GTM-N822XKJQ

Poesia da saudade (Nada substitui o riso)

Alguém solitário num banco. Uma poesia sobre a Solidão.

Imagem de Melk Hagelslag por Pixabay

Num canto da sala o violão
No outro
os livros na estante imploram atenção…

Nada substitui o canto
Nada

Nada substitui o encanto…
de transformar
risos em melodias
palavras em versos

E abraços
em universos…

Nada substitui o riso
nem preenche a ausência
desse espaço, que já foi conquistado

Nada substitui
Nada preenche

Nada…

Apenas a solidão
e a incompreensão de ser feliz
com as lembranças de algo eterno.

Gilson Cruz

Leia mais Flores pobres (Sonhos interrompidos) – Jeito de ver

“Poesia Noturna” (Poesia simples)

Um casal sob o luar. Uma poesia noturna.

Imagem de Mohamed Hassan por Pixabay

Pele negra, cor da noite
Riso prata, de lua
Me conta a tua história
Esta história só tua

Com esses olhos de estrelas
N’uma noite de luar
Me conta quais são teus sonhos
p’ra que eu possa sonhar

Me fala dos teus sorrisos
Da mágoa que já passou
Do futuro que não houve
De um amor, que sempre amou

Me conta o que te inspira
O que te faz esperar
Que’ste teu riso de prata
Num riso faz acordar

Me explica, como acontece
Tanta beleza de olhar
Que essa pele da noite
um sonho faz recordar

Esse pobre poeta,
Que em teu sorriso encontrou

Olhos de luz, de estrelas
E nesse instante amou

Procura na noite, na lua
Beleza pr’a comparar
E como em sonhos, flutua
Em doces canções de ninar…

A sonhar…sonhar…

Gilson Cruz

Veja mais em: Do começo ao fim… ( Como a vida é ) – Jeito de ver.

Um pouco atrás no tempo… (Nostalgia)

Um músico solitário. Um poema sobre nostalgia.

Imagem de Leroy Skalstad por Pixabay

As cidades crescem, é verdade.

Mas aquela cidade do interior não estava preparada, para tanto.

Os vizinhos que antes eram parte da família, agora eram pessoas distantes, totalmente desconhecidos.

O barbeiro da esquina era apenas mais um Sr. Edson e o padeiro, já não estava mais entre nós.

Nas ruas, onde as crianças brincavam sem medo, o que se via era a solidão e o que se ouvia de longe eram sons, que se misturavam, que brigavam entre si – a voz melódica de um cantor e sua pequena banda no meio da praça, pedindo a oportunidade de cantar. a oportunidade de trazer mais sentimento às pessoas que passavam, enquanto barracas insensatas, insensíveis, ligavam seus aparelhos sonoros em volumes indelicados, mal educados – matando o encanto das horas.

E o cantor persistia…

Na mesma praça onde costumava haver árvores, bancos, um gramado onde pequenas crianças brincavam aos domingos e à noite se podia ouvir velhos seresteiros, cantando, bebendo, celebrando a noite, a vida, a arte…

Triste, parei por instantes… vi um pouco do passado.

Ouvi a bela voz do músico, mais uma vez, enquanto os sons indesejados competiam por um espaço em meus ouvidos.

Andei lentamente pelas ruas que me levaram à minha casa…

e lamentei.

A cidade cresceu, mas as barracas pararam longe, um pouco atrás no tempo – e a voz do cantor jamais as alcançará.

Veja mais em Lembrando os velhos seresteiros – Jeito de ver

Eterno Menino (Lembranças de um amigo)

Um menino

O tempo vive pregando peças e nestas viagens do tempo conheci um menino, bom de bola, amante das poesias e com talento nato para belas composições.
Falava muito, sorria muito – como todo menino.

Mas, sonhava em crescer… e rápido!

Falava do dia quando não seria mais um menino. Seria pai e ensinaria a seus filhos o que se espera da vida.
O tempo parecia bem distante.
O moleque falava de tudo…não parecia ter a idade que tinha.

