A População Carcerária no Brasil

Um problema crescente

A população carcerária do Brasil atinge cerca de 900 mil pessoas, ultrapassando a população de muitos municípios no país (https://carceraria.org.br).

Uma parcela significativa está detida por crimes considerados leves.

Por exemplo, no município de Iaçu, estado da Bahia, um senhor desesperado com a fome dos filhos invadiu um pequeno mercado e roubou uma lata de leite. Por esse ato, ele passou mais de um ano preso.

Sim, roubar é crime.

Enquanto pessoas cometem crimes de pequeno porte, muitas vezes por fome e desespero, pagam seus pecados em longas penas.

Aqueles que cometem crimes BEM MAIORES, por vezes, conseguem pagar fiança e desfrutar de liberdade com valores obtidos por meios ilegais.

Surgem perguntas…

Mas, o que justificaria manter alguém em cárcere por tanto tempo?

Quantos se encontram em situação semelhante?

Que pena poderia ser aplicada para ajudar a pessoa sem prejudicar aqueles que foram lesados?

O atual sistema parece justo?

A reação de muitos…

Alguns inflamados, com um típico falso senso de justiça, poderiam responder: “Tem que ser preso mesmo! Ninguém mandou roubar!”

Por exemplo, ao testemunhar o desespero de uma mãe que tentava roubar uma lata de leite para seu filho recém-nascido, um senhor tentou negociar com o dono do mercado o valor do produto subtraído, oferecendo-se para pagar pelo produto em troca da liberdade da jovem mãe.

O gerente, no seu desejo de justiça, não aceitou a proposta, pois “lugar de ladrão é na cadeia”.

Muitos falsos moralistas cobram justiça enquanto em suas vidas privadas sonegam impostos, traficam drogas e até planejam outros crimes de maior porte.

O problema da corrupção

Quantos juízes e políticos, que dizem combater a corrupção, são flagrados se corrompendo? Como exemplo: Nicolau dos Santos Neto – Wikipédia, a enciclopédia livre (https://pt.wikipedia.org/wiki/Nicolau_dos_Santos_Neto).

Observe o trecho abaixo, extraído do site Carceraria.org.br:

“Segundo o 14º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que reflete dados de 2018 e 2019, o percentual de pessoas negras (pretas e pardas) no sistema prisional brasileiro é de 66,7%. Não é de hoje que se fala em seletividade penal. Não é de hoje que se vê casos em que ela opera.

“Genivaldo, morto pela polícia rodoviária de Sergipe asfixiado em uma câmara de gás improvisada no camburão, foi abordado porque estava dirigindo sem capacete. O presidente Jair Bolsonaro, nas motociatas realizadas com o aparato financeiro do Estado, era frequentemente fotografado sem o uso do equipamento de proteção ou usando capacetes inadequados.

O Anuário, ao analisar os números, faz o paralelo entre as pessoas que são encarceradas e aquelas que são mortas (pelo Estado ou em situações particulares): “Historicamente, a população prisional do país segue um perfil muito semelhante aos das vítimas de homicídios. Em geral, são homens jovens, negros e com baixa escolaridade” (https://carceraria.org.br).

Conclusão e alternativas

É lamentável observar que a venda nos olhos da justiça tem sido usada para que não se veja a injustiça. Os dados escancaram a diferença na aplicação da justiça entre as raças.

Mas, o que poderia ser feito para reduzir a população carcerária e pelo menos atenuar tal injustiça?

As penitenciárias têm servido ao longo do tempo como depósitos para pessoas indesejáveis ao convívio em sociedade. Por muitos anos, não houve interesse na ressocialização dos detentos.

É verdade que pessoas más existem, SIM, EXISTEM EM TODAS AS ESFERAS!

Uma mudança na aplicação da lei, por exemplo: alguém acusado de roubo ou fraude poderia receber como pena devolver o dinheiro acrescido de juros ou trabalhar para pagar o prejuízo causado.

E que essa mudança fosse aplicada a todos, sem distinção!

Deste modo, haveria justiça e proporcionalidade, pois o valor de restituição seria equivalente ao prejuízo causado.

Mas, como fazer isso?

Em casos de roubo, desvios de dinheiro e crimes semelhantes, a proporcionalidade da pena e a criação de meios para que haja a restituição à vítima seriam uma boa solução.

Daí o tema: O que você sugere?

Pense e envie sugestões.

Informativo

 

Veja mais em  Crimes e responsabilidades na tragédia no RS ‣ Jeito de ver

 

 

 

 

 

A pequena bailarina (pequenos versos!)

