Vestido de Roupa Nova – Uma vida inteira!

O grupo Roupa nova acompanha gerações com belas canções

Roupa Nova

Roupa Nova: Trilha Sonora de uma Vida

“Todos os dias, todas manhã
Sorriso aberto e Roupa Nova…”

— Roupa Nova, Milton Nascimento

Falar sobre o grupo Roupa Nova é como abrir o velho baú das memórias. Não é apenas música — é infância, juventude e afeto embalados em canções.

Talvez eu não seja a melhor pessoa do mundo para contar a biografia do Roupa Nova, pois falar do grupo Roupa Nova é estranho — é como revisitar a minha infância.

Relembrar as dificuldades para ir à escola no início dos anos 1980, quando, infelizmente, muitas instituições de ensino estavam em estado de abandono, reflexo da negligência de um governo autoritário que não valorizava a educação.

A situação era tão crítica que a escola Arquiteto Raul Cajado teve, intencionalmente, uma de suas letras trocadas para formar um trocadilho digno de processos…

Na cidadezinha em que eu morava, todos os prédios escolares estavam arruinados naquele início de década.

Nesse ambiente de descaso, as harmonias perfeitas e as músicas animadas do Roupa Nova acompanhavam meus passos rumo aos prédios que pareciam cenário de filme de guerra.

Em casa, a velha televisão valvulada da marca Colorado — preto e branco — ocupava a sala de estar.

Nos fins de semana, programas musicais e os rádios traziam as novidades.

As canções do grupo davam mais leveza aos novos dias.

Os Famks, os Motokas…

Mas a história deles era bem mais antiga do que eu imaginava.

Tudo tinha começado lá atrás, nos anos 1960, quando ainda não existia o Roupa Nova.

Em 1967, nascia o grupo Os Famks, no Rio de Janeiro.

Animavam festas e bailes, mas ainda não contavam com os integrantes que viriam pra encantar.

Foi só nos anos 1970 que os caminhos desses seis músicos se cruzaram de vez: Paulinho, Serginho Herval, Nando, Kiko, Cleberson Horsth e Ricardo Feghali.

Ainda como Os Famks, lançaram dois discos e, por um tempo, usaram o nome Os Motokas para gravar versões de sucessos internacionais.

Mas a virada veio no final da década.

Surge então o Roupa Nova.

A banda assinou com a gravadora Polygram e decidiu investir num som próprio.

Roupa Nova

O nome Roupa Nova foi inspirado em uma canção de Milton Nascimento e Fernando Brant, que gravaram em 1980.

O rádio tocava Sapato Velho

Minha cabeça de menino não compreendia bem o significado, mas meu coração sentia algo diferente.

O nome Roupa Nova foi inspirado em uma canção de Milton Nascimento e Fernando Brant

Roupa Nova

A música me inspirava a viver grandes coisas, mesmo sem entender direito.

Com o tempo, percebi: ela falava da passagem dos anos, das experiências e de um amor que não envelhece.

Ainda hoje, com cinquenta e poucos, ouço e me emociono.

A Canção de Verão era febre nas rádios.

Tentava seguir o contrabaixo do Nando — meu baixista favorito, mas neste grupo todos eram favoritos!

Na minha meninice, sonhava em assistir a um show daqueles que me acompanhavam nas manhãs escolares.

Aquela trilha sonora deixava tudo mais bonito.

A década de 1980 foi um estouro.

Era difícil escolher uma melhor música: Clarear, Lumiar, Vira de Lado, Voo Livre, Bem Simples, Anjo, Boa Viagem, Fora do Ar, Sensual, Chuva de Prata, Tímida e Não Dá. Whisky a Go Go virou clássico, tema de abertura da novela Um Sonho a Mais, junto com Chuva de Prata, num dueto com Gal Costa.

Lembro que, em todo baile que eu ia, havia uma regra: a banda tinha que tocar Whisky a Go Go.

Anos depois, senti a emoção do público ao tocá-la nas festas em que pude me apresentar.

Mas pra mim, tudo era Lumiar e Voo Livre.

Com o início da adolescência, as harmonias me arrepiavam a espinha.

Meus amigos curtiam as mais agitadas, mas eu… era das baladas românticas.

Em 1985, mais sucessos…

A banda lançou o disco mais vendido da carreira: mais de dois milhões de cópias!

A minha quinta série teve como trilha sonora Dona (tema de Roque Santeiro), Seguindo no Trem Azul, Linda Demais, Sonho, Corações Psicodélicos e Show de Rock’n Roll, que tocavam durante os vinte minutos de intervalo na escola.

As paixões aconteciam, e talvez por isso eu fosse mais chegado às músicas românticas.

Nos anos seguintes, eles continuaram firmes.

Vieram com Um Sonho a Dois (com Joanna), Volta Pra Mim, A Força do Amor, Cristina, De Volta Pro Futuro, Meu Universo É Você e Vício.

Em 1989, ainda com gás, gravaram Eu e Você com José Augusto, tema da novela Tieta, parceria perfeita!

Anos 90 – Adolescência, paixões e músicas

Na década seguinte, os tempos de menino ficaram pra trás.

Gostava de cantar a música Cristina, que foi lançada em 1987… sonhava tocar o projeto de minha banda, mas a vida nem sempre segue o curso desejado.

Aos 22 anos, passei a trabalhar em uma escola — de poucos recursos, mas diferente daquelas do início da década anterior — breve carreira de professor.

Lembro de um aluno de seis anos que me perguntou: “Professor, o senhor gosta do Roupa Nova?”

Mas… a resposta era óbvia demais!

Expliquei ao pequenino que, desde bem menino, colecionava discos e fitas do grupo.

Fui presenteado com a Fita K-7 Frente e Versos.

O álbum trazia sucessos como Coração Pirata, tema de Rainha da Sucata.

Trazia também uma linda versão de Yesterday, dos Beatles, e parcerias ousadas como Esse Tal de Repi Enroll, com o grupo americano The Commodores.

Eu era apaixonado por Cartas.

Em 1991, lançaram o primeiro álbum ao vivo, revisitando clássicos como Lumiar, Anjo, Linda Demais, Volta Pra Mim, Clarear, entre outras. Duas faixas inéditas viraram trilha de novela: Felicidade e Começo, Meio e Fim, que marcaram a novela Felicidade, da Globo.

Aquele ano trouxe também um momento simbólico: a banda subiu ao palco do Rock in Rio!

Releituras

Eles revisitaram seus sucessos e dividiram Todo Azul do Mar com Beto Guedes.

Uma das mais belas canções, numa nova roupagem!

Em 1993, veio De Volta ao Começo, só com releituras de clássicos da MPB.

Tinha Gonzaguinha, Roberto Carlos, Os Mutantes, Milton Nascimento…

Destaques para De Volta ao Começo (tema de Renascer), Ando Meio Desligado (tema de Sonho Meu) e Maria Maria, que só virou trilha de novela anos depois, em 2007 (Caminhos do Coração).

Em 1994, lançaram Vida Vida, com a inesquecível A Viagem, tema da novela de mesmo nome. Ficou meses entre as mais tocadas.

Tinha também Os Corações Não São Iguais (que virou hit com outros artistas), Louca Paixão e Coração Aberto.

Em 1995, lançaram uma coletânea de trilhas de novelas, incluindo Ibiza Dance — tema instrumental de Explode Coração, que até ganhou remix.

Poderia contar ainda mais. Mas seria como tentar resumir o tempo.

Resumo de uma Vida

As canções que me acompanhavam desde a infância receberam novas músicas para a trilha da minha adolescência…

Sim, é verdade, muito mais eu poderia falar sobre discografia, biografias, a sentida perda do Paulinho… muitas coisas, mas, assim como as suas canções, gostaria de deixar algo de bom.

A banda mantém o ritmo com Fábio Nestares, músico experiente e carismático, mantendo aquilo que sempre foi o foco da banda: fazer música de qualidade, boa de ouvir.

Apesar da superficialidade dos streamings, independentemente das constantes mudanças no mercado musical, Roupa Nova sempre está presente. Com músicas de qualidade!

Roupa Nova é isso: trilha da vida de muita gente.

