples feriado, o 1º de maio é uma oportunidade de reflexão.

Já repararam como, muitas vezes, reformas econômicas anunciadas pelos governos penalizam o trabalhador e desvalorizam seu esforço?

Certa vez, um Presidente iniciou seu discurso com palavras como:

“A situação crítica demanda ações drásticas. Precisamos cortar na carne para manter a ordem e o controle.”

Mas o corte nunca foi na própria carne. A tal reforma trabalhista desmontou direitos adquiridos, favoreceu patrões, reduziu 94% dos serviços assistenciais e acelerou o processo de entrega de empresas públicas à administração privada.

É claro: a reforma não arranhou nem de leve a pele de políticos e empresários.


O papel da imprensa

A imprensa, financiada por grandes empresários, assumiu o papel de convencer — ou confundir — a população. Manchetes exaltavam os “benefícios” da Nova Reforma, enquanto o trabalhador via, na prática, o desmonte de suas garantias.

Houve até governo que chegou a sugerir que os pobres pudessem vender os próprios órgãos…

Enquanto isso, projetos importantes, como o que propõe o fim da escala 6×1 no Brasil, são deixados de lado por parlamentares mais preocupados com pautas de uma suposta moralidade — muitas vezes alinhados com os interesses de seus financiadores de campanha: os patrões, que também são, com frequência, os exploradores.


Valorizar o trabalhador é valorizar a sociedade

A valorização do trabalhador deve ser uma prioridade em qualquer sociedade.
Em diversos países, a redução de jornadas e escalas resultou em ganhos reais: produtividade, saúde mental e desenvolvimento empresarial. (Abordaremos esse ponto em um post futuro.)

Ao reconhecer a importância do 1º de maio, renovamos o compromisso com a justiça social, com melhores condições de trabalho e com o espírito de solidariedade entre os que constroem, de fato, o mundo com seu esforço: os trabalhadores.

Leia também:

A falta de Educação Política e a corrupção ‣ Jeito de ver

4 de maio de 1886: acontece o Massacre de Haymarket, confronto entre policiais e manifestantes que influenciou a criação do Dia Internacional dos Trabalhadores

Fonte: Wikipedia

Brasil Escola

Quando a miséria dá Ibope (Lágrimas de TV)

Imagem de Marc Pascual por Pixabay

A Menina e o Sonho Distante

A pobre menina de pouco mais de cinco anos de idade tinha tantos sonhos quanto as outras meninas de sua idade. Não queria muito, queria apenas uma dessas bonecas que via nas propagandas na velha televisão que repousava no lado esquerdo da casinha de piso de chão batido, tanto mais frio no inverno.

Seus olhinhos brilhavam ao ouvir, nesses programas de TV que ajudavam os pobres, que a vida podia mudar, mas sua vida não parecia ter outras perspectivas. Sua mãe, solitária e doente, não podia fazer muita coisa, nem dar muita coisa, e a pobre menina ajudava nas tarefas da casa: lavando, passando e, às vezes, cozinhando quando a mãe se enfraquecia.

Era triste ver a infância fugir e o brilho nos olhos da menina se apagar. Mas algo mudaria.

Numa dessas histórias que se assemelham a contos de fadas, alguém escreveu para um desses canais que “ajudam” os carentes. E, vestida com sua melhor roupa, ela se apresentou naquele programa, enquanto a suave música de fundo trazia emoção e lágrimas às pessoas que agora também conheciam sua história.

O apresentador, de voz compassiva, contava a história, repetindo os trechos mais marcantes… e, de casa, os telespectadores também compartilhavam o mesmo choro. Segurando ternamente as mãos da menina, o apresentador pediu uma pausa. A audiência estava nas nuvens, e o apresentador, com olhos marejados, chamava o intervalo e, consequentemente, os comerciais…

E, enquanto o canal faturava com os patrocinadores, a cena no auditório não era tão terna nem tão triste…

No início do intervalo, o apresentador soltou friamente a mão da pobre menina, correndo feliz para checar com os auxiliares o sucesso daquele programa. Feliz por saber que estava em primeiro lugar…

Enquanto isso, com a mesma solidão e desilusão do dia a dia, sentada nos degraus do cenário, a menininha não entendia absolutamente nada… Não percebia que estava sendo usada como parte do jogo.

O Menino do Pintinho Piu

A história acima é baseada em fatos, mas uma história que ilustra bem tais programas de TV é a do Menino do Pintinho Piu.

O menino gravou um vídeo despretensioso dublando a música Pintinho Piu. O vídeo viralizou! Tornou-se a sensação da internet. E, por fim, foi descoberto por um desses programas populares.

O apresentador, feliz com a audiência, prometeu que daria suporte à carreira daquele menino. Os telespectadores elogiavam o apresentador: — “Viu como ele se importa com as pessoas?”

Os pais, entusiasmados com a possibilidade de sucesso do filho, venderam todos os bens para investir no sonho e bancar a gravação e divulgação do disco do menino.

Nota: o menino não era um cantor. Não havia possibilidade de dar certo!

Mas o apresentador estava tão entusiasmado…

Pobres pais… Não imaginavam que seriam esquecidos por todos, inclusive pelo apresentador, assim que o programa acabasse — com picos elevadíssimos de audiência.

Mais pobres agora, tentariam voltar ao mesmo programa, com o mesmo apresentador que faria a mesma cena, capitalizando sobre a miséria de uma família que vendeu tudo que tinha para investir na carreira do filho.

As Lágrimas da TV

São histórias tristes, é verdade! Mas a verdade maior é que as pessoas gostam de acreditar em lágrimas de TV. Gostam de acreditar que as lágrimas nos olhos de um apresentador que está preocupado com faturamentos, contratos, carreiras, com tudo — menos com a vida da pessoa no meio do palco.