Mas, ele tinha pressa em crescer.

E cresceu

Num desses dias em 1999 ele aparecia com uma bela letra de música: Parapeito.
Músico intuitivo se concentrava na métrica e na perfeição das rimas.
A primeira gravação foi feita por Rogério Alves no piano, Floriano Filho no contrabaixo, eu fingindo tocar guitarra e fazendo coro com o Autor e a bela voz de Julice – no Estúdio Rogério Alves, em Castro Alves.
A linda música foi posteriormente gravada por uma dupla de forró do município de Castro Alves no início da década seguinte.

Apaixonado como todo jovem é um dia, expressava com clareza os sentimentos em letras de músicas.
E aí…conhece mais uma razão para compor: Dani.
E as mais lindas composições nascem, duas meninas.

E aquele menino – seria então, pai.
….

E a vida me surpreende novamente, pois num desses sábados da vida, o amigo, me liga, com mais uma composição. E me sugere uma parceria: A música “Tanto pra falar”.
Tive o prazer de colaborar com o Refrão e parte do ritmo.
E ao enviar de volta o resultado daquele trabalho, ouvi as mesmas palavras que ouvia dele, quando menino.
Dizia emocionado: ” Melhor do que esperei!”

Lembrei naquele instante que quando o conheci, ele costumava me encorajar nas minhas tristezas exatamente com essas palavras.
Eu sabia que tinha falhado…mas, o coração de menino, buscava sempre o melhor para um amigo triste.

E enfim…

Hoje vejo o Alan…um pai, um irmão, um amigo e percebo que mesmo o tempo não tirou dele, aquilo que ele sempre teve de melhor:A vontade de ajudar, mesmo quando as nuvens escurecem o caminho…

E agradeço, pelas conversas, pelas músicas e a lembrança de uma amizade sincera.

E o tempo, sempre ele, pregando peças, me ensina mais uma vez, que ele não passa, não envelhece quem no coração é um eterno menino.

 

Ao amigo e irmão

Alan Sampaio

 

Conheça a música: Parapeito

Autor: Alan Sampaio

Intérprete: Grupo Terra

Veja mais Corre, Menino (Seja feliz, hoje) ‣ Jeito de ver

 

 

 

O parque de diversões (Recordações de um dia)

Roda gigante. Um texto sobre a chegada dos parques itinerantes nas pequenas cidades.

Imagem de J W. por Pixabay

E o parque chegava na cidade!

Os brinquedos não eram tão sofisticados assim, mas as crianças lá do interior faziam a festa.

As rodas gigantes não eram tão gigantes, eram razoavelmente pequenas, mas que graça teria se anunciassem:

“Ele está de volta, o seu parque de diversões favorito, com muitos brinquedos ( na verdade, se resumiam a apenas sete!) e a incrível, magnífica, espetacular RODA pequena?”

As crianças corriam feito loucas de brinquedo em brinquedo, os pais perdiam a cabeça – mas, era festa.

Crianças tontas no chapéu mexicano, adolescentes tentando impressionar adolescentes e perdendo dinheiro no tiro ao alvo e o sistema de som, com seu locutor, peculiar, tentando dar aquela forcinha àqueles jovens que sonhavam com suas paixões – e que agora, naquele parquinho, poderia ter uma oportunidade a se declarar ( e pagar, alguns trocados…)

E foi lá, que como qualquer outro jovem, calça curta, pedi a música da Júlia…
Ela estava de vermelho, lacinhos brancos, sorriso tímido e amava a valsinha…
E quando lá no alto da roda gigante, ela estava, a sua música tocava

– ela, corada, sorria timidamente, e esperando a hora de parar daquele brinquedo, que se tornara gigante,  lento e provocador…eu fiquei.