Bailarina ao ar livre. Uma poesia à dedicação.

Imagem de Anja por Pixabay

À Professora de Balé

Bailarina

A pequena bailarina

A pequena bailarina

Flutua, com graça

Mas, dentro dessa beleza

O que será que se passa?

Pés mais leves que o ar

Pisando em partículas do nada

Mas, dentro dessa beleza

O que será que se passa?

O que fazes com a gravidade?

O que fazes com a razão?

Não tens asas, flutuas

Como seguras a emoção?

Mãos suaves, quais plumas

Regem a música no vento

E este rosto, sempre sereno

Onde andará teu sentimento?

A pequena bailarina

Ainda a flutuar com graça

E o pobre compositor

Sentado no meio da  praça

Contempla

Se emociona

Se inspira

Pira! ( Ah! Eu não resisto!)

E compõe a canção do vento

Que suas mãos regem devagar

Que com leveza, com graça

Ensina o mundo a amar…

E a bailar…

a bailar…

Leia mais em:  E quando ela passa… ( A poesia no andar) – Jeito de ver.

Um pouco de preguiça (um poema)

Despertador. Os momentos de tédio são preguiçosos. Uma poesia sobre aproveitar o tédio.

Imagem de Jan Vašek por Pixabay

 

Momentos para contemplar

Gilson Cruz

Preguiçosa como as Segundas

O Ritmo dos Sentimentos

A ansiedade caminha,
a tristeza senta,
mas a alegria tem pressa,
não quer esperar.

O Tempo Preguiçoso

Preguiçosa
como todas as segundas,
passam as horas de angústia
e o nada se encaixa no vazio,
sem imaginação.

E os pensamentos querem voar,
voar como as horas voam
na presença da pessoa amada
e nos bons momentos.

Voar como o tempo da canção,
das notas.
E também andar,
mas sem pressa.

A Contemplação

Preguiçosamente,
contemplar também o que há de bom…

O nascer de um dia de sol,
as diferentes nuvens
de um dia de chuva.

Um bom livro,
uma boa música,
a melhor companhia,
a noite,
e o dom da vida…

 

Veja mais em A esperança (Poesia de resistência) ‣ Jeito de ver

 

 

 

 

 

 

 

Conselhos a um jovem – pra quê a pressa?

Viver o presente. Menino brincando, correndo no campo. Um texto sobre viver o presente.

Imagem de andreas160578 por Pixabay

 

Menino, pra quê tanta pressa em crescer?
Pra quê toda essa pressa em conquistar e mudar o mundo?
Vive teus dias sem a dor de trazer o futuro,
visualiza um mundo que ainda nem nasceu…
Imaginar é bom!

Menino, mas pra quê viver a sexta,
quando o sol da terça-feira nem brilhou no caminho?
Vives a imaginar a menina que levas em teu pensamento,
e teu pensamento não para no futuro,
imaginas além…

Menino, por que sonhas e pedes
que o futuro distante abrace logo os teus dias?
Saibas que ele, o futuro, vem.
Como que caminhando lentamente, ele vem…
Ele te trará a sabedoria que precisas,
te trará novos dias, de fato.

Mas o futuro, inexoravelmente,
também te levará para longe,
para longe daquilo que sonhaste por toda a tua vida.
E, lamento dizer-te, levará de ti muitos que amas,
e que te amam também:
teus pais, os pais dos teus pais,
teus amigos, teu primeiro amor…

E como esqueceram de inventar a máquina
que te levaria de volta ao passado,
no caminho do futuro olharás com saudades.
Embarcarás naquilo que chamamos de recordações,
que não será exatamente a máquina que desejarás ter,
mas será a única possível.

Menino, pra quê essa pressa de fugir,
de perder essa chance única de viver,
de abraçar aqueles que te amam,
de perdoar os tolos que te ofenderam,
e de dizer aos teus velhos pais
o quanto os amas?

Meu bom e pobre menino,
viva os teus dias, alegra-te com os teus momentos,
sorri, chora, aproveita essa chance de ver as cores…
Pois o futuro ainda vem,
andando, calado e indiferente –
e não te dará a chance de voltar.

Viva teus dias!

 

Leia também  Um Professor (os desafios de um educador!) › Jeito de ver

 

Dezembro – História do mês e curiosidades

Imagem de Firmbee por Pixabay

Enfim, Dezembro chegou, trazendo junto um fim de primavera tão quente quanto o meio do verão neste lado do hemisfério.