As pessoas gostam de ser enganadas…

O mundo real é chato. A vida real é muito chata!

Enquanto as câmeras filmam, as lágrimas parecem reais. Mas, quando se apagam, a realidade volta a ser o que sempre foi: cruel para os que vivem dela e lucrativa para os que a exploram.

Leia também: Cultura – Quando o mais fácil é desistir! ‣ Jeito de ver

Os anões do Orçamento (uma história real)

 

Congresso Nacional onde as histórias acontecem...

Imagem de Renato Laky por Pixabay

Um conto desencantado

Era uma vez a muitos e muitos anos, pra ser mais exato e quebrar o encanto, lá no final dos anos 80 e início dos anos 90,  quando um grupo de “anões malvados” que se uniu para fraudar o reinado, que já não andava bem das pernas…

Interessante introdução para uma estória, não é verdade?

Mas, o fato é que não há nenhum encanto na história acima. Entendamos:

O termo ” anões do orçamento” se deu ao fato de que os principais envolvidos eram deputados sem grande repercussão ou importância, eram anões de poder lá no Congresso Nacional.

Entenda a fraude

Com a promulgação da Nova Constituição de 1988, os poderes da comissão de orçamento foram ampliados, o que resultou na formação do grupo dos “sete anões”.

O grupo operava com três fontes de recursos.

A primeira era formada por propinas pagas pelos prefeitos para incluir uma obra no orçamento ou conseguir a liberação de uma verba já prevista.

A execução dessas tarefas era realizada pela Seval, uma empresa criada pelo deputado João Alves de Almeida, que cobrava uma “taxa” para fazer o serviço.

O grupo estava envolvido em fraudes com recursos do Orçamento da União até serem descobertos, a partir das denúncias do economista José Carlos Alves dos Santos (grave esse nome), integrante da quadrilha e chefe da assessoria técnica da Comissão do Orçamento do Congresso,  e que foram investigados em 1993, por uma Comissão Particular de Inquérito.

Ao fim da CPI , o relatório final de Roberto Magalhães (PFL-PE) pediu a cassação de 18 dos envolvidos, quatro renunciaram aos cargos para fugir das punições e  apenas seis perderam seus mandatos.

Deputados envolvidos na fraude

Perderam mandatos: Carlos Benevides (PMDB-CE) , Fábio Raunheitti (PTB-RJ), Feres Nader (PTB-RJ), Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), José Geraldo Ribeiro (PMDB-MG) e Raquel Cândido (PTB-RO)

Renunciaram, por motivos óbvios: Cid Carvalho (PMDB-MA), Genebaldo Correia (PMDB-BA), Jão Alves (PFL-BA), Manoel Moreira (PMDB-SP)

Abençoados com o glorioso perdão:

Anibal teixeira (PTB-MG), Daniel Silva (PPR-RS), Ézio Ferreira (PFL-AM), João de Desu Antunes (PPR-RS), Flavio Derzi (PP-MS), Paulo Portugal (PP-RJ), Ricardo Fiuza (PFL-PE), Ronaldo Artagão (PMDB-RO).

Para encerrar a lista Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) que ficou muito, mas muito  famoso posteriormente.

– Polícia Federal encontra dinheiro em apartamento que seria utilizado por Geddel | Bahia | G1 (globo.com)

Nada como ser inocente!

Prejuízos ao País

Os envolvidos roubaram mais de R$ 100 milhoões, em esquemas de propinas, para favorecer governadores, ministros, senadores e deputados.

O rastreamento das contas bancárias resultou na queda do presidente da Câmara da época, Ibsen Pinheiro, o líder do PMDB, deputado Genebaldo Corrêa e o deputado baiano João Alves de Almeida (falecido em  2004).

Havia dois esquemas  fraudulentos.

No primeiro parlamentares faziam  emendas remetendo dinheiro para entidades filantrópicas ligadas a parentews e laranjas.

Porém, o principal esquema eram os acertos com grandes empreiteiras para a inclusão de verbas orçamentárias, para grandes obras, em troca de muito, muito dinheiro.

Na CPI do orçamento, foi apurado que cada  deputado recebia entre 5 e 20 por cento do valor da obra.

O ex-chefe da Acessoria de Orçamento do Senado, Jose Carlos Alves dos Santos desmontou o esquema ao denunciar as irregularidades…

Crimes geram crimes…

Mas, antes que alguém elogie o bendito por isso, tenho que lembrar que ele próprio foi  preso e acusado de assassinar a  esposa, Ana Elizabeth Soprano, que ameaçava denunciar as peripécias do marido e a gangue.

Na casa dele foi achada uma mala com mais de 600 mil dólares.

Condenado a 20 anos de prisão, resolveu acusar o restante da banda. Tentou se matar na prisão, mas foi salvo!

Não falou mais do assunto desde que saiu da prisão,

Anões de sorte

O Deputado João Alves, foi o único ser vivo a ter acertado mais de 200 vezes na Loteria.

Você acredita?

Bem, uma tática de lavagem de dinheiro também  utilizada por criminonos é comprar  bilhetes de loterias premiados.

E a história sem fim continua…

Com o tempo os anões do orçamento se foram…

E em seus lugares surgiram vampiros, sanguessugas e mágicos, que faziam maravilhas para si e a própria família por meio do Orçamento Secreto e emendas PIX…

Pena que as notícias soem para muitos como estórias para ninar pacatos cidadãos…

E ainda, alguns sortudos são periódicamente “sorteados” nas loterias eleitorais, por aí.

E foram ricos para sempre

… ou deixaram fortunas ao seus herdeiros!

 

Consegue dormir com uma história dessas?

Com a promulgação da Nova Constituição de 1988, os poderes da comissão de orçamento foram ampliados, o que resultou na formação do grupo dos “sete anões”.

