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Fama a qualquer custo – Vale a pena?

A régua para a fama está cada vez mais curta.

Imagem de Tumisu por Pixabay

O Declínio do Talento na Era da Fama Instantânea

É natural o desejo de ser reconhecido pelo próprio trabalho. Gostamos quando alguém se aproxima e nos agradece por algo de bom que fizemos.

Algumas pessoas ganham notoriedade por feitos ou qualidades marcantes.

Por exemplo, no acidente aéreo que vitimou o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quatrocci, a vendedora Leiliane Rafael da Silva ficou famosa por ajudar a resgatar o motorista do caminhão envolvido no acidente.

Com coragem, ela estourou o vidro e abriu a porta para salvar a vítima, enquanto a maioria das pessoas gravava o desastre com seus celulares, alheias ao sofrimento.

Muitos são os casos de anônimos que ficaram famosos por atos altruístas. Outras pessoas ganham notoriedade pelo talento, como artistas que se destacam com belas músicas ou no mundo da dramaturgia.

Nos dias atuais, no entanto, a fama nem sempre surge de atos nobres.

Fama a qualquer custo

Muitos ganham visibilidade por criar polêmicas e sabem tirar proveito disso.

São indivíduos que saem do anonimato para os holofotes, divulgando fake news e fofocas que saciam um público sedento por perceber que os famosos também têm problemas.

Alguns polemistas tornam-se comunicadores populares, candidatam-se a cargos políticos, são eleitos e mantêm a mesma postura polêmica e vazia, sem propostas que visem resolver os problemas que os elegeram.

Alimentam um público pouco consciente de seus direitos, que valoriza mais as polêmicas e vídeos engraçados do que a seriedade necessária para mudanças reais.

Outros buscam aparecer por aparecer.

Um exemplo são os “papagaios de pirata”, aqueles que fazem de tudo para aparecer nas reportagens de telejornais.

Alguns até fazem acordos com amigos da área para aparecer em diversas circunstâncias, opinando sobre tudo.

Há também quem se torne conhecido por ideias inusitadas, como vídeos em banheiras de chocolate ou dancinhas virais. Embora algumas dessas ideias rendam dinheiro, acabam reforçando a superficialidade da fama atual.

Andy Warhol previu que, no futuro, todos teriam quinze minutos de fama. Hoje, essa fama é cada vez mais efêmera e vazia.

A Cultura na Era da Superficialidade

Vivemos numa sociedade onde o fútil ganha destaque.

A régua para o sucesso está cada vez mais curta, e os critérios para a fama, cada vez mais banais.

Dancinhas do TikTok, canções pasteurizadas e a despersonalização da arte moldam as pessoas em uma mesma forma cultural.

Muitos “formadores de opinião” promovem o descarte do que foi produzido de bom, enquanto a cultura perde suas raízes e se torna rasa, sem um passado como inspiração.

Aparentemente, as portas para a busca de uma identidade própria estão se fechando. Em tempos onde o brilho superficial é celebrado, resta lamentar por uma sociedade que esquece a luz genuína do talento e das realizações.

Pobre Matrix!

Gilson Cruz

Leia mais em Superexposição e direito à privacidade – Jeito de ver.

Sozinho ( Poema de Solidão)

Um poema sobre solidão

Imagem de Peter H por Pixabay

 

O mundo é grande

a solidão é grande

mas o medo, é imenso!

Não tão imenso quanto este universo

em que me paraliso

me escondo…

Me escondo no medo do que já aconteceu

e daquilo que não pude mudar.

E temo o futuro…

Volto às mesmas noites de solidão

que já estavam resolvidas

mas, que sozinho na imensidão dessa pequena casa

me esconde,  me paralisa…

Lembro as estações,

quando amei a Primavera, sofri no inverno, morri nos verões…

e que o mundo continuava grande,

e a solidão, imensa…

Quando a noite passou

E os pensamentos ganharam asas

e ganharam o universo…

deixando todo o medo pra trás.

Voei.

Na imaginação, nos pensamentos..

e o mundo já não era mais tão grande!

Já não estava sozinho…

 

Veja mais em: Amar novamente (acreditar sempre) ‣ Jeito de ver

 

 

 

 

O um pelo todo – se aplica a tudo?

Julgar corretamente é essencial.