Com certeza, o último mês do ciclo anual traz também as promessas que serão feitas ( e esquecidas no primeiro dia do mês seguinte, do ano seguinte!) e desejos de paz.

Dezembro, traz esse clima de esperança, de alegria, de partilha… E todos nós sabemos o porquê.. Sabe quem nasceu em Dezembro?

Isso mesmo, Ludwig Van Beethoven (1770), Olavo Bilac (1865), Edit Piaf (1915), e a Rainha do Rock Nacional, no último dia do calendário de 1947, Rita Lee.

Muitos responderiam “Jesus Cristo”, embora seu aniversário seja celebrado no dia 25 de Dezembro, ele não nasceu nesta data.

Veja no link a seguir: Tradições – o que se precisa saber? ‣ Jeito de ver

Mas, nem por isso a história se torna menos interessante. Vamos lá?

História e origem do nome

Dezembro é o décimo segundo e último mês do ano no calendário gregoriano, com 31 dias.

O nome vem do latim decem (dez), pois era o décimo mês do calendário romano, que começava em março.
No calendário romano, dezembro era parte de um calendário lunar de 354 dias.

Em 153 a.C., o início do ano foi antecipado para janeiro, o que desconectou o nome do mês da contagem. Sob o imperador Cómodo, dezembro foi renomeado como Exsuperatorius, mas voltou ao nome original após sua morte.

Antigas tradições e nomes

O antigo nome alemão de dezembro é Julmond, derivado de Julfest, celebração germânica do solstício de inverno.

Outros nomes incluíam Christmonat (mês cristão) e Heilmond (mês da salvação), devido ao Natal.

Na cristandade, o ano litúrgico começa no primeiro domingo do Advento, que pode cair no final de novembro ou início de dezembro.

Características astronômicas e calendário

Em 21 ou 22 de dezembro, ocorre o solstício de inverno no hemisfério norte e o solstício de verão no hemisfério sul.

Neste dia, o Sol está diretamente sobre o Trópico de Capricórnio (latitude 23°26,3′ sul). É o dia mais curto do ano no hemisfério norte e o mais longo no hemisfério sul.

O mês sempre começa no mesmo dia da semana que setembro.

Se 29, 30 ou 31 de dezembro for uma segunda-feira, a semana seguinte se estende para o próximo ano, totalizando 52 semanas corridas.

Tradições e datas comemorativas

1º de dezembro: Dia Mundial de Combate à AIDS, que visa alertar a sociedade sobre a prevenção e o cuidado com os portadores da doença.

10 de dezembro: Dia Internacional dos Direitos Humanos, instituído em 1950 para comemorar a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

25 de dezembro: Natal, celebração cristã do nascimento de Jesus Cristo.

É um dos feriados mais importantes do ano, marcado por reuniões familiares, orações, ceias e troca de presentes.

31 de dezembro: Réveillon, a passagem de ano, celebrada com festas, fogos de artifício e reuniões em praias ou espaços públicos.

Campanhas e temas do mês

Dezembro destaca diversas campanhas importantes:

Dezembro Vermelho: foco na prevenção da AIDS e outras ISTs.

De acordo com o Ministério da Saúde, nos últimos dez anos, o Brasil diminuiu em 25,5% a taxa de mortalidade por AIDS, de 5,5 para 4,1 mortes por 100 mil habitantes.

Em 2022, foram contabilizados 10.994 óbitos, uma redução de 8,5% em relação a 2012, correspondendo a cerca de 30 mortes diárias. Dentre esses óbitos, 61,7% eram de pessoas negras.

Desde 2015, a maioria dos casos de HIV tem sido em indivíduos pardos e pretos. Estima-se que um milhão de brasileiros sejam portadores do HIV, sendo 650 mil homens e 350 mil mulheres.

No entanto, as mulheres têm enfrentado resultados mais adversos no tratamento: taxas menores de diagnóstico (86%), tratamento (79%) e supressão viral (94%) em comparação com os homens.

Dezembro Laranja: conscientização sobre a prevenção do câncer de pele.

A estimativa de novos casos no Brasil é de 8.450, sendo 4.200 homens e 4.250 mulheres (2020 – INCA).

O número de mortes no país foi de 1.978, com 1.159 homens e 819 mulheres (2019 – Atlas de Mortalidade por Câncer – SIM).

