O Galo acostumado a anunciar nas madrugadas o nascimento do dia, sabia de suas responsabilidades e por isso pensava:
-“Como é que o Sol vai aparecer sem o meu canto?”
E preparou-se, fazendo o aquecimento costumeiro e… “Coo-cco-ri-cóóóóóóó”…
Foi um cocoricó digno de uma ópera…
Mas, a luz não veio…
Tudo continuava escuro como a noite, as estrelas faziam a festa no infinito, mas o galo insistia…cantava, gritava… suava.
Enquanto isso, os vaga-lumes se divertiam, faziam a festa entre as ruas, jardins… Pareciam reflexos na terra das primas estrelas lá no espaço distante.
A raposa vermelha saiu para um passeio e para um bate papo com a Dona Coruja que já sabia de cor o nome de todas as constelações!
Os Morcegos voavam animados pelos céus e ousados faziam acrobacias incríveis…estavam loucos de alegria.
Até a tímida da Dona Jiboia Constritora resolveu esticar os músculos por umas horas.
Todos agora podiam aproveitar um pouco da escuridão.
Os vigilantes aproveitaram e cochilaram um pouco em serviço – por favor, não conte aos patrões!
Agora o Aye-aye estava de malinhas prontas, preparado para aquela viagem programada há milhares de anos, e a Pantera Nebulosa reunia a família para contar estórias de escuridão.
Desesperado, o galo convidava aos outros galos para acordar o Sol, o dia precisava nascer.
Foi quando o Lêmure de cauda anelada decidiu passear, num desfile sem igual.
Aquela noite parecia não acabar.
Naquele dia as pessoas esqueceram de programar seus despertadores, dormiam em paz.. e enquanto as pessoas dormiam, a vida acontecia.
E quando os galos, esgotados, desistiram de cantar, o Sol que naquele dia estava escondido, encantado, apaixonado pelas criaturinhas da lua, tristemente, teve de cumprir o seu papel, trazendo luz e acordando as pessoas com suas pressas, seus desesperos e desânimos.
As mesmas pessoas que passam pelas ruas e pela vida sem rir ou se encantar com os risos das crianças, sem se alegrar com a alegria dos pequenos cachorros ou mesmo sem se apaixonar no beijo da pessoa amada, as que passam a vida sem dizer “eu te amo” a um amigo e sem agradecer a Deus todas as pequenas coisas que preenchem a vida .
E viu que a vida seguia, de pernas pro ar… num ciclo finito de nascer, crescer e morrer.
E por muitos, muitos dias, o Sol sentiu saudades da noite.
Não era a primeira vez que o Quiprocuó Esporte Clube disputava o Campeonato Nacional, mas desta vez parece que não iria ter pra ninguém.
Antes, o modesto time se contentava em fazer um bom campeonato e a bela e fiel torcida comparecia, para torcer e se emocionar nas vitórias difíceis e nas duras derrotas. Pais, Mães e Filhos estavam lá para ver seus atletas favoritos dando o máximo. Nem sempre se ganhava, mas o passeio com os amigos valiam mais que qualquer placar.
-“Semana que vem, tem mais” – diziam.
Mas, o tempo passou…
Agora, surgiu um novo Quiprocuó.
Futebol envolvente, tic-tacs, rápidos, certeiros e goleadas que fariam um 7 X 1 qualquer parecer resultado de jogo amador.
A torcida crescia, se emocionava a cada lance, O Quiprocuó E.C não decepcionava.
Todos vibravam…
O FC Mambembe não quis tomar 7 X 1, para não compararem com a Seleção Canarinho, seria muita humilhação, então no sétimo gol do Timaço partiu pra violência. E o campo se transformou num imenso ringue. Mas, o Quiprocuó esperto, saiu do campo deixando os mambembes na vergonhosa guerra solitária.
A nova torcida do Quiprocuó gostou da ideia e partiu para a batalha. Infelizmente, em cem anos, o primeiro torcedor morria. Não, ele não morria pelo seu time.
