Num dia sem sentido,
me sentei
E o tempo sentou-se ao meu lado.
E a história amou acontecer…
E o tempo adorou contá-la.
Gilson Cruz
Veja mais em A esperança (Poesia de resistência) ‣ Jeito de ver
Num dia sem sentido,
me sentei
E o tempo sentou-se ao meu lado.
E a história amou acontecer…
E o tempo adorou contá-la.
Gilson Cruz
Veja mais em A esperança (Poesia de resistência) ‣ Jeito de ver
Imagem de Joel santana Joelfotos por Pixabay
Tuca,
Menino de raiz africana
de peito aberto ao mundo
e de sonhos
Tuca, o menino
teve um sonho
e ganhou asas
Chegou às nuvens
E das nuvens
Viu o azul no mar
E mergulhou sem medo…
Nadou com os peixes
brincou com as conchas…
Mas, não andou sobre as águas…
Tuca, o menino
Ganhou o mundo
E sofreu…
Lutou,
mas amou.
Daí, sentiu saudades de casa.
E o menino voltou
de novo, às raízes
E descobriu um mundo novo.
E por aqui ficou.
Meu amigo,
O que um poeta faz, além de empregar palavras?
O poeta busca a razão e o sentimento escondidos nas entrelinhas, procura também a vida por trás dos nomes e sutilmente coloca a cada um deles no espaço, para que preencham pensamentos. O verdadeiro sentido estará na imaginação.
Gilson.
Leia mais em O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver.
Imagem de Melk Hagelslag por Pixabay
Num canto da sala o violão
No outro
os livros na estante imploram atenção…
Nada substitui o canto
Nada
Nada substitui o encanto…
de transformar
risos em melodias
palavras em versos
E abraços
em universos…
Nada substitui o riso
nem preenche a ausência
desse espaço, que já foi conquistado
Nada substitui
Nada preenche
Nada…
Apenas a solidão
e a incompreensão de ser feliz
com as lembranças de algo eterno.
Gilson Cruz
Leia mais Flores pobres (Sonhos interrompidos) – Jeito de ver
Imagem de Mohamed Hassan por Pixabay
Pele negra, cor da noite
Riso prata, de lua
Me conta a tua história
Esta história só tua
Com esses olhos de estrelas
N’uma noite de luar
Me conta quais são teus sonhos
p’ra que eu possa sonhar
Me fala dos teus sorrisos
Da mágoa que já passou
Do futuro que não houve
De um amor, que sempre amou
Me conta o que te inspira
O que te faz esperar
Que’ste teu riso de prata
Num riso faz acordar
Me explica, como acontece
Tanta beleza de olhar
Que essa pele da noite
um sonho faz recordar
Esse pobre poeta,
Que em teu sorriso encontrou
Olhos de luz, de estrelas
E nesse instante amou
Procura na noite, na lua
Beleza pr’a comparar
E como em sonhos, flutua
Em doces canções de ninar…
A sonhar…sonhar…
Gilson Cruz
Veja mais em: Do começo ao fim… ( Como a vida é ) – Jeito de ver.
Me perguntas, como se mede o tempo?
Milésimos?
Segundos?
Minutos?
Horas?
Dias?
Semanas?
Meses?
Anos?
Décadas?
Séculos?
Milênios?
E eu te digo:
Não se mede o tempo
Não se conta as horas…
O tempo só existe de verdade
Para quem sabe o que é saudade…
Gilson Chaves
Imagem de Сергей Игнацевич por Pixabay
Ou, talvez, o incentivo que falta aos músicos anônimos…
Apaixonado por música, costumo sair às noitinhas para ouvir os sons nos bares do centro da cidade.
O som produzido por músicos ainda anônimos me atrai. Esses músicos tocam por trocados para alimentar o sonho e a família, dando o seu melhor.
Enquanto isso, clientes conversam entre si, bebem, falam de futebol, novelas, filmes, falam de tudo — menos da canção que vem do pequeno palco, cuidadosamente preparado para o artista. O cachê é pequeno — pequenas cidades significam pequenos movimentos.
Em cada canção, uma emoção diferente.
Tudo o que ele aguarda são aplausos. Pois bem sabem os verdadeiros músicos: são os aplausos que alimentam sonhos. E, como diz a canção, sonhos não envelhecem.
Mas os sonhos também precisam ser alimentados com o uso correto de incentivos, também pelo poder público, que pode organizar festivais municipais e eventos culturais.
A Lei Rouanet, de 1991, foi criada com o objetivo de incentivar e fortalecer a arte e a cultura (Lei 8.313 de 23/12/1991).
Por quê?