Deu voz às minhas primeiras paixões, me acompanhou nos tempos de escola, virou canção de ninar para minha filha e, hoje, com a minha família, é a trilha sonora dos nossos melhores dias.

Infelizmente, nas mudanças da vida, a minha coleção de vinil ficou no passado, não consegui preservar.

Mas, falar de Roupa Nova é falar de emoção, de vida.

E, pra quem viveu tudo isso — ou está conhecendo agora — é impossível não sentir um aperto no peito e um sorriso no rosto quando toca uma daquelas canções.

Os eternos meninos Paulinho, Serginho Herval, Nando, Kiko, Cleberson Horsth, Ricardo Feghali e Fábio são parte da história.

Roupa Nova é memória viva. É a trilha sonora da minha vida.

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Leia também: A música atual está tão pior assim? ‣ Jeito de ver

A Síndrome do Vira-Lata: Uma Análise

Introdução

Vivemos em um mundo onde culturas se encontram, se influenciam e, muitas vezes, se confrontam.

No Brasil, esse cenário ganha contornos particulares: por um lado, temos uma rica diversidade cultural; por outro, enfrentamos um sentimento persistente de inferioridade diante do que é estrangeiro.

Este artigo propõe uma reflexão sobre o conceito de superioridade cultural e a chamada “síndrome do vira-lata”, termo consagrado por Nelson Rodrigues.

Ao analisar também a influência do estilo de vida americano e os limites entre apreciação e apropriação cultural, buscamos compreender os mecanismos que moldam a forma como os brasileiros percebem sua própria identidade.

A Superioridade Cultural e a Síndrome do Vira-Lata:

Uma Análise Psicológica

O Conceito de Superioridade Cultural

A ideia de superioridade cultural implica que certos valores e práticas tornam uma cultura intrinsecamente melhor do que outras.

Historicamente, esse pensamento foi reforçado pela colonização, onde culturas dominantes impuseram seus costumes às consideradas “inferiores”.

Essa dinâmica ainda ecoa hoje, influenciando a forma como sociedades se percebem e interagem culturalmente.

A educação tem papel central nesse processo. Quando privilegia uma cultura, seus valores se tornam mais aceitos e difundidos.

A mídia também colabora, promovendo estereótipos que reforçam a noção de que algumas culturas são mais “avançadas” ou “superiores”.

O “exótico” e o “estrangeiro” frequentemente ganham status de superioridade, eclipsando tradições locais.

Esse fenômeno traduz um esforço de afirmação identitária por meio do contraste com o outro.

A comparação cultural tende a gerar divisão, desvalorização interna e conflitos simbólicos.

Compreender a psicologia por trás dessa visão é essencial para desconstruir mitos e promover um olhar mais equitativo.

Cultivar o respeito às diversas expressões culturais é reconhecer a riqueza do patrimônio humano.

A Síndrome do Vira-Lata Segundo Nelson Rodrigues

Nelson Rodrigues cunhou o termo “síndrome do vira-lata” para descrever a inferiorização da identidade cultural brasileira.

A expressão compara o sentimento de menosvalia ao vira-lata, cão sem raça definida, frequentemente ignorado ou desprezado.

Esse fenômeno emerge após anos de influência estrangeira, onde o externo é visto como superior ao que é nacional.

Muitos brasileiros, influenciados por essa lógica, desvalorizam suas raízes e tentam imitar culturas percebidas como mais refinadas.

Na música, na moda e nas artes, a preferência por tendências estrangeiras é um reflexo claro desse comportamento.

Isso também se manifesta na política, quando se subestima a capacidade e os valores nacionais em discursos públicos.

A síndrome do vira-lata enfraquece a autoestima coletiva e fragmenta a identidade cultural do país.

Compreender esse conceito é crucial para resgatar o valor da cultura brasileira e promover autoconfiança cultural.

Rodrigues não só diagnosticou um problema psicológico-social, mas também propôs uma reflexão sobre como nos enxergamos como povo.

Ao reconhecer esse desafio, abre-se caminho para fortalecer a identidade nacional e restaurar o apreço pelas nossas origens.

A Influência da Cultura Americana: O American Way of Life

O American Way of Life representa o estilo de vida idealizado dos Estados Unidos e se espalhou globalmente através do soft power.

Música, cinema, moda e outros elementos da cultura pop são utilizados para moldar preferências e comportamentos mundo afora.

Filmes americanos promovem ideias de liberdade, individualismo e sucesso, influenciando padrões e aspirações em diferentes países.

Essas narrativas são absorvidas como modelos, transformando visões sobre o que é desejável ou moderno.

A música dos EUA, do jazz ao hip-hop, cria conexões afetivas e influencia gostos e identidades locais.

Na moda, marcas americanas ditam tendências globais, levando à adoção de estéticas que refletem o lifestyle estadunidense.

Essa assimilação cultural tende a valorizar o que é externo, relegando o local a um segundo plano.

O resultado é uma mudança nas percepções identitárias, muitas vezes reforçando a síndrome do vira-lata.

Tradições locais são ignoradas ou reinterpretadas sob a ótica do que é considerado moderno ou globalmente aceito.

Essa influência nos convida a refletir sobre os impactos da globalização e sobre como preservar o que nos torna únicos.

Reflexões Finais: Da Apreciação Cultural à Apropriação

A apreciação cultural promove aprendizado, empatia e convivência harmoniosa entre diferentes tradições e modos de vida.

No entanto, existe uma linha tênue entre apreciar e apropriar-se de elementos culturais alheios.

A apropriação ocorre quando práticas culturais são utilizadas fora de contexto, sem respeito ou compreensão adequados.

Isso pode reduzir tradições ricas a modismos superficiais, esvaziando seus significados originais.

Além disso, reproduz desequilíbrios de poder, reforçando estereótipos e marginalizando comunidades que originaram essas práticas.

Como valorizar outras culturas sem apagar as nossas próprias? Essa é a questão central do debate contemporâneo.

É necessário promover o respeito à origem e ao simbolismo de cada expressão cultural com que entramos em contato.

A educação e o diálogo são fundamentais para distinguir apreciação de apropriação.

Trocas culturais devem ser vividas como construção de pontes, não como imposição ou cópia.

Ao respeitar a diversidade, fortalecemos não apenas o outro, mas nossa própria identidade e senso de pertencimento.

“Quando um povo compreende suas origens, fortalece sua autoestima e reconstrói sua identidade com mais confiança.”

Leia também: A Importância do Amor Próprio e da Aceitação ‣ Jeito de ver

Dia dos Namorados: Amor e… marketing

alt="Fundo romântico para Dia dos Namorados com corações"
Que tal conhecer um pouquinho da história do Dia dos Namorados?

Imagem de Jess Bailey por Pixabay

“Não é só com beijos que se prova o amor”

Que tal começarmos este texto com este slogan bem fofinho?

É verdade que o amor é demonstrado e vivido das mais variadas formas, mas o slogan acima não se referia necessariamente a essas “mais variadas formas…”

Antes de entrarmos neste assunto, que tal conhecer um pouquinho da história do Dia dos Namorados?

Uma história de amor, fé, festa e… muito, muito marketing.


Valentine’s Day e Dia dos Namorados: uma história de amor, fé, festa e… marketing

Todo mês de junho, vitrines se enchem de corações, promoções e promessas de amor.

No hemisfério norte, o clima é parecido — só que acontece em fevereiro.

Mas o que muitos talvez não saibam é que tanto o Valentine’s Day quanto o nosso Dia dos Namorados têm origens bem mais curiosas (e contraditórias) do que parecem.

Entre cabras sacrificadas, santos apaixonados, poetas medievais e publicitários criativos, o amor encontrou muitas formas de se expressar ao longo dos séculos. E vale a pena olhar com carinho essa trajetória.


🌿 Entre rituais e rebeldias

Antes de tudo virar cartão com glitter, havia festa pagã e sangue de bode.
Na Roma Antiga, existia um festival chamado Lupercália, celebrado todo mês de fevereiro.

Os sacerdotes sacrificavam cabras e cães, depois saíam pelas ruas com tiras desses animais, tocando suavemente nas mulheres para garantir fertilidade.