Não vamos trocar as coisas!
Como a Justiça desportiva não punia a ninguém exemplarmente, o campeonato continuou. E na partida seguinte, o Quiprocuó entrava em campo com um uniforme preto, simbolizando o luto, com a faixa: “Esporte é vida, vamos viver”.
Essas frases imbecis que visam sensibilizar as pessoas por uns instantes, para fazer de conta que algo mais que o dinheiro importa aos dirigentes… Mas, o Quiprocuó não tinha nada a ver com isso…
Quando chovia parecia que as portas celestiais se abriam nas traves adversárias, era 10X1 nos Chockenses do Sul, 9X 2 nos Pernetas Celestes e a maior goleada que se viu dizer até hoje 45 X 1 no Vendidos ProBet ( acho que esse foi realmente vendido!) – Mas, não se investigou quem ganhou milhões com esse resultado, então valeu!
O campeonato estava nas mãos, mas algo parecia não estar certo.
De repente, o Time das massas entrou então no campo sem nenhuma disposição.
As pernas dos jogadores pareciam não obedecer aos comandos da mente.
E o técnico se desesperava…
As partidas do Quiprocuó se tornaram tão chatas, mas tão chatas, que o narrador decidiu narrar a festa da torcida.
“Que festa… Que festa…é só alegria!” – Dizia outro.
“Olha lá, o Quiprocuense veio trajado de Superman… Essa torcida é Show!” – Dizia o mais apaixonado narrador.
Enquanto isso, o time esquecia o futebol – ganhava jogando feio, futebol não é arte, o importante era ganhar – nem que fosse jogando aquela bolinha! Mas, isso não importava, a torcida garante o espetáculo!
E a nova torcida captou a mensagem!
Eles eram mais importantes que o futebol.
A cada partida uma nova coreografia, uma nova música e até uma confusão generalizada para gerar notícias. E mais e mais pessoas se machucavam e mais e mais morriam.
“Quiprocuó, é um time amado
Que nasceu pra ganhar,
Podemos morrer por ti
morrer de tanto te amar…!”
Sim, até na música para o time a torcida fazia a sua propagandinha – pois, estava em evidência.
E o Campeonato acabou, Quiprocuó venceu aquele campeonato, os melhores jogadores foram embora para ooutros times, dirigentes ficaram milionários e com o tempo aquele time promissor deixou de existir.
E o píor é que ninguém percebeu! Nem os loucutores esportivos que se acostumaram a elogiar as torcidas organizadas e que deixaram os times de lado notaram o fim do Quiprocuó!
Quiprocuó E.C
Mas, a torcida organizada do Quiprocuó ainda existe e faz jus ao nome do time.
Ainda canta, faz coreografias, briga e mata, sim mata jovens que não sabem o que é apreciar um esporte.
Jovens que se sentem poderosos em grupo e não hesitam em agredir e até mesmo matar quem usa uma cor diferente.
Ah! O Quiprocuó não quis financiar torcedores violentos…não quis pagar para ter uma torcida de fachada – por isso deixou de existir. Pois os torcedores tradicionais não mais iam aos estádios. Tinham medo!
E hoje, mesmo com os estádios vazios, a torcida se reúne para louvar a si mesma e fazer a festa.
Para um campo vazio!
E canta ao nada…
Pois pra quê um time, quando a torcida torce por si mesma?
Sabe aquelas histórias, aparentemente, sem pé, nem cabeça, que te contam e que ficam na tua mente por anos?
Há muitos anos, enquanto aguardava o ônibus que trazia as mercadorias para o meu trabalho, um senhor, desconhecido, se aproximou e aparentemente sem nenhum motivo começou a me contar uma história mais ou menos assim:
“Na cidade onde eu morava, conheci um menino gente boa, de família boa – mas pensa num menino que desacertou na vida!
Ele tinha vários irmãos, cinco ou seis, não me lembro bem e num deslizamento de terra… perdeu a maioria deles.
Restaram, apenas, ele e mais dois irmãos.
Após as tragédias, a vida jamais volta ao normal.