Imagem de Tumisu por Pixabay

Julgando as amostras

Para que os consumidores possam avaliar a qualidade dos produtos, algumas empresas oferecem amostras grátis antes de eles se comprometerem com a compra.

Essas amostras gratuitas também são conhecidas como brindes.

É justo avaliar produtos por meio de amostras, já que, na maioria das vezes, os produtos e receitas são semelhantes entre as marcas.

Com essas amostras, o consumidor pode determinar se o produto atende às suas expectativas e se é realmente bom para ele.

O conceito de “um” representando o “todo” não se aplica a pessoas ou sociedades. O que isso significa?

A diferença

A expressão “cada pessoa é um universo” faz sentido.

As experiências, tanto individuais quanto coletivas, moldam cada indivíduo de maneira única. Cada pessoa reage de forma diferente a um estímulo.

Uma canção que é agradável para o ouvido do seu vizinho pode soar desagradável para você.

Um prato que é delicioso para você pode parecer insípido para o seu vizinho.

Portanto, a pergunta “como pode ser assim, visto que tiveram a mesma educação?” encontra resposta na individualidade. Que bom que não somos robôs!

Separando…

Com isso em mente, é crucial refletir sobre como frequentemente julgamos as instituições.

Um membro de uma instituição não deve ser visto como uma “amostra grátis” da mesma. Consideremos alguns exemplos:

Se um aluno tem dificuldades em aprender uma matéria específica, isso desqualificaria a escola ou o professor?

Se um político se envolve em escândalos de roubo, peculato ou até assassinato, isso desqualificaria todo o sistema político?

Se um líder religioso se envolve em escândalos de roubo, charlatanismo e pedofilia, isso desqualificaria todo o sistema religioso?

Podemos levantar várias outras hipóteses, mas para avaliar as instituições, precisamos partir da premissa de qual é o problema e como lidar com ele.

Se considerarmos a dificuldade de um aluno em uma matéria sem levar em conta o desempenho dos demais alunos da mesma classe, não teremos uma avaliação justa do trabalho do professor ou da escola.

No entanto, isso não significa que, se a maioria aprendeu, o professor deixará de buscar maneiras de facilitar o aprendizado daquele que tem dificuldades.

Nesse contexto, os professores são verdadeiros mestres.

Julgando corretamente

Ao analisar a situação de um político, se a instituição não o puniu severamente, optando por demonstrar lealdade popular e corporativismo, pode-se afirmar que a instituição está totalmente corrompida.

No entanto, se alguns lutaram pela justiça, isso indica que apenas uma parte do sistema está corrompida.

O âmbito religioso é particularmente sensível, já que nenhuma igreja ou organização religiosa ensinaria roubo ou pedofilia aos seus fiéis. (Infelizmente, o mesmo não se pode dizer sobre o charlatanismo!)

Quando um membro de uma fé específica comete crimes, a maneira como a instituição religiosa responde pode revelar seu nível de corrupção. Por exemplo, ladrões e pedófilos devem ser denunciados à justiça para enfrentarem as penalidades legais.

A falta de ação não só indica a corrupção do indivíduo, mas também da instituição que tolera tais comportamentos.

A maneira como uma organização, seja ela religiosa ou não, enfrenta erros e problemas revela o nível de corrupção presente.

Portanto, ao avaliar instituições, é essencial olhar além dos atos individuais e observar como elas enfrentam erros e promovem justiça, pois é essa postura que revela seu verdadeiro caráter.

Veja mais O que é a música “brega”? – História – Jeito de ver

Uma arma anti-morte (e eles voltariam)

Um lindo campo. Um exercício de imaginação sobre as armas.

Ákos Szabó

 

“Não podem nos privar do direito sagrado de ter uma arma”, afirmam alguns.

“Se Jesus vivesse em nossos dias, possuiria uma arma.”

“Como poderia eu concordar com tais palavras?” – indagaria alguém de bom senso.

 

Tais declarações, embora proferidas por autoridades políticas e religiosas no Brasil em algum momento, não merecem crédito. A Bíblia descreve Deus como “a fonte da vida” (Salmo 36:9), e um dos 10 mandamentos mais conhecidos é “não matarás” (Êxodo 20:13).

Armas são feitas para matar, é claro. Portanto, não há como concordar com as frases destacadas no início deste texto.