A cena pode parecer estranha hoje, mas era uma mistura de rito de purificação, culto à fertilidade e homenagem a deuses como Juno, ligada ao casamento, e Pan, ligado à natureza e aos instintos.

Mas foi no século III, ainda em Roma, que surgiu o nome que daria origem à celebração moderna: Valentim.

Um padre que desafiou as ordens do imperador Cláudio II, que havia proibido os casamentos achando que soldados solteiros eram melhores guerreiros. Valentim discordava — e seguia celebrando casamentos às escondidas.
Descoberto, foi preso. Na prisão, apaixonou-se pela filha do carcereiro, que era cega.

Diz a lenda que ele curou sua visão e, antes de ser executado (em 14 de fevereiro de 270), escreveu-lhe uma carta com a assinatura que atravessaria séculos: “Do seu Valentim.”


Quando a Igreja entra na dança

A Lupercália incomodava os cristãos.

Em 496, o papa Gelásio I oficializou o Dia de São Valentim, apagando aos poucos os traços pagãos da festa e transformando-a em uma celebração cristã.
Coincidência (ou não): a data foi marcada para 14 de fevereiro, o dia da morte do mártir.

Com o tempo, São Valentim virou o patrono dos apaixonados — embora, em 1969, o Vaticano tenha removido seu nome do calendário oficial, alegando falta de provas sobre sua história.

Mas, a essa altura, o amor popular já estava muito além da burocracia religiosa.


Do canto dos pássaros aos cartões rendados

Na Idade Média, o romantismo ganhou força.

Poetas como Geoffrey Chaucer, na Inglaterra, começaram a associar o 14 de fevereiro ao tempo do acasalamento dos pássaros — uma espécie de primavera emocional.
Era o início do chamado amor cortês, onde nobres trocavam cartas, poemas e pequenas lembranças.

Na França, chegou a existir uma “Corte do Amor”, com concursos poéticos celebrando os encantos da paixão.

Já no século XIX, a revolução foi industrial: nos Estados Unidos, Esther Howland, filha de donos de papelaria, criou os primeiros cartões de Valentine em larga escala.

Em seu primeiro ano, vendeu o equivalente a cinco mil dólares — uma pequena fortuna na época.

Corações, rendas e cupidos viraram padrão. O amor começava a andar de mãos dadas com o comércio.


 E no Brasil? Santo Antônio e a jogada de mestre

Enquanto o resto do mundo celebra o amor em fevereiro, aqui no Brasil a data foi plantada com criatividade e estratégia.
Em 1948, o publicitário João Doria (pai do ex-governador de São Paulo) foi chamado para aquecer as vendas de junho — um mês considerado fraco para o comércio.

Inspirado no sucesso do Dia das Mães, criou o Dia dos Namorados, marcado para 12 de junho, véspera do dia de Santo Antônio, o conhecido “santo casamenteiro”.

O slogan da campanha era direto e afetuoso:
“Não é só com beijos que se prova o amor.”

Funcionou. Hoje, o 12 de junho é a terceira data mais lucrativa do varejo brasileiro, atrás apenas do Natal e do Dia das Mães.


🌍 O amor em outras línguas

Em outros cantos do mundo, o amor também encontra jeitos inusitados de se manifestar:

  • Dinamarca: Homens mandam bilhetes anônimos rimados (gaekkebrev). Se a mulher adivinhar quem enviou, ganha um ovo de Páscoa.

  • África do Sul: Mulheres usam corações com o nome do pretendente costurado na manga da roupa.

  • Filipinas: Casamentos coletivos gratuitos são tradição em 14 de fevereiro.

  • Finlândia e Estônia: Comemoram o Dia da Amizade — amor em todas as formas.


💘 Entre o afeto e a vitrine

Pode parecer contraditório: uma história de santos, rituais, amor cortês… terminando em vitrines de shopping.

Mas talvez aí esteja justamente o charme dessas datas: elas se reinventam.

Hoje, 59% dos espanhóis dizem gastar, em média, €95 no Valentine’s Day.

E no Brasil, em 2025, os restaurantes e floriculturas seguem cheios no dia 12 de junho.
O amor pode até não ter preço — mas, no mundo moderno, ele tem data marcada, slogan, embalagem… e lugar garantido no calendário do coração (e do comércio).


P.S. É verdade que, em tempos de algoritmos (Tinder, Bumble), o clima de romance perdeu um tanto de seu encanto, e as pessoas, como num “capitalismo emocional tecnológico”, consomem seus afetos, assistem até enjoar e clicam no próximo… não se permitindo viver um pouco mais uma história.

Uma velha frase, talvez distorcida em minha memória — acredito que seja do Ailton Krenak, embora me lembre muito as citações do Goulart — dizia mais ou menos assim:
“A vida não é útil, não se come. Mas, sem ela, a gente não come, não ama.”

É estranho como, mesmo em tempos tecnológicos, geramos bilhões de curtidas românticas por dia e tudo o que, às vezes, sonhamos é com um olhar sincero, diferente, que dure mais de 30 segundos.

Pois é…apesar de tudo…precisamos de amor!

Veja também Romântico (Uma poesia simples) ‣ Jeito de ver

Texto revisado por I.A.

Luiz Gonzaga – O Rei do Baião

alt="Disco de vinil de Luiz Gonzaga"

Por muito tempo, as praças das pequenas cidades do interior nordestino ficavam lotadas de homens que se aventuravam em caminhões desconfortáveis ou ônibus em péssimas condições para o trabalho nas fazendas de corte de cana no Sudeste do Brasil.

Se expunham ao trabalho pesado, alguns morriam picados por cobras venenosas, outros penavam de saudade.

A bebida alcoólica fazia companhia ao sofrimento de muitos.

O Sudeste era símbolo de progresso, e o Norte e Nordeste eram vistos como símbolos de abandono e atraso.

Mas, como se deu isso?

A herança colonial

Esta é uma das heranças do período colonial, em que a exploração do território brasileiro foi feita de forma predatória e concentrada em ciclos econômicos regionais (a cana-de-açúcar no Nordeste, o ouro em Minas, o café no Sudeste).

À medida que o ciclo do café cresceu, especialmente no século XIX, o Sudeste passou a ter maior influência política e econômica.

Era onde estavam as elites econômicas e políticas.

Durante o século XX, principalmente com Getúlio Vargas e, depois, Juscelino Kubitschek, o Brasil passou por uma rápida industrialização — mas quase toda concentrada em São Paulo e Rio de Janeiro.

Essas regiões já tinham melhor infraestrutura, mão de obra disponível e acesso aos portos. Investimentos em energia, transporte e indústria foram canalizados para lá, ignorando o potencial de outras regiões.

Era mais rentável investir onde já havia infraestrutura.

Os grandes centros de decisão, como o Congresso, os bancos, os grandes jornais e empresas, sempre estiveram no Sul e Sudeste.

Isso criou uma espécie de “círculo vicioso”: onde há mais riqueza, há mais poder, e onde há mais poder, mais recursos são direcionados.

O descaso com o Nordeste

O Nordeste passou a ser visto por parte das elites políticas e econômicas como “problema social”, e não como região estratégica.

As políticas públicas geralmente foram emergenciais ou assistencialistas, como frentes de trabalho ou ações contra a seca — sem atacar as causas da desigualdade.

Havia preconceito e marginalização histórica contra o Nordeste.

A falta de investimentos no campo nordestino, somada às secas e ao abandono, forçou milhões a migrar para o Sudeste, onde acabavam vivendo em condições precárias nas periferias urbanas.

Isso contribuiu ainda mais para a concentração populacional e a sobrecarga dos serviços nas grandes cidades — e o ciclo se repetia.

O modelo de desenvolvimento era concentrador e excludente.

Triste Partida

Neste contexto, Patativa do Assaré compôs uma das mais belas músicas do cancioneiro brasileiro: Triste Partida.

“Setembro passou,
Outubro e Novembro,
Já tamo em Dezembro,
Meu Deus, que é de nós?
Assim fala o pobre
Do seco Nordeste,
Com medo da peste,
Da fome feroz…”

Embora Triste Partida não mencione diretamente o governo, o pano de fundo da canção é, sim, profundamente político — ainda que de forma sutil.

