Um pouco de exagero (Humor)

Humor. Uma história com um pouco de exagero!

Imagem de Klaus Hausmann por Pixabay

 

Os amigos conversavam:

Rapaz, próximo ao antigo Clube de Ferroviários, havia um largo, um espaço onde há muito tempo os parques e circos itinerantes ficavam por um tempo. Lembra daquele tempo?

Lembro, sim… – disse o outro.

Pois é, os circos traziam leões, palhaços, equilibristas e até cantores…

Lembro, sim…

Numa daquelas visitas, trouxe o Menino da Garganta de Ouro. Lembra?

Lembro, sim… O Donizetti.

Pois é, rapaz, eu não acreditava que o moleque tinha uma garganta potente como falavam, achava que era só propaganda. Mas, um dia…

Era Oito da noite da Terça-Feira e o apresentador disse: -“E COM VOCÊS, DONIZETTI…O MENINO DA GARGANTA DE OURO…”

E o menino começava a cantar “a Galopeira”:

-“Foi num baile em Assunção, capital do Paraguai…” Lembra?

-Ô, se lembro… – Dizia o outro

Pois é, na hora do grito Galope-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-ira era Oito e cinco da noite. E eu falei, esse moleque não vai aguentar!

Só que deu 8:10, 8:15, 8:30,9:00 da noite e o menino não parava.: “ê-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-…

“Dez da noite fui pra casa. E ele não parava…

Passou a madrugada inteira e o menino : ‘ê-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-…’

Fui pro trabalho de manhã e ele estava lá: ‘ê-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e…’

Hora do almoço, descanso da tarde – e a música não parou.

Deu Oito da noite da Quarta, resolvi voltar lá pra ver o que tinha acontecido e o moleque estava lá tranquilo cantando.

Lembra?

E o amigo…

Lembro, sim. Incrível mesmo foi a plateia depois de tudo, gritar: -“De novo! De novo!”

 

Gilson Cruz

Leia também: Quiprocuó Esporte Clube – Falando de futebol ‣ Jeito de ver

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A mesma lua ( Um Poema simples)

A lua. Um texto sobre as memórias de um belo tempo.

A lua como que observando a vida na Terra…

Imagem de Robert Karkowski por Pixabay

O cenário

A lua ainda é a mesma,
apesar de nós.

Contávamos histórias, estrelas…

E quando ela surgia entre os montes
as palavras se calavam, por instantes…

E era neste instante que os namorados passavam de mãos dadas
e paravam juntos na ponte
que separava as duas partes da cidade, sobre o riacho.

Os momentos…

***

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Gilson Cruz

Leia mais em Versos sem destino ( um conto ) – Jeito de ver

Mais um dia… ( Um dia quase normal!)

Levantei cedo, antes do sol.

Algumas estrelas ainda me esperavam do lado de fora.

O céu estava indeciso

como se despedir das estrelas?

Românticas, serenas…

Como deixar a lua partir?

Os seresteiros cansados se arrastavam pela longa praça,

realizados depois de uma noite tão romântica

As amadas tiveram seus próprios spectacle privé,

puderam sonhar com os velhos tempos

puderam debruçar nas janelas imaginárias

O céu abraçava as cores

lilás, rosa, traços amarelos e vermelhos

e imponente, surgia o sol.

O poeta recluso, não escrevia mais seus pensamentos

e o compositor

abraçava a solidão da cama

podia agora dormir.

De longe,

o atleta corria na direção oposta

desbravando novas metas, novos horizontes

E quanto a mim…

Parei no tempo.

Enquanto lembrava dela

dos cabelos negros

dos olhos verdes

da voz macia

do riso lindo

E guardava cada instante desse dia para poder contar…

Veja mais em: O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver

Para te ver ( Versos Simples )

Os caminhos se tornam belos quando amamos o destino. Veja a poesia.

Imagem de Iso Tuor por Pixabay

 

A cidade era fria, no caminho, cansava, chovia.

A neblina cegava, mas mesmo assim, eu te via.

A chuva gelava, o tempo apertava, a distância, cegava…

Mesmo assim, te via.

***

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Veja mais em Versos sem destino ( um conto ) ‣ Jeito de ver

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Caminhos de ferro ( Um conto)

Uma lembrança antiga...Leia

Imagem de SnottyBoggins por Pixabay

Lembro o misto, aquela composição que nas Quintas-feiras levava pessoas e cargas para o leste, às 13:15. Você lembra?

