“A renda de tua saia Vale bem cinco mil réis Arrasta mulata a saia Que eu te dou cinco e são dez
Isso é bom isso é bom isso é bom que dói Isso é bom isso é bom isso é bom que dói
Ô São Bento, buraco véio tem cobra dentro
Levanta a saia mulata Não deixe a renda rastar Que a renda custa dinheiro Dinheiro custa ganhar
Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói
Vá saindo seu coió sem sorte
Yayá você quer morrer Se morrer morramos juntos Eu quero ver como cabes Numa cova dois defuntos
Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói
Comigo é nove do baralho velho, hahahai
O inverno é rigoroso Bem dizia a minha vó Quem dorme junto tem frio Que fará quem dorme só
Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói
Os padres gostam de moças E os doutores também Eu como rapaz solteiro Gosto mais do que ninguém
Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói
Aguenta firme na comuta Seu Juca
Se eu brigar com meus amores Não se intrometa ninguém Que acabado os arrufos Ou eu vou, ou ela vem
Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói
Me prendam a sete chaves E assim mesmo ei de sair Não posso ficar em casa Não posso em casa dormir
Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói
Isso é melhor do que arroz com casca Diz Calheiros seu Araras”.
Esta é a letra da primeira música gravada no Brasil. Antes dessa gravação, as canções só podiam ser ouvidas ao vivo; os amantes da música adquiriam partituras e contratavam músicos profissionais para tocá-las.*
A primeira gravação musical no Brasil foi um marco, ligando-nos às origens da música e ao avanço tecnológico.
O Ano e o Compositor
Em 1902, a Casa Edison, um ramo da Thomas Edison’s National Phonograph Company, efetuou as primeiras gravações musicais no Brasil. O compositor desse evento histórico foi Xisto de Paula Bahia, que nasceu em Salvador, Bahia.
O Cantor e a Canção
O intérprete da primeira gravação foi Baiano, um cantor renomado daquela época. A música selecionada foi o lundu “Isto é Bom”. Esta
Manuel Pedro dos Santos, o baiano. Imagem: Wikipedia
melodia cativante assinalou o começo de uma era musical que ultrapassaria fronteiras e gerações.
A Gravadora e a Tecnologia
A Casa Edison, precursora na gravação sonora, empregou cilindros de cera para gravar a voz de Baiano. Esses cilindros eram aquecidos e rodados para formar uma superfície lisa e homogênea. O método de gravação acústica consistia em um megafone ou bocal ligado a uma agulha que inscrevia sulcos na cera do cilindro. Foi uma tecnologia primitiva, porém inovadora para seu tempo.
O Contexto Histórico e a Importância
Naquela época, o Brasil passava por mudanças sociais, culturais e tecnológicas significativas. A gravação de “Isto é Bom” não só inaugurou a indústria fonográfica brasileira, mas também representou a democratização da música. Pela primeira vez, era possível ouvir as vozes dos artistas para além dos palcos e celebrações populares.
O legado e a revolução musical A relevância dessa primeira gravação vai além de um simples registro técnico. Ela simboliza a resistência cultural, a inventividade e a habilidade humana de perpetuar instantes passageiros. A música gravada evoluiu para um meio de expressão disponível a todos, sem distinção de classe social ou posição geográfica.
Pra não dizer que não falei de flores, deixe-me tentar:
O ambiente favorável e os cuidados de quem rega tem importância vital à saúde delas: O crescimento é condicionado à espécie, mas mesmo flores não alcançarão a sua plenitude sem um bom terreno, uma boa irrigação, e principalmente bons cuidados.
Esteticamente um jardim multicor é muito mais belo e atraente do que um jardim monocromático.
Quando rosas vermelhas se encontram entre outras flores, das mais variadas cores, as percepções florescem gerando diferentes sensações.
O CAMPO DA CULTURA
O mesmo acontece quando nos referimos aos jardins da arte, da música.
O ambiente musical que prevalece nas mídias tem se assemelhando cada vez mais a um jardim monocromático.
As estações de rádio ou as playlists sugeridas parecem tentar convencer-nos de que o mundo musical se resume a estilos como o Agronejo, Sertanejo universitário, Funk e aos cantores em destaque na atualidade. – A música como produto e arte – uma história! ‣ Jeito de ver
Conforme abordado anteriormente neste site, empresários gastam milhões para divulgar seus cantores. O objetivo do investimento é acostumar o público à presença daquele artista.
Na época de ouro das gravadoras, a equipe de marketing selecionava no disco uma canção para trabalho e se empenhava na divulgação com o objetivo de impulsionar as vendas do álbuns. Isso envolvia muito dinheiro para estações de rádio e canais de Tv – o conhecido “jabá”, uma espécie de Suborno. – – A qualidade da música piorou? ‣ Jeito de ver
Atualmente, empresários do agronegócio, “tomaram as rédeas” e investiram ainda mais pesado. Compraram fãs clubes, estações de rádio e ainda mais espaço na TV, que por outro lado apresenta cantores medianos como super estrelas. Controlaram as tendências
Os Titãs já cantavam: “A Televisão me deixou burro …” – numa crítica bem humorada à falta de questionamento.