A seca é retratada não apenas como fenômeno natural, mas como uma tragédia social e humana agravada pela ausência do Estado e pela falta de políticas públicas eficazes para o povo nordestino.

A seca, constante no sertão, transforma-se em símbolo da negligência histórica com o Nordeste.

Luiz Gonzaga – O Rei do Baião

Luiz Gonzaga

A fome, o êxodo, a desesperança — tudo isso poderia ser amenizado com ação governamental, mas o que se vê é o abandono.

A canção narra o drama do sertanejo que deixa tudo para trás em busca de sobrevivência.

Isso é consequência direta da falta de apoio e estrutura, de crédito, de acesso à terra, de políticas de convivência com o semiárido.

O silêncio do autor sobre o governo, nesse caso, fala alto, sugerindo que o sofrimento é tão prolongado e recorrente que já nem surpreende mais.

A voz e a Asa Branca

O cantor que deu voz à canção foi Luiz Gonzaga, o autor de, entre muitas belas canções da música, Asa Branca.

A música Asa Branca, composta por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira em 1947, é uma das canções mais emblemáticas da música popular brasileira.

Ela retrata o drama da seca no sertão nordestino e a migração forçada dos sertanejos em busca de melhores condições de vida.

A letra é narrada por um sertanejo que se despede de sua terra natal devido à seca devastadora.

Ele menciona a ausência de chuvas, o sofrimento dos animais e a partida do pássaro asa-branca — símbolo da aridez do sertão.

O protagonista também se despede de sua amada, prometendo retornar quando a chuva voltar e a terra voltar a florescer.

Asa Branca é, portanto, uma canção que representa o Nordeste profundo, seu povo, sua dor, sua força e sua esperança.

É considerada um verdadeiro hino do sertão brasileiro.

Rei do Baião

Entender e expressar os sentimentos de um povo são prerrogativas de um Rei, e embora muitos o fizessem pela cultura nordestina, nenhuma voz soou tão alto quanto a de Luiz Gonzaga – O Rei do Baião.

O conhecimento da história pode ajudar a entender as raízes do preconceito e da ignorância e trazer à luz a luta de um povo que expressou a sua história e a sua luta por meio de trabalho e arte.

Vamos à história do Rei do Baião:

Luiz Gonzaga – O Rei do Baião

Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu em 13 de dezembro de 1912, na Fazenda Caiçara, povoado do Araripe, em Exu, no sertão de Pernambuco.

Filho de Januário José dos Santos, sanfoneiro e consertador de instrumentos, e Ana Batista de Jesus, conhecida como Mãe Santana, Luiz foi batizado em 5 de janeiro de 1920 na matriz de Exu.

Seu nome foi escolhido em referência ao dia de Santa Luzia (13 de dezembro), e o sobrenome “Nascimento” foi inspirado no mês em que se celebra o nascimento de Jesus.Luiz Gonzaga – O Rei do Baião

Desde pequeno, Luiz demonstrava fascínio pela sanfona do pai. Ajudava na roça, mas preferia ouvir Januário tocar.

Com o tempo, aprendeu o instrumento e passou a animar festas da região.

Aos 13 anos, comprou sua primeira sanfona com ajuda do coronel Manuel Aires de Alencar e suas filhas, que também lhe ensinaram a ler e escrever.

Sua primeira apresentação remunerada foi em um casamento — momento em que sentiu que a música era seu destino.

A fuga de casa e o Exército

Aos 17 anos, Luiz fugiu de casa após um romance proibido e uma surra da mãe.

Foi para o Crato, no Ceará, vendeu sua sanfona e seguiu para Fortaleza, onde alistou-se no Exército em busca de uma vida melhor.

Durante a Revolução de 1930, percorreu diversas regiões como corneteiro.

Em Minas Gerais, comprou uma sanfona nova e começou a ter aulas com o mestre Domingos Ambrósio.

Teve suas primeiras experiências públicas tocando em clubes, antes de ser transferido para Ouro Fino.

Em 1939, deixou o Exército.

Carreira no Rio de Janeiro

Sem notícias da família havia nove anos, permaneceu no Rio de Janeiro à espera de um navio de volta para Pernambuco.

Um colega do Batalhão de Guardas sugeriu que ele tentasse ganhar a vida tocando sanfona pela cidade.

Luiz começou a tocar nos bares do Mangue, nas docas e nas ruas. Logo passou a se apresentar em cabarés da Lapa.

No início, seu repertório era composto por tangos, fados e valsas — exigência do público.

Tentou a sorte nos programas de calouros de Silvino Neto e Ary Barroso, mas tirava notas baixas.

Em 1940, um grupo de estudantes cearenses o incentivou a tocar músicas nordestinas.

Com a música “Vira e Mexe”, ganhou nota 5 e o primeiro lugar em um concurso de rádio.

Sua habilidade chamou a atenção de Januário França, que o convidou para acompanhar Genésio Arruda em uma gravação.

Primeiras gravações e parcerias

O desempenho foi tão bom que Ernesto Morais, diretor artístico da RCA, convidou-o para gravar como solista.

Em 14 de março de 1941, Luiz Gonzaga gravou seus dois primeiros discos.

Nos anos seguintes, gravou cerca de 70 músicas, muitas instrumentais.

Em 1945, lançou seu primeiro disco como cantor, com a música “Dança Mariquinha”, marcando o início de sua carreira vocal.

Parcerias e o sucesso do baião

Em busca de um parceiro letrista, Luiz conheceu o advogado cearense Humberto Teixeira, com quem formou uma das duplas mais importantes da música brasileira.

Juntos lançaram sucessos como “Baião”, “Asa Branca”, “Assum Preto”, “Paraíba” e “Kalu”.

As músicas eram acompanhadas por sanfona, triângulo e zabumba — a formação clássica do forró pé de serra.

“Asa Branca”, lançada em 3 de março de 1947, se tornou um marco.

A canção, de caráter folclórico, retrata o drama do sertanejo diante da seca e foi gravada por artistas como Dominguinhos, Sérgio Reis e Baden Powell.

Retorno ao Nordeste e novos parceiros

Após anos longe de casa, Luiz retornou ao Recife e passou a se apresentar nos programas de rádio da capital. Com trajes típicos — gibão de couro, chapéu de vaqueiro e óculos Ray-Ban —, reforçava sua identidade nordestina.

Em 1949, levou a família para o Rio de Janeiro e conheceu o médico e compositor Zé Dantas, iniciando uma nova e frutífera parceria, que rendeu canções como “Vem Morena”, “Cintura Fina”, “A Dança da Moda” e “A Volta da Asa Branca”.

Entre 1948 e 1954, morou em São Paulo e viajava o Brasil fazendo shows.

Tornou-se um dos artistas mais populares do país, levando os ritmos do sertão para as grandes cidades.

Em 1980, Luiz Gonzaga cantou para o Papa João Paulo II, em Fortaleza. Apresentou-se também em Paris, a convite da cantora Nazaré Pereira. Recebeu o prêmio Nipper de Ouro e dois discos de ouro com o álbum “Sanfoneiro Macho”.

Vida pessoal

Luiz Gonzaga teve um relacionamento com a cantora e dançarina Odaléia Guedes dos Santos, com quem teve um filho, Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, o Gonzaguinha, em 1945.

Odaléia faleceu quando o menino tinha dois anos.

Em 1948, Gonzagão casou-se com Helena Neves Cavalcanti, que o ajudou a criar Gonzaguinha. O casal também adotou uma menina, Rosa Gonzaga.

Luiz Gonzaga morreu em 2 de agosto de 1989, no Recife, deixando um legado inestimável para a música brasileira.

Foi um dos artistas mais importantes da história da MPB e verdadeiro porta-voz da cultura nordestina.

Seus sucessos continuam vivos na memória do povo e influenciaram gerações de músicos, como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Raul Seixas e Geraldo Vandré.

Será eternamente lembrado como o Rei do Baião, aquele que deu voz, forma e ritmo ao Sertão — e transformou a dor de sua terra em música eterna.

