A verdade por trás das Privatizações

A verdade por trás das Privatizações


Em tempos de discussões acaloradas sobre o papel do Estado e o avanço das privatizações, torna-se essencial compreender as nuances desse processo e seus reais impactos sobre a sociedade. Este texto apresenta uma análise comparativa entre diferentes países, abordando dados, exemplos e reflexões sobre como a privatização nem sempre significa mais eficiência ou melhor atendimento ao público.

As Privatizações e a Ampliação do Capitalismo na Atualidade

É difícil fornecer números precisos e atualizados para o número de empresas públicas e privadas em cada país, pois estes números podem variar dependendo da fonte e da definição de empresa pública ou privada.

No entanto, é possível oferecer uma visão geral com os dados mais relevantes.

Inglaterra

Empresas Privadas:

A Inglaterra possui uma economia de mercado liberal, caracterizada por um vasto número de empresas privadas.

Empresas Públicas:

Apesar da predominância privada, o Reino Unido mantém importantes empresas públicas, como o National Health Service (NHS), além de empresas de transporte público e outras organizações de serviços essenciais.

Espanha    Barcelona

Empresas Privadas:

A Espanha conta com um setor empresarial privado diversificado e fundamental para a sua economia.

Empresas Públicas:

O país mantém algumas empresas públicas de relevância, como a empresa de telecomunicações estatal Telefónica, além de outras entidades ligadas a setores estratégicos.

Itália

Empresas Privadas:

A Itália abriga um grande número de empresas privadas, incluindo marcas globais renomadas como Ferrari e FIAT.

Empresas Públicas:

O Estado italiano também participa de setores importantes, com empresas como a companhia de energia ENEL, além de outras ligadas a infraestrutura e serviços públicos.

França

Empresas Privadas:

O setor privado francês é vibrante e diversificado, com forte presença em setores como luxo, tecnologia e indústria.

Empresas Públicas:

Ainda assim, a França mantém estatais estratégicas, como a empresa de energia EDF, além de outras importantes para a segurança e o bem-estar nacional.

Japão

Empresas Privadas:

O Japão é reconhecido mundialmente por sua economia altamente competitiva, repleta de empresas privadas que lideram setores como tecnologia, automóveis e eletrônicos.

Empresas Públicas:

Entretanto, o país mantém empresas públicas significativas, sobretudo em áreas como transporte público e energia, assegurando serviços essenciais para a população.

Estados Unidos

Empresas Privadas:


Os EUA concentram um número colossal de empresas privadas, incluindo grandes corporações multinacionais e milhões de pequenas e médias empresas. Estima-se que existam cerca de 33 milhões de empresas no país.

Empresas Públicas:

Apesar de sua imagem de economia liberal, os Estados Unidos possuem aproximadamente 7.000 estatais em níveis federal, estadual e municipal, responsáveis pela oferta de serviços públicos variados.


O Protecionismo dos Países Desenvolvidos

Os países mais desenvolvidos preservam como estatais empresas de importância estratégica.

Mesmo economias marcadas pelo capitalismo e pela livre iniciativa mantêm sob controle público setores essenciais como energia, transporte, saúde e segurança, reconhecendo que tais áreas são fundamentais para a soberania nacional e o bem-estar coletivo.

No Brasil, por exemplo, apesar das pressões privatizantes, existem empresas públicas como a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).

A ECT, que por muitos anos gerou lucro ao governo federal, cumpre sobretudo uma função social e estratégica: conectar pessoas em todo o território nacional, assegurando o transporte de encomendas, correspondências, urnas eletrônicas e prestando auxílio emergencial em casos de tragédias, como ocorreu recentemente no Rio Grande do Sul.

Esse exemplo ilustra como a presença estatal em determinados setores é fundamental, não apenas para garantir eficiência, mas para assegurar direitos sociais, apoio em emergências e a coesão nacional.

Por outro lado, muitos países em desenvolvimento optam por uma estratégia oposta, abrindo suas economias a investimentos estrangeiros e privatizando empresas estatais.

Embora essa abertura seja vista como uma forma de atrair capital e tecnologia, também pode gerar vulnerabilidades, principalmente frente à competição global.

Um exemplo marcante dessas diferenças políticas está na proteção agrícola: a União Europeia e os Estados Unidos impõem barreiras rigorosas para proteger seus produtores, enquanto países como o Brasil têm reduzido restrições comerciais em busca de novos mercados.

Estatísticas recentes mostram que tarifas aplicadas por economias desenvolvidas em produtos agrícolas permanecem significativamente mais altas do que as praticadas por países em desenvolvimento.

Essas políticas refletem uma complexa dinâmica entre proteção e abertura, com impactos não apenas econômicos, mas também sociais e ambientais.


Privatizações: Eficácia ou Lucro?

Um dos argumentos mais frequentemente promovidos na imprensa para defender a privatização é a premissa de que a transferência de serviços públicos para mãos privadas resulta em maior eficiência e qualidade.

Contudo, tal narrativa frequentemente encobre os verdadeiros interesses financeiros envolvidos.

Privatizações em setores como saúde, educação e saneamento básico revelam que, na prática, a busca pelo lucro frequentemente se sobrepõe ao bem-estar social.

Exemplos claros podem ser observados na privatização de empresas de energia, onde a prometida eficiência se confronta com tarifas mais elevadas e redução no acesso.

São Paulo no Brasil sofreu vários apagões elétricos embora o sistema esteja privatizado há alguns anos. Uma possível causa dos apagões e atraso na solução foi a redução do número de trabalhadores de manutenção.

Outro caso emblemático é a privatização de serviços de água e esgoto: em diversos países, essa medida gerou deterioração no atendimento, cortes de custos que comprometeram a segurança sanitária e ampliaram problemas sociais e de saúde pública.

Diante disso, é essencial questionar o discurso que associa privatização à eficácia.

Muitas vezes, o impacto sobre as comunidades é negativo, revelando uma discrepância entre interesses financeiros e necessidades sociais.


Privatização e Subornos: Uma Relação Perigosa

Embora as privatizações devessem ser pautadas pela transparência e pelo interesse público, frequentemente tornam-se palco para práticas corruptas, incluindo o suborno.

A relação entre interesses privados e contratos públicos pode obscurecer processos legítimos, transformando a privatização em vetor de corrupção.

Na América Latina, por exemplo, várias privatizações de serviços públicos foram celebradas sob promessas de eficiência, mas acabaram beneficiando financeiramente apenas um seleto grupo, graças a esquemas de subornos e favorecimentos.

Essa conivência entre empresas e autoridades compromete a integridade das instituições democráticas e gera um ciclo vicioso onde a corrupção se perpetua, tornando a sociedade mais desconfiada das reformas.

É, portanto, imperativo estabelecer regulamentações rigorosas e mecanismos de accountability, para que a privatização não se converta em um instrumento de corrupção, mas em uma ferramenta legítima de desenvolvimento social e econômico.


Reflexões Finais sobre o Futuro das Privatizações

O futuro das privatizações segue como um tema de intensos debates.

Nota-se uma crescente polarização entre os defensores dos modelos privatizantes e aqueles que alertam para seus impactos sociais.