Bem, apesar de muitos porquês, lembre-se:
O primeiro objetivo de um conquistador e colonizador é sobrepor sua cultura à dos nativos, pois a cultura é a raiz, a força de uma sociedade.
A cultura é a identidade de um povo.
A música norte-americana domina o mundo inteiro. Mas não é apenas pela qualidade, há também o interesse em sua divulgação.
O mesmo pode ser dito das propagandas do American way of life (modo de vida americano) por meio dos filmes hollywoodianos.
Nesta mesma linha, testemunhamos a explosão do K-POP (cultura pop sul-coreana), promovida por grupos super bem coreografados, filmes e séries.
Os governos desses países apoiam a cultura, pois sabem que o fortalecimento da imagem gera retorno em maior exposição, resultando em maior interesse de outros países por sua cultura e, consequentemente, aumento em vendas e turismo.
Dominando a cultura, será mais fácil dominar as outras coisas — principalmente o modo de pensar.
A lei de fomento à cultura já existe há muito tempo no Brasil. Por exemplo, em 1967 foi criada uma lei que abatia do ICM qualquer gasto com gravações de artistas nacionais.
Os aprovados recebiam o selo “Disco é Cultura”, frase comum em quase todos os Long Plays (LPs).
O “Disco é Cultura” fazia parte do incentivo do governo para a disseminação da música e de artistas nacionais.
Os benefícios seriam imensos para a arte, a história e a economia do país.
Artistas nacionais dos mais variados estilos eram descobertos e divulgados, numa troca cultural e econômica.
A Lei Rouanet tinha objetivos semelhantes.
O valor que empresários investissem na cultura seria deduzido do imposto de renda, resultando em ganhos para o investidor, para o artista e para a cultura.
Esta foi duramente atacada e distorcida por quem não a entendia ou talvez tivesse a intenção de enfraquecer a cultura.
Saiba mais nos links: Lei Rouanet: conheça a lei de incentivo à cultura | Politize! e Lei Rouanet: O que é, Como Funciona e Mitos – FIA.
Tornou-se lugar comum referirem-se a artistas que faziam uso desta lei como vagabundos e “mamateiros” (termo usado para insinuar que aqueles que se beneficiavam da Lei Rouanet eram “privilegiados”).
Alguns artistas passaram a ser humilhados por isso.
A população mal informada comprou a ideia, mas não percebeu o que acontecia nos bastidores.
Enquanto criticavam uma lei, que apesar de imperfeita era legítima, aconteciam as verdadeiras distorções.
A crítica à Lei Rouanet tornou-se uma cortina de fumaça para casos escabrosos como o exemplo a seguir:
Pequenos municípios no interior do Brasil faziam contratos de shows por valores absurdos, com artistas medíocres, divulgados por uma imprensa massiva como o “sucesso” do momento.
Alguns exemplos nos links: Megacachês: Agropop surpreendido de calça curta – Outras Palavras e Sobre o desvio de recursos públicos para cachês milionários em shows de cantores sertanejos – CTB.
“Dêem pão e circo e o povo estará satisfeito…”
Como na canção Panis et Circenses, de Gilberto Gil, “as pessoas estão ocupadas em nascer e morrer”.
As pessoas estão condicionadas a achar que estão recebendo benesses das prefeituras por assistirem a tais “artistas” superfaturados e não questionam o mau uso dos recursos públicos.
Diferente das plantas da canção, “cujas folhas procuram o sol e as raízes procuram no solo seus nutrientes”, não conseguem supor que, às vezes, quando não são vítimas, são participantes de uma fraude!
Os pequenos músicos, talentos que resistem a uma sociedade míope, dão o melhor de si, na esperança de serem descobertos e patrocinados neste sistema já corrompido.
Que a cada canção bem executada esperem, além do pequeno cachê, o reconhecimento de todo artista, tanto em aplausos quanto em incentivos, para viver da arte e para a arte.
Gilson Cruz
Imagem de Leroy Skalstad por Pixabay
As cidades crescem, é verdade.
Mas aquela cidade do interior não estava preparada, para tanto.
Os vizinhos que antes eram parte da família, agora eram pessoas distantes, totalmente desconhecidos.
O barbeiro da esquina era apenas mais um Sr. Edson e o padeiro, já não estava mais entre nós.
Nas ruas, onde as crianças brincavam sem medo, o que se via era a solidão e o que se ouvia de longe eram sons, que se misturavam, que brigavam entre si – a voz melódica de um cantor e sua pequena banda no meio da praça, pedindo a oportunidade de cantar. a oportunidade de trazer mais sentimento às pessoas que passavam, enquanto barracas insensatas, insensíveis, ligavam seus aparelhos sonoros em volumes indelicados, mal educados – matando o encanto das horas.