O grupo operava com três fontes de recursos…

Gilson Cruz

Veja também Notícias de Guerras – o jogo da informação ‣ Jeito de ver

(Fonte: Wikipedia)

Lembre do escândalo dos Anões do Orçamento que completa 20 anos (terra.com.br)

 

 

 

 

 

A falta de Educação Política e a corrupção

O Planalto Central, Brasília -DF. Qual a importância de se entender a Política?

Imagem de Renato Laky por Pixabay

 

Entendendo um pouco mais de política

“O Congresso Nacional é a cara do povo a quem representa” é uma frase comum, mas não é exata.

 

O Congresso do Brasil  é composto por 513 deputados, das mais variadas esferas e estados.

Estes são eleitos de acordo com partidos e propostas – e ultimamente, número de seguidores em plataformas de streaming!

DISTORÇÕES NO CONCEITO DE POLÍTICA

Em países como o Brasil, a educação política não é estimulada nas escolas.

Este pode ser um dos motivos da continuidade da falsa percepção, desenvolvida ao longo de décadas,  de que o voto não é importante, que sua é apenas função de colocar as autoridades em seus postos.

Por causa desta distorção, a prática de compra e venda de votos persiste apesar de ser ilegal e é geralmente feita longe dos olhos da justiça.

-Compra de votos (art. 299 do Código Eleitoral) — Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (tre-rs.jus.br)

Algumas vezes os próprios eleitores atuam como corruptores barganhando seu apoio em troca de favores ou benefícios.

A resposta a essa conduta é a indiferença dos políticos, que uma vez eleitos,  não se comprometem com promessas de campanha .

O valor do voto já foi pago e a participação popular se resume ao ato de depositar suas cédulas de dois em dois anos.

A EDUCAÇÃO – Prevenção

A educação política deveria ter um caráter preventivo.

Assim como um trabalhador é cobrado por resultados, sujeito a punições e demissão, a educação política fortaleceria a consciência de que o vereador, deputado, senador e até o presidente atuam como servidores públicos e devem ser cobrados.

A falta de tal conhecimento tem sido responsável pela idolatria e bajulação prestadas a políticos que muitas vezes atuaram contra os direitos já adquiridos.

A carência de tal educação se torna evidente quando se percebe a grande quantidade de artistas e estrelas da internet eleitos e o número de votos desperdiçados em tais atores do mundo político.

O raciocínio de que todos os velhos políticos são corruptos e que um novo seria a  revolução necessária, é enganoso.

ATRIBUIÇÕES DEPUTADO FEDERAL 

Examine as atribuições de um Deputado Federal, por exemplo:

. Propor, discutir e aprovar leis, que podem até mesmo alterar a constiruição.

. Aprovar ou não, as medidas provisórias do Presidente.

. Fiscalizar e controlar as ações do poder executivo, bem como os atos do presidente da república e seus ministros.

. Aprovar o orçamento da União.

. Quando há denúncias ou suspeitas de irregularidade, criar uma CPI para investigar um tema ou situação específica.

Fonte: O que faz um deputado federal? | Politize!

A IMPRODUTIVIDADE, O DESINTERESSE E AS FALSAS PAUTAS

Conhecendo as atribuições dos Deputados Federais examine a manchete no link a seguir:

28 deputados federais que propuseram só um projeto de lei por ano, ou menos, concorrem à reeleição – Estadão (estadao.com.br)

Não seria incorreto definir como “improdutivo” alguém que, num período de quatro anos não exerceu plenamente as suas funções.

Mais estranho, porém, é saber que aqueles que o elegeram NÃO acompanharam o desempenho dos seus eleitos.

Uma tática usada por políticos deste cacife é pautar questões polêmicas que os mantenham em evidência.

– Isso cria a ilusão de PARTICIPAÇÃO e REPRESENTATIVIDADE.

Aproveitando a onda dos sentimentos de revolta causados por programas jornalísitcos que exploram comercialmente a violência, surgiram candidatos cabos, tenentes, delegados, generais etc. que normalmente aparecem mais pela alcunha do que pelo desempenho.

Outros  tentam se apresentar como guardiões da moral e da boa conduta, atendendo a um  público mais conservador e religioso.

Examine a manchete, no link a seguir: Nikolas Ferreira vira réu após expor aluna trans de 14 anos em banheiro escolar de BH (globo.com); AGU avalia como enquadrar deputados por fake news sobre banheiro unissex (correiodopovo.com.br).

Observe, pautando assuntos que visam constranger e perseguir minorias alguns são eleitos para cargos maiores.

Na primeira manchete o político citado era vereador na segunda notícia, aparece como deputado eleito.

VERDADEIROS INTERESSES 

Muitos moralistas, defendiam um governo que se provou incompetente ao lidar com a pandemia da Covid 19, e que delegou ao Congresso a função de governar enquanto fazia motociatas, carreatas,” jet-ski-atas”, “jeguiatas” e novas modalidades de campanha com uso da máquina pública.

Um mesmo governo que zombava dos que morriam da COVID 19 e que de acordo com investigações, pode estar envolvido com milícias e a venda de joias que não lhe pertenciam.

Veja mais nos links:

Presidente da bancada evangélica na Câmara defende gesto de Bolsonaro a pastores do Nordeste | CNN Brasil; Exclusivo: bancada evangélica é fiel a Bolsonaro em 89% das votações – Congresso em Foco (uol.com.br);

. A ligação do clã Bolsonaro com paramilitares e milicianos se estreitou com a eleição de Flávio | Atualidade | EL PAÍS Brasil (elpais.com)

. A mesma hipocrisia e corrupção disfarçada é também escancarada quando os políticos se unem  para defender seus correligionários envolvidos em escândalos e corrupção.

