A campanha eleitoral naquela pequena cidade do interior nordestino já havia alcançado o mais baixo nível de toda a história…
Cadeiradas eram afagos, perto do que se via por lá, mas também não era tão violenta quanto aquele caso do senador assassino que matou alguém lá em 4 de Dezembro de 1963…
Mas esqueceram a gentileza!
Palavrões, cadeiras voando, e um tal de “ladrão” pra cá e “ladrão” pra lá… mas ninguém cogitava a ideia de processar o candidato A, B ou C. Vai que tinha algo escondido!
Então, o coordenador da campanha de Jorge Clemente resolveu inovar: — “Nada é tão puro quanto uma criança!”
Bem, crianças não votam…
Usar crianças em campanhas políticas é meio estranho. Candidatos com cara de nojo abraçando crianças que dariam tudo para não estar naquele lugar…
Usar crianças é um artifício complicado, pois muitos casos de corrupção envolvem dinheiro que seria destinado à educação e à cultura – o futuro das mesmas.
Mas, como não estou aqui para explicar política e sim para contar o caso, deixe-me continuar:
Jorge Clemente teve a brilhante ideia para apaziguar os ânimos: — “Vou inovar… No carro de som, vou colocar algumas crianças para acenar ao povo, enquanto o locutor fala mansamente o nome Clemente…”
E assim se deu.
Quatro meninos foram escolhidos para desfilar no carro e acenar ao povo pelas ruas da cidade.
E qual não foi a surpresa da população ao ver que, enquanto a caravana passava, as inocentes crianças erguiam os pequenos dedos médios, em riste, para os adversários políticos.
Ao chegar em casa após uma manhã cansativa de trabalho em setembro de 2001, liguei a televisão e me deparei com imagens que mais pareciam saídas de um filme de Hollywood..
Dois aviões haviam colidido com o World Trade Center, símbolos do poder econômico dos Estados Unidos e sua influência no comércio global e na economia.
Os jornais repetiam a notícia incansavelmente. Confesso que fiquei perplexo, pois não compreendia nada do que estava acontecendo naquele momento.
Vinte e três anos mais tarde, temos a oportunidade de analisar com serenidade os eventos daquele dia e tentar compreender o absurdo.
É possível revisitar ambas as perspectivas da história.
Vamos analisar a história e os efeitos colaterais desses ataques? É hora de História.
A Fundação do World Trade Center
O World Trade Center foi projetado na década de 1960 como um emblema de prosperidade e globalização.
Composto por sete edifícios, incluindo as icônicas Torres Gêmeas, o complexo foi uma colaboração entre a Autoridade Portuária de Nova York e Nova Jersey e a firma de arquitetura de Minoru Yamasaki.
O principal objetivo do World Trade Center era centralizar o mundo dos negócios e do comércio na cidade de Nova York, servindo como um hub internacional de finanças e oferecendo infraestrutura de ponta.
Além disso, o WTC se transformou em um símbolo de poder econômico e orgulho nacional, atraindo milhões de turistas a cada ano.
A Tragédia de 11 de Setembro
No dia 11 de setembro de 2001, o World Trade Center foi alvo de ataques terroristas que culminaram na queda das Torres Gêmeas e na morte de quase 3.000 pessoas.
Quais seriam os motivos dos ataques?
As coisas não costumam acontecer por acaso, elencamos abaixo algumas das alegações para o que resultou na tragédia.] do 11 de Setembro de 2001.
Entre os motivos alegados para o ataque, destacamos:
Oposição à Política Externa dos EUA: Os terroristas, ligados à Al-Qaeda, criticavam a presença militar americana no Oriente Médio, particularmente em nações muçulmanas como Arábia Saudita e Iraque.
Conflito com Israel: Extremistas que influenciaram os ataques consideravam o suporte dos EUA a Israel um insulto às causas palestinas.
Resistência à Globalização: O World Trade Center representava a globalização e o capitalismo do Ocidente, percebidos pelos agressores como uma ameaça aos seus princípios e modo de vida.
