Imagem de Kátia por Pixabay
A matéria a seguir resume a história e as consequências da exploração gananciosa e irresponsável durante a colonização, apenas estimular o interesse do leitor.
O Jeito de Ver recomenda a leitura do conteúdo nos links, que certamente acrescentarão conhecimento detalhado e suporte ao estudante. Agora, vamos ao assunto:
Uma velha canção
Este artigo evoca uma canção interpretada por Xuxa, que, se você já foi criança, certamente se lembrará.
A obra, criada por Michael Sullivan e Paulo Massadas em 1988, tem melodia vibrante e a voz suave da cantora, mas a letra traz um contraste: narra o cotidiano numa tribo, seus rituais e a luta pela sobrevivência, enquanto expressa o desejo do indígena de recuperar sua paz.
Ele clama por não ser mais visto como nos antigos filmes de faroeste — um vilão, um selvagem.
Outra velha canção…
Como cantou Edson Gomes:
“Eu vou contar pra vocês, uma certa história do Brasil…”
Vamos focar nos povos indígenas, por ora.
Um pouco de História
Em 22 de abril de 1500, os portugueses chegaram a esta terra “que tudo dava” — e, se não desse, seria tomado à força. Alguns ainda chamam esse evento de “descobrimento do Brasil”.
O contexto europeu
Entre 1383 e 1385, Portugal vivenciou um período de estabilidade política, que favoreceu o crescimento comercial e avanços na navegação. A localização geográfica do país permitia acesso facilitado às correntes marítimas do Atlântico, e Lisboa floresceu como centro comercial.
Após a queda de Constantinopla em 1453, os europeus buscaram novas rotas para o Oriente. Portugal liderava as Grandes Navegações, destacando-se no comércio de especiarias — produtos como pimenta-do-reino, noz-moscada e incensos, altamente valiosos no mercado europeu.
A chegada dos espanhóis à América, em 1492, intensificou a disputa territorial. Foram criados dois acordos importantes: a bula Inter Caetera (1493) e o Tratado de Tordesilhas (1494).
Pedro Álvares Cabral e o início da ocupação
Nesse cenário, Portugal organizou uma nova expedição, liderada por Pedro Álvares Cabral, cavaleiro da Ordem de Cristo desde 1494.
Sua frota partiu de Lisboa em 9 de março de 1500, com 13 embarcações e entre 1200 e 1500 homens. Apesar de sua limitada experiência, foi o escolhido, em vez de navegadores renomados como Bartolomeu Dias.
Em 22 de abril, avistaram terras, conforme relatado por Pero Vaz de Caminha:
“Avistamos terra! Primeiro, um grande monte, muito alto e redondo… Monte Pascoal. À terra, o Capitão deu o nome de Terra de Vera Cruz.”
Os primeiros contatos
No dia seguinte, o capitão enviou homens à terra. A primeira expedição foi liderada por Nicolau Coelho, e o contato inicial com os indígenas foi pacífico.
Pero Vaz de Caminha descreveu:
“Eles eram pardos, todos nus, com arcos e flechas. Tinham bons rostos, nariz bem-feito e lábios perfurados com ossos brancos inseridos, que não atrapalhavam a fala nem a alimentação.”
Houve troca de presentes. Alguns indígenas foram levados ao navio, mas rejeitaram a comida e o vinho oferecidos.
Bonitinha a história, não?
A história real
O site Mundo Educação complementa:
A colonização portuguesa no Brasil foi marcada pela submissão e extermínio de milhões de indígenas — algo que também ocorreu em outras colônias europeias.
Durante as Grandes Navegações (séculos XV e XVI), os principais objetivos da Coroa portuguesa eram lucro comercial e obtenção de produtos exóticos para a Europa.
Os indígenas, tratados pejorativamente como “selvagens”, foram forçados a trabalhar. Historiadores tentam suavizar o impacto desse encontro chamando-o de “encontro de culturas”, mas o que houve foi, na verdade, um desencontro de culturas.
O desencontro de culturas
A colonização foi marcada pelo extermínio e subjugação dos nativos, seja por meio de conflitos, seja por doenças trazidas pelos europeus, como gripe, tuberculose e sífilis.
No século XVI, os portugueses estabeleceram feitorias e extraíram pau-brasil, usando mão de obra escravizada indígena.
Mas os indígenas resistiram — muitos fugiram para o interior. Com o fracasso da escravidão indígena, os portugueses passaram a explorar a escravidão africana.
“Os nativos não querem trabalhar…” era o que se dizia.
(Já ouviu algo semelhante sobre os brasileiros? Quem, afinal, quer ser escravizado?)
O extermínio dos povos indígenas
Na época da chegada dos portugueses, cerca de 3,5 milhões de indígenas viviam no Brasil, divididos em quatro grandes grupos linguístico-culturais: tupi, jê, aruaque e caraíba, com predominância tupi.
A tragédia não ficou no passado: a mineração ilegal continua matando. O uso de mercúrio contamina solo e águas, causando desnutrição e morte em terras indígenas.
Tempos de corrupção e desinformação
Vivemos tempos em que desinformação e discursos preconceituosos ganham espaço.
Um ex-jornalista, por exemplo, questionou por que cerca de 18 mil Yanomami vivem em uma área do tamanho de Pernambuco e ainda sofrem de fome — como se a culpa fosse deles.
“Lembra-se da velha narrativa dos nativos preguiçosos?”
Mas o que se omite é que suas terras estão contaminadas, os peixes morreram, e o que se planta não prospera. O que prospera, causa morte.
“Homem branco tem pensamento equivocado!”
(Como diriam os indígenas nos antigos filmes americanos, agora com sotaque brasileiro.)
Reflexão
E quanto aos nossos representantes?
Continuarão emitindo notas de repúdio enquanto enriquecem às custas dos bestializados, que jamais entenderão uma simples canção infantil.
📚 O Jeito de Ver recomenda a leitura dos conteúdos nos links ao longo do texto, que certamente acrescentarão conhecimento detalhado e apoio ao estudante.
Fonte:
Escravidão indígena: contexto, causas, resistência – Brasil Escola (uol.com.br)
Portugueses e indígenas: encontro ou desencontro de culturas? (uol.com.br)
As sociedades indígenas brasileiras no século XVI (rio.rj.gov.br)
– Último censo do IBGE registrou quase 900 mil indígenas no país; dados serão atualizados em 2022 — Fundação Nacional dos Povos Indígenas (www.gov.br).
Fonte : Descobrimento do Brasil: contexto, curiosidades – Brasil Escola (uol.com.br)
Saiba mais em Os índios e o velho Oeste (História) – Jeito de ver.