A VERDADEIRA REPRESENTATIVIDADE ( mas, disfarçada é claro!)

Retornando ao ponto da representatividade, muitos são eleitos com o apoio de empresários e produtores rurais, e atuam conforme os interesses destes quando votam contra o meio ambiente e direitos trabalhistas – isso quando não são eles mesmos, os empresários!

Saiba mais nos posts abaixo:

Em cada 10 deputados federais, 6 têm atuação desfavorável ao meio ambiente, indígenas e trabalhadores rurais (reporterbrasil.org.br);

Sindicalistas protestam na porta do escritório de Mabel – Brasil 247

A EDUCAÇÃO POLÍTICA  – O QUE É?

A justiça eleitoral esporadicamente divulga notas educativas sobre o poder do voto com qualidade.

Estas notas são insuficientes, uma vez que é praxe dos veículos de comunicação colocar sutilmente os interesses de patrocinadores (empresários) em forma de notícias ou denúncias.

A educação deve começar na escola.

O direito de exercer o seu voto ou de manter-se neutro, se esta for a sua decisão consciente.

Acima de tudo, desenvolver o espírito crítico para avaliar de forma honesta, se aquele que foi escolhido para representar os interesses comuns está performando para vídeos em streamings, ou se está atuando para uma sociedade mais justa.

Os corrruptos não brotam do solo… são trazidos à tona por inocentes – ou por outros corruptos!

Gilson Cruz

Veja mais no link:

Corrupção no Brasil: consequência de séculos de desigualdade | Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP

O papel da imprensa e a História ‣ Jeito de ver

A educação política deveria ter um caráter preventivo.

 

“Funk Brasileiro – Raízes e impacto social

Um contrabaixo. Um pouco das origens do FUNK.

Imagem de Jose Araica por Pixabay

Um ritmo pulsante

Sabe aquelas canções de ritmo pulsante, repetitivo e que muitas vezes choca pela agressividade e obscenidade das letras?*

Calminha, eu não estou falando de alguns pagodes da Bahia. – Não neste Post.

Falaremos um pouco sobre o Funk no Brasil, suas origens e influências.

Revoluções

Se no Brasil, a Bossa Nova crescia no final dos anos 1950 e no início da década seguinte se tornava popular entre jovens de classe média alta, filhos de pais ricos e com cargos influentes na sociedade e nos governos da época…

Nos EUA os jovens negros curtiam algo bem mais politizado, bem mais provocador.

Se por aqui, os jovens que amavam o estilo João Gilberto de sussurrar perfeitamente letras e acordes dissonantes naquela fusão do jazz norte americano com o samba brasileiro, e tinham tempo livre para ver “o barquinho a navegar no macio azul da mar” e viver o romantismo de quem sabia”que iria te amar, por toda a vida…

Lá, do outro lado, os jovens tinham pressa, queriam mudanças. Passavam a admirar ícones como James Brown e Miles Davis.

Esqueça toda a calma e paz da Bossa Nova  –  o Funk é bem diferente…

Um pouco de história e teorias

O Funk cresceria em outro solo…  a água, porém, viria quase da mesma fonte.

Ambos são influenciados pela  música negra americana e entre muitos estilos, compartilham um pouco da vibe do R&B, Soul e do Jazz.

As origens do jazz, que influenciaram a bossa nova, remontam às festas de escravos que parodiavam os estilos dos colonizadores, à mistura de ritmos tribais  e também às jams Sessions de Blues ( se é que se pode chamar assim!) .

O Jazz era a fusão de muito estilos.

Negra em suas origens, essa fusão carregava também um pouco de banzo – canção que expressava a tristeza e era cantada melodicamente em repetições de frases e improvisos por escravos em campos de algodão.

O banzo narrava o sofrimento, a ânsia de libertação e a saudade de um mundo que não mais existiria, desde que foram sequestrados e vendidos como mercadorias.

A expressão deste sofrimento é clara nos blues do Delta do Mississipi nas primeiras décadas do século XX.

O Funk foi desenvolvido pela comunidade negra nos Estados Unidos no início da década de 1960, quando a mesma ânsia de libertação ganhava força num país preconceituoso, onde a segregação racial era questão política e os negros lutavam agora pela igualdade.

Desigualdade social 

É notório que em países como o Brasil, após a lei que abolia a escravidão, havia um projeto de lei que indenizava os donos dos escravos com grandes compensações monetárias, face à pressão de antigos” proprietários”,  ao passo que os escravos, os maiores prejudicados pelo sistema, foram totalmente esquecidos – sem nenhuma compensação ( e às vezes, sem a própria roupa do corpo!).

Fonte:  Indenização aos ex-proprietários de escravos no Brasil – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Documentos relativos à escravidão, registros de compras e vendas de escravos, que poderiam atualmente ser úteis ao entendimento da história foram destruídos no início da república, para dificultar as coisas aos donos de escravos que pleitevam uma compensação pelas perdas decorrentes da abolição.

O mesmo Brasil que não ofereceu condições para que os negros tivessem uma estrutura social,  objetivando um povoamento maior da região sul, agraciou ( com toda a sorte de incentivos ) a europeus, dando desde casa a ajuda financeira para que estes tivessem condições de se estabelecer na preconceituosa terra brasilis.

700 mil libertos não tiveram acesso a terra e nem à educação.

Foram condenados a viver nas partes menos favorecidas da cidade.

Será que mudou muita coisa por aqui?

Nos Estados Unidos não foi, assim, tão diferente…

Os negros eram vítimas de grupos racistas, eram proibidos de ter acesso à educação igualitária e não podiam sequer usar os mesmos transportes públicos ou os mesmos banheiros que os brancos – muitos foram covardemente assassinados!