Para começar, ter uma arma não é um direito sagrado. E, a propósito, Jesus não andava armado.

Imagine, então, uma história sobre uma arma diferente: uma arma anti-morte.

“Cansados das notícias incessantes sobre acidentes, assassinatos e violência, tanto por bandidos quanto pela corrupção policial – onde aqueles que deveriam defender a lei praticavam justiça privada – as pessoas resolveram criar uma arma diferente: a arma anti-morte.

Qual seria o segredo de tal arma?

Todas as pessoas teriam o sagrado direito de possuir essas armas em suas casas, sem restrições. Poderiam montar verdadeiros arsenais, pois essas armas não matariam sob nenhuma hipótese.

As escolas de tiro ao alvo estavam liberadas para crianças, que aprenderam a defender a vida, espalhando mais vida, sem ameaçar a vida de instrutores e seus familiares.

Com o tempo, as pessoas aprenderam a respirar, a esperar o ódio passar – pois manusear a arma anti-morte exigia paciência e tolerância, características que no universo paralelo já não eram tão comuns.

Os tolos arrogantes passaram a não se sentir tão poderosos, pois não podiam matar com tais armas, e as guerras já não ceifavam tantas vidas.

As mães, pais, mulheres, namorados, namoradas e filhos podiam sentir a certeza de que, mesmo com a terrível distância, o amor sempre estaria de volta – cheio de vida.

Os covardes torturadores agora precisavam usar seus preguiçosos cérebros e, pela primeira vez, aprender a dialogar – pois não podiam ameaçar a vida daqueles que tinham o direito legal de discordar de seus métodos…

E então…

O Presidente do país pôde desfilar em carro aberto, sem seguranças correndo ao redor, sem medo de opositores ou de um Lee Harvey Oswald qualquer…

Um cantor pôde voltar das gravações de seus sucessos, abraçar sua amada e autografar o seu último disco para o fã…

Pacifistas puderam abraçar aqueles que lhes prestavam reverência…

Monges budistas não atearam fogo em si mesmos…

Meninas não correram chorando enquanto bombas caíam na aldeia…

Atrizes puderam voltar para casa e abraçar aqueles que amavam…

Meninas foram abraçadas por seus pais, não arremessadas pela janela…

Pais puderam dormir em paz, pois nem filhos, nem cúmplices, fariam qualquer mal…

Meninos não foram torturados e mortos por suas mães (?) e padrastos…

Pessoas aprenderam a conversar…

Em um pequeno bar, onde se praticava sinuca, seis adultos e uma menina de 12 anos voltaram em paz para suas casas e continuaram suas vidas…

E as bombas que caíam produziam flores, as cidades não eram mais destruídas.

Tudo isso porque a arma não matava.

E as pessoas tiveram um tempo a mais para pensar na paz.

E todos puderam viver

E aprender novas coisas…”

Gilson Cruz

Leia mais em

Palavras de 2023 – o ano que passou! ‣ Jeito de ver

Veja também A proliferação de armas no Brasil: violência, masculinidade e conflitos – a importância de um programa de recompra – Fonte Segura

 

 

 

 

Transformar ( Bem simples)

Caminhando na praia. Um poema sobre transformar se deixar transformar.

Imagem de Ri Butov por Pixabay

Transformar

o acordar

num passo

Os passos em objetivos

os objetivos em motivos

Os motivos em meios

e os meios, enfim…

em realizações.

E de novo,

as realizações

em  novos sonhos

e caso os sonhos não dêem certo, chore

chorar não é pecado

nem fraqueza

é reconhecer que às vezes estes também falham

Então…

Chore.

Experimente

Chorar

Rir

tentar novamente,

amar

persistir…

e até insistir naquilo que se vale à pena.

Daí

Recomece

Em novos passos

novos objetivos

novos meios

motivos mais nobres

E enfim…

novas conquistas.

Tudo outra vez, pois a vida não para.

O que poderia ser mais interessante

que esse ciclo vicioso de se estar vivo?

Leia mais em:  Sozinho ( Poema de Solidão) – Jeito de ver.

De pernas pro ar ( Um conto)

Um bosque. Um conto para fazer bem!