Intenção de Gerar Medo e Instabilidade: A Al-Qaeda pretendia semear terror e desordem, desafiando o poderio militar e econômico dos EUA e buscando ampliar o apoio à sua ideologia radical.
Esse evento não apenas se tornou um dos mais trágicos na história dos Estados Unidos, mas também provocou impactos mundiais, afetando políticas de segurança e as relações internacionais.
O Legado do World Trade Center
Em resposta aos ataques, os Estados Unidos iniciaram o que chamaram de “Guerra ao Terror”, com o objetivo de combater grupos terroristas e os estados que os apoiam.
Isso envolveu operações militares para desmantelar a Al-Qaeda e capturar seu líder, Osama bin Laden.
A invasão do Afeganistão em outubro de 2001 pelos EUA visava derrubar o regime Talibã, que abrigava a Al-Qaeda, e capturar seus líderes.
Além disso, os EUA promoveram uma campanha global de informação e diplomacia para formar coalizões internacionais contra o terrorismo e fortalecer a segurança mundial.
Consequências da Invasão
O prolongamento do conflito resultou em uma guerra de mais de duas décadas, trazendo enormes perdas humanas e financeiras para os EUA, seus aliados e a população civil afegã.
– A instabilidade regional exacerbou conflitos internos e fortaleceu a insurgência talibã, culminando na sua retomada do poder no Afeganistão.
– Uma crise humanitária severa se manifestou, com milhões de deslocados e refugiados, além da destruição significativa de infraestrutura e serviços básicos.
– O impacto nas políticas e segurança global foi notável, com o redirecionamento de recursos e atenção para outras questões críticas.
– Houve críticas às estratégias militares e à abordagem de reconstrução nacional, bem como preocupações com violações dos direitos humanos e práticas de detenção.
E, como uma consequência adicional, emergiu o Estado Islâmico… mas isso é tema para outra discussão.
Um novo One World Trade Center
Atualmente, o local onde ficava o World Trade Center é conhecido como Ground Zero.
Esse espaço foi convertido em um memorial e museu em tributo às vítimas dos atentados.
Adicionalmente, o novo One World Trade Center ergue-se como um símbolo de resiliência e renascimento, mantendo vivo o legado do complexo original.
O WTC segue sendo um emblemático símbolo de superação e da força do espírito humano.
Entendendo a história:
As grandes potências frequentemente se envolvem em assuntos internacionais quando há interesses econômicos significativos.
Embora o petróleo ( talvez) não tenha sido o único fator nas decisões dos Estados Unidos, a localização estratégica do Afeganistão era crucial para o transporte e acesso aos recursos energéticos do Oriente Médio.
A estabilidade da Ásia Central e do Oriente Médio, áreas que abrigam importantes oleodutos e vias comerciais, era essencial para os interesses dos EUA e seus aliados.
Independência do Brasil – Uma História Mal Contada
Nos bons tempos de escola, lembro da professora com olhos marejados, apontando o quadro de Pedro Américo, de 1888, narrando com emoção os eventos que levaram até as margens do Rio Ipiranga onde o Grande Dom Pedro I, deu o famoso grito: ” AAAiiiiiiii…”
Bem, não foi bem isso que ela ensinou, ela não poderia.
“Independência ou morte!” – foram as palavras do Imperador.
O segundo grito foi tão verdadeiro quanto o primeiro!
O fato é que as pessoas frequentemente embelezam a história para criar uma identidade própria.
No entanto, a verdadeira história desmistifica certos heróis e auxilia na compreensão mais profunda da estrutura atual da sociedade brasileira.
A Construção dos Heróis na História da Independência
A história da independência do Brasil é comumente contada de forma romantizada, especialmente na maneira como heróis são retratados.
Dom Pedro I é um exemplo clássico, frequentemente idealizado em sua imagem e papel nos eventos de 1822.
A imagem de Dom Pedro como herói nacional, proclamador da independência, ignora muitos aspectos e a complexidade política e social daquele tempo.