Neste ambiente politizado, o blues, o jazz e o Soul ganharam novas abordagens em suas letras.
E agora, um pulsante novo ritmo trazia a alegria, o protesto e a sensualidade ao movimento.

Sensualidade? Isso mesmo, era comum entre os músicos negros americanos na época usar a expressão “Coloca um pouco mais de Funk nisso aí”, quando queriam mais sensualidade, mais ousadia, mais provocação nas interpretações.

O Funk no Brasil

No início dos anos 1970 cantores como Tim Maia e Tony Tornado traziam a influência das Soul Music e do R&B americanos para os solos tupiniquins.
Nessa época, eram organizados no Canecão, casa de espetáculos famosa no Río de Janeiro, encontros conhecidos como Bailes da Pesada, onde o Funk era a “Novidade”!

Com o tempo essas festas acabaram e os produtores passaram a promover bailes regados a Rhythm’ Blues, Soul e advinha?
-O Funk!

Apesar da variedade , o termo Baile Funk popularizou esses encontros.

A polêmica das Letras -1

Assim como as antigas canções caipiras eram inspiradas na nostalgia do homem do campo que se mudou para a cidade e a tristeza de quem ficou para lidar com a suscetibilidade do clima, a jovem guarda se inspirava nas paixões juvenis e amores, por vezes, não correspondidos, a bossa nova se inspirava no otimismo de tudo, o Tropicalismo na busca de mudanças e o sertanejo universitário…bem, esse eu não consegui entender a inspiração ainda … (risos) o Funk se inspira nas realidades e nos desejos dos seus compositores.

A expressão de raiva, a desconfiança nas leis e por vezes, o louvor a nomes do crime são reflexos de uma sociedade abandonada pelo estado, em que a ” lei e a segurança” estão a cargo de milícias e outros criminosos.

Uma sociedade que só é lembrada para fins de repressão.

A polêmica das Letras -2

Entendendo a Cultura

As letras de quaisquer canções refletem a cultura e os valores a que são expostos os compositores.

Isso talvez explique superficialmente, pois há ainda uma grande variedade de estilos dentro do Funk: o Melody, o Pagofunk, o Brega Funk e o Proibidão que se caracteriza por letras pornográficas, a apologia ao tráfico e ao uso de drogas ilícitas.

Música é um reflexo da cultura e uma forma de expressão.

É necessário critério ao se analisar as vertentes musicais.

Aquilo que ouvimos influencia de modo positivo ou negativo as nossas emoções e como em tudo, o mesmo se aplica ao Funk.

Confira os links abaixo:

Bossa nova e jazz: ‘um caso de influência recíproca’, segundo Tom — Senado Notícias

Como o funk surgiu no Brasil e quais são suas principais polêmicas? | Politize!

* A agressivade e obscenidade nas letras também são usadas com o objetivo de causar impacto, que é um método para gerar engajamento bem usado em nossos dias, nos mais variados estilos.

Leia também

O drama do músico – As escolhas ‣ Jeito de ver

A música atual está tão pior assim? ‣ Jeito de ver

Flores pobres (Sonhos interrompidos)

Um menino pobre. Um poema sobre sonhos interrompidos.

Imagem de Charles Nambasi por Pixabay

A primeira manhã de Primavera
ainda não chegara,
nem chegará.

E as pequenas chuvas não tiveram a chance de regar o teu jardim
nem regarão

As abelhas não encontraram os seus pólens e os beija-flores…
Não te beijaram,
e como é triste saber…

A primeira noite
Não te trouxe as estrelas,
Nem o orvalho.

As estrelas não fizeram desenhos
E a lua não apareceu

Apenas a escuridão…

E as lágrimas, sairão
como seivas num galho quebrado

Como sangue
de sonhos interrompidos…

Sem palavras
num verso não acabado.

Aos milhares de jovens e crianças vítimas de balas perdidas, pobreza e da escravidão.

Leia mais: Insônia (Poema das minhas noites em claro) – Jeito de ver.

Confuso ( Carta de um detento )

Por Nilson Miller

Uma Carta

Mãe, bom dia.
Me desculpe se não preenchi o cabeçalho com o dia e a data de hoje. Na verdade, estou desorientado… Mas, caminhando pela rua, ouvi pessoas conversando. Prestei atenção no diálogo e um deles disse que estávamos no ano de 2023.

Achei que ele estivesse equivocado ou brincando.

Estou escrevendo porque me lembrei dos bons velhos tempos. Da comida caseira que só você sabia fazer, e todos queriam repetir o prato. Não dava, ainda faltavam pessoas para almoçar. No fim, todos ficavam satisfeitos e, após o almoço, colocavam o papo em dia, enquanto outros preferiam tirar aquela soneca.

Também lembrei do carnaval, quando vestiam trajes cobrindo a cabeça com máscaras, os chamados pierrots. Era um tempo em que podíamos brincar nas ruas sem muita preocupação. Isso eu sei que é verdade.

Eram os anos 70, mãe, e que saudade… Ainda lembro do filme Operação Dragão em cartaz. Pude comprovar que os comentários positivos sobre ele eram merecidos. Bruce Lee, o protagonista, estava no auge de sua carreira.

Não consigo assimilar que estamos em 2023, como o rapaz disse. Parece que não estou nem no nosso planeta. Está tudo mudado; nada se assemelha ao tempo das minhas boas recordações. Parece que as pessoas regrediram, e apenas eu estou preso em outro tempo.

Veja por que tenho essa impressão, mãe: soube que anos atrás roubaram um cavalo. E hoje, após muitos anos, prenderam um homem cujo único crime foi ter um nome semelhante ao do verdadeiro autor. Mesmo seus parentes comprovando sua inocência, ele permaneceu preso.