Embora se reconheça que a privatização possa proporcionar eficiência e inovação, ela também pode agravar desigualdades e limitar o acesso a serviços essenciais, especialmente em sociedades já fragilizadas.

Nesse contexto, o papel da sociedade civil é crucial: comunidades precisam estar vigilantes e ativamente engajadas nos processos de privatização, buscando garantir que os interesses coletivos sejam protegidos.

Assim, vislumbra-se um futuro onde as privatizações não sejam apenas instrumentos de capital, mas caminhos que conciliem eficiência econômica com justiça e inclusão social.

O desafio é construir um paradigma que reconheça a necessidade do lucro, mas que, acima de tudo, valorize e proteja o bem comum.

O que a experiência mostra neste respeito? Que na maioria das vezes as privatizações são efetuadas sem consulta pública e que empresas são sucateadas e vendidas por valores abaixo do mercado.

Privatização X Serviço Público

A privatização nem sempre significa melhoria nos serviços ou no atendimento ao público, pois os interesses das empresas privadas geralmente estão voltados ao lucro, e não à garantia de acesso universal e de qualidade.

Muitas vezes, após a privatização, há aumento das tarifas, redução de investimentos em áreas menos lucrativas e precarização das condições de trabalho, afetando diretamente a população mais vulnerável.

Setores essenciais como energia, saneamento e transporte, quando privatizados sem uma regulação eficiente, acabam transformando antigos monopólios públicos em monopólios privados, prejudicando a concorrência e ampliando desigualdades regionais.

A experiência internacional e brasileira demonstra que a eficiência prometida com a privatização depende de vários fatores, como a presença de uma agência reguladora forte, a existência de concorrência real e o compromisso social da empresa.

– O que na maioria das vezes não acontecem em países em desenvolvimento!

Casos como o das ferrovias britânicas, a telefonia no Brasil e o saneamento em algumas cidades revelam que a busca por lucro pode comprometer a qualidade e a acessibilidade dos serviços. Estudos indicam que não há evidência conclusiva de que a privatização, por si só, melhore a eficiência ou beneficie a população.

Assim, a decisão de privatizar deve ser sempre acompanhada de um debate público qualificado, com avaliação dos riscos e garantias de proteção aos direitos coletivos.

Leia também:  Os Riscos da Privatização da Educação ‣ Jeito de ver

Revisão ortográfica e gramatical por IA.

Reforma Trabalhista e Previdenciária

Imagem de Carlos CJ por Pixabay

Os Efeitos Negativos das Reformas Trabalhistas e da Previdência no Brasil: Uma Análise Crítica

Entendendo as Reformas  – Promessas

As reformas trabalhistas e da previdência no Brasil, implementadas a partir de 2017, tornaram-se temas recorrentes no debate político e econômico nacional.

Justificadas pelos governos como medidas para modernizar as relações de trabalho, gerar empregos e assegurar a sustentabilidade fiscal, essas reformas promoveram alterações profundas na legislação, com consequências que ainda reverberam na vida dos trabalhadores e na estrutura do mercado de trabalho.

Embora tenham sido amplamente divulgadas como necessárias ao desenvolvimento do país, seus impactos negativos permanecem pouco discutidos na grande imprensa.

A reforma trabalhista, sancionada pela Lei 13.467/2017, alterou de forma significativa a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), introduzindo novas modalidades de contrato, como o trabalho intermitente, flexibilizando a jornada de trabalho, ampliando a terceirização para atividades-fim e promovendo o princípio da prevalência do negociado sobre o legislado.

A realidade – Precarização e favorecimento a empregadores

Essas mudanças foram apresentadas como soluções para tornar o ambiente de negócios mais dinâmico e menos engessado por regras antigas. No entanto, ao flexibilizar direitos, a reforma abriu espaço para a precarização do trabalho.

A introdução do trabalho intermitente, por exemplo, permitiu que empresas contratassem funcionários apenas quando necessário, sem garantia de jornada fixa ou estabilidade financeira.

Ao mesmo tempo, a ampliação da terceirização, antes restrita a atividades-meio, passou a abranger todas as áreas da empresa, o que, na prática, tem resultado em salários menores e em menor acesso a benefícios trabalhistas.

A flexibilização também favoreceu os empregadores na hora de demitir.

A rescisão contratual foi simplificada, resultando em um aumento das demissões sem justa causa. Relatos de trabalhadores da indústria e do setor de serviços apontam a perda de garantias mínimas e o crescimento da insegurança profissional.

As consequências

Dados do IBGE revelam que a informalidade no mercado de trabalho passou de aproximadamente 38% em 2015 para cerca de 41% em 2022, indicando que a promessa de geração de empregos formais não se concretizou — ao contrário, muitos trabalhadores foram empurrados para formas de ocupação desprovidas de proteção legal.

Outro ponto de destaque é o enfraquecimento das entidades sindicais.

A reforma tornou a contribuição sindical opcional, comprometendo o financiamento das instituições responsáveis por defender os direitos da categoria trabalhadora.

A consequência direta foi a perda de poder de negociação coletiva, justamente em um momento em que os empregadores passaram a dispor de maior liberdade para impor condições menos favoráveis nos contratos de trabalho.

A reforma da previdência – A promessa

Paralelamente, a reforma da previdência, aprovada em 2019 por meio da Emenda Constitucional nº 103, também foi promovida sob o argumento de que era preciso garantir a sustentabilidade do sistema frente ao envelhecimento populacional e ao crescente déficit fiscal.

As mudanças incluíram o estabelecimento de uma idade mínima para aposentadoria (65 anos para homens e 62 para mulheres), o aumento do tempo mínimo de contribuição e alterações no cálculo do benefício.

No entanto, seus efeitos práticos apontam para um cenário de exclusão social e agravamento das desigualdades.

A realidade

Trabalhadores mais jovens enfrentam hoje dificuldades adicionais para se inserir no mercado formal.

Com pessoas mais velhas permanecendo ativas por mais tempo, a rotatividade diminuiu, reduzindo as oportunidades para os novos ingressantes.

O resultado é a expansão da informalidade entre os jovens, que buscam alternativas no trabalho precário, sem registro ou proteção previdenciária.

Além disso, o tempo mais longo exigido para a contribuição integral desestimula a regularidade no recolhimento das contribuições, fragilizando ainda mais o financiamento do sistema.

A situação é especialmente crítica no campo.

A reforma previdenciária desconsiderou as especificidades da previdência rural, impondo requisitos que muitos trabalhadores do campo não conseguem cumprir, seja pela informalidade da ocupação, seja pelas dificuldades estruturais de acesso ao INSS.

Isso pode estimular o êxodo rural e reduzir ainda mais a base contributiva do sistema.

Efeitos colaterais

Do ponto de vista fiscal, embora a reforma tenha sido apresentada como ferramenta para equilibrar as contas públicas, seu efeito colateral foi a redução da arrecadação previdenciária, consequência direta da informalidade crescente.