Essa visão romântica começou a tomar forma no século XIX, quando historiadores e o governo buscavam forjar uma identidade nacional coesa.
Esses heróis foram criados para influenciar a opinião pública e incentivar o sentimento patriótico numa nação nova e diversa.
Os movimentos políticos e as revoltas
Os aspectos mais obscuros, como conflitos internos e influências externas que afetaram a independência, frequentemente foram deixados de lado ou diminuídos para não ofuscar o relato heroico.
É fundamental reconhecer que Dom Pedro I não atuou sozinho nem sem interesses próprios.
Suas motivações tinham raízes políticas e sociais profundas, tanto no âmbito brasileiro quanto no internacional.
Ao idealizar a história, historiadores daquela época forjaram uma narrativa que enfatiza feitos heroicos individuais em vez de uma visão mais completa dos elementos que conduziram à independência.
Até hoje, essa perspectiva romantizada prevalece, o que impede um entendimento mais integral e crítico dos acontecimentos que culminaram na independência do Brasil.
Compreender as reais motivações e o contexto é vital para uma avaliação mais detalhada e verídica da história do país.
As Negociações Ocultas por Trás da Independência
A independência do Brasil é comumente vista como um evento revolucionário, mas na realidade, foi um processo complexo de negociações políticas e econômicas.
Esse cenário diplomático contou com personagens chave como Dom João VI e a nobreza portuguesa, que tiveram papéis essenciais na transição do Brasil de uma colônia para uma nação independente.
Com a transferência da corte portuguesa para o Brasil em 1808, Dom João VI desencadeou uma série de transformações que prepararam o país para a independência.
Ao elevar o Brasil ao status de Reino Unido a Portugal e Algarves em 1815 e abrir os portos brasileiros ao comércio internacional, ele promoveu relações comerciais vitais para a autossuficiência econômica da colônia.
No cenário internacional, a situação era igualmente complexa, com as Guerras Napoleônicas e a instabilidade na Europa exercendo grande pressão sobre Portugal.
Como um aliado menor no cenário geopolítico controlado pelas grandes potências europeias, Portugal teve que negociar com cautela para manter sua influência no Novo Mundo.
As concessões feitas por Dom João VI visavam proteger interesses portugueses e brasileiros, amenizando o impacto da separação que se aproximava.
Relações ocultas Brasil/Portugal
Um dos aspectos mais significativos das negociações ocultas foi a relação financeira entre o Brasil e Portugal.
Tratados como o “Tratado de Amizade, Navegação e Comércio” assinado em 1810 formalizaram acordos que beneficiavam ambos os países, estabelecendo regras comerciais que perdurariam além da independência.
Ademais, a indenização financeira paga pelo Brasil a Portugal em 1825, como parte do reconhecimento formal da independência, reflete o caráter negocial e compensatório da ruptura.
Portanto, a independência do Brasil não pode ser compreendida plenamente sem considerar os acordos políticos e econômicos que antecederam o proclamado Grito do Ipiranga.
Esses arranjos, muitas vezes omitidos nos relatos tradicionais, moldaram a transição de uma colônia governada a uma nação soberana, iluminando uma dimensão frequentemente esquecida da história brasileira.
A Supressão de Revoltas e Movimentos Populares
A narrativa da independência do Brasil não está completa sem considerar as revoltas populares que ocorreram antes e depois de 1822.
Levantes como a Revolução Pernambucana de 1817 simbolizam a insatisfação com o regime colonial e a demanda por reformas substanciais.
A Revolução Pernambucana, um movimento separatista, reivindicou maior autonomia, liberdade comercial e o fim das arbitrariedades do poder central.
Apesar de sua rápida supressão, deixou um legado de resistência e luta por direitos.
Outras revoltas, temidas pelo poder dominante por ameaçarem a unidade e o controle sobre a colônia, também foram reprimidas.
Antes da independência, movimentos como a Inconfidência Mineira em 1789 e a Conjuração Baiana em 1798 enfrentaram repressão severa.
