Por que muitos compartilham fake news?

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Porto Alegre sofreu com as enchentes.

Imagem de lukascaraffini2012 por Pixabay

 

Em dezembro de 2016, um indivíduo armado entrou na pizzaria Comet Ping Pong em Washington D.C., motivado por uma teoria da conspiração infundada. Essa teoria falsa acusava a pizzaria de estar envolvida em um esquema de tráfico sexual comandado por políticos. Por sorte, não houve feridos, mas o caso ilustra o perigo que as informações falsas representam, podendo levar a consequências desastrosas.

As notícias falsas visam enganar, influenciar opiniões e comportamentos, desinformar para benefício financeiro e incitar reações emocionais.

Os métodos empregados pelos produtores de notícias falsas são sofisticados, incluindo a utilização de notícias antigas fora de contexto, linguagem chocante e depreciativa para tentar vincular negativamente figuras de autoridade em certos cenários.

Os propagadores de notícias falsas apresentam informações distorcidas ou inverídicas como se fossem exclusivas, e muitos receptores, sem o devido senso crítico, reagem emocionalmente e compartilham impulsivamente, sem questionar a veracidade ou o contexto.

Por exemplo, na campanha presidencial brasileira de 2018, um grupo provocou indignação em segmentos evangélicos ao divulgar falsamente imagens de mamadeiras com bicos em forma de órgão genital masculino, atribuindo-as de maneira caluniosa ao programa de governo do candidato opositor.

Esse debate moral fabricado ganhou destaque e, devido à rápida disseminação das notícias falsas em comparação com a verdade, muitas pessoas ainda acreditam nessa mentira até hoje.

Mesmo diante da tragédia recente no Rio Grande do Sul, continua a circulação de numerosas notícias falsas.

O esforço do Exército Brasileiro no resgate de milhares de vítimas tem sido injustamente questionado. Um dos tópicos mais discutidos na antiga plataforma Twitter (agora conhecida como “X”) é a falsa associação do Exército Brasileiro com o comunismo, uma alegação que carece de explicação fundamentada.

É perceptível a origem de tais notícias falsas, uma vez que até na Câmara dos Deputados do Brasil, certos deputados têm utilizado a tribuna para disseminar informações inverídicas.

Outros continuam a espalhar erroneamente que o governo brasileiro não aceitou ajuda do Governo Uruguaio.

Campos em que as fake news têm se espalhado:

Na propagação de preconceitos sobre grupos e etnias, estimulando preconceitos, hostilidade e até mesmo violência contra minorias.

Desinformação médica: Fake news relacionadas à saúde podem ter consequências fatais. Durante a pandemia, informações falsas sobre tratamentos ineficazes ou curas milagrosas levaram a mortes evitáveis. Mais de 700 mil pessoas morreram durante a pandemia da COVID-19 no Brasil.

Incitação à violência: Algumas fake news incitam a violência direta. Por exemplo, notícias falsas que acusam pessoas inocentes de crimes graves já levaram a linchamentos ou ataques.

O sistema político tem feito uso de tais artifícios, e qualquer tentativa de criminalizar as fake news será combatida por aqueles que fazem uso delas e são maioria no Congresso.

Enquanto existe a certeza de que a maioria dos políticos jamais fará empenhos neste sentido, é necessário que o cidadão comum desenvolva alguns hábitos:

  • Prestar atenção.  Muitos que compartilham fake news nas redes sociais não prestam atenção o suficiente para verificar a precisão do conteúdo.
  • Desenvolver raciocínio crítico e analítico. Transmitir uma notícia que recebeu em aplicativos como o WhatsApp sem verificar é, no mínimo, irresponsável. Muitos, porém, estão tão cegos dentro de seus temores e ideologias políticas que são incapazes de analisar a história ou eventos recentes e, criminosamente, divulgam fake news cientes de que estão enganando amigos e familiares.

Países de cultura e liberdade do pensamento tendem a ser melhores em discernir notícias falsas das verdadeiras.

Resumo: A disseminação de Fake News leva à perda de confiança entre os cidadãos, impacta nos direitos humanos, pois uma sociedade mal informada perde direitos, afeta o direito a eleições livres e justas, o direito à saúde e o direito à não discriminação.

Um país onde políticos utilizam notícias falsas e os cidadãos concordam com tal prática está fadado ao insucesso e à decadência moral.

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