Com menos pessoas contribuindo e mais idosos dependendo dos benefícios, a tendência é de agravamento do déficit no longo prazo — o que, ironicamente, poderá servir de justificativa para novas reformas ainda mais severas.

Enquanto isso, a mídia, que deveria exercer o papel de fiscal crítico das políticas públicas, tem, em muitos casos, adotado uma postura conivente com as reformas.

A imprensa parcial

A maior parte da imprensa atuou como influencers a favor do governo da época.

A cobertura jornalística dos principais veículos de comunicação priorizou as vozes dos empresários e representantes do governo, apresentando as reformas como inevitáveis e positivas para o crescimento econômico.

Ao minimizar ou silenciar os impactos negativos sobre os trabalhadores, a imprensa contribuiu para uma narrativa hegemônica que legitima a flexibilização de direitos e o enfraquecimento das garantias sociais.

Reportagens que destacam os problemas enfrentados por trabalhadores afetados pelas novas regras são pouco visíveis nos grandes meios.

A ausência de um debate mais plural, que envolva especialistas independentes, representantes sindicais e os próprios trabalhadores, cria uma percepção distorcida da realidade.

Essa omissão compromete o direito à informação e, por consequência, a qualidade da democracia.

Retrocessos e desvalorização do trabalhador

Embora as reformas tenham sido apresentadas como medidas de modernização, seus efeitos revelam um quadro de retrocessos.

Trabalhadores perderam direitos, viram sua estabilidade diminuir, e muitos passaram a atuar à margem da legalidade, sem acesso a benefícios essenciais.

Jovens enfrentam um futuro incerto, enquanto o sistema previdenciário continua ameaçado pela baixa arrecadação.

Os benefícios obtidos pelas empresas — como a redução de custos trabalhistas, o aumento do poder de negociação e a diminuição de processos judiciais — contrastam com a crescente vulnerabilidade dos trabalhadores.

A análise crítica das reformas trabalhista e previdenciária mostra que, ao invés de promover o equilíbrio entre crescimento econômico e justiça social, essas medidas aprofundaram a desigualdade e fragilizaram a proteção do trabalho no Brasil.

Ao lado disso, a atuação da mídia como aliada do discurso oficial reforça a necessidade de um jornalismo mais responsável, plural e comprometido com os direitos humanos e sociais.

Em um país marcado por desigualdades históricas, reformas que desconsideram o impacto social não podem ser tratadas com superficialidade ou silêncio.

Leia também: A Origem do Dia do Trabalho ‣ Jeito de ver

Material adicional:

Reforma trabalhista: maior parte da mídia não aborda o impacto negativo das mudanças – Repórter Brasil

Mídia ignora críticas à Reforma da Previdência – Repórter Brasil

Temer mandou, a imprensa obedeceu: cobertura não fala ou foca na greve – CartaCapital

A Origem do Dia do Trabalho

O valor de um trabalhador

Introdução: Por que ainda precisamos falar sobre o Dia do Trabalho?

Uma reflexão sobre o passado, o presente e os perigos do esquecimento.

O 1º de maio não é apenas uma data no calendário — é um símbolo de resistência, conquista e também de alerta.
Neste texto, você vai reencontrar histórias que parecem distantes, mas que seguem mais atuais do que nunca: jornadas exaustivas, exploração disfarçada de progresso, direitos suprimidos em nome de uma suposta ordem.

Vamos lembrar de onde viemos para entender onde estamos — e, principalmente, para questionar para onde estamos indo.
Porque esquecer a luta dos trabalhadores é abrir espaço para que os retrocessos se repitam.


A Origem do Dia do Trabalho
Reflexão sobre os Direitos dos Trabalhadores


O que é o Dia do Trabalho?

Celebrado em diversos países no dia 1º de maio, o Dia do Trabalho é uma data simbólica que destaca a importância da luta dos trabalhadores.

Essa comemoração remonta ao final do século XIX, quando movimentos trabalhistas começaram a se mobilizar por melhores condições de trabalho e por direitos fundamentais.

Você sabia que, no passado, crianças eram tratadas como adultos em miniatura e chegavam a trabalhar entre dez e doze horas por dia?
Parece absurdo? Pois é — na época, o que hoje nos causa indignação era visto como uma maneira de aproveitar mão de obra barata.

Essas crianças eram exploradas ainda mais que os adultos, privadas do direito à aprendizagem e do desenvolvimento pessoal.
A infância era um privilégio restrito aos filhos dos patrões.


Uma História de Lutas e Conquistas

A origem do Dia do Trabalho é marcada por eventos como a greve de Haymarket, em Chicago, onde trabalhadores protestaram exigindo a jornada de oito horas.

A Revolta de Haymarket foi um conflito que eclodiu após a explosão de uma bomba em uma manifestação em prol da jornada de oito horas de trabalho, em 4 de maio de 1886, na Haymarket Square, em Chicago, nos Estados Unidos. Fonte:  Wikipedia

Com o tempo, essa luta resultou em conquistas como férias, salários mais justos, licenças trabalhistas e direitos básicos que, hoje, muitos consideram garantidos — mas que sempre correm riscos de retrocesso.

Celebrar essa data é manter viva a memória das vitórias passadas e lembrar da necessidade constante de proteger os direitos dos trabalhadores.


Por que é necessário celebrar o Dia do Trabalho?

Mais do que um simples feriado, o 1º de maio é uma oportunidade de reflexão.

Já repararam como, muitas vezes, reformas econômicas anunciadas pelos governos penalizam o trabalhador e desvalorizam seu esforço?

Certa vez, um Presidente iniciou seu discurso com palavras como:

“A situação crítica demanda ações drásticas. Precisamos cortar na carne para manter a ordem e o controle.”

Mas o corte nunca foi na própria carne. A tal reforma trabalhista desmontou direitos adquiridos, favoreceu patrões, reduziu 94% dos serviços assistenciais e acelerou o processo de entrega de empresas públicas à administração privada.

É claro: a reforma não arranhou nem de leve a pele de políticos e empresários.


O papel da imprensa

A imprensa, financiada por grandes empresários, assumiu o papel de convencer — ou confundir — a população. Manchetes exaltavam os “benefícios” da Nova Reforma, enquanto o trabalhador via, na prática, o desmonte de suas garantias.

Houve até governo que chegou a sugerir que os pobres pudessem vender os próprios órgãos…

Enquanto isso, projetos importantes, como o que propõe o fim da escala 6×1 no Brasil, são deixados de lado por parlamentares mais preocupados com pautas de uma suposta moralidade — muitas vezes alinhados com os interesses de seus financiadores de campanha: os patrões, que também são, com frequência, os exploradores.


Valorizar o trabalhador é valorizar a sociedade

A valorização do trabalhador deve ser uma prioridade em qualquer sociedade.
Em diversos países, a redução de jornadas e escalas resultou em ganhos reais: produtividade, saúde mental e desenvolvimento empresarial. (Abordaremos esse ponto em um post futuro.)

Ao reconhecer a importância do 1º de maio, renovamos o compromisso com a justiça social, com melhores condições de trabalho e com o espírito de solidariedade entre os que constroem, de fato, o mundo com seu esforço: os trabalhadores.