Os principais fatores de risco para o câncer de pele não melanoma incluem:

– Pessoas de pele clara, olhos claros, albinos ou que são sensíveis à ação dos raios solares;

– Histórico pessoal ou familiar de câncer de pele;

– Doenças cutâneas prévias;

– Trabalho sob exposição direta ao sol;

– Exposição prolongada e repetida ao sol;

– Uso de câmeras de bronzeamento artificial. – Fonte: www.gov.br

Dezembro Verde: luta contra o abandono e os maus-tratos de animais. Veja O problema são esses cachorros… ‣ Jeito de ver

Significado social e cultural

Dezembro é o mês de reuniões, festas de fim de ano e retrospectivas dos acontecimentos do ano, que a gente lembre e leve um monte de coisas boas para o novo ciclo!

É também o momento de traçar metas para o ano seguinte e claro, não esquecer de se esforçar a alcançá-las…

Contexto da Proclamação da República

15 de Novembro - Praclamação da República

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A República é um sistema de governo onde o poder reside em representantes eleitos pelo povo, comumente através de eleições.

Neste modelo, o governo busca o bem-estar comum e os governantes possuem mandatos com prazo determinado, o que impede a permanência indefinida no poder.

Este regime é fundamentado em princípios como igualdade perante a lei, divisão dos poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e a prestação de contas dos governantes em relação às suas ações.

Estudar a proclamação da República no Brasil é essencial para compreender as raízes das disparidades sociais e políticas no país.

Vamos entrar no contexto histórico.

Inseridos no contexto…

A fundação do Partido Republicano Paulista

A Proclamação da República no Brasil, ocorrida em 15 de novembro de 1889, foi o resultado de um contexto histórico complexo e multifacetado. A crise da monarquia teve raízes em insatisfações que se intensificaram ao longo das décadas.

No século XIX, a elite agrária exercia grande influência na política, e os interesses regionais frequentemente se chocavam com as diretrizes centralizadoras do governo imperial.

Esse cenário ficou ainda mais tenso com a pressão crescente da oligarquia cafeeira por maior autonomia.

Os movimentos republicanos começaram a ganhar força na década de 1870, pouco depois da Guerra do Paraguai. A vitória na guerra não trouxe prestígio à monarquia; pelo contrário, revelou suas fragilidades.

Nesse período, novos arranjos políticos emergiam, defendendo a modernização do país. A fundação do Partido Republicano Paulista (PRP) e o lançamento do Manifesto Republicano, em 1870, foram fundamentais para fortalecer a ideia de uma república.

O manifesto criticava o centralismo imperial e propunha o federalismo, defendendo que os grandes males do Brasil provinham da monarquia.

O papel dos Militares

Os militares, uma das principais forças insatisfeitas, começaram a se organizar após a Guerra do Paraguai.

O Exército havia se profissionalizado e, como consequência, seus membros exigiam melhores salários, melhorias na carreira e o direito de expressar suas opiniões políticas.

Eles também defendiam o laicismo no país e encontraram no positivismo, ideologia de Augusto Comte, um discurso que justificava a modernização por meio de uma república autoritária.

Muitos oficiais passaram a enxergar-se como guardiões do Estado, acreditando que uma república ditatorial era a solução para o Brasil.

A crise na monarquia se agravou com as elites emergentes nas cidades, que desejavam maior participação política, mas se viam excluídas por um sistema que beneficiava poucos.

Mesmo os liberais, ao tentarem expandir o eleitorado, não foram eficazes, pois a Lei Saraiva, de 1881, reduziu drasticamente o número de eleitores.

No interior do país, províncias como São Paulo, que já tinham grande importância econômica, exigiam uma representação mais justa. A centralização do poder na monarquia e a falta de autonomia para as províncias geraram profundo descontentamento.

Outro ponto crucial foi a questão da abolição da escravatura em 1888, que deixou um vácuo econômico para setores conservadores, especialmente fazendeiros que perderam sua mão de obra gratuita.

Este evento aprofundou a crise, forçando a sociedade a buscar novos modelos de governança. Grupos políticos, cafeicultores e os militares viam na república a solução para os problemas nacionais.

Além disso, a urbanização e a industrialização, embora ainda incipientes, evidenciavam a necessidade de uma reestruturação que atendesse às demandas de um Brasil em transformação.

A insatisfação com a monarquia culminou em um golpe que uniu diferentes setores da sociedade.

O papel das elites urbanas e rurais

O descontentamento das elites urbanas e rurais, somado à crescente mobilização das forças armadas, gerou um ambiente propício para a Proclamação da República.