Imagem de bertvthul por Pixabay

Gilson Cruz

Parecia que naquele dia tudo ia ser diferente…

O Galo acostumado a anunciar nas madrugadas o nascimento do dia, sabia de suas responsabilidades e por isso pensava:

-“Como é que o Sol vai aparecer sem o meu canto?”

E preparou-se, fazendo o aquecimento costumeiro e… “Coo-cco-ri-cóóóóóóó”…

Foi um cocoricó digno de uma ópera…

Mas, a luz não veio…

Tudo continuava escuro como a noite, as estrelas faziam a festa no infinito, mas o galo insistia…cantava, gritava… suava.

Enquanto isso, os vaga-lumes se divertiam, faziam a festa entre as ruas, jardins… Pareciam reflexos na terra das primas estrelas lá no espaço distante.

A raposa vermelha saiu para um passeio e para um bate papo com a Dona Coruja que já sabia de cor o nome de todas as constelações!

Os Morcegos voavam animados pelos céus e ousados faziam acrobacias incríveis…estavam loucos de alegria.

Até a tímida da Dona Jiboia Constritora resolveu esticar os músculos por umas horas.

Todos agora podiam aproveitar um pouco da escuridão.

Os vigilantes aproveitaram e cochilaram um pouco em serviço – por favor, não conte aos patrões!

Agora o Aye-aye estava de malinhas prontas, preparado para aquela viagem programada há milhares de anos, e a Pantera Nebulosa reunia a família para contar estórias de escuridão.

Desesperado, o galo convidava aos outros galos para acordar o Sol, o dia precisava nascer.

Foi quando o Lêmure de cauda anelada decidiu passear, num desfile sem igual.

Aquela noite parecia não acabar.

Naquele dia as pessoas esqueceram de programar seus despertadores, dormiam em paz.. e enquanto as pessoas dormiam,  a vida acontecia.

E quando os galos, esgotados, desistiram de cantar, o Sol que naquele dia estava escondido, encantado, apaixonado pelas criaturinhas da lua, tristemente, teve de  cumprir o seu papel, trazendo luz e acordando as pessoas com suas pressas, seus desesperos e desânimos.

As mesmas pessoas que passam pelas ruas e pela vida sem rir ou se encantar com os risos das crianças, sem se alegrar com a alegria dos pequenos cachorros ou mesmo sem se apaixonar no beijo da pessoa amada, as que passam a vida sem dizer  “eu te amo” a um amigo e sem agradecer a Deus todas as pequenas coisas que preenchem a vida .

E viu que a vida seguia, de pernas pro ar… num ciclo finito de nascer, crescer e morrer.

E por muitos, muitos dias, o Sol sentiu saudades da noite.

Palavras de 2023 – o ano que passou! ‣ Jeito de ver

Leia mais em Um romance de sol e lua ( Um conto) – Jeito de ver

Quiprocuó Esporte Clube – Falando de futebol

Um conto sobre a torcida de futebol e o Quiprocuó.

Imagem de Alomgir Hossain por Pixabay

A nação estava atordoada

Não era a primeira vez que o Quiprocuó Esporte Clube disputava o Campeonato Nacional, mas desta vez parece que não iria ter pra ninguém.

Antes, o modesto time se contentava em fazer um bom campeonato e a bela e fiel torcida comparecia, para torcer e se emocionar nas vitórias difíceis e nas duras derrotas. Pais, Mães e Filhos estavam lá para ver seus atletas favoritos dando o máximo. Nem sempre se ganhava, mas o passeio com os amigos valiam mais que qualquer placar.

-“Semana que vem, tem mais” – diziam.

Mas, o tempo passou…

Agora, surgiu um novo Quiprocuó.

Futebol envolvente, tic-tacs, rápidos, certeiros e goleadas que fariam um 7 X 1 qualquer parecer resultado de  jogo  amador.

A torcida crescia, se emocionava a cada lance,  O Quiprocuó E.C não decepcionava.

Todos vibravam…

O FC Mambembe não quis tomar 7 X 1, para não compararem com a Seleção Canarinho, seria muita humilhação, então no sétimo gol do Timaço partiu pra violência. E o campo se transformou num imenso ringue. Mas, o Quiprocuó esperto, saiu do campo deixando os mambembes na vergonhosa guerra solitária.