Leia também:

A falta de Educação Política e a corrupção ‣ Jeito de ver

4 de maio de 1886: acontece o Massacre de Haymarket, confronto entre policiais e manifestantes que influenciou a criação do Dia Internacional dos Trabalhadores

Fonte: Wikipedia

Brasil Escola

Os Riscos da Privatização da Educação

O Mercado e a Educação - Quais os riscos?

Imagem de Jhon Dal por Pixabay

O Mercado e a educação – Uma visão crítica

A privatização da educação é um conceito que ganhou considerável atenção nas últimas décadas, particularmente entre governos de orientação liberal.

A proposta central desse modelo consiste em transferir a gestão e operação de instituições educacionais do setor público para o setor privado, com a expectativa de que essa mudança possa resolver problemas persistentes no sistema educacional. Os defensores da privatização argumentam que uma abordagem baseada em princípios de mercado pode levar a uma série de melhorias significativas, como aumento na eficiência, redução de custos e aprimoramento da qualidade do ensino por meio da concorrência.

Um dos principais argumentos a favor da privatização é a crença de que o setor privado pode operar com maior eficiência do que a administração pública.

Empresas privadas, segundo essa visão, teriam menores burocracias e seriam mais ágeis na implementação de inovações pedagógicas e tecnológicas, resultando em um ambiente escolar mais dinâmico e responsivo às necessidades dos alunos.

Além disso, a competição entre instituições privadas pode incentivar um padrão elevado de ensino, onde as escolas se esforçam para fornecer uma educação de qualidade superior para atrair e reter alunos.

Outro aspecto frequentemente destacado pelos proponentes da privatização é a redução de custos.

Eles argumentam que a implementação de modelos de financiamento e gestão no setor privado pode resultar em economias significativas para os governos, que, por sua vez, poderiam redirecionar esses recursos para outras áreas de necessidade pública.

Contudo, essa perspectiva não leva em conta as complexidades que envolvem a educação como bem social e os riscos que a privatização pode representar, como a desigualdade de acesso e a mercantilização do ensino.

A discussão sobre a privatização da educação deve ser contextualizada pelo panorama atual, onde muitas nações enfrentam desafios, como a escassez de recursos e a busca por soluções sustentáveis para suas demandas educacionais.

O Impacto nos Direitos dos Professores

A privatização da educação, ao propor mudanças significativas na estrutura de ensino, tem implicações diretas na condição dos professores como funcionários públicos.

Essa mudança de status pode resultar em várias consequências adversas para os profissionais da educação, que vêm lutando por direitos e garantias ao longo dos anos.

A possibilidade de perda da estabilidade, uma das características mais valorizadas pelos docentes, é uma das preocupações primordiais que vem à tona quando se discute a privatização.

Com a transição para sistemas de ensino privatizados, muitos professores podem enfrentar a transformação de seus vínculos de emprego, passando de cargos públicos para contratos privados.

Essa alteração não apenas diminui a segurança no trabalho, mas também pode levar a uma precarização das condições laborais. Contratos temporários e a instabilidade profissional podem afetar negativamente a motivação dos educadores, comprometendo a qualidade do ensino oferecido aos alunos.

Ademais, a privatização pode resultar no desmantelamento de conquistas trabalhistas conquistadas ao longo dos anos, como direitos de férias, licenças, e planos de aposentadoria justos.

Com a mudança no modelo de financiamento e gestão, as instituições privadas podem não ter a mesma obrigação de respeitar os direitos trabalhistas que as escolas públicas.

Este cenário pode agravar ainda mais a desvalorização da carreira docente, levando a uma fuga de talentos para outras áreas mais estáveis e bem remuneradas.

Por fim, a desregulamentação e a diminuição de direitos dos professores podem criar um ambiente onde a educação se torna secundária em relação a metas de lucro.

Isso levanta preocupações sobre não apenas o bem-estar dos educadores, mas também sobre a qualidade do ensino, uma vez que educadores desmotivados e inseguros são menos propensos a proporcionar uma aprendizagem eficaz e enriquecedora para os alunos.

Os Riscos da Privatização: Lições Aprendidas ao Redor do Mundo

A privatização da educação tem sido um tema controverso e debatido em diversas partes do mundo.

Em muitos países, políticas educacionais pautadas pela privatização foram implementadas com a promessa de melhorar a qualidade do ensino e aumentar a eficiência dos serviços educacionais. Contudo, ao longo dos anos, muitos desses projetos revelaram riscos significativos que não podem ser ignorados.

Um exemplo claro é o caso do Chile, que, na década de 1980, adotou um modelo educacional baseado na privatização. Inicialmente, esse sistema levou a um aumento no número de escolas, mas também resultou em um aprofundamento das desigualdades sociais.

As escolas privadas, muitas vezes, têm condições mais favoráveis de ensino, o que intensificou a disparidade entre alunos de diferentes contextos socioeconômicos.

As evidências mostram que, apesar dos investimentos em educação, a qualidade do ensino não só não se expandiu, como também afetou negativamente aqueles em situação de vulnerabilidade.

Outro exemplo é a experiência da Inglaterra, onde a introdução de academias (escolas públicas geridas por entidades privadas) foi projetada para incentivar a competição e, assim, elevar o padrão educacional.

Entretanto, estudos revelaram que essa competição nem sempre se traduz em resultados positivos e, em várias instâncias, as academias se concentraram em alunos com desempenho superior, deixando para trás aqueles que mais precisam de suporte.

Esse fenômeno não apenas compromete o acesso à educação de qualidade, mas também perpetua desigualdades sociais.

Além desses exemplos, pesquisas realizadas em países como os Estados Unidos e na Índia demonstraram que a privatização pode sacrificar a igualdade no acesso à educação, levando a uma fragmentação do sistema educacional.

É crucial reconhecer essas lições aprendidas para evitar a repetição de erros já cometidos em contextos similares. A análise crítica dessas experiências pode fornecer insights valiosos para elaboração de políticas educacionais mais justas e eficientes.

Alternativas à Privatização: Qualidade e Acesso à Educação

A discussão sobre os riscos da privatização da educação frequentemente encoraja a busca por alternativas que valore a qualidade e o acesso à educação pública, preservando os direitos tanto de professores quanto de estudantes.

Em diversos contextos, modelos de financiamento que priorizam a educação pública têm mostrado resultados positivos, proporcionando soluções mais sustentáveis e inclusivas.

Uma abordagem que tem ganhado destaque é a ampliação de investimentos públicos na educação, o que pode elevar a qualidade dos serviços educacionais sem depender de iniciativas privadas que visam o lucro. Essa estratégia não apenas melhora a infraestrutura educacional, mas também oferece condições de trabalho adequadas para educadores.

Além disso, a implementação de parcerias público-privadas (PPPs) em projetos específicos pode ser uma opção viável.

Nesses modelos, a responsabilidade pela gestão e execução de serviços educacionais fica sob um controle compartilhado, assegurando que a qualidade e o acesso sejam priorizados, enquanto os direitos dos profissionais da educação são respeitados.