O evento foi liderado por militares, apoiados por uma parcela da sociedade civil, e resultou na expulsão da família real. Marechal Deodoro da Fonseca proclamou a república e se tornou o primeiro presidente do Brasil.

A nova república trouxe mudanças significativas, como a Constituição de 1891, que implantou o federalismo e descentralizou o poder, favorecendo a autonomia dos estados.

No entanto, apesar das expectativas de modernização e inclusão, a elite militar e a classe ilustrada assumiram posições de destaque no novo regime, garantindo que seus interesses fossem preservados.

A estrutura republicana acabou beneficiando poucos, enquanto as camadas populares continuaram enfrentando desigualdades.

A narrativa oficial sobre a Proclamação da República frequentemente simplifica esses eventos, omitindo as complexidades e os conflitos de interesses envolvidos.

A transição não foi consensual nem espontânea; foi marcada por tensões sociais e políticas que continuam a moldar a história brasileira.

Uma análise mais crítica revela a multiplicidade de vozes que influenciaram a queda da monarquia e a importância de questionar a memória histórica dominante.

O papel do Povo

Segundo o livro Os Bestializados, de José Murilo de Carvalho, a reação da população mais humilde, em sua maioria composta por trabalhadores urbanos, escravos recém-libertos e cidadãos de baixa renda, foi marcada pela indiferença e falta de envolvimento com a Proclamação da República.

Carvalho argumenta que, para a maioria das pessoas comuns, o evento passou quase despercebido e não trouxe um significado claro ou um impacto imediato em suas vidas cotidianas.

O autor explica que a mudança de regime, de monarquia para república, foi conduzida por elites políticas e militares sem a participação ativa das massas.

O povo foi espectador de um processo que, para ele, parecia distante e abstrato.

As decisões políticas eram tomadas por um círculo restrito de líderes, e a falta de comunicação e integração entre as elites e a população mais pobre contribuiu para um sentimento de alheamento.

A população, portanto, se sentia desamparada e desconectada do novo regime, sem compreender as implicações da mudança.

Conclusão

A história oficial muitas vezes pinta um quadro de que a população inteira estava engajada na luta pela proclamação da República, mas a realidade é que apenas uma elite buscava preservar e expandir seus privilégios.

Os desfavorecidos do império continuaram a ser os desfavorecidos na república, permanecendo pobres, sem voz ativa, sem acesso à educação adequada por décadas e excluídos da participação em regimes autoritários subsequentes.

Essas consequências e sua continuidade são visíveis no modelo educacional que prevaleceu por décadas no Brasil, perpetuado pelas mesmas elites que dominam desde a agricultura até os meios de comunicação e eventos culturais.

Uma parte da população, assim como naquela época, se contenta com as migalhas oferecidas através de cargos políticos adquiridos por bajulação e traição, sacrificando sua própria dignidade e a de seus descendentes.

Pesquisas:  “O Reino que não era deste Mundo”  por Marcos Costa

“Os bestializados” por José Murilo de Carvalho

Leia também:  Independência do Brasil – Uma História ‣ Jeito de ver

15 de novembro, Proclamação da República: por que historiadores concordam que monarquia sofreu um ‘golpe’ – BBC News Brasil

Novembro – Tempo de História e curiosidades

Histórias e curiosidades do mês de Novembro.

Imagem de Rahul Pandit por Pixabay

Enfim, chegou Novembro!

Além de me trazer as canções das minhas meninas Géssica e Elaine, novembro traz  um monte de histórias e significados.

Em termos de história e etimologia, novembro é o décimo primeiro mês do calendário gregoriano e deve seu nome ao termo latino novem (nove), pois originalmente era o nono mês no calendário romano, que começava em março.

Com a reorganização do calendário, incluindo janeiro e fevereiro, ele se tornou o décimo primeiro mês, mas manteve o nome. No hemisfério sul, novembro marca o final da primavera, enquanto no norte, representa o fim do outono.

Feriados e Datas Importantes

Novembro é cheio de datas que carregam significados especiais.

Logo no início, temos o Dia de Finados, em 2 de novembro, um momento dedicado a homenagear os falecidos.

No dia 15, no Brasil, temos a Proclamação da República .

Outras datas que valem destaque incluem o Dia da Bandeira, em 19 de novembro, e o Dia Nacional de Combate ao Câncer, em 27 de novembro, que nos lembra sobre a importância da prevenção.

Além disso, em 14 de novembro é o Dia da Alfabetização, destacando o papel da educação para o desenvolvimento social.

O Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, homenageia a luta antirracista e a figura histórica de Zumbi dos Palmares. Este ano, pela primeira vez, ele será observado como feriado nacional, reconhecendo seu peso e valor para o país.

Para os homens, novembro também é um mês de alerta com a campanha Novembro Azul, que promove a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de próstata.

Em 2021, aproximadamente 16.300 homens perderam a vida por essa doença, que pode ser diagnosticada de forma simples, mas ainda enfrenta preconceitos. – https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/numeros

Celebrações e Origens

Desde a Antiguidade, novembro foi um mês de celebrações.

Na Roma Antiga, ele era marcado pelo Ludi Plebeii e, entre os anglo-saxões, era chamado de Blōtmōnaþ, ou “mês das oferendas”.

Até o calendário republicano francês situava novembro entre os meses de Brumário e Frimário. Curiosamente, novembro começa no mesmo dia da semana que março e, exceto em anos bissextos, também fevereiro.

Na Igreja Católica, novembro é um mês de reflexão.

Em 1º de novembro é celebrado o Dia de Todos os Santos, homenageando tanto os santos canonizados quanto os não canonizados. Logo em seguida, em 2 de novembro, o Dia de Finados lembra aqueles que já partiram.

O Dia de Finados, na verdade, tem raízes antigas, inicialmente ligadas a tradições pagãs. Estabelecido em 998 d.C. pelo abade Odilo de Cluny, foi uma adaptação que, com o tempo, tornou-se oficial na Igreja Católica.

A escolha de novembro está relacionada ao festival celta de Samhain, que ocorria em 31 de outubro e simbolizava o encontro dos mundos dos vivos e dos mortos.

O Dia de Todos os Santos também é marcado por um simbolismo forte.

Iniciado pelo Papa Bonifácio IV, que consagrou o Panteão romano a Maria e aos mártires cristãos, ele foi oficializado em 1º de novembro pelo Papa Gregório III. Esse dia foi uma adaptação de festivais pagãos para reforçar o espírito cristão de homenagem aos falecidos.

Alguns Momentos Históricos

Para quem gosta de um passeio pela história, novembro já foi cenário de momentos marcantes.

Em 1855, por exemplo, um forte terremoto atingiu Edo (atual Tóquio), no Japão, deixando cerca de 10.000 mortos e destruindo milhares de prédios.

Em 1918, no final da Primeira Guerra Mundial, a Alemanha assinou um armistício com os Aliados na floresta de Compiègne, encerrando um dos conflitos mais sangrentos da história.

No Brasil, um fato curioso de novembro foi a tentativa de golpe em 1955 para impedir a posse de Juscelino Kubitschek.

O cruzador Tamandaré tentou partir do Rio de Janeiro para se unir aos conspiradores, mas foi neutralizado pelo General Lott.

Esses eventos acabaram plantando as sementes para o golpe militar de 1964, que contou com apoio de setores variados, inclusive de algumas figuras influentes da Igreja Católica, que temiam o avanço do comunismo.

Mais recentemente, em novembro de 2000, uma tragédia atingiu a cidade de Kaprun, na Áustria: um teleférico pegou fogo em um túnel, matando 155 esquiadores e snowboarders.

Conclusão

Mesmo com tantas lembranças de momentos difíceis, novembro é um mês que marca a transição das estações e nos convida a refletir sobre o passado e o presente.

E neste hemisfério, estamos em plena primavera… o que lembra que, apesar das dificuldades, sempre há espaço para renovações e novas esperanças.

A esperança nasceu… e ela resiste!

 

Leia também A esperança (Poesia de resistência) ‣ Jeito de ver

 

O problema são esses cachorros…

Imagem de Dorota Kudyba por Pixabay

As ruas estão cheias de cachorros!

Me surpreende que, em um desses dias, encontrei uma gangue composta de mais de 12 cães andando pelas ruas, aterrorizando as latas de lixo indefesas, em busca de alimento!

Passaram por mim e nem me deram bola… seguiram determinados em seus caminhos!

Passei a me lembrar de uma dessas histórias que acontecem e mudam as nossas vidas…

Precisamente, no dia 19 de fevereiro de 2019, enquanto trabalhava em um bairro distante, encontrei uma cachorrinha, SRD, deitada junto ao meio-fio.

Ela estava desnutrida, frágil, cheia de pulgas, carrapatos e verminoses – não conseguia levantar de tão fraca que estava!

Pedi um pano a um vizinho, envolvi-a com delicadeza para não machucá-la e a levei para casa. Minha filha, então com dez anos de idade, deu-lhe o nome de Jennya.