O conhecimento da história pode ajudar a entender as raízes do preconceito e da ignorância e trazer à luz a luta de um povo que expressou a sua história e a sua luta por meio de trabalho e arte.

Leia também: A Evolução da Música Caipira no Brasil ‣ Jeito de ver

Baião: A Dança Nordestina de Raiz

Fonte: Wikipedia

Biografia de Luiz Gonzaga – eBiografia

Banda Toto – Seus Sucessos e Dramas

A banda Toto foi formada em 1977, em Los Angeles, Califórnia
Sabe aquelas frases em uma música que você ouve uma vez e ficam gravadas na memória por um bom motivo?

Em uma dessas muitas viagens, escutei no rádio uma canção que dizia: “Assim que a eternidade for alcançada… terei esquecido você!”

Não sei se a frase se tornou especial por eu estar longe da minha família ou por causa da tristeza recente de ter perdido alguém querido. Só sei que ela permanece entre as mais belas que já ouvi.

A frase (em tradução livre) é da música I’ll Be Over You, da banda Toto.

Se você ainda não conhece o Toto, permita-me compartilhar um pouco da história deles.


A Formação e os Primeiros Anos

A banda Toto foi formada em 1977, em Los Angeles, Califórnia, por um grupo de músicos talentosos que já desfrutavam de carreiras bem-sucedidas como músicos de estúdio.

O núcleo era composto por David Paich (tecladista) e Jeff Porcaro (baterista), amigos desde a época do colégio e parceiros em diversos projetos musicais.

A formação inicial também incluía Steve Lukather (guitarrista), David Hungate (baixista), Steve Porcaro (tecladista) e Bobby Kimball (vocalista).

Esses músicos compartilhavam não apenas um profundo respeito mútuo por suas habilidades, mas também uma paixão por diversos gêneros, do rock ao jazz, passando pelo R&B e o soul.

A ideia de formar uma banda surgiu naturalmente, como uma necessidade de expressar o talento de uma forma que os estúdios não permitiam plenamente.

Desde o início, o Toto buscou um som acessível, mas que também refletisse suas ambições artísticas. Em uma cena dominada pelo rock progressivo e pela disco music, a banda encontrou um espaço próprio ao combinar elementos desses estilos.

Com composições elaboradas, arranjos criativos e um elevado nível técnico, suas primeiras músicas logo chamaram atenção.

Os primeiros shows foram bem recebidos, e a banda conseguiu rapidamente um contrato com a Columbia Records.

Seu álbum de estreia, Toto (1978), trouxe clássicos instantâneos como Hold the Line e I’ll Supply the Love, recebendo elogios da crítica e conquistando um público fiel.

A combinação de baladas marcantes e faixas mais enérgicas revelou a versatilidade do grupo, que já se apresentava como uma força promissora no cenário musical.

Os primeiros anos do Toto foram marcados por intensa criatividade e crescente sucesso, moldando um estilo que evoluiria ao longo das décadas.

A soma do talento individual e da busca por inovação estabeleceu as bases de uma carreira duradoura e significativa.


O Sucesso Avassalador de ‘Toto IV’

Lançado em 1982, o quarto álbum de estúdio do Toto, Toto IV, representou um marco na trajetória da banda.A banda Toto foi formada em 1977, em Los Angeles, Califórnia

Após recepções mistas dos álbuns anteriores, o grupo se dedicou à criação de um trabalho ambicioso e meticuloso.

O processo de gravação foi exaustivo, mas o esforço coletivo resultou em um disco que mesclava, com maestria, rock, pop e elementos da música clássica.

O álbum trouxe algumas das faixas mais icônicas do Toto, como Africa e Rosanna.

Com letras envolventes, harmonias ricas e arranjos precisos, essas canções cativaram público e crítica. Africa, com sua batida hipnótica e melodia inconfundível, rapidamente se tornou um clássico atemporal.

O impacto de Toto IV foi imenso: o álbum vendeu milhões de cópias no mundo todo e recebeu certificações de ouro e platina em diversos países.

Aclamado por sua excelência técnica e criatividade, conquistou seis prêmios Grammy, incluindo Álbum do Ano e Gravação do Ano por Rosanna.

Essas conquistas não apenas celebraram a habilidade dos músicos, mas também elevaram o Toto ao patamar de lenda da música internacional.

O sucesso estrondoso de Toto IV consolidou a banda no estrelato e garantiu seu lugar na história, tanto pela técnica quanto pela capacidade de emocionar e cruzar fronteiras musicais.


Mudanças na Formação e Desafios

Ao longo das décadas, o Toto passou por várias mudanças de formação, enfrentando desafios que, por vezes, ameaçaram a continuidade da banda, mas também abriram caminho para novas possibilidades.

Uma das primeiras mudanças marcantes ocorreu em 1982, com a saída do vocalista Bobby Kimball, cuja voz havia contribuído de forma decisiva para o som característico do grupo.

Apesar disso, a entrada de Joseph Williams em 1986 trouxe uma nova identidade sonora, ajudando a manter a relevância da banda.A banda Toto foi formada originalmente em 1977, em Los Angeles, Califórnia

Além das trocas de integrantes, o grupo enfrentou questões pessoais e profissionais que testaram sua união.

Problemas com drogas e tensões internas dificultaram a produção de álbuns e a realização de turnês.

Steve Lukather, guitarrista e membro fundador, assumiu frequentemente a responsabilidade de manter o grupo coeso.

A perda do baixista Mike Porcaro, em 2015, vítima de esclerose lateral amiotrófica, foi um golpe doloroso, que afetou profundamente a banda.

Apesar de todos esses obstáculos, o Toto conseguiu se reinventar. Cada nova formação trouxe influências diferentes, resultando em variações de estilo ao longo da discografia.

Essa resiliência não apenas garantiu a continuidade do grupo, como também revelou a paixão de seus integrantes pela música e pelos fãs.


Herança Musical e continuação

Desde sua origem nos anos 70, o Toto construiu um legado sólido na música mundial.

Com talento excepcional e uma abordagem eclética, a banda emplacou sucessos como Africa e Hold the Line, destacando-se pela qualidade técnica e pela habilidade de transitar entre gêneros.

Essa fusão de estilos influenciou gerações de músicos, muitos dos quais consideram o Toto uma referência essencial em suas trajetórias.

Mesmo após o auge da fama, a banda manteve-se ativa com novos lançamentos e turnês globais.

Álbuns como Kingdom of Desire e Mindfields, lançados nas décadas de 1990 e 2000, demonstram a capacidade de adaptação e evolução sem perder a essência que os tornou únicos.

As apresentações ao vivo continuam a encantar o público, oferecendo experiências musicais marcadas pela energia e virtuosismo.

Paralelamente ao trabalho com a banda, os integrantes exploraram projetos solo. Steve Lukather, por exemplo, lançou álbuns aclamados que evidenciam sua versatilidade como guitarrista e compositor. David Paich e Joseph Williams também seguiram contribuindo para a música em diversas frentes — como produtores, arranjadores e intérpretes.

Hoje, o Toto segue surpreendendo os fãs com novas músicas e shows. A formação atual, que reúne nomes clássicos e novos talentos, continua a criar e a emocionar.

Rumores sobre futuras formações mantêm vivo o interesse do público, provando que, mesmo diante das mudanças da indústria, o legado do Toto permanece forte, inspirador e profundamente relevante.

Leia também: A música atual está tão pior assim? ‣ Jeito de ver

Toto – Wikipédia, a enciclopédia livre

A Origem do Dia do Trabalho

O valor de um trabalhador

Introdução: Por que ainda precisamos falar sobre o Dia do Trabalho?

Uma reflexão sobre o passado, o presente e os perigos do esquecimento.

O 1º de maio não é apenas uma data no calendário — é um símbolo de resistência, conquista e também de alerta.
Neste texto, você vai reencontrar histórias que parecem distantes, mas que seguem mais atuais do que nunca: jornadas exaustivas, exploração disfarçada de progresso, direitos suprimidos em nome de uma suposta ordem.

Vamos lembrar de onde viemos para entender onde estamos — e, principalmente, para questionar para onde estamos indo.
Porque esquecer a luta dos trabalhadores é abrir espaço para que os retrocessos se repitam.