Partir nunca foi o momento mais alegre da vida, mas aquele momento era especial.

Sandrinha, vestida de verde, acenava e deixava nos lindos lábios o mais belo sorriso.

Então, o trem seguia, rumo ao leste.

Constante.

***

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Gilson Cruz

Veja mais em: O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver.

Lembrando os velhos seresteiros

O Último Encontro dos Velhos Seresteiros

Havia uma barraquinha próxima ao muro da igrejinha, na praça que hoje é conhecida como a Praça dos Ferroviários. Era o ponto de encontro dos velhos seresteiros!

Chegavam aos poucos, cada um trazendo o seu próprio instrumento: violões, pandeiros, cavaquinhos… e enquanto a cidade se preparava para dormir, a melodia ditava o ritmo dos sonhos.

Ser menino era meio complicado.
Eu ficava à distância, sentado à porta da minha casa, observando cuidadosamente a entonação e decorando quase todo o repertório.

A “Morena Bela do Rio Vermelho” se envaidecia, mas não podia ouvir o clamor de “Fica comigo esta noite” ou a angústia apaixonada de “Onde estás agora?”

Seu Júlio puxava o coro: “Hoje que a noite está calma…” e, num Sol Maior perfeito, as vozes se encaixavam, dando à noite a impressão de harmonia entre lua, estrelas e apaixonados.

“Maria Helena” era a verbena daquela noite. “Meu Grito” era a oportunidade de desabafar entre “Os Verdes Campos da Minha Terra”. Às vezes, os músicos cansavam. Então, Seu Júlio, amigavelmente, trazia água para os amigos.

Prontinhos, agora hidratados, voltavam risonhos e com muito mais empolgação e emoção para cantar.

Entre “Negue”, “Ronda” e “Vou Sair Para Buscar Você”, chegava a hora de partir. E cantavam “A Volta do Boêmio”.

Era uma reunião de amigos.
Era um show de amigos para amigos.

O Fim de Uma Era

Esses encontros aconteciam apenas nos finais de ano. A cada ano, porém, o número de velhos amigos da serenata diminuía.

Eram quase trinta no início. No último encontro que pude contemplar, restavam apenas seis.
Músicos passam. Músicos morrem.

Por fim, Seu Júlio também faleceu. As serenatas acabaram.

A barraca foi demolida e, em seu lugar, construíram uma linda pracinha. Não há marcas ou lembranças daquele terreno onde a velha barraca resistia entre velhos arames.

Novos e belos músicos nasceram, mas jamais saberão o que era sentar entre amigos, rir das próprias falhas, cantar no mesmo tom sem competir. Eles não compreenderão como é bom cantar junto, dividir o prestígio, a emoção, o momento. Assim como deve ser a arte.

A Celebração da Amizade

Talvez a lua não provoque mais a mesma emoção. As pessoas mudam com o tempo e podem pensar que seria tolice cantar sob noites enluaradas.

Mas os seresteiros sabiam: não era a lua em si. Era a celebração da amizade, do amor, em belas e antigas canções. Eles sabiam que um dia tudo aquilo passaria e, por isso, precisavam se encontrar. A lua era apenas um pretexto.

Que os novos amigos encontrem sempre um motivo para se reunir, para celebrar. A vida passa.

Hoje, depois de tanto tempo, me pergunto: “Os velhos, incansáveis seresteiros quase não paravam. O que será que tinha naquela água que Seu Júlio servia?

Gilson Cruz

Leia mais em O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver

O mundo anda bem complicado…

Jornais. As notícias afetam o nosso humor e a nossa saúde.

Imagem de Luisella Planeta LOVE PEACE 💛💙 por Pixabay

Um Dia de Desafios e Reflexões

O dia não estava bom…

O intestino me lembrou de sua existência, gritando e exigindo atenção, enquanto o estômago, enciumado, também queria um pouco de amor — e resolveu protestar.
Para completar, a otite resolveu me visitar justamente um dia após a vacina.

Meu pobre cérebro, sem muita paciência para administrar esses egos, decidiu medicar-se e, logo depois, entregou-se ao sono. Acordou com uma disposição imensa para ver o que estava acontecendo no mundo.

