Poema ao amanhecer do Outono

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Imagem de wal_172619 por Pixabay

Por Gilson Cruz

A calma nas ruas

e o gosto suave do frio que se aproxima

Que me trazem de volta o sabor do encontro das estações

Flores tímidas,  nordestinas

Olhar suave de menina…

Pessoas que passam nas mesmas ruas

sem contemplar o céu

Sem estrelas, sem lua, sem nada

como num branco papel

A ser preenchido com letras, palavras, com lágrimas

E quando se retirar o véu…

dele brotará um sol

e ventos, do olhar que fascina

que trazem das estações, o encontro

de flores tímidas, nordestinas

onde  se escondem atrás de nuvens, estrelas

e o brilho doce do olhar de menina.

Leia também  A pequena bailarina (pequenos versos!) ‣ Jeito de ver

 

A Primeira Gravação Musical no Brasil

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Gramofone foi um grande avanço tecnológico na área da música.

Imagem de Lari33 por Pixabay

 

Isto É Bom
Xisto Bahia

A renda de tua saia
Vale bem cinco mil réis
Arrasta mulata a saia
Que eu te dou cinco e são dez

Isso é bom isso é bom isso é bom que dói
Isso é bom isso é bom isso é bom que dói

Ô São Bento, buraco véio tem cobra dentro

Levanta a saia mulata
Não deixe a renda rastar
Que a renda custa dinheiro
Dinheiro custa ganhar

Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói
Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói

Vá saindo seu coió sem sorte

Yayá você quer morrer
Se morrer morramos juntos
Eu quero ver como cabes
Numa cova dois defuntos

Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói
Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói

Comigo é nove do baralho velho, hahahai

O inverno é rigoroso
Bem dizia a minha vó
Quem dorme junto tem frio
Que fará quem dorme só

Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói
Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói

Os padres gostam de moças
E os doutores também
Eu como rapaz solteiro
Gosto mais do que ninguém

Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói
Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói

Aguenta firme na comuta Seu Juca

Se eu brigar com meus amores
Não se intrometa ninguém
Que acabado os arrufos
Ou eu vou, ou ela vem

Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói
Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói

Me prendam a sete chaves
E assim mesmo ei de sair
Não posso ficar em casa
Não posso em casa dormir

Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói
Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói
Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói
Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói

Isso é melhor do que arroz com casca
Diz Calheiros seu Araras”.

 

Esta é a letra da primeira música gravada no Brasil. Antes dessa gravação, as canções só podiam ser ouvidas ao vivo; os amantes da música adquiriam partituras e contratavam músicos profissionais para tocá-las.*

A primeira gravação musical no Brasil foi um marco, ligando-nos às origens da música e ao avanço tecnológico.

O Ano e o Compositor
Em 1902, a Casa Edison, um ramo da Thomas Edison’s National Phonograph Company, efetuou as primeiras gravações musicais no Brasil. O compositor desse evento histórico foi Xisto de Paula Bahia, que nasceu em Salvador, Bahia.

O Cantor e a Canção

O intérprete da primeira gravação foi Baiano, um cantor renomado daquela época. A música selecionada foi o lundu “Isto é Bom”. Esta

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Manuel Pedro dos Santos, o baiano. Imagem: Wikipedia

melodia cativante assinalou o começo de uma era musical que ultrapassaria fronteiras e gerações.

A Gravadora e a Tecnologia
A Casa Edison, precursora na gravação sonora, empregou cilindros de cera para gravar a voz de Baiano. Esses cilindros eram aquecidos e rodados para formar uma superfície lisa e homogênea. O método de gravação acústica consistia em um megafone ou bocal ligado a uma agulha que inscrevia sulcos na cera do cilindro. Foi uma tecnologia primitiva, porém inovadora para seu tempo.

O Contexto Histórico e a Importância
Naquela época, o Brasil passava por mudanças sociais, culturais e tecnológicas significativas. A gravação de “Isto é Bom” não só inaugurou a indústria fonográfica brasileira, mas também representou a democratização da música. Pela primeira vez, era possível ouvir as vozes dos artistas para além dos palcos e celebrações populares.