E, por eternidades, a fio, aquela roda não queria parar…e quando parou, então, segurei a sua mão…

Julia, sorriu, mas, os seus país a levaram, já era tarde…

Enquanto as crianças gritavam, corriam, destruíam tudo o que não podiam – eu via o adeus da Júlia.

E a música ficou no ar, naquele tempo…
Enquanto as crianças brincavam.
E o parque se preparava para partir.

Gilson Cruz

Veja mais em: O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver.

Num dia de São João (Tragédia)

Um campo de futebol. Um poema sobre uma tragédia.

Imagem de brokerx por Pixabay

 

Poderia ter acontecido de qualquer jeito:
Caindo de um muro,
escorregando numa casca de banana,
saltando de um avião,
deslizando lua abaixo,
escapando das nuvens ou dando braçadas no oceano.

Limpando dinossauros,
brincando com escorpiões,
ou desafiando os senhores da guerra…
Talvez isso fosse exagero, é verdade.

Poderia ser em qualquer lugar:
Andando pelas ruas, fugindo de espadas,
se escondendo das bombas
ou buscando férias em Júpiter.

Não no céu…
O céu não é para todos.
Naquela noite, o céu era dos fogos de artifício.

Poderia ter sido de qualquer jeito ou em qualquer lugar:
Abraçando a noiva, sorrindo ao irmão,
dando bom dia ao vizinho,
beijando a testa da mãe.

Poderia ser na cama,
nas ruas, no trabalho,
nos ares, nos mares, ou até no campo…

Pois é,
morreu num campo!

E desde então,
não joguei mais futebol.

Gilson Cruz

Veja também Flores pobres (Sonhos interrompidos) ‣ Jeito de ver

Um pouco de exagero (Humor)

Humor. Uma história com um pouco de exagero!

Imagem de Klaus Hausmann por Pixabay

 

Os amigos conversavam:

Rapaz, próximo ao antigo Clube de Ferroviários, havia um largo, um espaço onde há muito tempo os parques e circos  itinerantes ficavam por um tempo. Lembra daquele tempo?

Lembro, sim…  – disse o outro.

Pois é, os circos traziam leões, palhaços, equilibristas e até cantores…

Lembro, sim…

Numa daquelas visitas, trouxe o Menino da Garganta de Ouro. Lembra?

Lembro, sim… O Donizetti.

Pois é, rapaz, eu não acreditava que o moleque tinha uma garganta potente como falavam, achava que era só propaganda. Mas, um dia…

Era Oito da noite da Terça-Feira e o apresentador disse: -“E COM VOCÊS, DONIZETTI…O MENINO DA GARGANTA DE OURO…”

E o menino começava a cantar “a Galopeira”:

-“Foi num baile em Assunção, capital do Paraguai…”  Lembra?

-Ô, se lembro…  –  Dizia o outro

Pois é, na hora do grito Galope-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-ira  era  Oito e cinco da noite.  E eu falei, esse moleque não vai aguentar!

Só que deu 8:10, 8:15, 8:30,9:00 da noite e o menino não parava.:  “ê-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-…

“Dez da noite fui pra casa. E ele não parava…

Passou a madrugada inteira e o menino : ‘ê-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-…’

Fui pro trabalho de manhã e ele estava lá: ‘ê-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e…’

Hora do almoço, descanso da tarde – e a música não parou.

Deu Oito da noite da Quarta, resolvi voltar lá pra ver o que tinha acontecido e o moleque estava lá tranquilo cantando.

Lembra?

E o amigo…

Lembro, sim. Incrível mesmo foi a plateia depois de tudo gritar: -“De novo! De novo!”

 

Gilson Cruz

Leia também: Quiprocuó Esporte Clube – Falando de futebol ‣ Jeito de ver

 

A mesma lua ( Um Poema simples)

A lua. Um texto sobre as memórias de um belo tempo.

A lua como que observando a vida na Terra…

Imagem de Robert Karkowski por Pixabay

O cenário

A lua ainda é a mesma,
apesar de nós.