Tais iniciativas demonstram que a colaboração entre o setor público e privado pode resultar em inovações que beneficiem a comunidade escolar, mas devem ser cuidadosamente regulamentadas para evitar a exploração e a marginalização de grupos vulneráveis.

A sociedade civil desempenha um papel crucial na defesa de uma educação pública forte e acessível.

Movimentos sociais e organizações não governamentais têm a capacidade de influenciar polícias educacionais, promover a conscientização e mobilizar a comunidade em torno da importância de um sistema educacional que priorize a inclusão.

Esses atores podem, também, ajudar a assegurar que os investimentos públicos em educação sejam direcionados para onde são mais necessários, reforçando a importância da participação popular na formulação de políticas.

Construir um modelo educacional que valorize o bem público é essencial para garantir que qualidade e acesso sejam direitos de todos.

Veja também: Entendendo um pouco de política (Educação) ‣ Jeito de ver

A Origem Militar no Brasil

A história militar no Brasil

Imagem de Alexander Fox | PlaNet Fox por Pixabay

A Origem dos Militares e sua Relação com a Coroa Portuguesa

A história das forças armadas no Brasil remonta ao período colonial, quando a coroa portuguesa estabeleceu uma presença militar significativa para proteger seus interesses e manter a ordem.

Desde sua fundação, os militares estiveram intrinsecamente ligados aos objetivos da coroa, atuando não apenas como defensores, mas também como agentes de controle social.

A lealdade dos militares à coroa era inquestionável, e sua atuação estendia-se à repressão de manifestações populares e à manutenção da hierarquia colonial.

Um dos exemplos mais notáveis dessa brutalidade militar ocorreu durante a Revolta dos Malês, em 1835, um levante de escravizados e muçulmanos que buscavam liberdade em Salvador, Bahia.

O governo português, temendo que a revolta se espalhasse, mobilizou tropas para reprimi-la.

A resposta violenta dos militares não apenas sufocou o movimento, mas também enviou uma mensagem clara sobre o uso da força como meio de controle e repressão contra qualquer iniciativa que ameaçasse a estabilidade colonial.

Outro marco significativo na atuação militar ocorreu durante a Guerra dos Farrapos, que começou em 1835 e se estendeu até 1845.

Os militares foram utilizados para combater os rebeldes do sul, demonstrando como as forças armadas eram vistas como elementos cruciais para a manutenção da ordem e da hegemonia da coroa.

Esse tipo de intervenção não foi isolado, mas repetido em vários conflitos ao longo do período colonial, estabelecendo um padrão de repressão e uso da força militar que, posteriormente, influenciaria a trajetória política do Brasil.

Ao longo dos séculos, essa relação de subserviência e repressão moldou a identidade das forças armadas, consolidando sua posição como atores centrais no jogo político brasileiro, com impactos duradouros na história do país.

O Golpe de 1889 e a Proclamação da República

O golpe de 1889, que culminou na Proclamação da República no Brasil, é um marco crucial na história do país, refletindo a crescente influência dos militares nos rumos políticos.

A adesão dos militares a esse movimento não foi mera coincidência; ela resultou de uma série de fatores sociais e políticos que culminaram na demanda por mudanças no regime monárquico.

Percebendo a instabilidade da monarquia, que enfrentava crises econômicas e políticas, os militares se posicionaram como agentes de transformação e, ao mesmo tempo, como “garantidores da lei”. Essa autopercepção lhes conferiu um papel central na nova ordem republicana.

Um dos fatores desestabilizadores da monarquia era o avanço do processo de abolição dos escravizados, que causava grande apreensão entre as elites econômicas. Temendo o impacto sobre suas economias, a elite, com o apoio dos militares, planejou o golpe para manter suas vantagens, afastando um imperador adoecido.

Não houve comoção pública. Segundo o livro Os Bestializados, os pobres não entendiam o que estava acontecendo, enquanto a elite agia em favor de si mesma.

Uma das supostas razões  para a adesão dos militares ao golpe foi o sentimento de insatisfação com as elites políticas da época, vistas como ineficazes e corruptas.

Muitos oficiais militares acreditavam que essas elites estavam mais interessadas em proteger seus próprios interesses do que em promover o bem comum. Essa percepção fortaleceu a noção de que era dever moral dos militares intervir em nome da nação.

Essa postura contribuiu para a consolidação de uma visão elitista e corporativista da política brasileira, que perduraria ao longo do tempo, conferindo aos militares um papel privilegiado na nova república.

Os primeiros presidentes da república foram militares e perpetuaram o mesmo sistema elitista e corporativista, com um agravante: a repressão violenta a quem discordasse de seus métodos.

Por exemplo, Floriano Peixoto prendeu e condenou ao desterro em Cucuí, no Amazonas, José do Patrocínio, antigo abolicionista e forte crítico do governo.

Outro episódio emblemático foi o Massacre de Anhatomirim, ocorrido em 1894, durante a Revolução Federalista.

Sob o comando do coronel Antônio Moreira César, atendendo a ordens do presidente Floriano Peixoto, 298 pessoas ligadas à revolução foram fuziladas.

Ironia histórica, a cidade de Florianópolis recebeu esse nome em homenagem ao homem que ordenou o massacre.

As consequências desse golpe foram vastas e impactaram profundamente a estrutura política e social do Brasil. A Proclamação da República não apenas alterou a forma de governança do país, mas também estabeleceu precedentes que solidificaram a intervenção militar em questões políticas, prática que se tornaria recorrente nas décadas seguintes.

A visão de militares “como salvaguardas” da ordem e da justiça se perpetuou, moldando a interação entre os poderes civis e militares ao longo da história do Brasil.

A Atuação Militar Durante o Século XX e o Golpe de 1964

O século XX foi um período marcado por intensas transformações políticas e sociais no Brasil, culminando no golpe militar de 1964.

Esse evento, frequentemente confundido com uma revolução, foi, na verdade, uma ação de Estado que resultou na deposição do então presidente João Goulart.

Os militares, alegando a necessidade de restaurar a ordem em um contexto de crescente instabilidade política e econômica, tomaram o poder e instauraram um regime autoritário que perdurou até 1985.

Documentos divulgados posteriormente revelaram o papel de políticos, militares, empresários brasileiros e  dos Estados Unidos nos bastidores, financiando o golpe e ampliando sua influência no Brasil.

Nos anos que se seguiram, a atuação militar consolidou-se em uma série de medidas “para assegurar o controle sobre o país”.

A promulgação de uma nova Constituição em 1967 foi uma dessas ações, visando legitimar o regime e criar uma estrutura política que perpetuasse a influência militar a longo prazo.

Essa estrutura era fundamentada em uma retórica de segurança nacional, que justificava repressões políticas e violações de direitos humanos como necessárias ao bem-estar da sociedade. O Ato Institucional nº 5 (AI-5) deixou claro que estava sendo instituída uma ditadura no Brasil.

O regime militar teve impactos profundos na sociedade brasileira, exacerbando desigualdades sociais e políticas. A repressão a opositores e a censura aos meios de comunicação foram estratégias amplamente empregadas para silenciar vozes dissidentes.

