Gilson Cruz
Velhas tradições perdem força e às vezes são esquecidas..
Era comum em épocas específicas do ano, pessoas se movimentarem no intuito de preservar os ritos dos antepassados.
O mundo mudou, é verdade. Por isso, que tal analisar um pouco das origens de algumas tradições e festividades?
Por exemplo, era comum nas cidades do interior da Bahia o Micareta.
Analisando as origens
Nas origens da Micareta destacam-se duas festas: uma chamada de serração da velha e outra que leva um nome francês: mi-carême.
Vamos analisar a mi-carême.
A mi-carêmi, (que significa meio de quaresma) festa de origem francesa, aconteceu muito mais tarde, no início do século XX, inspirada na Belle Époque , símbolo de elegância, que ditava a moda no mundo.
No carnaval de rua no Brasil, importava-se o lance-parfum francês. Não demorou muito para aparecerem iniciativas visando implantar no Rio de Janeiro, a Mi-carêmi.
Fonte: SciELO – Brasil – Da mi-carême ao carnabeach: história da(s) micareta(s) Da mi-carême ao carnabeach: história da(s) micareta(s).
Uma nota importante é que ainda hoje alguns trajes carnavalescos lembram a moda da Belle Époque.
A micareta na Bahia, aparece datada do início do séulo XX, em 1908, possívelmente em Jacobina, quando em Salvador e Feira de Santana, ainda não existiam as folias da mi-carême.
Fontes adicionais:
HIstória da Micareta http://www.feiradesantana.ba.gov.br
Veja também Contos de Carnaval (uma história com H) › Jeito de ver
O terno de reis
No início do primeiro mês do ano, homens com roupas chamativas, pandeiros de fitas saíam pelas casas levando canções… e como dizia o Tim Maia: “Hoje é dia de Santo Reis..”.
Qual a origem do Terno de Reis?
“O terno de Reis é inspirado na passagem bíblica dos Três Reis Magos (que na verdade não eram reis, eram astrólogos) onde um trio viajou para presentear o menino Jesus, que havia nascido em Belém”.
“O terno de Reis consiste em um grupo de cantores que realizam visitas às suas casas, anunciando o nascimento de Jesus”.
Veja mais: – ‘Oh de casa, nobre gente’: você conhece a tradição do Terno de Reis? – GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região
É importante considerar que embora afirmem se inspirar em determinados acontecimentos, tais tradições não se apegam ao registro bíblico e baseiam-se em versões passadas de geração em geração.
Estrela de Natal
Examinando a Bíblia:
O Evangelho de São Mateus capítulo 2 versículos 1 – 19 percebemos que os astrólogos observaram uma estrela que primeiro os conduziu a Herodes, o Rei, que estava interessado em matar aquele que seria o Messias em vez de levá-los diretamente ao menino.
Saber do nascimento do Messias levou ao então Rei Herodes a ação de ordenar o extermínio de todos os meninos de até dois anos de idade.
Aquela estrelinha de Natal não estava bem intencionada. Não acha?
E por falar em Natal…
Que tal um examinar um pouco das origens desta festividade?
O Natal
Qual a origem do Natal?
“Muitos historiadores localizam a primeira celebração do Natal em Roma, no ano de 336 d.C, no entanto tal festiidade já era celebrada, segundo alguns registros na Turquia, no dia 25 de Dezembro, em meados do século II”.
Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)
A Bíblia não menciona a data do nascimento de Jesus Cristo, então como se chegou ao 25 de Dezembro?
Num esforço de unificar e incorporar os recém-convertidos pagãos ao “cristianismo”, a igreja ressignificou algumas festividades pagãs, dando-as uma nova roupagem.
O Natal teve a sua origem em festas pagãs que eram realizadas na antiguidade.
Nesta data, os romanos celebravam a chegada do inverno (solstício do inverno).
Eles cultuavam o Deus Sol, (Natalis Invicti Solis) e ainda realizavam dias de festividade com o intuito de renovação.
Fonte: História do Natal: origem, significado e símbolos – Toda Matéria (todamateria.com.br)
Os Presentes
A tradição de dar presentes é atribuída, por muitos, a uma celebração tradicional na religião pagã da Roma Antiga: a Saturnália, festa em celebração a Saturno, no período do solstício do inverno.
Na mesma época do ano em que se celebra o Natal.
Uma explicação socioeconômica sobre a prática de troca de presentes neste período é que os Estados Unidos para impulsionar indústria se empenhou em adotar a tradição de tornar familiar a celebração de Natal.
Existem ainda várias outras teorias- Veja no link Origem dos presentes de Natal – Brasil Escola (uol.com.br).
Porém, a face perversa deste período de festas é a acentuação das desigualdades socias.
O Natal, as desigualdades, a guerra
Crianças ricas, celebram a chegada de um Papai Noel que trazem brinquedos desejados.
Crianças pobres sonham com um Papai Noel que lhes dê apenas o mínimo, que muitas vezes se traduz em algum alimento ou um dia de paz.
Observa-se, também nesta época, pessoas que durante todo o ano, foram indiferentes aos sofrimentos alheios mostram um pouco de empatia aos necessitados.
É certo que as ajudas são bem vindas, mas seriam mais apreciadas se não fossem limitadas a apenas uma vez no ano.
Há um antigo relato de uma guerra que parou num dia de Natal. Os soldados se confraternizaram, brincaram juntos – como humanos!
E no dia seguinte…as matanças e o ódio voltaram, com mais força.
Retornanaram à hipocrisia dos seus mundos no segundo dia, do mês seguinte .
O ciclo se repete…
Enquanto este ciclo egoísta se repete todos os anos.
Na letra da canção Happy Xmas (War is Over) ( Feliz Natal – A Guerra acabou), o cantor pergunta “E, então, é Natal, o que você tem feito?'” há um protesto contra a Guerra do Vietnã.
O coro infantil: “War is over, if you want it” ( A guerra acabou, se você quiser ), transmite a ideia de que a paz é possível, se as pessoas escolherem buscá-la.
E os conflitos desde então, mostram que os homens não têm se empenhado por ela.
Uma canção brasileira sobre o Natal
Há uma triste mensagem na canção Boas Festas, de Assis Valente.
Nela uma criança pobre, não entende porque o Papai Noel dela não atende a seus pedidos.
A melodia alegre confunde as pessoas, ocultando uma letra melancólica e desesperada.
” Já faz tempo que pedi, mas o meu Papai Noel não vem
Com certeza, já morreu. Ou, então, felicidade é brinquedo que não tem”. – Boas Festas, 1932.
O objetivo deste site é fornecer apenas uma visão geral dos fatos de modo a estimular a reflexão.
Conclusão
As tradições trazem histórias.
Desde influências das culturas portuguesa e francesa na origem das micaretas ao terno de reis, às origens pagãs por trás do Natal e a troca de presentes.
O conhecimento de tais histórias é o fôlego da cultura, que se mantém viva e serve de base para a arte, a educação e a formação do homem.
Contos de Carnaval (uma história com H) ‣ Jeito de ver