O chão sofrido era sépia,
As plantas tristes, cinzas
Azul era o céu, sem nuvens…
A pele queimada era marrom
As folhas secas, eram pretas
E verde eram as barragens
Onde o gado se deitava
Em preces, para dormir,
e que jamais acordava
Onde os meninos pescavam
sonhos em improvisos.
Onde insetos moravam
O sol era de um eterno amarelo,
assim como o meu sorriso.
Como a estrada que deixamos para trás
Queimava a pele
Devorava matos, sonhos não vividos
E que não sonho jamais
Dos vagos espaços no teto
Por onde as estrelas passavam
Fugia também a esperança
De quem a chuva aguardava
E fugia do sertão,
Para sofrer n’outras paragens
Onde a sede não matava
E a água seria a bênção,
não a miragem…
Na velha carroça
Levava o quase nada
Só a vida…
Só os sonhos…
E a esperança da chegada
Ao lugar do outro lado
onde se encontrassem as cores,
E a primavera como um rio
que levasse as lembranças sépias
da tristeza, da morte…das dores.
Gilson Cruz
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Programa Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca | Portal SEIA
O chão sofrido era sépia,
As plantas tristes, cinzas
Comentário (1)
Acacio| 11 de março de 2024
Ao lugar do outro lado
onde se encontrassem as cores,
E a primavera como um rio
que levasse as lembranças sépias
da tristeza, da morte…das dores.
Gilson Cruz, Um Abraço Gilson Chaves