A nova torcida do Quiprocuó gostou da ideia e partiu para a batalha. Infelizmente, em cem anos, o primeiro torcedor morria. Não, ele não morria pelo seu time.

Não vamos trocar as coisas!

Como a Justiça desportiva não punia a ninguém exemplarmente, o campeonato continuou. E na partida seguinte, o Quiprocuó entrava em campo com um uniforme preto, simbolizando o luto, com a faixa: “Esporte é vida, vamos viver”.

Essas frases imbecis que visam sensibilizar as pessoas por uns instantes, para fazer de conta que algo mais que o dinheiro importa aos dirigentes…  Mas, o Quiprocuó não tinha nada a ver com isso…

Quando chovia parecia que as portas celestiais se abriam nas traves adversárias, era 10X1  nos Chockenses do Sul, 9X 2 nos Pernetas Celestes e a maior goleada que se viu dizer até hoje 45 X 1 no Vendidos ProBet ( acho que esse foi realmente vendido!) – Mas, não se investigou quem ganhou milhões com esse resultado, então valeu!

O campeonato estava nas mãos, mas algo parecia não estar certo.

De repente, o Time das massas entrou então no campo sem nenhuma disposição.

As pernas dos jogadores pareciam não obedecer aos comandos da mente.

E o técnico se desesperava…

As partidas do Quiprocuó se tornaram tão chatas, mas tão chatas, que o narrador decidiu narrar a festa da torcida.

“Olha lá, Olha lá…os Quiprocuenses dão espetáculo…” – Gritava um entusiasmado locutor

“Que festa… Que festa…é só alegria!” – Dizia outro.

Olha lá, o Quiprocuense veio trajado de Superman… Essa torcida é Show!” – Dizia o mais apaixonado narrador.

Enquanto isso, o time esquecia o futebol – ganhava jogando feio, futebol não é arte, o importante era ganhar – nem que fosse jogando aquela bolinha! Mas, isso não importava, a torcida garante o espetáculo!

E a nova torcida captou a mensagem!

Eles eram mais importantes que o futebol.

A cada partida uma nova coreografia, uma nova música e até uma confusão generalizada para gerar notícias. E mais e mais pessoas se machucavam e mais e mais morriam.

Quiprocuó, é um  time amado

Que nasceu pra ganhar, 

Podemos morrer por ti

morrer de tanto te amar…!

Sim, até na música para o time a torcida fazia a sua propagandinha – pois, estava em evidência.

E o Campeonato acabou, Quiprocuó venceu aquele campeonato, os melhores jogadores foram embora para ooutros times, dirigentes ficaram milionários e com o tempo aquele time promissor deixou de existir.

E o píor é que ninguém percebeu! Nem os loucutores esportivos que se acostumaram a elogiar as torcidas organizadas e que deixaram os times de lado notaram o fim do Quiprocuó!

Quiprocuó E.C

Mas, a torcida organizada do Quiprocuó ainda existe e faz jus ao nome do time.

Ainda canta, faz coreografias, briga e mata, sim mata jovens que não sabem o que é apreciar um esporte.

Jovens que se sentem poderosos em grupo e não hesitam em agredir e até mesmo matar quem usa uma cor diferente.

Ah! O Quiprocuó não quis financiar torcedores violentos…não quis pagar para ter uma torcida de fachada – por isso deixou de existir. Pois os torcedores tradicionais não mais iam aos estádios. Tinham medo!

E hoje, mesmo com os estádios vazios, a torcida se reúne para louvar a si mesma e fazer a festa.

Para um campo vazio!

E canta ao nada…

Pois pra quê um time, quando a torcida torce por si mesma?

Veja mais em Zé da Ladeira – uma história de futebol. – Jeito de ver.

Palavras de 2023 – o ano que passou! ‣ Jeito de ver

Definição. Quiprocuó : engano, erro que consiste em tomar uma coisa por outra.

Um bom rapaz – uma crônica.

Histórias de um desconhecido…

Sabe aquelas histórias, aparentemente, sem pé, nem cabeça, que te contam e que ficam na tua mente por anos?

Há muitos anos, enquanto aguardava o ônibus que trazia as mercadorias para o meu trabalho, um senhor, desconhecido,  se aproximou e aparentemente sem nenhum motivo começou a me contar uma história mais ou menos assim:

“Na cidade onde eu morava, conheci um menino gente boa, de família boa – mas pensa num menino que desacertou na vida!