E o cantor persistia…
Na mesma praça onde costumava haver árvores, bancos, um gramado onde pequenas crianças brincavam aos domingos e à noite se podia ouvir velhos seresteiros, cantando, bebendo, celebrando a noite, a vida, a arte…
Triste, parei por instantes… vi um pouco do passado.
Ouvi a bela voz do músico, mais uma vez, enquanto os sons indesejados competiam por um espaço em meus ouvidos.
Andei lentamente pelas ruas que me levaram à minha casa…
e lamentei.
A cidade cresceu, mas as barracas pararam longe, um pouco atrás no tempo – e a voz do cantor jamais as alcançará.
Veja mais em Lembrando os velhos seresteiros – Jeito de ver
Imagem de Екатерина Александровна por Pixabay
Ela está passando
e quando ela passa
o sol se esconde
as flores se abrem
o vento descansa
E o mundo inteirinho se enche de graça
como na canção
Ela está passando
e quando ela passa
se inventam histórias
se fogem as palavras
e se o vento, balança
o centro do mundo, é apenas uma Praça
como na canção
Ela está passando
e quando ela passa
esqueço da vida
esqueço do dia, das horas
da dança, que lança meus sonhos no ar
Que somem feito fumaça
e que fazem despertar nesse vão
Ah… mas, no andar
No sorrir
No falar
luzir
A graça
na praça
Tudo acontece…
quando ela passa.
Leia mais em: “Poesia Noturna” (Poesia simples) – Jeito de ver.
Imagem de Michal Jarmoluk por Pixabay
“A educação, bem compreendida, não é apenas uma preparação para a vida; ela própria é uma manifestação permanente e harmoniosa da vida. Assim deveria ser com todos os estudos artísticos e, particularmente, com a educação musical, que recorre à maioria das principais faculdades do ser humano“.
(Willems, 1970, p. 10).
A educação musical tem importância na formação do indivíduo.
O ensino de música nas escolas traz efeitos beneficos à formação da personalidade do aluno, como veremos, assim como também o ensino com música.
Vocês já perceberam que logo no início de nossa caminhada pelo universo da educação começamos com atividades lúdicas ?
Atividades que suavizam o processo de descoberta de aprendizagem tais como brincadeiras e canções?
A música contribui para uma boa informação emocional, favorecendo a sensibilidade, a criatividade e o imaginário das crianças.
A aprendizagem com música favorece o desenvolvimento linguístico, a memorização e cria vínculos de amizade entre alunos e professores. – Revista Educação Pública – A importância da utilização da música na escola (cecierj.edu.br)
Infelizmente, a educação com música tem sido abandonado pelo sistema ao passo que as crianças se tornam adolescentes, pois o sistema educacional não se concentra no aperfeiçoamento do indivíduo, como cidadãos capazes de viver e conviver numa sociedade cada vez mais distante, em vez disso, o sistema se concentra em preparar alunos para concursos e vestibulares.
As consequências são uma sociedade cada vez mais solúvel, marcada pelo espírito de competição.
Com a evolução do sistema educacional o professor se transformou em algo além de um ensinador, um transmissor de conhecimento.Ele se transformou num orientador.
A função deste orientador é guiar o aluno, reconhecendo a pluralidade – trabalhando as dificuldades e estimulando as virtudes do aprendiz.
No artigo anterior, observamos que em décadas passadas o foco educacional era preparar o indivíduo para os interesses de uma elite.
Hoje, porém, o foco deve estar na formação de cidadãos, de indivíduos capazes de contribuir para uma melhor sociedade.
A falta de interesse na individualidade dos alunos fazia da escola um ambiente tenso, um lugar totalmente diferente do mundo apresentado às crianças no início da jornada escolar.
As consequências eram o desinteresse, a falta de estímulo e altos números de evasão escolar ao longo do ano letivo.
A educação é o pacto de um País com o futuro de seus cidadãos.
O quão sério o Estado considera este pacto é evidente nos investimentos na qualificação de Professores, com salários compatíveis com a importância de seu ofício e principalmente quando se cria condições favoráveis ao desenvolvimento de um bom trabalho – o que é essencial para resultados mais satisfatórios.
Aos Professores exige-se a criatividade. A capacidade de se adaptar a um mundo em constante movimento.
Paulo Freire, Patrono da Educação brasileira, filósofo, pedagogo e escritor descrevia a música como “uma ferramenta para auxiliar a aprendizagem de outras disciplinas”. Freire (1992).