A luta persistiu mesmo após 1822, com a Cabanagem (1835-1840) e a Farroupilha (1835-1845), que desafiaram o poder estabelecido em busca de autonomia regional e reformas sociais e econômicas.
Esses movimentos refletem a contínua insatisfação popular e a complexidade da formação do estado brasileiro.
Assim, para compreender plenamente a independência do Brasil, é essencial reconhecer e estudar essas revoltas, valorizando a memória das lutas e daqueles que desafiaram a ordem vigente.
Entendendo os bastidores
Frequentemente, a versão oficial simplifica ou omite complexidades cruciais que influenciaram o curso dos eventos.
O livro “O Reino que Não Fazia Parte Deste Mundo” traz uma análise aprofundada dos fatores políticos, sociais e econômicos que levaram à separação de Portugal, evidenciando como narrativas oficiais podem ser construídas por interesses particulares.
A obra critica a idealização de Dom Pedro I, argumentando que a imagem do príncipe regente proclamando a independência às margens do Ipiranga, com um brado retumbante, não reflete as complexas negociações e tensões políticas que ocorreram antes desse ato.
A ênfase em um único herói desconsidera a rede de influências, incluindo a pressão das elites econômicas e intelectuais, que realmente delinearam a decisão de se desvincular de Portugal.
Independência
Além disso, os padrões de exploração e a desigualdade social, heranças do período colonial, não se resolveram automaticamente com a independência.
Ao contrário, muitos problemas persistiram, como a escravidão, que continuou legal e vital para a economia no século XIX.
A historiografia tradicional frequentemente atenua essa continuidade, sugerindo uma transição mais progressista e liberal do que realmente ocorreu.
É essencial reconhecer essas sutilezas para entender completamente os eventos históricos.
Portanto, reavaliar os fatos históricos é uma necessidade educacional.
Incluir perspectivas variadas, especialmente as que são frequentemente ignoradas, como as dos escravizados, indígenas e mulheres, amplia a compreensão do processo de independência.
Entender os eventos não tira a importância dos personagens históricos, mas destaca aspectos da cultura nacional, como o clientelismo, o protecionismo e as desigualdades sociais — elementos que Pedro Américo não representaria em uma pintura.
Poucos, muito poucos, ouviram o grito da Independência.
É cedo e alguém no fim da rua lembrou que ainda havia um daqueles foguetes da festa da democracia da noite passada.
Bem, meus tímpanos perfurados não ficaram felizes com os picos de 118 decibéis das cornetas dos carros — sim, falei carros — que passaram em frente à minha casa, assim como também minha pobre cachorrinha quase infartou.
Pois é, os cães não suportam sons altos.
Imagine então os pobres cachorrinhos de rua; não tente imaginar, deve ser difícil. São apenas cachorros.
Enquanto isso, uma fala indecifrável e rouca repete comandos que mais irritam do que encorajam!
É estranho como mostrar força numa campanha se relaciona mais com a intimidação (que nos remete aos belos tempos de bullying escolar…) do que com planos de governo. Não amadurecemos muito nesse aspecto!
E de repente, sem querer nem forçar a barra, me sinto de volta aos tempos em que não havia microfones e alto-falantes modernos e os candidatos se esgoelavam de modo a serem alcançados por todos os ouvintes…
E apesar da modernidade, vejo candidatos gritando desesperadamente nos microfones, e antes que você se diga: “Gritar é necessário para estimular os eleitores…” — já imaginou este tipo de estímulo dentro de casa?
Bem, para ser eloquente e entusiástico não é preciso se esgoelar; um pouco de modulação no tom do discurso teria um efeito mais positivo.
Mas, enquanto escrevo, um amigo diz: “Isso é política!”
Não posso concordar. A arte da negociação e dos debates de propostas, sem as baixarias atuais no mundo inteiro, a definiria melhor.
E enquanto tento argumentar, uma bomba explode próximo ao meu ouvido, já doente, enquanto os cachorrinhos acuados se encostam, tremendo, nas paredes como se tentassem atravessá-las.
Minha amiguinha de quatro patas se encolhe na poltrona.