O legado e a revolução musical
A relevância dessa primeira gravação vai além de um simples registro técnico. Ela simboliza a resistência cultural, a inventividade e a habilidade humana de perpetuar instantes passageiros. A música gravada evoluiu para um meio de expressão disponível a todos, sem distinção de classe social ou posição geográfica.

* Posts futuros trarão mais informaçõpes sobreouvir música nos início do século XX.

A chuva, as lágrimas (Poema a Mariana)

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Imagem de Jim Black por Pixabay

 

Enquanto a chuva caía e
os passos se apressavam
A Mariana sorria
Enquanto meus olhos choravam

As gotas da chuva que caía
Escondiam o meu pranto
E enquanto Mariana sorria
Eu disfarçava num canto

Cantava os dias de sol
e olhava nos rastros os meus passos
E enquanto ela sorria
Esqueci-me dos abraços

E esqueci na fonte do tempo
moedas de emoção
E do outro lado, a Mariana
Levava meu coração

E enquanto os passos corriam
Nas horas que a chuva caía
De riso triste, Mariana
Longe… de longe… partia.

Adeus,
Mariana.

Gilson Cruz

Leia também  Poema para Aline (Carinha amarrada) ‣ Jeito de ver

 

Meu Triste Sertão (a última seca)

 

 

O chão sofrido era sépia,
As plantas  tristes, cinzas
Azul era o céu, sem nuvens…
A pele queimada era marrom
As folhas secas, eram pretas

E verde eram as barragens
Onde o gado se deitava
Em preces, para dormir,
e que jamais acordava

Onde os meninos pescavam
sonhos em improvisos.
Onde insetos moravam
O sol era de um eterno amarelo,
assim como o meu sorriso.

Como a estrada que deixamos para trás
Queimava a pele
Devorava matos, sonhos não vividos
E que não sonho jamais

Dos vagos espaços no teto
Por onde as estrelas passavam
Fugia também a esperança
De quem a chuva aguardava

E fugia do sertão,
Para sofrer n’outras paragens
Onde a sede não matava
E a água seria a bênção,

não a miragem…

Na velha carroça
Levava o quase nada
Só a vida…
Só os sonhos…
E a esperança da chegada

Ao lugar do outro lado
onde se encontrassem as cores,
E a primavera como um rio
que levasse as lembranças sépias
da tristeza, da morte…das dores.

Gilson Cruz

Leia também Um calor diferente – O que será isso? ‣ Jeito de ver

Programa Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca | Portal SEIA

 

O chão sofrido era sépia,
As plantas  tristes, cinzas

Poema para Aline (Carinha amarrada)

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Imagem de b13923790 por Pixabay

 

Reluzindo como o sol
numa carinha amarrada
Quando a pequena Aline sorria
não me faltava mais nada

Não amava fotografias
e bem menos, a minha canção
Quem diria, menina levada
que levarias o meu violão…

Levavas na carinha séria
Um misto de toda emoção
Escondia a dor, o medo
E  não gostava da minha canção? (insisto!)

Menina, acredite na vida
Nos sonhos, no amanhã, no porvir
Não tema, solidão ou partidas
A vida sempre vai lhe sorrir

Em nobres dia de sol
num belo amanhecer
Trazendo risos, um Sol Maior
Nessa escala de crescer…

E como num fim de tarde
Quando a solidão bater
Não chore, não faça alarde
É mais que hora de aprender

E viver, luzir como o sol
Sem uma carinha amarrada
Como, naqueles tempos sorrias
Que não faltava mais nada.

 

Leia também O pequeno mundo de Lis ( Poema à Felicidade) ‣ Jeito de ver

Como gostar de estudar? Dicas para ter prazer na aprendizagem (kumon.com.br)

 

 

O pequeno mundo de Lis ( Poema à Felicidade)

 

“Lis,
Me diz,  menininha levada
O que te deixa feliz?

“Besouros no Jardim?
Flores vermelhas?
Ou achas as mais belas
Rosas amarelas?

“Existem rosas amarelas?
Me permita, então, vê-las!
Seriam as mais serenas
que as margaridas vermelhas?