A música na sociedade e no contexto escolar pode ser transformadora, portanto deve assumir um papel mais definido no ensino escolar. Microsoft Word – Documento em ANNIELLY – ARTIGO (uepb.edu.br)
O uso da música na educação, pode induzir ao autoconhecimeto .
Alunos podem ser estimulados a criar canções nos mais variados estilos narrando fatos históricos, criar paródias, contando versões imaginárias de histórias assim como saber em que contexto histórico de uma composição.
No estudo de um idioma estrangeiro, o uso da música pode trazer aos alunos a familiaridade com pronúncias e expressões idiomáticas, além de um novo estímulo para aprender a aplicação de verbos.
A arte de educar não deve ser encarada como uma competitição entre Professores X Professores ou Alunos X Alunos.
È uma atividade conjunta.
O professor de História pode tornar a Geografia ainda mais interessante por lembrar fatos relacionadas a sítios geográficos, assim como um Professor pode tornar o estudo do idioma inglês ainda mais atrativo por relacionar as diferenças.
Numa cidade da Bahia, um Professor de Inglês foi convidado a contribuir numa Escola de poucos recursos, onde não havia sequer material de apoio.
Era praxe naqueles dias a Prefeitura atrasar o pagamento do salário dos Professores em três meses. A cada três meses, pagava-se um!
Um desrespeito aos profissionais! Mas, isto já é outro assunto!
Percebendo a dificuldade dos alunos em especial em assimilar a pronúncia da maioria das palavras, aquele professor decidiu trabalhar o idioma com músicas, acompanhado por um violão.
A aula consistia em gramática, o texto da canção relacionado a aplicação da gramática e a música para facilitar a memorização da pronúncia das palavras.
A reação dos alunos, adolescentes, era incrível! Participavam com entusiasmo e de certo modo acreditavam que algo novo estava acontecendo. Que o idioma era agora algo inetressante!
A novidade choca e nem sempre é compreendida.
Ao fim do ano letivo numa reunião geral , convocada pela diretora da escola, com todos alunos e professores da época, ele foi colocado no centro e despedido sumariamente com as seguintes palavras: ” O trabalho deste professor não se enquadra ao que se espera nesta escola. Ensinar não é brincadeira! Não precisamos dele!” ( Ah! era eu esse professor – risos!)
Não houve discussão sobre uma melhor maneira de se usar a música.
Em sua preparação para a Profissão ele aprendera que deveria se criar meios para estimular a aprendizagem.
Os métodos pedagógicos incentivam a criatividade, mas o medo de criar, de inovar, era e tem sido a prática mesmo nos dias atuais.
Com o tempo, foi admitido numa escola onde uma direção diferente incentivava o trabalho com a música.
O resultado foi satisfatório. A assimilação de assuntos e socialização entre os alunos eram bem evidentes, mesmo numa escola sem recursos.
O ambiente era de cooperação mútua!
O tempo passou e a experiência mostra que a música hoje, usada em vários cursos, é um excelente auxílio à educação.
Aos professores, nesta sociedade transformada, cabe o diálogo, o acordo e o apoio como classe, cujo objetivo maior é o aprimoramento de uma sociedade presente e futura.
Que os métodos do passado sejam apenas recordações de coisas que não precisam sequer, de uma repetição.
Que não tenham medo de embarcar neste Novo Tempo, cujo perigo maior é estacionar ou regredir !
Leia também Um novo tempo – Parte 2 ( Repensar) – Jeito de ver
A música contribui para uma boa informação emocional, favorecendo a sensibilidade, a criatividade e o imaginário das crianças. A aprendizagem com música favorece o desenvolvimento linguístico, a memorização e cria vínculos de amizade entre alunos e professores. – Revista Educação Pública – A importância da utilização da música na escola (cecierj.edu.br)
O que há no âmago de cada pessoa?
O que há por trás dos olhos,
dos risos
e até mesmo, do jeito de falar?
O que há por trás das palavras,
dos gestos
e do jeito de andar?
O que há por trás do choro,
do grito
e do jeito de calar?
As histórias são silenciosas
as cores reais são invisíveis
Mas, quais tolos explicamos tudo aquilo que não sabemos…
risíveis…
tolos!
Não sabemos os motivos,
dos motivos
Sabemos quase nada a respeito de tudo
e não ficamos mudos
subjetivos…
Contemplamos meras superfícies
Estagnamos em margens
sem curiosidade, coragem de nadar ,
de se aventurar,
de poder errar tantas vezes, até acertar…
Para se certificar
de encontrar o tesouro escondido nas coisas simples
e esse universo explorar.
E enfim, poder crescer.
Leia mais em: Transformar ( Bem simples) – Jeito de ver.