A música se tornou mero pano de fundo para atividades do dia a dia. Enquanto cuidam de suas atividades diárias as pessoas selecionam uma playlist do seu estilo preferido e no meio dessa playlist está inserida uma canção que não se excaixa exatamente naquilo que ela pretendia ouvir (o jabá funiconando sutilmente!).
MÚSICA GRÁTIS?
Embora o país esteja repleto dos mais variados estilos e cantores, a população se vê exposta àquilo que o dinheiro pode pagar.
Alguns argumentam que se a pessoa está “ouvindo de graça”, ela não pode reclamar.
Mas, imagine você ninguém se ninguém escutasse a determinadas músicas, estações de rádio e seus comerciais.
O que fatalmente aconteceria? Obviamente, deixariam de existir. – Porque NADA É DE GRAÇA, e ninguém está disposto a investir sem retorno.
Traduzindo: O preço pago é a atenção, o tempo.
Portanto, há uma troca: cooperamos com as mídias por vender a nossa atenção e nosso tempo às suas propagandas.
A REVOLUÇÃO
Se mais pessoas escolherem estilos diferentes, aparecerão estilos e cantores diferentes. Pois “o artista irá onde o povo está” como diz o poeta, ou seja, para manter o negócio vivo o público será atendido.
Repensar e agir são atitudes necessárias.
AS DIFICULDADES
Alcançar a fama envolve trabalho e muito investimento. Muitos talentos se perdem por falta de espaço nas mídias em geral.
Bons cantores não são amplamente divulgados.
Empresários inteligentes investem em propaganda e em personal stylists. As imagens dos artistas são tabalhadas de modo a agradar a um público cada vez menos exigente.
Leis como a Rouanet e Aldir Blanc podem ser bem úteis a esses artistas, mas há um problema, observe: Os empresários tem o valor investido na cultura deduzido no seu imposto de renda, mas são eles próprios que escolhem em que artistas investirão.
Isso explica por que centenas de duplas, patrocinadas pelos próprios empresários do agro, têm tantos eventos.
No final das contas, o valor da dedução fiscal se torna investimento para muito mais lucros dos próprios empresários.
Essa distorção precisa ser corrigida!
Algo mais pode ser feito. Leia atentamente o próximo subtítulo.
“WITH A LITTLE HELP FROM MY FRIENDS” – The Beatles
(Com uma ajudinha dos meus amigos – Tradução livre)
A música dos Beatles citada acima traz em sua melodia algumas frases interessantes, tais como:
“Me empreste suas orelhas
e eu cantarei uma canção para você
Tentarei não cantar fora do tom…
Oh! Eu me viro com uma ajudinha dos meus amigos…”
Amigos, podem ajudar na divulgação de cantores ainda iniciantes.
Mas, você talvesz se pergunte: – ” Os amigos são obrigados a fazer isso?”
-Não, não são obrigados, mas um dos sentidos da palavra amigo se relaciona ao “apoio por amor”. O latim amicus significa “aquele que ama” ou “aquele que é amado“.
Já existem serviços de vendas de seguidores profissionais para canais do Youtube, Instagram e mídias desse porte, que seguem a política do quanto maior o número de seguidores mais a relevante o artista e músicos em início de carreira podem ser tentados a investir neste serviço.
Já é possível comprar um número razoável de virtuais seguidores fiéis que darão likes, visualizarão posts e darão mais relevância nas plataformas digitais. Linguagem dos negócios!( BotFanClub – Termo novinho em folha!)
Para entender porque isso acontece observe os dois exemplos a seguir:
Primeiro, um jovem escritor de lindas poesias no Instagram, tem mais de 10 mil amigos nesta plataforma. – Destes, apenas 10 curtiam os seus posts.
O segundo exemplo, numa cidade do interior um jovem cantor tem aproximadamente 3 mil seguidores, dos quais apenas 5 ouviam suas músicas no Spotify.
O CAMPO PODE MELHORAR – DEPENDERÁ DE TODOS!
A arte está cada vez mais monocromática, escritores novos continuam sendo pouco divulgados, em cidades pequenas cantores novatos com novas abordagens, são encarados como potenciais concorrentes aos mais experientes.
É notável conforme os dois exemplos citados não há divulgação espontânea.
É preciso admitir que o mercado da música sofreu mudanças.
Como mudar tal cenário?
Prefeituras municipais podem criar e divulgar festivais em diferentes estações, para que haja plena exposição dos mais variados estilos de arte: Semana da Poesia, Semana da Música, Semana de exposição de arte e assim por diante e por fim, O encontro das artes.
Mais festivais significam mais visitantes, maior movimento no comércio local, aumento da arrecadação de impostos e, consequentemente, mais oportunidades de emprego.
Por outro lado, quando não há este pensamento e a divulgação dos talentos municipais ficam nas mãos de iniciativas privadas, como de esforçados donos de bares e lanchonetes, que é louvável, mas tem alcance limitado.
Como explicamos na introdução desta matéria o ambiente favorável e os cuidados, possibilitarão o crescimento desta beleza chamada Cultura.
Com um trabalho mais amplo nesta área, a cidade ganhará novavida e novas cores, essenciais ao crescimento da cidade.