As pessoas aprendem a viver com o que se apresenta a elas.
O mundo mudou totalmente para ele, e ele não sabia disso.
Vivendo com o que tinha nas mãos, chegou à adolescência. Se essa fase é tão complicada para qualquer pessoa, imagina para um menino que trazia na cabeça tantos problemas?
Ele parecia um bom menino, não brigava, era prestativo e como qualquer adolescente estava carente de amizades.
E ele fez amizades.
Mas, não se pode dizer que eram boas amizades.
Os amigos que ele encontrou ofereceram algumas coisas, que não eram boas pra ele, sabe? Drogas…
Seu comportamento não mudou muito em casa, ele continuava calado, mas era amoroso com os pais…
Ah! Com o tempo, ele viciou… e os amigos passaram a cobrar pelas drogas que ele usava.
As cicatrizes da marginalidade…
Quando não era dinheiro, eram favores…sabe aquele negócio de avião? Avião é aquele que leva a encomenda de uma área a outra da cidade. Pra sustentar o vício ele passou a cooperar com os amigos, que passaram a lhe fornecer coisas cada vez mais viciantes…
Quando a dependência já governava as suas atitudes os seus amigos forneceram uma arma e lhe pediram um “favor”.
-” Dá um susto lá no concorrente!”
E lá foi ele, mas as coisas não saíram como programadas, e ele foi acabou sendo detido por tentativa de homicídio.
Acho que ele atirou no sujeito lá, não sei…
Na prisão, ele temia, suas crises de abstinência, medo dos policiais… medo, de outros presos.
E por causa dum longo período preso, conseguiu se livrar do vício e agora vida nova.
Decidiu procurar emprego, casar com a namorada… Estava pronto para ser um novo homem!
Morando agora com a pessoa que amava, todo dia ele saía pela grande cidade em busca de trabalho, queria um emprego. Mas ao examinarem os seus antecendentes, ninguém lhe dava a oportunidade.
Seu registro tinha a observação de ex-detento.
As pessoas tinham medo!
E por meses ele tentou, sua mulher passava o dia faxinando em várias casas para ter algo para comer e ele tinha por profissão, procurar trabalho. E não encontrava!
Envergonhado, para não parecer um fracassado passou a cometer pequenos crimes. Pequenos roubos.
Trazia agora um pouco de dinheiro pra casa.
E sua mulher, inocente, agora se alegrava com a primeira chance dada ao seu marido.
Mas, ele não era bom no que fazia… até que, foi preso novamente.
Explicou à Polícia que nos ultimos anos procurou trabalho e que ninguém se arriscava a confiar nele.
Ex-detento!
Foi enviado para a prisão e novamente, cumpriu a pena e saiu.
E o roteiro se repetiu, nos mesmo detalhes. Procurar emprego, receber “Não”, não conseguir olhar sem constrangimento a amada nos olhos…
Ele perdeu novamente o brilho nos olhos…como um menino assustado na tragédia.
Ele não tinha armas, vou te lembrar isso…
Um justiceiro improvável…
Até que um dia contrataram ele para um serviço, não sei quem foi – e lá, ninguém se ousava a perguntar quem era.
De repente, traficantes pequenos, aviões, ladrões e algumas pessoas tidas como perigosas passaram a ser executadas na cidade.
Diziam por lá, que o pobre menino virou justiceiro. Pois toda vez que ‘os homem’ apareciam na casa dele com um pacote, no outro dia um marginal morria. ( Nota: Marginal é um termo usado para definir os que vivem à margem da lei).
Se quer saber a verdade, eu tenho certeza que era ele. Mas, ninguém nunca vai saber quem eram ‘os homem’ que contratava ele.
Ele parecia não viver mais. Ficava na porta de sua casa, calado, olhando o vazio…
Sua mulher o amava, mas não conseguia ver vida nas palavras, nos gestos, no olhar dele.
A criminalidade diminuiu bastante naquela região.