A justiça reconheceu o erro. E o homem foi solto? Não! Ele só seria liberto após o recesso junino. E, para isso, precisaria contratar um advogado e pagar honorários, sem ter cometido crime algum.

As autoridades não deveriam ter mais sensibilidade? E os danos causados por esse erro, quem vai pagar? Será que algum valor vai aliviar os dias que ele passou na cadeia? Tenho certeza que não.

Ainda há coisas estranhas acontecendo, mãe. Policiais combatem o crime, mas bandidos, também armados, cometem atrocidades. Os homens da lei arriscam suas vidas, trocam tiros, e, mesmo quando a operação é um sucesso, o ciclo recomeça. Os bandidos são soltos e voltam a cometer os mesmos delitos.

E se, em uma próxima operação, um policial morrer? Quem será responsável? Por que as autoridades não evitam a soltura, mantendo os criminosos presos?

Essas coisas me fazem pensar que não estou no meu universo de origem. O que houve com nossa justiça, mãe?

Outro dia, vi casos na TV que me assustaram. Uma mãe e um padrasto mataram uma criança. Será que o menino atrapalhava o romance? E por que não o deixaram com o pai? Vai entender…

Mulheres esquartejam maridos com frieza; jovens e seus pais são mortos pelo pai da namorada. Mesmo com provas contundentes, como câmeras, a justiça ainda escuta as lamúrias desses criminosos. Por que não os condena logo?

Os bandidos sabem que nossas leis são frágeis e persistem em crimes “menores”, como roubo e assalto. Sabem que sairão impunes. E o mais cruel é que eles só têm certeza de cumprir penas longas se deixarem de pagar pensões alimentícias.

Nota do Jeito de Ver:
Crimes gravíssimos muitas vezes não são tratados com a devida gravidade. Enquanto milhões são desviados por figuras corruptas nos negócios e na política, a justiça parece seletiva.

Confira nos links abaixo exemplos recentes:

A corrupção condena crianças à morte cultural e física, destrói famílias e destinos, e muitas vezes não é exposta como deveria pela mídia, frequentemente patrocinada pelos próprios corruptos.

A exploração de um personagem fictício, como um detento comum, questiona a severidade da lei com os menos influentes e sua leniência com os poderosos.

Leia mais em  O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver

Um bom rapaz – uma crônica.

Histórias de um desconhecido…

Sabe aquelas histórias, aparentemente, sem pé, nem cabeça, que te contam e que ficam na tua mente por anos?

Há muitos anos, enquanto aguardava o ônibus que trazia as mercadorias para o meu trabalho, um senhor, desconhecido,  se aproximou e aparentemente sem nenhum motivo começou a me contar uma história mais ou menos assim:

“Na cidade onde eu morava, conheci um menino gente boa, de família boa – mas pensa num menino que desacertou na vida!

Ele tinha vários irmãos, cinco ou seis, não me lembro bem e num deslizamento de terra… perdeu a maioria deles.

Restaram, apenas, ele e mais dois irmãos.

Após as tragédias, a vida jamais volta ao normal.

As pessoas aprendem a viver com o que se apresenta a elas.

O mundo mudou totalmente para ele, e ele não sabia disso.

Vivendo com o que tinha nas mãos, chegou à adolescência. Se essa fase é tão complicada para qualquer pessoa, imagina para um menino que trazia na cabeça tantos problemas?

Ele parecia um bom menino, não brigava, era prestativo e como qualquer adolescente estava carente de amizades.

E ele fez amizades.

Mas, não se pode dizer que eram boas amizades.

Os amigos que ele encontrou ofereceram algumas coisas, que não eram boas pra ele, sabe? Drogas…

Seu comportamento não mudou muito em casa, ele continuava calado, mas era amoroso com os pais…

Ah! Com o tempo, ele viciou… e os amigos passaram a cobrar pelas drogas que ele usava.

As cicatrizes da marginalidade…

Quando não era dinheiro, eram favores…sabe aquele negócio de avião? Avião é aquele que leva a encomenda de uma área a outra da cidade. Pra sustentar o vício ele passou a cooperar com os amigos, que passaram a lhe fornecer coisas cada vez mais viciantes…

Quando a dependência já governava as suas atitudes os seus amigos forneceram uma arma e lhe pediram um “favor”.

-” Dá um susto lá no concorrente!”

E lá foi ele, mas as coisas não saíram como programadas, e ele foi acabou sendo detido por tentativa de homicídio.

Acho que ele atirou no sujeito lá, não sei…

Na prisão, ele temia,  suas crises de abstinência,  medo dos policiais… medo, de outros presos.

E por causa dum longo período preso, conseguiu se livrar do vício e agora vida nova. 

Decidiu procurar emprego, casar com a namorada…  Estava pronto para ser um novo homem!

Morando agora com a pessoa que amava, todo dia ele saía pela grande cidade em busca de trabalho, queria um emprego. Mas ao examinarem os seus antecendentes, ninguém lhe dava a oportunidade.

Seu registro tinha a observação de ex-detento.

As pessoas tinham medo!

E por meses ele tentou, sua mulher passava o dia faxinando em várias casas para ter algo para comer e ele tinha por profissão, procurar trabalho. E não encontrava!

Envergonhado, para não parecer um fracassado passou a cometer pequenos crimes. Pequenos roubos.

Trazia agora um pouco de dinheiro pra casa.

E sua mulher, inocente, agora se alegrava com a primeira chance dada ao seu marido.

Mas, ele não era bom no que fazia… até que, foi preso novamente.

Explicou à Polícia que nos ultimos anos procurou trabalho e que ninguém se arriscava a confiar nele.

Ex-detento!

Foi enviado para a prisão e novamente, cumpriu a  pena e saiu.