Além disso, os privilégios concedidos aos militares tornaram-se uma marca registrada do período, assegurados por leis que garantiam benefícios e vantagens aos integrantes das forças armadas. Nesse contexto, a elite militar consolidou sua crescente influência na política nacional.

Assim, a atuação militar no Brasil durante o século XX, especialmente no golpe de 1964, destacou-se não apenas pela condução direta da política, mas também pela criação de um legado de privilégios que ainda reverberam na sociedade contemporânea.

Esse capítulo sombrio da história brasileira continua a levantar questionamentos sobre o impacto duradouro dessas ações. Durante o governo de Dilma Rousseff, as Forças Militares se posicionaram contra a Comissão da Verdade, que tinha como objetivo esclarecer os crimes cometidos durante a Ditadura no Brasil.

Privilégios Conquistados e a Questão da Polícia Unificada

Abordaremos em futuras postagens a atuação da polícia militar entre os anos de 1964 e 1985.

Os privilégios dos militares no Brasil, consagrados na Constituição de 1988, refletem uma continuidade histórica que remonta a períodos anteriores de repressão e autoritarismo.

Esta Constituição garantiu uma série de direitos que diferenciam as Forças Armadas e a Polícia Militar da sociedade civil, o que suscita debates sobre seu impacto na política e na segurança pública do país.

Esses privilégios têm sido objeto de críticas, especialmente em um contexto onde a violência urbana se intensifica e novos desafios de segurança emergem.

No cerne dessa discussão está a proposta de uma polícia unificada no Brasil.

O objetivo dessa abordagem é integrar as diversas forças de segurança sob um comando único, promovendo maior eficiência e eficácia no combate à criminalidade. A criação de uma polícia unificada poderia levar à redução da duplicidade de esforços, além de otimizar recursos operacionais.

Com uma estrutura coesa, a polícia unificada poderia implementar estratégias mais coordenadas e direcionadas, melhorando a resposta às demandas sociais e de segurança da população brasileira.

Entretanto, a transição para uma polícia unificada não é isenta de desafios.

A resistência por parte de setores que detêm privilégios, como os militares, pode dificultar essa proposta, pois estes possuem uma forte influência sobre a estrutura de segurança vigente.

A lógica militarizada que permeia as forças de segurança também levanta preocupações sobre a manutenção dos direitos humanos e da abordagem comunitária na atuação policial.

Assim, para que uma polícia unificada possa ser efetiva, será necessária uma reavaliação dos privilégios dos militares, promovendo um diálogo mais amplo entre os diferentes atores da segurança pública e a sociedade.

A atuação das forças militares brasileiras nas guerras não foi abordada neste post, mas será tema de artigos futuros.

Fonte:

A unificação das polícias é a solução para a crise de segurança no Brasil? | Jusbrasil

Há 125 anos 185 pessoas eram fuziladas na Ilha de Anhatomirim – NSC Total

Livro: O Reino que não era deste Mundo, Marcos Costa

Livro: Os bestializados, José Murilo de Carvalho

Revisão por AI.

Veja também: A falta de Educação Política e a corrupção ‣ Jeito de ver

O conflito entre Israel e a Palestina

Crianças palestinas. Vítimas esquecidas das guerras.

Imagem de hosny salah por Pixabay

 

Que palavras traduziriam os mais profundos desejos de um ser humano?*

Ao analisar os portais de notícias não é incomum observar com espanto por entre os destaques, as terríveis novidades a respeito do ataque do exército Israelense ao povo Palestino, numa caçada implacável aos responsáveis pelo ataque terrorista ocorrido no início de Outubro de 2023, em uma festa tecno no deserto,  em que mais de mil jovens israelenses foram cruelmente assassinados.

É também impossível não indignar-se ao saber que, entre os mais de dez mil palestinos mortos na retaliação Israelense a este ataque, quatro mil são crianças e que a vasta maioria dos mortos são pessoas que nada tem a ver com o grupo Hamas..

Causa indignação perceber nos jornais manchetes que destacam a morte de um terrorista, em vez de centenas de inocentes. É quase impossível não admitir que ações de extermínio de um povo estão ocorrendo, enquanto os países têm dificuldade em conter o ímpeto de um governo tão sanguinário quanto os terroristas!

Sim, é impossível não sofrer ao saber que o suprimento de alimentos e água potável às pessoas em Gaza se tornam escassos, enquanto hospitais, escolas e campos de refugiados são bombardeados diariamente – e vidas inocentes se vão.

É triste saber que essas coisas estão também acontecendo em outros lugares enquanto os países líderes da indústria armamentista aumentam seus lucros!
Palavras de consolo

Diante de um cenário tão desolador, que palavras expressariam os mais profundos desejos de alguém, que vivenciou e ainda vivencia inúmeras tragédias?

Uma das mais belas passagens bíblicas, no livro Apocalipse capítulo 21, versos 3, 4 diz parcialmente:

” Então ouvi uma voz alta do trono dizer: “Veja! A tenda de Deus está com a humanidade; ele residirá com eles, e eles serão o seu povo. O próprio Deus estará com eles. Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima e  não haverá mais morte, nem haverá mais tristeza, nem choro, nem dor…” – Tradução do Novo Mundo.

As palavras no texto acima traduzem o desejo de pais, filhos e amigos que acreditam que um milagre ainda é possível!

E como diz a letra de uma canção conhecida: ” Você talvez diga que eu sou um sonhador…mas, não sou único.

Espero que um dia, você se junte a nós  – e o mundo inteiro será como um! (Imagine, John Lennon – tradução livre)

 

Saiba mais:

ONU: Número de civis mortos por Israel aponta algo ‘claramente errado’ | VEJA (abril.com.br)

Israel-Palestina: entenda como começou este conflito histórico centenário (correiobraziliense.com.br)

Indústria das armas dos EUA prevê maior lucro da história com ofensiva de Israel em Gaza (pragmatismopolitico.com.br)

Guerras no mundo: quantos conflitos estão ativos neste momento? | CNN Brasil

Gilson Cruz

Veja mais em Notícias de Guerras – o jogo da informação ‣ Jeito de ver

*Matéria publicada originalmente em 10/2023

A falta de Educação Política e a corrupção

O Planalto Central, Brasília -DF. Qual a importância de se entender a Política?

Imagem de Renato Laky por Pixabay

 

Entendendo um pouco mais de política

“O Congresso Nacional é a cara do povo a quem representa” é uma frase comum, mas não é exata.

 

O Congresso do Brasil  é composto por 513 deputados, das mais variadas esferas e estados.

Estes são eleitos de acordo com partidos e propostas – e ultimamente, número de seguidores em plataformas de streaming!

DISTORÇÕES NO CONCEITO DE POLÍTICA

Em países como o Brasil, a educação política não é estimulada nas escolas.

Este pode ser um dos motivos da continuidade da falsa percepção, desenvolvida ao longo de décadas,  de que o voto não é importante, que sua é apenas função de colocar as autoridades em seus postos.

Por causa desta distorção, a prática de compra e venda de votos persiste apesar de ser ilegal e é geralmente feita longe dos olhos da justiça.