A última tentativa
Ele, numa ultima tentativa de resgatar um pouco da vida que perdeu, vestiu a sua melhor roupa.
Saiu de casa na esperança de que desta vez, os problemas acabariam. Que ele, enfim, conseguiria um emprego, um trabalho!
E assim saiu.
Olhou a foto da amada, sorriu um riso que não sorria há muito tempo, olhou para o céu e foi…
E no ponto de ônibus, enquanto se preparava para mais uma tentativa foi apagado da história. Seis tiros.
As pessoas corriam, fugiam “dos homem” que faziam aquilo, pareciam querer apagar mesmo a última esperança do rapaz. Ou apagar algo que os incriminasse. Não sei… mas, assim é a vida.
Parece incrivel, mas naquela hora, ao olhar a face do menino, parecia que ele tinha se livrado de um peso.
Seu rosto estava sereno. E os bandidos, jamais foram, nem serão encontrados”.
No momento em que aquele desconhecido me contaria sobre as manchetes nos jornais, o que aconteceu com a mulher do rapaz e o que a polícia local estava fazendo, o ônibus se aproximava enquanto ele se preparava para embarcar e em vez de dizer adeus, apenas disse: As histórias não assim pra todo mundo….as pessoas não são iguais! É a lei!
Confesso que quase trinta anos após ouvir essa história, que não sei se é verdadeira ou não, entendo apenas as ultimas palavras daquele desconhecido: “As pessoas não são iguais… perante a lei!”
Era uma vez, numa pacata cidadezinha do interior da Bahia, quatro irmãos aficionados por boa música.
Admiradores de ícones como Roberto Carlos, Alceu Valença, Ritchie, Jorge Ben, The Beatles, Fevers, entre outros, eles viviam no começo dos anos 80.
Naquela época, os irmãos faziam sucesso em boates e clubes, onde exibiam seus dotes para a dança, outra paixão que compartilhavam.
Dominavam ritmos variados, da lambada ao pop, passando pelas baladas românticas, que dançavam com maestria.
Chegaram a competir em concursos, onde, no clímax de suas performances, arrancavam aplausos e exclamações da plateia, esforçando-se para que a coreografia, ensaiada por semanas, fosse executada com perfeita sincronia.
No desfecho de um desses eventos, foram coroados com o primeiro lugar, conquistando o troféu conforme as regras da competição.
Nota: Nesse evento, o grupo formado por três irmãos e um primo vindo de São Paulo, competiu sob o nome Grupo Dança’rt.
DESCOBERTA FASCINANTE
Viajando muito, um dos rapazes recebeu de seu tio uma fita cassete durante uma viagem, e ao ouvi-la, foram apresentados a uma melodia inédita para eles, estranha e diferente de tudo que já haviam escutado.
Desconheciam até o nome do ritmo musical.
Sabiam apenas que era dançante, harmônico, melódico e viciante, tanto que a fita foi tocada repetidamente em seu aparelho de som.
Com o tempo, após se familiarizarem com o ritmo, a fita desapareceu misteriosamente, sem deixar rastros, restando apenas na memória deles, sem que tivessem feito uma cópia.
Restou-lhes apenas a lembrança, e se perguntavam: “Quando ouviremos essas músicas novamente?”
Depois de um tempo, um programa de TV capturou sua atenção.
A reportagem apresentava músicas parecidas com as da velha fita, interpretadas por cantores de cabelos longos e emaranhados, como cordas.
Foi então, por meio desse programa, que descobriram que a música que tanto os havia marcado era o Reggae.
E que seu berço era a Jamaica, uma ilha no Caribe.
Meio caminho já tinha sido andado, mas… onde comprar fitas ou até mesmo disco de vinil, para que não ficasse somente na recordação?
Foi então que Jai, um dos irmãos na companhia de Jessé, outro primo, menor de idade, a caminho da feira livre, onde se vendia de tudo, puderam escutar entre os muitos sons, ainda distante da feira nas barracas de vendas de fitas um som característico, entre as muitas barracas sua atenção se fixara em um senhor já idoso, que vendia discos espalhados pelo chão.