Contávamos histórias, estrelas…

E quando ela surgia entre os montes
as palavras se calavam, por instantes…

E era neste instante que os namorados passavam de mãos dadas
e paravam juntos na ponte
que separava as duas partes da cidade, sobre o riacho.

Os momentos…

E como numa fotografia,
beijavam-se timidamente
e era possível, amar o cenário.

Enquanto isso o velho músico se dirigia ao abrigo escuro
das sombras das árvores,
daquelas árvores imensas que ficavam próximas à igreja,
e dedilhava acordes mágicos
dando ao cenário o fundo musical necessário para eternizá-lo.

E amigos se aproximavam,
para cantar canções de amor,
cantar paródias, piadas…
canções que se perderam no tempo.

E as meninas passavam brincando com os pequeninos,
enquanto os pais, aproveitavam para esquecer seus problemas
dentro de suas casas
e saíam para contemplar o instante.

De mãos dadas,
aproveitavam para lembrar do começo
e se comprometiam a recomeçar todos os dias.

As recordações…

Hoje, velhas fotografias acordam velhas recordações
e te vejo,
no mesmo banco da praça naquele momento
em que passavam as crianças e os casais.

Enquanto, o músico tocava
e o casal se abraçava
rindo…

admirando a mesma lua.

Gilson Cruz

Leia mais em Versos sem destino ( um conto ) – Jeito de ver

Mais um dia… ( Um dia quase normal!)

Levantei cedo, antes do sol.

Algumas estrelas ainda me esperavam do lado de fora.

O céu estava indeciso

como se despedir das estrelas?

Românticas, serenas…

Como deixar a lua partir?

Os seresteiros cansados se arrastavam pela longa praça,

realizados depois de uma noite tão romântica

As amadas tiveram seus próprios spectacle privé,

puderam sonhar com os velhos tempos

puderam debruçar nas janelas imaginárias

O céu abraçava as cores

lilás, rosa, traços amarelos e vermelhos

e imponente, surgia o sol.

O poeta recluso, não escrevia mais seus pensamentos

e o compositor

abraçava a solidão da cama

podia agora dormir.

De longe,

o atleta corria na direção oposta

desbravando novas metas, novos horizontes

E quanto a mim…

Parei no tempo.

Enquanto lembrava dela

dos cabelos negros

dos olhos verdes

da voz macia

do riso lindo

E guardava cada instante desse dia para poder contar…

Veja mais em:  O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver

Para te ver ( Versos Simples )

Os caminhos se tornam belos quando amamos o destino. Veja a poesia.

Imagem de Iso Tuor por Pixabay

 

A cidade era fria, no caminho, cansava, chovia.

A neblina cegava, mas mesmo assim, eu te via.

A chuva gelava, o tempo apertava, a distância, cegava…

Mesmo assim, te via.

Te via de riso solto, aberto, no mesmo portão, de braços abertos e olhos fechados, como numa oração.

Te via sorrindo, na mesma distância. Que lindo!

Na mesma esperança, na mesma ilusão de que o tempo não bastaria…

Que algo cresceria, duraria, viveria por mais um verão.

Mas era inverno em teu coração, e de modo terno…

dizias: não

aos sonhos, às estradas… a ilusão.

E nas noites de estrelas, sem palavras, sem trelas, passei com elas aquela estação…

Em que tu te afastavas, como o horizonte, cada vez mais distante, e em nenhum instante imaginei que acabavas.

E na cidade fria, que no caminho a chover, meu coração apertava ao lembrar da distância que eu vencia para poder te ver.

E de longe as belas serras, imagino um portão… sem palavras e sem estrelas, sem braços abertos, que não mais me esperam.

Mas que ainda me conta sorrindo, e a saudade não faz doer de frio, das estradas, dos caminhos… que eram lindos… para poder te ver.

 

Veja mais em Versos sem destino ( um conto ) ‣ Jeito de ver

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Optimized by Optimole