-Compra de votos (art. 299 do Código Eleitoral) — Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (tre-rs.jus.br)

Algumas vezes os próprios eleitores atuam como corruptores barganhando seu apoio em troca de favores ou benefícios.

A resposta a essa conduta é a indiferença dos políticos, que uma vez eleitos,  não se comprometem com promessas de campanha .

O valor do voto já foi pago e a participação popular se resume ao ato de depositar suas cédulas de dois em dois anos.

A EDUCAÇÃO – Prevenção

A educação política deveria ter um caráter preventivo.

Assim como um trabalhador é cobrado por resultados, sujeito a punições e demissão, a educação política fortaleceria a consciência de que o vereador, deputado, senador e até o presidente atuam como servidores públicos e devem ser cobrados.

A falta de tal conhecimento tem sido responsável pela idolatria e bajulação prestadas a políticos que muitas vezes atuaram contra os direitos já adquiridos.

A carência de tal educação se torna evidente quando se percebe a grande quantidade de artistas e estrelas da internet eleitos e o número de votos desperdiçados em tais atores do mundo político.

O raciocínio de que todos os velhos políticos são corruptos e que um novo seria a  revolução necessária, é enganoso.

ATRIBUIÇÕES DEPUTADO FEDERAL 

Examine as atribuições de um Deputado Federal, por exemplo:

. Propor, discutir e aprovar leis, que podem até mesmo alterar a constiruição.

. Aprovar ou não, as medidas provisórias do Presidente.

. Fiscalizar e controlar as ações do poder executivo, bem como os atos do presidente da república e seus ministros.

. Aprovar o orçamento da União.

. Quando há denúncias ou suspeitas de irregularidade, criar uma CPI para investigar um tema ou situação específica.

Fonte: O que faz um deputado federal? | Politize!

A IMPRODUTIVIDADE, O DESINTERESSE E AS FALSAS PAUTAS

Conhecendo as atribuições dos Deputados Federais examine a manchete no link a seguir:

28 deputados federais que propuseram só um projeto de lei por ano, ou menos, concorrem à reeleição – Estadão (estadao.com.br)

Não seria incorreto definir como “improdutivo” alguém que, num período de quatro anos não exerceu plenamente as suas funções.

Mais estranho, porém, é saber que aqueles que o elegeram NÃO acompanharam o desempenho dos seus eleitos.

Uma tática usada por políticos deste cacife é pautar questões polêmicas que os mantenham em evidência.

– Isso cria a ilusão de PARTICIPAÇÃO e REPRESENTATIVIDADE.

Aproveitando a onda dos sentimentos de revolta causados por programas jornalísitcos que exploram comercialmente a violência, surgiram candidatos cabos, tenentes, delegados, generais etc. que normalmente aparecem mais pela alcunha do que pelo desempenho.

Outros  tentam se apresentar como guardiões da moral e da boa conduta, atendendo a um  público mais conservador e religioso.

Examine a manchete, no link a seguir: Nikolas Ferreira vira réu após expor aluna trans de 14 anos em banheiro escolar de BH (globo.com); AGU avalia como enquadrar deputados por fake news sobre banheiro unissex (correiodopovo.com.br).

Observe, pautando assuntos que visam constranger e perseguir minorias alguns são eleitos para cargos maiores.

Na primeira manchete o político citado era vereador na segunda notícia, aparece como deputado eleito.

VERDADEIROS INTERESSES 

Muitos moralistas, defendiam um governo que se provou incompetente ao lidar com a pandemia da Covid 19, e que delegou ao Congresso a função de governar enquanto fazia motociatas, carreatas,” jet-ski-atas”, “jeguiatas” e novas modalidades de campanha com uso da máquina pública.

Um mesmo governo que zombava dos que morriam da COVID 19 e que de acordo com investigações, pode estar envolvido com milícias e a venda de joias que não lhe pertenciam.

Veja mais nos links:

Presidente da bancada evangélica na Câmara defende gesto de Bolsonaro a pastores do Nordeste | CNN Brasil; Exclusivo: bancada evangélica é fiel a Bolsonaro em 89% das votações – Congresso em Foco (uol.com.br);

. A ligação do clã Bolsonaro com paramilitares e milicianos se estreitou com a eleição de Flávio | Atualidade | EL PAÍS Brasil (elpais.com)

. A mesma hipocrisia e corrupção disfarçada é também escancarada quando os políticos se unem  para defender seus correligionários envolvidos em escândalos e corrupção.

A VERDADEIRA REPRESENTATIVIDADE ( mas, disfarçada é claro!)

Retornando ao ponto da representatividade, muitos são eleitos com o apoio de empresários e produtores rurais, e atuam conforme os interesses destes quando votam contra o meio ambiente e direitos trabalhistas – isso quando não são eles mesmos, os empresários!

Saiba mais nos posts abaixo:

Em cada 10 deputados federais, 6 têm atuação desfavorável ao meio ambiente, indígenas e trabalhadores rurais (reporterbrasil.org.br);

Sindicalistas protestam na porta do escritório de Mabel – Brasil 247

A EDUCAÇÃO POLÍTICA  – O QUE É?

A justiça eleitoral esporadicamente divulga notas educativas sobre o poder do voto com qualidade.

Estas notas são insuficientes, uma vez que é praxe dos veículos de comunicação colocar sutilmente os interesses de patrocinadores (empresários) em forma de notícias ou denúncias.

A educação deve começar na escola.

O direito de exercer o seu voto ou de manter-se neutro, se esta for a sua decisão consciente.

Acima de tudo, desenvolver o espírito crítico para avaliar de forma honesta, se aquele que foi escolhido para representar os interesses comuns está performando para vídeos em streamings, ou se está atuando para uma sociedade mais justa.

Os corrruptos não brotam do solo… são trazidos à tona por inocentes – ou por outros corruptos!

Gilson Cruz

Veja mais no link:

Corrupção no Brasil: consequência de séculos de desigualdade | Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP

O papel da imprensa e a História ‣ Jeito de ver

A educação política deveria ter um caráter preventivo.

 

Crianças ( Vítimas inocentes dos conflitos)

Menina Palestina. As crianças são vítimas inocentes, esquecidas.

Imagem de hosny salah por Pixabay

 

Gilson Cruz

“Pensem nas crianças
Mudas, telepáticas…”

(Rosa de Hiroshima, Vinicius de Morais)

A Rosa de Hiroshima: Uma Reflexão Sobre a Humanidade

Nota: O poema Rosa de Hiroshima é usada neste texto como um símbolo da destruição e do descaso com a vida humana em conflitos armados.

A Rosa de Hiroshima permanece como um símbolo trágico da destruição humana. Embora o palco e os atores mudem, a história se repete. A imposição pela força continua sendo uma realidade, frequentemente ignorando mulheres e crianças.

As convenções internacionais reconhecem o direito à defesa nacional, mas também preconizam a preservação da vida como um valor supremo. No entanto, essa teoria nem sempre se reflete na prática.

O Dilema Moral da Guerra

Considere a seguinte situação:

“Quatro criminosos sequestram um avião com 200 passageiros, exigindo resgate.