Ao observar mais de perto, notou que um daqueles discos era reggae, então, pediu ao senhor que tocasse, e logo ficou surpreso!
Todas as musicas escutadas estavam, também, naquela fita.
E agora já sabia que quem cantava era o jamaicano Jacob Miller. Conheça Jacob Miller, confira a playlist abaixo.
No momento ele estava sem dinheiro, então pediu ao senhor que tirasse o LP da vitrola, colocasse em sua capa e deixasse-o na mão do menor, enquanto ele iria provindenciar o pagamento.
O menino ficaria ali segurando o disco pois ele temia que alguém pudesse comprá-lo.
Ah! se o moleque solta e alguém compra… não teríamos história hoje!
A alegria foi geral entre eles, agora a visita ao senhor idoso era constante e às vezes conseguia encontrar mais novidades e assim aumentar seu acervo musical.
Ainda não conhece o Reggae?
Deixe-me compartilhar um pouco da história…
No início do século XX, a população jamaicana era em grande parte composta por camponeses descendentes de escravos, que mantinham viva a cultura dos antigos africanos, os maroons.
Foi dentro dessa comunidade que o mento, precursor do reggae, surgiu.
Podemos dizer que era uma forma musical que combinava a cultura africana e os tambores, que forneciam a percussão, com elementos da música europeia introduzidos pelos colonizadores ingleses e espanhóis.
O ritmo se assemelhava ao calipso. O mento se tornou a música rural da Jamaica, com letras que narravam histórias do campo e instrumentação que incluía principalmente saxofone, flauta de bambu, banjo e tambores.
Por volta de 1950, o mento, focado nas dificuldades da vida rural, começou a perder espaço com a chegada do R&B americano, que rapidamente ganhou popularidade entre os jamaicanos.
Em busca de algo mais animado e com a fusão de ritmos, surgiu o ska.
A música jamaicana se tornou mais americanizada, e os primeiros fãs do ska foram os moradores dos guetos, mas logo o novo ritmo dominou toda a ilha.
Com um ritmo dançante, o ska destacava-se pela forte presença de instrumentos de sopro, como trombone e saxofone, e rapidamente se tornou uma febre.
Era um ritmo acelerado e muito dançante, criado por artistas locais em uma única tarde para ser tocado nas pistas de dança à noite, com apenas duas faixas gravadas em um disco compacto. – Descubra Alton Ellis na playlist abaixo.
Hoje, ao mencionarmos a Jamaica, o reggae vem imediatamente à mente, mas isso quase não aconteceu.
Os jamaicanos ansiavam por inovações, e foi então que, em 1966, o cantor Hopeton Lewis, ao adaptar a canção “Take it easy”, sugeriu que diminuíssem o bpm (batidas por minuto) do ska, tornando o ritmo mais lento.
E assim foi, o ROCKSTEADY emergiu como um novo ritmo, influenciado pela Soul Music. Rapidamente, o Rocksteady ganhou popularidade não apenas nos guetos, mas em toda a Jamaica.
Muitos artistas se adaptaram rapidamente ao novo estilo e gravaram seus sucessos nessa nova onda, fazendo com que a Jamaica quase parasse ao som do Rocksteady.
Entre os veteranos do rocksteady, destacam-se Hopeton e Alton Ellis.
Enfim, o Reggae
Logo após, surgiu o Reggae.
Sabemos que o Reggae evoluiu do Ska e do Rocksteady, tendo surgido no final dos anos 1960.
Foi, contudo, na década de 1970 que este estilo ganhou fama mundial, marcando presença como um ritmo dançante e suave, com uma batida distintiva onde a guitarra, o baixo e a bateria são os instrumentos predominantes.
As letras do Reggae, que frequentemente abordam questões sociais, especialmente da realidade jamaicana, além de temas religiosos e problemas comuns em países em desenvolvimento, são quase um instrumento à parte, repletas de mensagens de paz.
Atualmente, o Reggae se diversificou em variantes como o Dancehall e o Ragamuffin, estilos musicais que sucederam o reggae.