Ele tinha vários irmãos, cinco ou seis, não me lembro bem e num deslizamento de terra… perdeu a maioria deles.

Restaram, apenas, ele e mais dois irmãos.

Após as tragédias, a vida jamais volta ao normal.

As pessoas aprendem a viver com o que se apresenta a elas.

O mundo mudou totalmente para ele, e ele não sabia disso.

Vivendo com o que tinha nas mãos, chegou à adolescência. Se essa fase é tão complicada para qualquer pessoa, imagina para um menino que trazia na cabeça tantos problemas?

Ele parecia um bom menino, não brigava, era prestativo e como qualquer adolescente estava carente de amizades.

E ele fez amizades.

Mas, não se pode dizer que eram boas amizades.

Os amigos que ele encontrou ofereceram algumas coisas, que não eram boas pra ele, sabe? Drogas…

Seu comportamento não mudou muito em casa, ele continuava calado, mas era amoroso com os pais…

Ah! Com o tempo, ele viciou… e os amigos passaram a cobrar pelas drogas que ele usava.

As cicatrizes da marginalidade…

Quando não era dinheiro, eram favores…sabe aquele negócio de avião? Avião é aquele que leva a encomenda de uma área a outra da cidade. Pra sustentar o vício ele passou a cooperar com os amigos, que passaram a lhe fornecer coisas cada vez mais viciantes…

Quando a dependência já governava as suas atitudes os seus amigos forneceram uma arma e lhe pediram um “favor”.

-” Dá um susto lá no concorrente!”

E lá foi ele, mas as coisas não saíram como programadas, e ele foi acabou sendo detido por tentativa de homicídio.

Acho que ele atirou no sujeito lá, não sei…

Na prisão, ele temia,  suas crises de abstinência,  medo dos policiais… medo, de outros presos.

E por causa dum longo período preso, conseguiu se livrar do vício e agora vida nova. 

Decidiu procurar emprego, casar com a namorada…  Estava pronto para ser um novo homem!

Morando agora com a pessoa que amava, todo dia ele saía pela grande cidade em busca de trabalho, queria um emprego. Mas ao examinarem os seus antecendentes, ninguém lhe dava a oportunidade.

Seu registro tinha a observação de ex-detento.

As pessoas tinham medo!

E por meses ele tentou, sua mulher passava o dia faxinando em várias casas para ter algo para comer e ele tinha por profissão, procurar trabalho. E não encontrava!

Envergonhado, para não parecer um fracassado passou a cometer pequenos crimes. Pequenos roubos.

Trazia agora um pouco de dinheiro pra casa.

E sua mulher, inocente, agora se alegrava com a primeira chance dada ao seu marido.

Mas, ele não era bom no que fazia… até que, foi preso novamente.

Explicou à Polícia que nos ultimos anos procurou trabalho e que ninguém se arriscava a confiar nele.

Ex-detento!

Foi enviado para a prisão e novamente, cumpriu a  pena e saiu.

E o roteiro se repetiu, nos mesmo detalhes. Procurar emprego, receber “Não”,  não conseguir olhar sem constrangimento a amada nos olhos…

Ele perdeu novamente o brilho nos olhos…como um menino assustado na tragédia.

Ele não tinha armas, vou te lembrar isso…

Um justiceiro improvável…

Até que um dia contrataram ele para um serviço, não sei quem foi – e lá, ninguém se ousava a perguntar quem era.

De repente, traficantes pequenos, aviões, ladrões e algumas pessoas tidas como perigosas passaram a ser executadas na cidade.

Diziam por lá, que o pobre menino virou justiceiro. Pois toda vez que ‘os homem’ apareciam na casa dele com um pacote, no outro dia um marginal morria. ( Nota: Marginal é um termo usado para definir os que vivem à margem da lei).

Se quer saber a verdade, eu tenho certeza que era ele. Mas, ninguém nunca vai saber quem eram ‘os homem’ que contratava ele.

Ele parecia não viver mais. Ficava na porta de sua casa, calado, olhando o vazio…

Sua mulher o amava, mas não conseguia ver vida nas palavras, nos gestos, no olhar dele.