Para manter a ordem e prevenir ataques futuros, um líder decide por uma medida extrema:

‘Destruam o avião, com todos a bordo. Garantam que os sequestradores não sobrevivam!’

Qual seria sua reação? Aplaudiria a eficiência em eliminar a ameaça ou ficaria aterrorizado com a perda de vidas inocentes?”

Essa reflexão nos leva a questionar o real custo das chamadas “guerras cirúrgicas” e do impacto das decisões tomadas em nome da segurança.

Bombas de Precisão e Suas Consequências

Durante a Guerra do Golfo Pérsico, houve admiração pelo avanço das “bombas inteligentes” usadas pelo exército dos EUA. Contudo, mesmo as armas de “precisão” causam devastação ao seu redor.

Ao noticiar a eliminação de um líder militante escondido em um hospital, creche ou campo de refugiados, muitos veem apenas a morte do alvo, enquanto as vidas inocentes perdidas ao redor são frequentemente negligenciadas.

Essas vítimas, na prática, são tratadas como colaterais, descartáveis e sem lamento.

Os Investimentos na Guerra vs. na Humanidade

Se quisermos entender os valores de uma sociedade, basta observar onde ela investe seus recursos.

Em 2021, os gastos militares mundiais ultrapassaram dois trilhões de dólares, enquanto os investimentos anuais para o combate à fome giravam em torno de apenas 10 bilhões.

Estudos indicam que seriam necessários entre 50 e 700 bilhões para erradicar a fome no mundo, um valor significativamente inferior ao gasto com armamentos.

A discrepância entre esses números nos leva a uma pergunta incômoda: realmente valorizamos a vida?

A Percepção Seletiva da Vida Humana

Nos sensibilizamos de forma diferente diante das tragédias. Como reagimos às vítimas da fome na África e na América do Sul em comparação aos massacres ocorridos na Europa e na América do Norte? Por que a morte de crianças israelenses ou palestinas desperta reações distintas, dependendo do ponto de vista político ou midiático?

Se atribuímos maior valor à vida de um grupo étnico em detrimento de outro, já revelamos uma das principais razões dos conflitos.

Mudanças Necessárias

Diz-se que as maiores transformações começam dentro de cada indivíduo. A infância é um exemplo claro de como o preconceito é algo aprendido. Crianças de diferentes etnias frequentemente se reconhecem como iguais, sem a divisão imposta pelos adultos.

Histórias como a de um menino branco e um negro, que se vestiram igual e se consideravam gêmeos, nos fazem refletir sobre a pureza da percepção infantil.

Outro caso emblemático foi o de uma criança vestida como um membro da Ku Klux Klan, que, sem compreender o simbolismo, se encantou pelo escudo de um policial negro, aproximando-se sem medo ou ódio.

O que aprendemos ao longo da vida molda aquilo que somos. Ainda é tempo de reaprender.

A Desonestidade e a Exploração do Sofrimento

Além dos horrores da guerra, a desonestidade humana se manifesta em diversas formas.

Seja através de políticos que superfaturam contratos durante crises, criminosos que se aproveitam da impunidade ou jornalistas que justificam abusos conforme suas preferências ideológicas.

Também há líderes religiosos que enriquecem enquanto seus fiéis enfrentam dificuldades.

A indiferença diante dessas práticas reforça um ciclo de impunidade e desigualdade.

Não Esqueçamos das Rosas

A lembrança da Rosa de Hiroshima se expande para as incontáveis tragédias ao redor do mundo: Haiti, Iraque, Afeganistão, Ucrânia, Rússia, Israel, Gaza, e tantos outros lugares esquecidos.

Que não nos esqueçamos das rosas. Das vidas ceifadas. Dos horrores que poderíamos evitar se, de fato, valorizássemos a vida humana em todas as suas formas.


Matéria publicada originalmente em novembro de 2023.

Fontes:

O papel da imprensa e a História ‣ Jeito de ver

A Rosa de Hiroshima, de Vinícius de Moraes (interpretação e significado) – Cultura Genial

Guerra contra o Hamas: Armas dos EUA chegam a Israel – 11/10/2023 – Mundo – Folha (uol.com.br)

Conflito Israel-Hamas: o que explica o apoio incondicional dos EUA a israelenses – BBC News Brasil

Gasto militar mundial bate recorde e supera US$ 2 | Internacional (brasildefato.com.br)

Como combater a fome no mundo – e no Brasil? | Exame

Acervo do Conhecimento Histórico: Criança vestida de membro da Ku Klux Klan, tocando o escudo de um policial negro, (achistorico.blogspot.com)

 

Consequências ( Não há futuro)

O ódio e suas consequências

Imagem de hosny salah por Pixabay

 

De um lado

A razão escapava

E do outro

O ódio tomara seu lugar

Fazia companhia à morte…

 

A razão
E a esperança
Fugiam juntas para longe…

Não haveria mais
valores,
Amores,
Cores…

Apenas um cenário destruído.

O tirano
Que se referia a um povo
Como a animais
encontrava um pretexto
para a tirania.

O extremista
Conseguia os olhos do mundo
Enquanto
as crianças inocentes
Morriam…

Crimes de guerra aconteciam…

Enquanto as cores em sépia
Tomavam conta do quadro
Numa pintura de tristeza
A sede se desesperava…
E os inocentes crentes
Erguiam os olhos aos céus
Imaginando um Paraíso além…

Pois não havia mais
outra esperança.

E os senhores da Guerra
Ignoravam convenções
Inventavam novas histórias…
Enganavam seu próprio povo

Eliminavam um povo..

Os perversos sorriam
Ao passo que
nações perplexas
Se perdiam
Sem acordos, sem palavras
E a humanidade perplexa
Perecia.
Perdia-se a humanidade.

Gilson Cruz

Veja mais em Notícias de Guerras – o jogo da informação ‣ Jeito de ver

 

 

 

Naquele dia (as últimas mudanças)

Imagem de Hans por Pixabay

 

Aquele dia,

não trouxe o sol costumeiro

nem um amanhecer,

ou crianças brincando nas ruas

e nem os passos apressados do carteiro

Não se ouvia o riso

nas padarias,

nem nos bancos das praças

A melodia na voz do cantor,

silenciara

Tudo era tristeza

Aquele dia, não trouxe rosas

e os últimos românticos

não puderam ofertá-las

E era triste encarar a noite,

sem estrelas

foi estranho anoitecer

naquele dia.

Grandes se apequenaram,

covardes orgulhosos…

pequeninos não entendiam,

onde estavam os heróis?

– todos se escondiam

Aquele dia

trouxe o resumo da ganância

e as selvas de pedra,

aquecidas

diziam não haver outra chance

Dinheiro não comprava o tempo perdido

nem  o futuro,

mas fugir pra onde?

Aquele dia,

ensinou o que era o medo…

Aquele dia,

não trouxe nuvens

pássaros de primavera.

E as lágrimas

não encheram os rasos rios

onde morriam peixes

Aquele dia

lembrava

o que havia se esgotado

e que agora…

sem homens,

sem ganância

a Terra precisava descansar.

Naquele dia.

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