A Origem do Dia do Trabalho
Reflexão sobre os Direitos dos Trabalhadores


O que é o Dia do Trabalho?

Celebrado em diversos países no dia 1º de maio, o Dia do Trabalho é uma data simbólica que destaca a importância da luta dos trabalhadores.

Essa comemoração remonta ao final do século XIX, quando movimentos trabalhistas começaram a se mobilizar por melhores condições de trabalho e por direitos fundamentais.

Você sabia que, no passado, crianças eram tratadas como adultos em miniatura e chegavam a trabalhar entre dez e doze horas por dia?
Parece absurdo? Pois é — na época, o que hoje nos causa indignação era visto como uma maneira de aproveitar mão de obra barata.

Essas crianças eram exploradas ainda mais que os adultos, privadas do direito à aprendizagem e do desenvolvimento pessoal.
A infância era um privilégio restrito aos filhos dos patrões.


Uma História de Lutas e Conquistas

A origem do Dia do Trabalho é marcada por eventos como a greve de Haymarket, em Chicago, onde trabalhadores protestaram exigindo a jornada de oito horas.

A Revolta de Haymarket foi um conflito que eclodiu após a explosão de uma bomba em uma manifestação em prol da jornada de oito horas de trabalho, em 4 de maio de 1886, na Haymarket Square, em Chicago, nos Estados Unidos. Fonte:  Wikipedia

Com o tempo, essa luta resultou em conquistas como férias, salários mais justos, licenças trabalhistas e direitos básicos que, hoje, muitos consideram garantidos — mas que sempre correm riscos de retrocesso.

Celebrar essa data é manter viva a memória das vitórias passadas e lembrar da necessidade constante de proteger os direitos dos trabalhadores.


Por que é necessário celebrar o Dia do Trabalho?

Mais do que um simples feriado, o 1º de maio é uma oportunidade de reflexão.

Já repararam como, muitas vezes, reformas econômicas anunciadas pelos governos penalizam o trabalhador e desvalorizam seu esforço?

Certa vez, um Presidente iniciou seu discurso com palavras como:

“A situação crítica demanda ações drásticas. Precisamos cortar na carne para manter a ordem e o controle.”

Mas o corte nunca foi na própria carne. A tal reforma trabalhista desmontou direitos adquiridos, favoreceu patrões, reduziu 94% dos serviços assistenciais e acelerou o processo de entrega de empresas públicas à administração privada.

É claro: a reforma não arranhou nem de leve a pele de políticos e empresários.


O papel da imprensa

A imprensa, financiada por grandes empresários, assumiu o papel de convencer — ou confundir — a população. Manchetes exaltavam os “benefícios” da Nova Reforma, enquanto o trabalhador via, na prática, o desmonte de suas garantias.

Houve até governo que chegou a sugerir que os pobres pudessem vender os próprios órgãos…

Enquanto isso, projetos importantes, como o que propõe o fim da escala 6×1 no Brasil, são deixados de lado por parlamentares mais preocupados com pautas de uma suposta moralidade — muitas vezes alinhados com os interesses de seus financiadores de campanha: os patrões, que também são, com frequência, os exploradores.


Valorizar o trabalhador é valorizar a sociedade

A valorização do trabalhador deve ser uma prioridade em qualquer sociedade.
Em diversos países, a redução de jornadas e escalas resultou em ganhos reais: produtividade, saúde mental e desenvolvimento empresarial. (Abordaremos esse ponto em um post futuro.)

Ao reconhecer a importância do 1º de maio, renovamos o compromisso com a justiça social, com melhores condições de trabalho e com o espírito de solidariedade entre os que constroem, de fato, o mundo com seu esforço: os trabalhadores.

Leia também:

A falta de Educação Política e a corrupção ‣ Jeito de ver

4 de maio de 1886: acontece o Massacre de Haymarket, confronto entre policiais e manifestantes que influenciou a criação do Dia Internacional dos Trabalhadores

Fonte: Wikipedia

Brasil Escola

A história do grupo Badfinger

A triste história de uma das melhores bandas de todos os tempos

Conheça o Badfinger

O rádio tocava a bela canção Without You, na voz de Mariah Carey…
Do outro lado da rua, um fã de Raul Seixas insiste no refrão de Tente Outra Vez…
E eu penso: “Isso é Badfinger!” (Ouça o refrão em Day After Day).

Você conhece aquelas histórias trágicas de bandas incríveis, que pareciam destinadas ao sucesso, mas acabaram naufragando? A história do Badfinger é uma dessas. E merece ser contada.

Nos anos 1970, o mundo buscava um novo grupo que preenchesse o vazio deixado pelos Beatles. E os meninos do Badfinger eram realmente bons.

Mas escolhas ruins, ingenuidade e um empresário inescrupuloso levaram a banda a um fim devastador.

O começo promissor

Formado em 1961, em Swansea (País de Gales), o grupo nasceu como The Iveys, com Pete Ham, Ron Griffiths, David ‘Dai’ Jenkins e Mike Gibbins. Começaram com covers de Beatles e Rolling Stones, até que o talento para composições autorais os levou mais longe.

Em 1968, foram descobertos por Mal Evans, assistente dos Beatles, que os levou até a Apple Records. Com o novo nome — Badfinger — lançaram Come and Get It, escrita por Paul McCartney.

O sucesso veio rápido.

Com melodias envolventes e harmonias vocais impecáveis, emplacaram sucessos como No Matter What, Day After Day e Baby Blue.

George Harrison os incluiu no álbum All Things Must Pass, e eles participaram do histórico Concerto para Bangladesh, em 1971. Pareciam destinados a ocupar um lugar permanente no panteão do rock.

A queda

Mas, nos bastidores, o empresário Stan Polley desviava dinheiro e manipulava contratos.

A má gestão corroeu a estrutura da banda, gerando desconfiança, estresse e prejuízos financeiros.

Pete Ham, principal compositor, não suportou a pressão.

Em 1975, cometeu suicídio, deixando uma nota em que denunciava a traição de Polley.

Em 1983, foi a vez de Tom Evans, baixista e vocalista, pôr fim à própria vida. A banda, que um dia brilhou ao lado dos Beatles, apagava-se tragicamente.

Um legado que resiste

Apesar de tudo, Badfinger deixou um legado duradouro. Suas canções continuam tocando — em rádios, trilhas de filmes, nas playlists de quem descobre suas melodias sinceras e atemporais.

Sua história é um alerta sobre os bastidores da indústria musical. Mostra que talento, sem gestão ética, pode não ser suficiente.

Badfinger não morreu.

Ainda ecoa.

E ensina.

Veja também  A Importância Inegável dos Beatles ‣ Jeito de ver

Badfinger – Wikipédia, a enciclopédia livre

Que tal agora explorar algumas canções desse grupo incrível?

A origem da expressão “Passar Pano”

A origem da expressão "Passar Pano"

Pixabay

Você já percebeu que algumas expressões são incorporadas ao nosso vocabulário no dia a dia e, quando nos damos conta, já as estamos usando?

Por exemplo, quando queremos dizer que a insistência leva ao sucesso, às vezes usamos “Água mole em pedra dura...”, ou quando queremos dizer que cada pessoa deve cuidar de seus próprios assuntos, dizemos “Cada macaco no seu galho”.

Outras expressões não desaparecerão “nem que a vaca tussa”, pois já criaram raízes em nosso vernáculo.

Uma expressão tem me chamado a atenção: “Passar pano”. Já ouviu essa expressão?

Vamos às origens…

Passar Pano: Origem e Significado

A expressão “passar pano” tem origem no ato literal de limpar algo com um pano.

No entanto, seu significado evoluiu para o sentido figurado de encobrir, minimizar ou defender algo negativo.

Há registros de que, no período escravista, os senhores passavam um pano úmido nas costas dos escravizados para remover a sujeira e o suor, disfarçando as condições em que viviam. Além disso, a ideia de “passar pano também remete ao ato de disfarçar imperfeições em serviços malfeitos, reforçando seu uso no sentido de acobertar ou amenizar falhas.