Decidiu me distrair nos portais de notícia, em busca de algo interessante que pudesse dar aquela moral. “Quem sabe uma boa notícia?”, pensou.

E assim, começou a aventura.

Entre Clickbaits e Ecossexualidade

Os sites traziam propostas nada interessantes: o antes e depois de um ator famoso ou os destaques de outro ator que se declara ecossexual (um termo que eu não conhecia).

“— Deve gostar da natureza…”, pensei, quase acertando.

Descobri que ecossexualidade é a fusão entre ambientalismo e sexualidade, focada no amor pelo planeta.
E não é que as piadinhas tolas da quinta série fizeram a festa na minha cabeça? Mas, convenhamos: a quem interessa esse assunto?

Resolvi esquecer as piadas e seguir em frente. Novos quadros falavam sobre biquínis de famosos, feitos de lã, crochê, fios de ouro, couro, cordas de guitarra, contrabaixo, ukulele… ou quase isso. Empolguei-me um pouco, admito.

“— Mas a quem interessa tudo isso?”, perguntei novamente.

Notícias Seriam Notícias?

A busca continuava. Lá estavam algumas tragédias perdidas entre um mar de futilidades:

  • “Corpo de criança de dois anos, desaparecida, é encontrado no Paraná.”
  • “CPI’s e CPMIs.”
  • “Mísseis da Coreia do Norte caem no Japão.”
  • “Grampo telefônico confirma participação de jogador brasileiro em estupro.”
  • “Ciclista cai em curva durante corrida e morre.”
  • “Congresso pressiona por mais recursos e cargos e reclama que o governo não sabe dialogar.”

Isso cansa!

“Seleção fará partida amistosa e usará uniforme preto contra o racismo.” Pensei: “Vão exibir aquela faixa: ‘Diga Não ao Racismo’ ou ‘Com Racismo Não Tem Jogo’ e, como sempre, não farão nada além disso.” Hipocrisia! Não consigo acreditar que haja algum interesse maior que dinheiro nessas instituições.

Meu cérebro, no entanto, me corrigiu: “O objetivo é distrair, não se estressar.”

E as notícias continuaram:

  • “Goleiro se machuca, será substituído.”
  • “Governo incentiva aumento na venda de carros” (com o meu salário, nem dá pra imaginar comprar um).
  • “Ciclones no Sul.”
  • “MC, cujo nome lembra os palhacinhos da infância, tem show cancelado novamente.”
  • “Modelo tem galinheiro com piscina, poleiro e iluminação.”

“Mudou a minha vida”, ironizou meu cérebro.

Um Mundo Complicado

Informações sérias e banais lutam pelo mesmo espaço, e eu me sinto cansado.
Clickbaits, anúncios sem sentido e muitas notícias que nem deveriam estar lá. Afinal, a palavra “notícia” vem do latim notitia, que significa algo que merece notoriedade.

“Informam, mas não acrescentam em nada. Não precisavam estar lá”, reclamou meu cérebro, já impaciente.

Mas os portais precisam sobreviver, e por isso as notícias sensacionalistas estão sempre de mãos dadas com algum anúncio.

Depois de perder meia hora buscando distrações, meu cérebro descobriu: dormir é um excelente remédio!

E no que ainda restava do dia, ele me entregou aos sonhos. Pois, nem sempre, viver é melhor que sonhar.

Gilson Cruz

Leia mais em Perigo nas redes sociais – como o se proteger – Jeito de ver

A mais bela voz ( Uma história)

Escrevendo. Um texto sobre um amigo de verdade.

Imagem de jlxp por Pixabay

Sabe aquele tipo de pessoa que parece impossível de esquecer?
Sim, essas pessoas existem!

Quando eu ainda era jovem (e isso já faz muito, mas muito tempo!), lembro de um período de depressão.

Era um tempo de perdas, de afastamento da família e, sinceramente, eu não sabia o que fazer…

Morava na cidade da minha paixão, um pequeno município chamado Santa Terezinha, no interior da Bahia.

Silêncio e amizade

A cidade era pequena, acho que ainda é. A praça tinha grandes árvores, o vento adorava soprar no meu telhado, eu tinha medo dos raios e trovões, e um escorpião resolveu me picar só para me lembrar que eu não estava sozinho no mundo… Ah, e a dengue também me pegou duas vezes, de jeito!
Mas o povo era amável, e os dias eram bem ocupados.