No Brasil, especialmente no Maranhão, o Reggae, e mais especificamente o Lovers Reggae, uma versão mais romântica do gênero, é o que realmente predomina.
É lá que se adaptou a maneira de apreciar o ritmo, dançando bem juntinho com os parceiros, no estilo “Maranhon Style”, como canta a Tribo de Jah.
Temos também a versão gospel, uma delas cantada por um ex-integrante do Olodum, que popularizou o Samba Reggae, o nosso querido irmão Lazaro, que nos deixou, vítima de complicações da Covid 19.
Perda intragável!
Muitas são hoje as variantes, mas a tradição já adotada pela maioria amante do Reggae, aqui no Brasi é o roots reggae, (reggae raiz).
O expoente máximo, clássico, e o maior de todos, é o homem que fez com que a Jamaica fosse conhecida pelo mundo através da suas músicas: Bob Marley.
A multidão aguardava ansiosa. Antigos fãs queriam ouvi-los novamente e os novos queriam conhecê-los, mas a ansiedade era maior ainda entre eles.
Não se apresentavam juntos havia muito tempo. O cenário havia mudado. As canções de sucesso não diziam nada a eles que amavam a simplicidade das velhas músicas.
Será que aceitariam novamente as suas músicas?
“As coisas mudaram muito.” “Não é preciso ser afinado para cantar.” “Presença de palco é tudo.” “Se for bonitinho e souber se balançar, já está ótimo.”
Mas eles já não eram meninos bonitinhos, nem tinham tanta energia para se balançar sem travar a coluna no palco. Ficaram com medo.
O Show da Vida
E enfim, chegou a hora. “E com vocês…”
A plateia aplaudia calorosamente a volta, a volta dos músicos, a volta da música àquela praça.
E com pernas trêmulas, vozes embargadas – a melodia saiu perfeita, carregada numa emoção que não tinham na juventude.
E o show continuou tempo suficiente para que novos conhecessem e entendessem a história e os antigos fãs matassem a saudade.
E o melhor show das suas vidas aconteceu. Havia espaço também para aquelas belas músicas.
E ao fim do show, se abraçaram. Cumprimentaram o público e amorosamente atenderam àqueles que pediram um momento.
E cientes de que a história estava completa, puderam voltar felizes. Sem mágoas.
Podiam parar agora ou até que o desejo os fizesse voltar.
Festejos de virada de ano, shows de fogos de artifício, clarões, barulho, sim, muito barulho – turistas e moradores locais entusiasmados olhando o céu, extasiados com a coreografia dos fogos, bebendo, cantando, celebrando o fim de ciclo de mais um ano.
Neste exato momento, o Sr. José, sim, o chamaremos de José, morador de rua, está desesperado tentando abafar os sons e acalmar seu companheiro, o Duke* (chamaremos de Duke) seu amiguinho de quatro patas, um SRD de três anos que o acompanha desde o nascimento.
Duke, é um cachorrinho amoroso, brincalhão e a melhor companhia contra o tédio.
Uma lembrança de que mesmo em tempos difíceis, alguém vai estar lá apenas por te amar.
Duke ama o José, mas está desesperado.
E o Zé, também está desesperado.
Ele sabe que os cachorros têm a capacidade auditiva maior que a dos humanos e que, para eles, barulhos acima de 60 decibéis, que equivale a uma conversa em tom alto, pode causar estresse físico e psicológico, pois o ouvido canino é capaz de perceber uma frequência maior de sons, e podem detectar sons quatro vezes mais distantes, se comparado a humanos. -(Fonte: Fogos, bombas e rojões: saiba o risco que isso pode causar nos animais – Voz das Comunidades)
Duke, o pequeno companheiro, infartou naquela noite.
Muitos animais morrem durante festividades que envolvem queima de fogos. Exemplos nos posts abaixo:
Cachorro morre durante queima de fogos, no réveillon | Bom Dia Rio | G1 (globo.com)
Mulher relata morte de cadela após queima de fogos de artifício no revéillon – Nacional – Estado de Minas
A história acima tem o nome dos protagonistas trocados, mas aconteceu no Rio de Janeiro, Brasil.