E o roteiro se repetiu, nos mesmo detalhes. Procurar emprego, receber “Não”,  não conseguir olhar sem constrangimento a amada nos olhos…

Ele perdeu novamente o brilho nos olhos…como um menino assustado na tragédia.

Ele não tinha armas, vou te lembrar isso…

Um justiceiro improvável…

Até que um dia contrataram ele para um serviço, não sei quem foi – e lá, ninguém se ousava a perguntar quem era.

De repente, traficantes pequenos, aviões, ladrões e algumas pessoas tidas como perigosas passaram a ser executadas na cidade.

Diziam por lá, que o pobre menino virou justiceiro. Pois toda vez que ‘os homem’ apareciam na casa dele com um pacote, no outro dia um marginal morria. ( Nota: Marginal é um termo usado para definir os que vivem à margem da lei).

Se quer saber a verdade, eu tenho certeza que era ele. Mas, ninguém nunca vai saber quem eram ‘os homem’ que contratava ele.

Ele parecia não viver mais. Ficava na porta de sua casa, calado, olhando o vazio…

Sua mulher o amava, mas não conseguia ver vida nas palavras, nos gestos, no olhar dele.

A criminalidade diminuiu bastante naquela região.

A última tentativa

Ele, numa ultima tentativa de resgatar um pouco da vida que perdeu, vestiu a sua melhor roupa.

Saiu de casa na esperança de que desta vez, os problemas acabariam. Que ele, enfim, conseguiria um emprego, um trabalho!

E assim saiu.

Olhou a foto da amada, sorriu um riso que não sorria há muito tempo, olhou para o céu e foi…

E no ponto de ônibus, enquanto se preparava para mais uma tentativa foi apagado da história. Seis tiros.

As pessoas corriam, fugiam “dos homem” que faziam aquilo, pareciam querer apagar mesmo a última esperança do rapaz. Ou apagar algo que os incriminasse. Não sei… mas, assim é a vida.

Parece incrivel, mas naquela hora, ao olhar a face do menino, parecia que ele tinha se livrado de um peso.

Seu rosto estava sereno. E os bandidos, jamais foram, nem serão encontrados”.

No momento em que aquele desconhecido me contaria sobre as manchetes nos jornais, o que aconteceu com a mulher do rapaz e o que a polícia local estava fazendo, o ônibus se aproximava enquanto ele se preparava para embarcar e em vez de dizer adeus, apenas disse: As histórias não assim pra todo mundo….as pessoas não são iguais! É a lei!

Confesso que quase trinta anos após ouvir essa história, que não sei se é verdadeira ou não, entendo apenas as ultimas palavras daquele desconhecido: “As pessoas não são iguais… perante a lei!”

Leia mais em  A População Carcerária no Brasil – Jeito de ver

Palavras de uma Mãe (Poesia no Drama)

O rosto triste, cansado. As palavras reais de uma Mãe após a tragédia.

Imagem de ThuyHaBich por Pixabay

 

Menino, volta pra casa

Por favor, não diz que não te avisei

Menino, cuida das tuas ‘companhia’

 

Menino, não é assim que se enrica

Menino, volta pra casa

 

Menino, a noite chega

tu lembra a tua canção de ninar?

Não era brincadeira

O bicho papão existe…

e pra nós pobres, ele é diferente…

 

Volta pra casa, Menino

Tua pele é marcada

desde que tu nasceu

te olham torto nos mercado e te amarram como se amarra os porco…

Te amarram em poste,

meu coração dói

 

Volta,

pra casa…

Menino, sei que o mundo é injusto

mas trabalha, mesmo que por pouco

com pouco também se vive.

 

Lembra do teu amigo que jogou a pedra,

e a pedra infeliz subiu,

subiu e achou de cair no carro dos dotô, do bicho papão…

que matou ele

e ele é que não volta…

 

Mas, o Dotô vive na paz vive na paz dos bichos, aqui perto

A lei é diferente, pois tu, tu não esquece…

não esquece a pele dele, é igual a tua e ele não volta mais p’ra casa

 

Eu tinha medo quando você brincava a tua bola até tarde da noite

Mas, você tá grande…

E hoje não tenho paz, você não para em casa

Volta pra casa…

 

Um dia aqueles bicho te pega…

não tem advogado pra tu, nem niuma chance

A nós sobreviver é missão, pra não sumir no mundo, na história

 

Não fala daqueles lá que roubaram mais,

que tem carro, fazenda e troça na cara de todo mundo

-Eles também estão errados, mas, pra eles é diferente, sempre será…

 

Menino, está dormindo?

abre os teus olhos…

abre os olhos…

acorda, meu filho…

 

Menino…

eu te avisei…

 

Leia mais em Eterno Menino (Lembranças de um amigo) ‣ Jeito de ver

 

 

 

Vamos brincar de índio? (Informativo)

Pequenos indígenas. Cerca de 3,5 milhões de índios habitavam o Brasil na época do descobrimento.

Imagem de Kátia por Pixabay

A matéria a seguir resume a história e as consequências da exploração gananciosa e  irresponsável durante a colonização, apenas estimular o interesse do leitor.

O Jeito de Ver recomenda a leitura do conteúdo nos links, que certamente acrescentarão conhecimento detalhado e suporte ao estudante. Agora, vamos ao assunto:

Uma velha canção

Este artigo evoca uma canção interpretada por Xuxa, que, se você já foi criança, certamente se lembrará.

A obra, criada por Michael Sullivan e Paulo Massadas em 1988, tem melodia vibrante e a voz suave da cantora, mas a letra traz um contraste: narra o cotidiano numa tribo, seus rituais e a luta pela sobrevivência, enquanto expressa o desejo do indígena de recuperar sua paz.

Ele clama por não ser mais visto como nos antigos filmes de faroeste — um vilão, um selvagem.