Sim, os dias eram ocupados. Trabalhava o dia inteiro e, sendo jovem, não tinha muitos amigos.
Até que, num desses meses de junho, recebi a notícia de que uma das melhores pessoas que conheci, que amava de coração, havia falecido em seus vinte e poucos anos…
Confesso que não queria ter amigos por perto! E, até hoje, não sei por quê.

E então, num desses dias, ele aparece.
Me convida para passar em sua casa.
E, na maior simplicidade, me apresenta algo que um péssimo guitarrista como eu só tinha visto a centenas de quilômetros de distância. Não resisti à tentação. Lembro do espanto:
“Rapaz, que arsenal!”
Mesas de som, caixas, microfones, guitarras, baixo, teclado… Ele sabia que eu cantava razoavelmente mal, mas fazia questão de que eu cantasse!

Ele não dava conselhos, apenas respeitava o silêncio, a dor… E, quando podia, me ajudava a desabafar com aquilo que me agradava.

É engraçado como hoje tenho mais ou menos a mesma idade que ele tinha naquela época… E percebo quanto sofrimento devia ser para aquele sujeito de bom ouvido escutar um moleque tão desafinado!

Mas ele escutava, escutava, escutava…

As memórias que ficaram

Anos mais tarde, encontrei uma daquelas fitas que ele costumava gravar.
Numa das faixas, ele tocava suavemente um piano elétrico — talvez num Dm (Ré menor), não lembro mais —, enquanto eu, com uma guitarra Giannini Craviola, fazia o possível para não estrangular a música…
E a música fluía, entre gargalhadas e brincadeiras.
E ele soltava a voz…
A voz mais tranquila e afinada…
Que gostava de rir…
E que se calava quando o silêncio ajudava.

Ah, antes que eu me esqueça: estraguei a música, como de costume… mas só um pouco!

Uma melodia inesquecível

Hoje, um tanto mais velho e com a audição comprometida, consigo ouvir em meu coração cada nota, cada palavra… cada silêncio daquela pessoa, daquele amigo lá da minha juventude.

É bom ter pessoas que não esquecemos. Essa é, sem dúvida, a mais bela voz que pode existir.

Ao meu amigo e irmão,
Rogério Alves.

Veja mais em Depressão – como ajudar? (Informativo) – Jeito de ver.

Contos de Carnaval (uma história com H)

Máscaras de carnavais e bailes de fantasia. Um texto bem humorado sobre o carnaval no interior.

Imagem de Adriano Gadini por Pixabay

A Multidão e o Ritmo do Carnaval

A cidade se aglomerava e, de repente, Dona Margarete gritava:
“Eu falei Faraó…”

Automaticamente, a multidão seguia naquela mais que animada romaria, cantando:
“Ê Faraó… Ê Faraó…”

Mas sou capaz de apostar que a maioria das pessoas não sabia cantar metade daquela letra complicada e imensa! Os compositores eram realmente geniais. Para a multidão, o importante era tentar cantar as frases ou mesmo as sílabas que conseguiam lembrar, esbarrar nos outros, dançar e, na maioria das vezes, apenas pular!

***

Quer ler o texto completo? Ele está no livro “Crônicas do Cotidiano – Para Continuar a Estrada”, atualmente em pré-lançamento no Clube dos Autores.

Conheça mais a história dos micaretas no Canal MICARETAS ANTIGAS

Foto Almeida NO YOUTUBE, do pesquisador Ananias Almeida.

https://www.youtube.com/@micaretasantigasfotoalmeid7790

Veja mais em Um pouco de exagero (Humor) – Jeito de ver

Tradições – o que se precisa saber? ‣ Jeito de ver

O baile (Um último encontro)

Um baile. Um texto sobre um último encontro.

Imagem de Ri Butov por Pixabay

Eu não sabia que seria aquela a última vez que iria te ver
Chovia
O baile que começaria às oito, achava que provavelmente seria adiado…

Este é um trecho da crônica presente no livro
Crônicas do Cotidiano – Um Novo Jeito de Ver
Disponível na Amazon e Clube dos Autores

Gilson Cruz

Veja mais em: O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver.

© Gilson da Cruz Chaves – Jeito de Ver Reprodução permitida com créditos ao autor e ao site.