“Neste universo do existe
nunca, nada permita
bichinhos, carinha triste…

“Nem gritos no ar
Ou luzes no céu
Nem flores caídas
em meio ao papel…

“Ria com as flores
com as cores
Sorria…

“E quando faltarem palavras
Nessa cabecinha agitada
Me mostra, pequena Lis
na dança, no canto
No sonho…
O que te deixa feliz…”

Gilson Cruz

Leia também Poema para Aline (Carinha amarrada) ‣ Jeito de ver

 

Poesia do Impossível (e do possível)

A silhueta de um casal e o universo.

Imagem de Victoria por Pixabay

 

Me perguntas

O que seria impossível?

Alcançar as estrelas?

Faço isso todos os dias

Ao som de tua voz

Viver sem gravidade?

É voar,

Ao som do teu canto,

do teu riso,

do teu sorriso…

Impossível

Como densas florestas

No último planeta

Ou como uma mentira Vinda do verdadeiro Deus

É despertar todos os dias

Sem lembrar teu nome

E ao longo do dia

Esquecer tua face

Mas almejar a vinda da noite

Com lua e estrelas

No cenário perfeito

Criado para nós

Me perguntas

E as demais coisas?

E as demais coisas…

Serão sempre possíveis.

 

Gilson Cruz

Leia também

O Músico e a Estrela (um breve momento) ‣ Jeito de ver

 

Onde as flores não florescem

Como podemos ajudar os artistas em início de carreira? O texto aborda as várias maneiras possíveis.

Imagem de AndreasAux por Pixabay

Pra não dizer que não falei de flores, deixe-me tentar:

O ambiente favorável e os cuidados de quem rega tem importância vital  à saúde delas: O crescimento é condicionado à espécie, mas mesmo flores não alcançarão a sua plenitude sem um bom terreno, uma boa irrigação, e principalmente bons cuidados.

Esteticamente um jardim multicor é muito mais belo e atraente do que um jardim monocromático.

Quando rosas vermelhas se encontram entre outras flores, das mais variadas cores, as percepções florescem gerando diferentes sensações.

O CAMPO DA CULTURA

O mesmo acontece quando nos referimos aos jardins da arte, da música.

O ambiente musical que prevalece nas mídias tem se assemelhando cada vez mais a um jardim monocromático.

As estações de rádio ou as playlists sugeridas parecem tentar convencer-nos de que o mundo musical se resume a estilos como o Agronejo, Sertanejo universitário, Funk e aos cantores em destaque na atualidade. – A música como produto e arte – uma história! ‣ Jeito de ver

Conforme abordado anteriormente neste site, empresários gastam milhões para divulgar seus cantores. O objetivo do investimento é acostumar o público à presença daquele artista.

Na época de ouro das gravadoras, a equipe de marketing selecionava no disco uma canção para trabalho e se empenhava na divulgação com o objetivo de impulsionar as vendas do álbuns. Isso envolvia muito dinheiro para estações de rádio e canais de Tv – o conhecido “jabá”, uma espécie de Suborno. –  – A qualidade da música piorou? ‣ Jeito de ver

Atualmente, empresários do agronegócio, “tomaram as rédeas” e investiram ainda mais pesado. Compraram fãs clubes, estações de rádio e ainda mais espaço na TV, que por outro lado apresenta cantores medianos como  super estrelas. Controlaram as tendências

Os Titãs já cantavam: “A Televisão me deixou burro …” – numa crítica bem humorada à falta de questionamento.

A música se tornou mero pano de fundo para atividades do dia a dia. Enquanto cuidam de suas atividades diárias as pessoas selecionam uma playlist do seu estilo preferido e no meio dessa playlist está inserida uma canção que não se excaixa exatamente naquilo que ela pretendia  ouvir (o jabá funiconando sutilmente!).

MÚSICA GRÁTIS?

Embora o país esteja repleto dos mais variados estilos e cantores, a população se vê exposta àquilo que o dinheiro pode pagar.

Alguns argumentam que se a pessoa está “ouvindo de graça”, ela não pode reclamar.

Mas, imagine você ninguém se ninguém escutasse a determinadas músicas, estações de rádio e seus comerciais.

O que fatalmente aconteceria? Obviamente, deixariam de existir.  – Porque NADA É DE GRAÇA, e ninguém está disposto a investir sem retorno.

Traduzindo: O preço pago é a atenção, o tempo.

Portanto, há uma troca:  cooperamos com as mídias por vender a nossa atenção e nosso tempo às suas propagandas.