Significado e Uso

“Passar pano” é sinônimo de defender, omitir ou minimizar erros e atitudes negativas, seja desviando o foco da crítica, citando outro fato para relativizar a situação ou tentando proteger alguém de julgamentos.

Exemplos de Uso:

✔ “Eu sei que ele falou mal de mim. Você está passando pano para ele!
✔ “Não podemos passar pano para situações de assédio.”
✔ “O governo errou, mas sempre aparece alguém para passar pano, citando escândalos antigos.”
✔ “Maria nunca errou, e se errar, eu passo pano.”

Popularidade da Expressão

Embora não seja recente, a expressão ganhou força entre os jovens e passou a figurar em dicionários informais, sendo comparada a “varrer para debaixo do tapete”. Seu uso é frequente em debates políticos, sociais e no dia a dia, para descrever a tentativa de absolver alguém de críticas ou esconder problemas.

Fontes:
🔗 Toda Matéria
🔗 Dicionário Informal

Leia também Qual o seu idioma? – Tem certeza? ‣ Jeito de ver

A Pequena Sereia: Uma Outra Perspectiva

Cartaz de A pequena Sereia

The Little Marmaid

O escritor sempre coloca um pouco de si em suas histórias, sejam experiências pessoais ou no modo como histórias de terceiros influenciaram sua vida.

Neste post faremos uma breve análise do conto A Pequena Sereia, original de 1837, adaptado posteriormente para o cinema pelos estúdios Walt Disney.

A adaptação de A Pequena Sereia pela Disney, lançada em 1989, marcou um ponto de virada significativo na indústria da animação. Este filme não apenas revitalizou a animação como forma de entretenimento, mas também se estabeleceu como um ícone cultural duradouro.

As músicas e personagens apresentados na obra da Disney tornaram-se parte integrante da cultura popular, evidenciando a habilidade da empresa em criar narrativas que ressoam com o público de todas as idades.

A história de Ariel, com sua busca por identidade e amor verdadeiro, representa temas universais que continuam a atrair novas gerações, estabelecendo um profundo impacto na imaginação coletiva.

Como as experiências do autor e do adaptador influenciaram o modo como contam a mesma história? Vejamos.

Resumo da versão Disney de A Pequena Sereia

Na versão dos Estúdios Disney, o amor romântico é o foco central da narrativa.

 A Pequena Sereia é uma adaptação captura a essência de uma história encantadora, centrada na jovem sereia Ariel.

Desde o início, Ariel é apresentada como uma jovem curiosa e sonhadora, insatisfeita com sua vida no reino subaquático de Atlântida. Ela anseia por entender o mundo humano e sonha em se tornar parte dele, uma ambição que a leva a explorar os destroços de navios naufragados.

Esse desejo de liberdade e descoberta é um aspecto central da narrativa, pois representa a busca por identidade e pertencimento, temas universais que ressoam com muitos.

O amor floresce quando Ariel vê e salva de um naufrágio, o príncipe Eric, um humano que se torna a razão pela qual ela deseja transformar-se.

Em um momento decisivo, Ariel faz um pacto com a maligna bruxa do mar, Úrsula.

Sacrifícios e Final Feliz

Este acordo, que a transforma em humana por um período limitado, também a priva de sua voz, simbolizando as dificuldades e sacrifícios que podem surgir na busca pelos sonhos.

Este elemento da história oferece uma visão leve, mas profunda, sobre os desafios do amor verdadeiro e a importância da comunicação.

À medida que a narrativa se desenrola, Ariel é acompanhada por uma variedade de amigos leais, incluindo o peixe Linguado e o crustáceo Sebastião, que não apenas oferecem suporte, mas também humor à trama.

Os encontros e desencontros com Úrsula introduzem tensão à história, mas a amizade e o amor triunfam.

Em última análise, a versão da Disney culmina em uma resolução feliz, onde Ariel consegue conquistar seu sonho de ser humana, sublinhando que o amor e a amizade superam todos os obstáculos.

Essa adaptação oferece um toque otimista e esperançoso, deixando uma mensagem positiva para o público de todas as idades.

Resumo da versão original de A Pequena Sereia

Por outro lado, a versão original de Hans Christian Andersen, publicada em 1837, oferece uma abordagem mais sombria e filosófica da história.

A sereia, em sua busca pela alma e pela humanização, confronta questões existenciais profundas, como a perda e a dor que podem acompanhar o amor.

Capa do Livro A pequena Sereira e Outros Contos de Fadas

A versão original do conto A Pequena Sereia, escrita por Hans Christian Andersen, narra a história de uma jovem sereia que habita as profundas águas do oceano.

Desde pequena, a sereia é fascinada pelo mundo humano, em especial por um príncipe que avista e salva da morte, afogamento devido por causa do naufrágio, no dia de sua festa de aniversário.

A atração e o amor que sente por ele a levam a tomar uma decisão drástica, buscando a transformação em humana.

Para isso, ela faz um pacto com a temida bruxa do mar, que oferece pernas em troca de sua cauda, mas a um preço doloroso: a sereia deve abrir mão de sua voz.

O amor que a sereia nutre pelo príncipe é imenso, mas suas escolhas são repletas de sacrifícios.

O sacerifício e a perda

Adaptar-se ao mundo dos humanos traz-lhe não apenas a dor de não poder se expressar verbalmente, mas também a dor física, pois cada passo que dá é como caminhar sobre lâminas afiadas.

Ao longo da narrativa, Andersen explora a dualidade da busca pelo amor verdadeiro e os sacrifícios que isso demanda, revelando uma realidade onde a felicidade nem sempre é garantida.

Apesar de seus esforços para conquistar o coração do príncipe, ele acaba se apaixonando por outra mulher, levando a sereia a um estado de desespero.

O desfecho se torna ainda mais sombrio quando, ao perceber que seu amor é inalcançável, ela se depara com uma escolha final:

A bruxa do mar sugere que para recuperar a sua vida ela deve matar o príncipe e deixar seu sangue pingar aos seus pés para que ela volte a ser sereia ou transformar-se em espuma do mar em vez de se tornar uma mulher sem amor.

Ao ver a alegria do Príncipe com a amada, ela escolhe se transformar em espuma do mar.

Este final trágico destaca o preço elevado que pode ser exigido na busca por amor e aceitação, um tema recorrente na obra de Andersen que ressoa profundamente até os dias de hoje.

Comparação dos temas principais

De que modo cada autor inseriu um pouco de si, em especial na escrita e na adaptação deste clássico?

Enquanto a adaptação da Disney foca na busca do amor e na transformação pessoal, o conto de Andersen trata da dor e do sacrifício.

Uma análise da biografia dos personagens reais Walt Disney e Hans Christian Andersen nos ajuda a entender essa questão.

De acordo com o livro O Lado Sombrio dos Contos de Fadas, Walt Disney teve uma infância difícil, trabalhando desde menino para ajudar o pai nas despesas.

Desde muito jovem, acordava ainda de madrugada para entregar jornais, enfrentando frio intenso e longas jornadas.

Às vezes, ao encontrar brinquedos na frente das casas onde fazia uma entrega, brincava por um curto período, temendo ser pego ou denunciado por “trapacear durante o trabalho”.

Percebeu  desde menino o quanto os sonhos de finais felizes permeiam a trajetória humana.

Transformou seus sonhos e desejos da infância em um projeto onde as crianças poderiam brincar e ser felizes. Criou “O Maravilhoso mundo de Walt Disney”, onde a tristeza não deveria existir (ao menos por um longo tempo!).

Hans Christian Andersen

A vida de Andersen foi solitária e marcada por amores não correspondidos.

De família pobre, conseguiu sucesso por receber apoio de alguém que reconhecia seus talentos, mas jamais se sentiu plenamente aceito na alta sociedade. Algumas de suas obras, como O Patinho Feio e A Roupa Nova do Imperador, tocam nesse tema.

Ele também escreveu A Rainha da Neve, hoje conhecido como Frozen, além de outros belos contos.

Sua vida pessoal foi solitária, marcada por amores não correspondidos.

Ele nunca se casou e há indícios de que viveu conflitos internos em relação à sua sexualidade.

Suas cartas e diários revelam paixões tanto por mulheres quanto por homens, embora nunca tenha tido um relacionamento confirmado.