Caso você tenha um cachorrinho de estimação já percebeu como ele fica agitado com as bombas e sons altos? Nestes casos seria bom deixá-lo pela casa à vontade e tentar minimizar os efeito dos barulhos e treiná-lo para que aos poucos ele se acostume com sons diferentes. – Fonofobia: seu cachorro tem medo de barulho? – BLOG.Petiko
Mas, quando se trata de cães que vivem nas ruas (sim, eles existem!) seria necessário uma política para conter os danos.
Uma política voltada para o cuidado de animais.
Não como aquelas em que prefeitos mandam recolher os pobres bichinhos para o abate, que além de cruel – é criminosa. Veja um exemplo na matéora do post: -Prefeitura na BA publica decreto que determina abate de animais abandonados em vias públicas | Bahia | G1 (globo.com)
Criar canis, investir em veterinários, criar programas de incentivo a adoção responsável, seria questão de saúde pública, contudo, infelizmente, quando a maioria dos políticos pensam neste problema, que são os cães abandonados, não entendem (ou fingem não entender) que o problema é o ABANDONO, não os cães.
Por isso, pensam apenas matá-los. Termo mais sincero para o comum “abatê-los”.
Buscam a solução mais fácil, pois se até mesmo a humanos em necessidade muitos políticos tratam como nada além de votos necessários, ou escadas necessárias, que pensar das criaturinhas que não votam?
Lamentavelmente, esse tem sido o cenário.
Respeitar a vida está entre as principais virtudes de um ser humano.
Quanto ao dono do Duke, anda pelas ruas, sozinho e as pessoas não o notam.
Estão ocupadas demais olhando para cima. Não se importam, também com os HUMANOS.
Lembro o misto, aquela composição que nas Quintas-feiras levava pessoas e cargas para o leste, às 13:15. Você lembra?
Partir nunca foi o momento mais alegre da vida, mas aquele momento era especial.
Sandrinha, vestida de verde, acenava e deixava nos lindos lábios o mais belo sorriso.
Então, o trem seguia, rumo ao leste.
Constante.
Trilhos, pedras, paisagens secas às margens de um rio e antigas pequenas cidades às margens da ferrovia.
As pessoas que viam o passar do trem, acenavam ao maquinista que respondia com risos, longos e estrondosos apitos, daquela buzina escandalosa.
Crianças viam heróis. Moças viam paixões e aventuras, mas dentro da composição, as pessoas esqueciam de contemplar o tempo que agora era disponível e também as histórias ao redor, estavam ocupadas com a pressa.
Então decidi voltar novamente a minha atenção ao mundo lá fora.
E vi o por do sol.
Montanhas, descidas incrivelmente lindas e assustadoras anunciavam a chegada a Contendas do Sincorá.
Era noite, as pessoas corriam para receber parentes, para vender seus produtos e outras para embarcar.
As horas passavam e a velha cidade ficava pra trás.
Trilhos, pedras, montanhas e novas paisagens.
A saudade e a despedida
Até o bendito trem resolver descarrilar… e longas três se passaram.
As queixas não eram tão interessantes…
Reclamações, queixas, um reggae no toca-fitas do Nilson e a expectativa ansiosa.
E chegamos, madrugada de Sexta. Brumado estava quente.
Dois dias, passaram como segundos e hoje, não lembro absolutamente nada do que aconteceu neste período – são longos 37 anos… mas lembro de querer voltar e ver novamente aquele sorriso, o sorriso de Sandra.
E depois dos trilhos, das pedras, das velhas cidades, eu estava de volta.
E ela estava lá, de blusinha verde, de short vermelho e de riso nos lábios.
Rindo, brincando e a dizer: ” Agora é a minha hora de partir…”
E de longe, vi o carro, estradas para o Sul… montanhas…céus… não consegui sorrir.