Outra velha canção…

Como cantou Edson Gomes:

“Eu vou contar pra vocês, uma certa história do Brasil…”

Vamos focar nos povos indígenas, por ora.


Um pouco de História

Em 22 de abril de 1500, os portugueses chegaram a esta terra “que tudo dava” — e, se não desse, seria tomado à força. Alguns ainda chamam esse evento de “descobrimento do Brasil”.

O contexto europeu

Entre 1383 e 1385, Portugal vivenciou um período de estabilidade política, que favoreceu o crescimento comercial e avanços na navegação. A localização geográfica do país permitia acesso facilitado às correntes marítimas do Atlântico, e Lisboa floresceu como centro comercial.

Após a queda de Constantinopla em 1453, os europeus buscaram novas rotas para o Oriente. Portugal liderava as Grandes Navegações, destacando-se no comércio de especiarias — produtos como pimenta-do-reino, noz-moscada e incensos, altamente valiosos no mercado europeu.

A chegada dos espanhóis à América, em 1492, intensificou a disputa territorial. Foram criados dois acordos importantes: a bula Inter Caetera (1493) e o Tratado de Tordesilhas (1494).


Pedro Álvares Cabral e o início da ocupação

Nesse cenário, Portugal organizou uma nova expedição, liderada por Pedro Álvares Cabral, cavaleiro da Ordem de Cristo desde 1494.

Sua frota partiu de Lisboa em 9 de março de 1500, com 13 embarcações e entre 1200 e 1500 homens. Apesar de sua limitada experiência, foi o escolhido, em vez de navegadores renomados como Bartolomeu Dias.

Em 22 de abril, avistaram terras, conforme relatado por Pero Vaz de Caminha:

“Avistamos terra! Primeiro, um grande monte, muito alto e redondo… Monte Pascoal. À terra, o Capitão deu o nome de Terra de Vera Cruz.”


Os primeiros contatos

No dia seguinte, o capitão enviou homens à terra. A primeira expedição foi liderada por Nicolau Coelho, e o contato inicial com os indígenas foi pacífico.

Pero Vaz de Caminha descreveu:

“Eles eram pardos, todos nus, com arcos e flechas. Tinham bons rostos, nariz bem-feito e lábios perfurados com ossos brancos inseridos, que não atrapalhavam a fala nem a alimentação.”

Houve troca de presentes. Alguns indígenas foram levados ao navio, mas rejeitaram a comida e o vinho oferecidos.

Bonitinha a história, não?


A história real

O site Mundo Educação complementa:

A colonização portuguesa no Brasil foi marcada pela submissão e extermínio de milhões de indígenas — algo que também ocorreu em outras colônias europeias.

Durante as Grandes Navegações (séculos XV e XVI), os principais objetivos da Coroa portuguesa eram lucro comercial e obtenção de produtos exóticos para a Europa.

Os indígenas, tratados pejorativamente como “selvagens”, foram forçados a trabalhar. Historiadores tentam suavizar o impacto desse encontro chamando-o de “encontro de culturas”, mas o que houve foi, na verdade, um desencontro de culturas.


O desencontro de culturas

A colonização foi marcada pelo extermínio e subjugação dos nativos, seja por meio de conflitos, seja por doenças trazidas pelos europeus, como gripe, tuberculose e sífilis.

No século XVI, os portugueses estabeleceram feitorias e extraíram pau-brasil, usando mão de obra escravizada indígena.

Mas os indígenas resistiram — muitos fugiram para o interior. Com o fracasso da escravidão indígena, os portugueses passaram a explorar a escravidão africana.

“Os nativos não querem trabalhar…” era o que se dizia.
(Já ouviu algo semelhante sobre os brasileiros? Quem, afinal, quer ser escravizado?)


O extermínio dos povos indígenas

Na época da chegada dos portugueses, cerca de 3,5 milhões de indígenas viviam no Brasil, divididos em quatro grandes grupos linguístico-culturais: tupi, jê, aruaque e caraíba, com predominância tupi.

A tragédia não ficou no passado: a mineração ilegal continua matando. O uso de mercúrio contamina solo e águas, causando desnutrição e morte em terras indígenas.


Tempos de corrupção e desinformação

Vivemos tempos em que desinformação e discursos preconceituosos ganham espaço.

Um ex-jornalista, por exemplo, questionou por que cerca de 18 mil Yanomami vivem em uma área do tamanho de Pernambuco e ainda sofrem de fome — como se a culpa fosse deles.

“Lembra-se da velha narrativa dos nativos preguiçosos?”

Mas o que se omite é que suas terras estão contaminadas, os peixes morreram, e o que se planta não prospera. O que prospera, causa morte.

“Homem branco tem pensamento equivocado!”
(Como diriam os indígenas nos antigos filmes americanos, agora com sotaque brasileiro.)


Reflexão

E quanto aos nossos representantes?

Continuarão emitindo notas de repúdio enquanto enriquecem às custas dos bestializados, que jamais entenderão uma simples canção infantil.


📚 O Jeito de Ver recomenda a leitura dos conteúdos nos links ao longo do texto, que certamente acrescentarão conhecimento detalhado e apoio ao estudante.

 

Fonte:

Escravidão indígena: contexto, causas, resistência – Brasil Escola (uol.com.br)

Portugueses e indígenas: encontro ou desencontro de culturas? (uol.com.br)

As sociedades indígenas brasileiras no século XVI (rio.rj.gov.br)

– Último censo do IBGE registrou quase 900 mil indígenas no país; dados serão atualizados em 2022 — Fundação Nacional dos Povos Indígenas (www.gov.br).

Fonte : Descobrimento do Brasil: contexto, curiosidades – Brasil Escola (uol.com.br)

Saiba mais em Os índios e o velho Oeste (História) – Jeito de ver.