Uma sobrinha experiente em cuidados com animais retirou pacientemente os carrapatos e deu-lhe um banho para eliminar as pulgas.

As perninhas fracas, a falta de vontade de se alimentar e o diagnóstico da veterinária: “Ela está praticamente sem sangue!”

Além dos remédios e alimentação, aquela criaturinha exigia bastante tempo!

E enquanto era pequenina, ao recuperar as energias, corria atrás da bola pela casa, escondia meus sapatos e me observava enquanto eu escrevia textos no velho computador.

Criaturinhas pequenas costumam ser lindas e despertam em nós aquele amor por um ser tão ingênuo e desajeitado!

Mas, bichinhos crescem e desenvolvem traços de personalidade! E costumam exigir atenção!

Mas, por quê? Cachorrinhos amam incondicionalmente!

Eu não entendia e, depois de um certo tempo, pensei em doá-la para quem tivesse melhores condições de cuidar da jovem Jennya!

A casa bagunçada, os pulos quando eu retornava do trabalho… não pareciam ter a mesma graça!

Até que um de meus irmãos me explicou o quanto os cachorros ficam tristes quando perdem o seu lar.

Sim, cachorrinhos têm sentimentos!

Demovido da ideia de doá-la, passei a entender o quanto ela gostava de estar em nossa companhia e voltei a achar engraçado que, muitas vezes, ela só queria um afago na cabecinha.

E aqueles cães, nas ruas, procuravam alimento durante o dia e, nas noites da cidade, dormiam em cantos improvisados para se esconderem do frio e da chuva! Alguns deles se recusavam a aceitar afagos, pois a rejeição traumatiza até os cachorros…

Eles não nasceram grandes e receberam cuidados até uma certa idade, mas aos olhos de seus antigos donos todo pet é lindo enquanto pequeno e descartável quando adulto…

Posso atestar esta informação numa experiência que vivi na semana passada, quando um lindo cachorro abraçou minhas pernas e se recusou a me deixar caminhar.

O medo do desconhecido, o fato de estar perdido, o desespero de experienciar a solidão e o isolamento pela primeira vez. – Sim, aquele cachorro tinha acabado de ser abandonado!

Cachorrinhos não costumam viver muito, raças pequenas podem chegar a 13 anos e raças maiores a 12 anos – pouco se comparado aos seres humanos!

A alegria na presença de um dono tem a mesma intensidade da dor do abandono!

Aquela gangue de cachorros que encontro todos os dias vagando nas ruas não é o problema, ela na verdade expõe o verdadeiro problema: As pessoas não se sentem responsáveis por seus animais de estimação.

O verdadeiro problema: As pessoas não se sentem responsáveis por seus animais de estimação.

Para essas pessoas abandoná-los não é um problema!

Não importa se um dia acreditou amá-los, se sorriu com as travessuras daqueles pequenos – todos são descartáveis!

E enquanto olho com tristeza os muitos animais nas ruas, caminho por instantes, sem sentido, sabendo que, quando se abrirem os portões da minha casa, virá correndo em minha direção a mesma Jennya.

Nessa rotina ininterrupta dos últimos cinco anos.

Veja também: Cachorros abandonados – o que fazer? ‣ Jeito de ver

Outubro – Histórias e curiosidades

Um mês rico em história e cultura, não é verdade?

Imagem de StockSnap por Pixabay

Outubro, que tem 31 dias, é o décimo mês do calendário gregoriano e vem da palavra latina “octo”, significando “oito”.

Isso porque, originalmente, era o oitavo mês no calendário romano, que iniciava em março. ( Acho que já falamos a respeito – risos).

Entre as datas significativas, o dia 1º celebra o Dia Internacional da Música e o Dia do Idoso. ( Um mês  nunca combinou tanto comigo, pelo segundo motivo!)

É interessante que outubro sempre começa no mesmo dia da semana que janeiro, exceto em anos bissextos.

Direto pra história

Outubro é repleto de histórias marcantes, por exemplo, no dia 16/10/1793, a rainha Maria Antonieta morreu na guilhotina durante a Revolução francesa.

Sua condenação se deu por uma combinação de fatores:

. Seu status de rainha da França, associada ao regime absolutista impopular, sua extravagância percebida em tempos de crise econômica (incluindo a lenda de que teria dito “que comam brioches”).

. A insatisfação do povo com a monarquia, e seu fracasso em se adaptar às mudanças revolucionárias.