A criminalidade diminuiu bastante naquela região.

A última tentativa

Ele, numa ultima tentativa de resgatar um pouco da vida que perdeu, vestiu a sua melhor roupa.

Saiu de casa na esperança de que desta vez, os problemas acabariam. Que ele, enfim, conseguiria um emprego, um trabalho!

E assim saiu.

Olhou a foto da amada, sorriu um riso que não sorria há muito tempo, olhou para o céu e foi…

E no ponto de ônibus, enquanto se preparava para mais uma tentativa foi apagado da história. Seis tiros.

As pessoas corriam, fugiam “dos homem” que faziam aquilo, pareciam querer apagar mesmo a última esperança do rapaz. Ou apagar algo que os incriminasse. Não sei… mas, assim é a vida.

Parece incrivel, mas naquela hora, ao olhar a face do menino, parecia que ele tinha se livrado de um peso.

Seu rosto estava sereno. E os bandidos, jamais foram, nem serão encontrados”.

No momento em que aquele desconhecido me contaria sobre as manchetes nos jornais, o que aconteceu com a mulher do rapaz e o que a polícia local estava fazendo, o ônibus se aproximava enquanto ele se preparava para embarcar e em vez de dizer adeus, apenas disse: As histórias não assim pra todo mundo….as pessoas não são iguais! É a lei!

Confesso que quase trinta anos após ouvir essa história, que não sei se é verdadeira ou não, entendo apenas as ultimas palavras daquele desconhecido: “As pessoas não são iguais… perante a lei!”

Leia mais em  A População Carcerária no Brasil – Jeito de ver

A mesma lua ( Um Poema simples)

A lua. Um texto sobre as memórias de um belo tempo.

A lua como que observando a vida na Terra…

Imagem de Robert Karkowski por Pixabay

O cenário

A lua ainda é a mesma,
apesar de nós.

Contávamos histórias, estrelas…

E quando ela surgia entre os montes
as palavras se calavam, por instantes…

E era neste instante que os namorados passavam de mãos dadas
e paravam juntos na ponte
que separava as duas partes da cidade, sobre o riacho.

Os momentos…

E como numa fotografia,
beijavam-se timidamente
e era possível, amar o cenário.

Enquanto isso o velho músico se dirigia ao abrigo escuro
das sombras das árvores,
daquelas árvores imensas que ficavam próximas à igreja,
e dedilhava acordes mágicos
dando ao cenário o fundo musical necessário para eternizá-lo.

E amigos se aproximavam,
para cantar canções de amor,
cantar paródias, piadas…
canções que se perderam no tempo.

E as meninas passavam brincando com os pequeninos,
enquanto os pais, aproveitavam para esquecer seus problemas
dentro de suas casas
e saíam para contemplar o instante.

De mãos dadas,
aproveitavam para lembrar do começo
e se comprometiam a recomeçar todos os dias.

As recordações…

Hoje, velhas fotografias acordam velhas recordações
e te vejo,
no mesmo banco da praça naquele momento
em que passavam as crianças e os casais.

Enquanto, o músico tocava
e o casal se abraçava
rindo…

admirando a mesma lua.

Gilson Cruz

Leia mais em Versos sem destino ( um conto ) – Jeito de ver

Mais um dia… ( Um dia quase normal!)

Levantei cedo, antes do sol.

Algumas estrelas ainda me esperavam do lado de fora.

O céu estava indeciso

como se despedir das estrelas?

Românticas, serenas…

Como deixar a lua partir?

Os seresteiros cansados se arrastavam pela longa praça,

realizados depois de uma noite tão romântica

As amadas tiveram seus próprios spectacle privé,

puderam sonhar com os velhos tempos

puderam debruçar nas janelas imaginárias

O céu abraçava as cores

lilás, rosa, traços amarelos e vermelhos

e imponente, surgia o sol.

O poeta recluso, não escrevia mais seus pensamentos

e o compositor

abraçava a solidão da cama

podia agora dormir.

De longe,

o atleta corria na direção oposta

desbravando novas metas, novos horizontes

E quanto a mim…

Parei no tempo.

Enquanto lembrava dela

dos cabelos negros

dos olhos verdes

da voz macia

do riso lindo

E guardava cada instante desse dia para poder contar…

Veja mais em:  O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver

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