Suas paixões, conflitos e perdas se refletem no modo como escreveu o conto A Pequena Sereia.

A história de A Pequena Sereia, tanto na versão da Disney quanto na de Hans Christian Andersen, é apenas um exemplo de como os autores inserem um pouco de suas experiências em suas obras.

Essas diferenças temáticas destacam como as narrativas de amor podem variar entre culturas e épocas.

A adaptação da Disney prioriza uma visão otimista, enquanto Andersen nos convida a considerar os aspectos mais sombrios da humanização.

Que tal, na próxima vez que ler um livro, uma poesia ou escutar uma música, tentar imaginar os sentimentos e as histórias que se escondem no ritmo e nas palavras?

O ser humano tem esse incrível poder de se expressar e de entender além das palavras.

Fonte:

A Pequena Sereia – Wikipédia, a enciclopédia livre

O Lado Sombrio dos Contos de Fadas, Karin Hueck

Leia também Contos de fadas – Um novo jeito de ver! ‣ Jeito de ver

A canção que determinou o fim de um grupo!

New Orleans, início do Sécuo XX

New Orleans, 1910 Pinterest

There is a house in New Orleans

They called the Rising Sun

And it´s been the ruin of many a poor boy

And God, I know I’m One” – The house of the rising Sun

The House of the Rising Sun – Uma história

Origem da Canção

‘The House of the Rising Sun’ é uma canção tradicional folk americana cuja autoria exata permanece desconhecida.

Acredita-se que a música tenha sido transmitida oralmente através de gerações, com raízes que remontam ao início do século XX.

A natureza oral dessa tradição significa que a letra e a melodia foram modificadas ao longo do tempo, refletindo influências culturais e sociais de diferentes épocas e regiões dos Estados Unidos.

As primeiras gravações conhecidas datam de 1933, quando Clarence Ashley e Gwen Foster registraram suas versões. A interpretação de Ashley é significativa, pois ele aprendeu a música com seu avô, demonstrando sua transmissão geracional. Sua versão refletia as influências do folk e do blues, gêneros profundamente enraizados na cultura americana da época.

Contexto Cultural

O contexto dos Estados Unidos durante o surgimento da canção foi marcado por grandes mudanças e desafios.

A Grande Depressão, que assolou o país na década de 1930, impactou profundamente a vida dos americanos, e a música folk serviu como uma forma de expressão das dificuldades e aspirações da classe trabalhadora. ‘The House of the Rising Sun’ capturava essas realidades, com letras evocando histórias de perda, arrependimento e redenção.

A casa mencionada na canção é frequentemente interpretada como um bordel ou uma casa de jogo, refletindo temas de vício e decadência moral, prevalentes na sociedade da época. Assim, a canção se destacou tanto como peça musical quanto como documento cultural.

Versões e Regravações ao Longo dos Anos

Uma das primeiras interpretações notáveis foi feita por Woody Guthrie na década de 1940. Guthrie trouxe um estilo folk característico, com um arranjo simples e direto que refletia a tradição oral da música.

Musicologistas afirmam que há versões bastante antigas, possivelmente originárias da Inglaterra ou dos Estados Unidos antes da Guerra Civil. As gravações mais antigas conhecidas são de Clarence “Tom” Ashley, Doc Walsh e Gwen Foster (1932) e dos Callahan Brothers (1934), que ouviram a música de seu avô, Enoch Foster.

Texas Alexander, famoso cantor americano, gravou ‘Rising Sun’ em 1928, mas a música era bastante diferente, embora seus acordes tivessem alguma semelhança.

Em 1937, Alan Lomax gravou uma versão cantada por Georgia Turner, filha de mineiros do Kentucky, intitulada “Rising Sun Blues”. Nos anos 1940, novas gravações foram feitas por Woody Guthrie (1941), Josh White (1947) e Huddie “Lead Belly” (1944 e 1948).

Outro intérprete crucial foi Lead Belly, cujo estilo blues adicionou profundidade emocional à música. Sua interpretação destacou-se pelo uso da guitarra ressonadora e uma vocalização intensa.

Nos anos 1960, foi gravada por Joan Baez (1960), Bob Dylan (1961, publicado em 1962), Nina Simone (1962), The Animals (1964), Los Speakers (1965) e Frijid Pink (1969). Em seu disco de 1962, Bob Dylan atribuía ter conhecido a música através de Dave Van Ronk.

The Animals…

A versão mais famosa veio com The Animals em 1964. A banda descobriu a música durante uma turnê com o cantor folk Johnny Handle.

The Animals, The house of the Rising Sun

Capa The house of the rising Sun

Inspirados pela melodia sombria e pela narrativa envolvente, decidiram dar uma nova roupagem à canção.

O arranjo inovador destacou-se imediatamente. O icônico arpejo de guitarra e o uso marcante do órgão contribuíram para que essa versão se tornasse um marco na história da música popular, catapultando a canção para o topo das paradas internacionais.

Muitos outros artistas revisitaram ‘The House of the Rising Sun’, trazendo suas próprias visões e estilos. Nina Simone, Frijid Pink e Five Finger Death Punch adicionaram elementos de jazz, hard rock e metal, respectivamente.

O topo das paradas

O single rapidamente alcançou o topo das paradas no Reino Unido, nos Estados Unidos e em outros países, consolidando-se como um hit mundial. Esse sucesso alavancou a carreira dos The Animals e colocou a banda no mapa do rock dos anos 60.

O impacto cultural dessa versão é inegável. Ela ajudou a popularizar o folk rock e abriu portas para que outras bandas experimentassem com arranjos mais ousados e inovadores.

Além disso, foi frequentemente utilizada em trilhas sonoras de filmes e programas de televisão, perpetuando sua presença na cultura popular.

Até hoje, a interpretação dos The Animals é considerada um marco na história do rock, destacando-se como um exemplo clássico de como uma reinterpretação pode redefinir uma canção e deixá-la eternamente marcada na memória coletiva.

Os Problemas Internos no Grupo The Animals

O sucesso de ‘The House of the Rising Sun’ trouxe notoriedade e fortuna para The Animals, mas também desencadeou problemas internos que contribuíram para a dissolução do grupo original.

Um dos principais pontos de discórdia foi a questão dos direitos autorais e dos royalties.

Cada membro participou do processo criativo da versão definitiva, mas apenas Alan Price, tecladista responsável pelo solo do órgão, foi creditado pela adaptação da canção tradicional – sem o conhecimento dos outros membros.

Isso levou a uma distribuição desigual dos lucros e gerou tensões significativas dentro da banda.

Relatos informais afirmam que, ao ser descoberto, Price abandonou a banda no meio de uma turnê.

A decisão de creditar exclusivamente Alan Price gerou ressentimentos, especialmente porque ‘The House of the Rising Sun’ era o maior sucesso da banda.

As tensões e o fim

Os outros membros sentiam que suas contribuições não estavam sendo reconhecidas, levando a conflitos que corroeram a coesão do grupo. A falta de uma gestão eficiente exacerbou esses problemas, dificultando a resolução das disputas.

Os conflitos internos afetaram negativamente a dinâmica do grupo, minando a moral dos integrantes.

Eric Burdon, vocalista principal, frequentemente tentava mediar as discussões, sem sucesso.

Eventualmente, as divergências tornaram-se insustentáveis, culminando na dissolução da formação original em 1966.

Cada membro seguiu caminhos diferentes, com Alan Price lançando uma carreira solo e Eric Burdon formando novas bandas.

No entanto, os problemas internos gerados pelo sucesso da canção deixaram cicatrizes duradouras, influenciando suas trajetórias.

Assim, enquanto a canção permanece como um marco na história da música, os conflitos que ela gerou no seio de The Animals são um lembrete de como o sucesso pode, paradoxalmente, levar à desintegração de laços criativos e pessoais.

Veja mais: A história do “dia que a música morreu” ‣ Jeito de ver

Recomendamos também o PodCast A hora da Vitrola, com André Góis, da Rádio Eldorado FM, para histórias incríveis como esta.

Aprenda a tocar House of The Rising Sun – The Animals – Cifra Club