Ela foi julgada por traição, acusada de conspirar com potências estrangeiras para restaurar a monarquia, o que levou à sua execução na guilhotina.

O carro popular

Em 1º de outubro de 1908, Henry Ford apresentou o primeiro automóvel acessível ao público, o Ford Modelo T.

(-Bem, não tão acessível assim, até hoje não consegui comprar um daqueles pra mim!)

A Estátua da Liberdade, um dos ícones mais famosos do mundo, foi oficialmente inaugurada em Nova York no dia 28 de outubro de 1886, com a presença do então presidente dos Estados Unidos, Grover Cleveland.

Curiosidades

. 22 de outubro de 1797, o aeronauta francês André Jacques Garnerin construiu o primeiro paraquedas e realizou o primeiro salto de um balão.

Era necessário um pouco de loucura para tanto naquela época….

. 12 de outubro de 1931, o Cristo Redentor foi oficialmente inaugurado, tornando-se rapidamente um símbolo do Rio de Janeiro.

A majestosa estátua art déco se destaca no topo do morro do Corcovado, localizado no coração do Parque Nacional da Tijuca.

Como um dos cartões postais mais famosos do Rio, ela se destaca a 709 metros acima do nível do mar, oferecendo uma vista espetacular da cidade.

Se cuide, leia livros, aproveite e cuide também da natureza, ouça músicas e não esqueça, aproveite a história!

Isso também é um jeito de ver e viver.

Mais história..

Em 17 de outubro de 1979, Madre Teresa de Calcutá foi agraciada com o Prêmio Nobel da Paz por seus esforços humanitários.

Com o tempo a condição nos asilos administrados por ela  foram questionadas por serem inadequadas como a falta de cuidados médicos modernos.

A má higiene e o foco excessivo no sofrimento, em vez de tratamento adequado e aceitação de de doações de fontes  passaram a ser questionados.

Seu posicionamento sobre sofrimento e pobreza, também foi foi questionado, pois ela acreditava que o sofrimento tinha valor espiritual.

Sua  abordagem incentivava uma aceitação passiva da dor, em vez de trabalhar para aliviá-la efetivamente.

Datas

O mês é repleto de celebrações, incluindo o Outubro Rosa, uma campanha global para a conscientização sobre o câncer de mama, simbolizada pelo laço rosa.

– Câncer de mama mata mais de 17 mil pessoas ao ano – UMC Notícias

Dia 3.  Dia da Abelha e o Dia Mundial do Dentista.

O Dia da Natureza é comemorado no dia 4, seguido pela Promulgação da Constituição de 1988 no dia 5.

O Dia do Atletismo ocorre no dia 9, e o único feriado nacional do mês é em 12 de outubro, quando se homenageia Nossa Senhora Aparecida e se celebra o Dia das Crianças.

O Dia dos Professores é lembrado no dia 15, seguido pelo Dia Mundial da Alimentação (16), o Dia Nacional da Vacinação (17) e a Criação da Cruz Vermelha (26).

Temos também  o Dia Nacional do Livro (29) e o Dia Nacional da Poesia (31), que culmina com o Halloween, uma festa de origem celta.

Um mês rico em história e cultura, não é verdade?

Se cuide, leia livros, aproveite e cuide também da natureza, ouça músicas e não esqueça, aproveite a história!

Isso também é um jeito de ver e viver.

Veja também Setembro – História e curiosidades ‣ Jeito de ver

15 importantes fatos históricos do mês de outubro – Blog da Mari Calegari

 

E assim foi a minha primeira paixão…

Imagem de Rico por Pixabay

Dizia: ” Menina Feia”

Respondia: “Menino Chato”

Eu pensava: ” Ela é Feia,

apesar dos cabelos lindos e do jeito especial de sorrir

e de reclamar das minhas chatices

“Sim, é Feia,

apesar dos olhos castanhos, do rostinho

e da maneira meiga de falar

“Ela, é Feia,

apesar de lindo, o jeitinho de andar e de fugir de mim

e de dizer que partiria,

Para não mais voltar…”

E  não voltou com as saudades

que senti da antiga praça

e das brincadeiras de criança naquela rua

E negando a tristeza,

escondendo as lágrimas da partida

na ideia de jamais vê-la novamente…”

Repetindo  a mim mesmo: “Ela é feia, feia…feia”

sem jamais conseguir me convencer.

Foi embora, assim

a minha primeira paixão.

Veja mais em Versos sem destino ( um conto ) ‣ Jeito de ver