A REVOLUÇÃO

Se mais pessoas escolherem estilos diferentes, aparecerão estilos e cantores diferentes.  Pois “o artista irá onde o povo está” como diz o poeta, ou seja, para manter o negócio vivo o público será atendido.

Repensar e agir são atitudes necessárias.

AS DIFICULDADES

Alcançar a fama envolve trabalho e muito investimento. Muitos talentos se perdem por falta de espaço nas mídias em geral.

Bons cantores não são amplamente divulgados.

Empresários inteligentes investem em propaganda e em personal stylists. As imagens dos artistas são tabalhadas de modo a agradar a um público cada vez menos exigente.

Leis como a Rouanet e Aldir Blanc podem ser bem úteis a esses artistas, mas há um problema, observe: Os empresários tem o valor investido na cultura deduzido no seu imposto de renda, mas são eles próprios que escolhem em que artistas investirão.

Isso explica por que centenas de duplas, patrocinadas pelos próprios empresários do agro, têm tantos eventos.

No final das contas, o valor da dedução fiscal se torna investimento para muito mais lucros dos próprios empresários.

Essa distorção precisa ser corrigida!

Algo mais pode ser feito. Leia atentamente o próximo subtítulo.

“WITH A LITTLE HELP FROM MY FRIENDS” – The Beatles

(Com uma ajudinha dos meus amigos – Tradução livre)

A música dos Beatles citada acima traz em sua melodia algumas frases interessantes, tais como:

“Me empreste suas orelhas

e eu cantarei uma canção para você

Tentarei não cantar fora do tom…

Oh! Eu me viro com uma ajudinha dos meus amigos…” 

Amigos, podem ajudar na divulgação de cantores ainda iniciantes.

Mas, você talvesz se pergunte: – ” Os amigos são obrigados a fazer isso?”

-Não, não são obrigados, mas um dos sentidos da palavra amigo se relaciona ao “apoio por amor”.  O latim amicus significa “aquele que ama” ou “aquele que é amado“.

Já existem serviços de vendas de seguidores profissionais para canais do Youtube, Instagram e mídias desse porte, que seguem a política do quanto maior o número de seguidores mais a relevante o artista e músicos em início de carreira podem ser tentados a investir neste serviço.

Já é possível comprar um número razoável de virtuais seguidores fiéis que darão likes, visualizarão posts e darão mais relevância nas plataformas digitais. Linguagem dos negócios!( BotFanClub – Termo novinho em folha!)

Para entender porque isso acontece observe os dois exemplos a seguir:

Primeiro, um jovem escritor de lindas poesias no Instagram, tem mais de 10 mil amigos nesta plataforma. – Destes, apenas 10 curtiam os seus posts.

O segundo exemplo, numa cidade do interior um jovem cantor tem aproximadamente 3 mil seguidores, dos quais apenas 5 ouviam suas músicas no Spotify.

O CAMPO PODE  MELHORAR – DEPENDERÁ DE TODOS!

A arte está cada vez mais monocromática, escritores novos continuam sendo pouco divulgados, em cidades pequenas cantores novatos com novas abordagens, são encarados como potenciais concorrentes aos mais experientes.

É notável conforme os dois exemplos citados não há divulgação espontânea.

É preciso admitir que o mercado da música sofreu mudanças.

Como mudar tal cenário?

Prefeituras municipais podem criar e divulgar festivais em diferentes estações, para que haja plena exposição dos mais variados estilos de arte: Semana da Poesia, Semana da Música, Semana de exposição de arte e assim por diante e por fim, O encontro das artes.

Mais festivais significam mais visitantes, maior movimento no comércio local, aumento da arrecadação de impostos e, consequentemente, mais oportunidades de emprego.

Por outro lado, quando não há este pensamento e a divulgação dos talentos municipais ficam nas mãos de iniciativas privadas, como de esforçados donos de bares e lanchonetes, que é louvável, mas tem alcance limitado.

Como explicamos na introdução desta matéria o ambiente favorável e os cuidados, possibilitarão o crescimento desta beleza chamada Cultura.

Com um  trabalho mais amplo nesta área, a cidade ganhará novavida e novas cores, essenciais ao crescimento da cidade.

Gilson Cruz

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