Permita-me contar uma história que vi acontecer e que me ensinou que nem todos estão dispostos a mudar o statuos quo.
Status quo é uma expressão em latim que significa “estado atual” ou “situação atual”.
Refere-se à condição ou circunstância existente em determinado momento, especialmente em contextos sociais, políticos ou culturais.
Geralmente, é usado para descrever a manutenção das coisas como estão, sem mudanças significativas.
Vamos à história…
Era ainda o ano de 2005 e o professor de História, Régis, se preocupava com a falta de interesse político dos alunos na escola onde lecionava.
Era comum aos alunos, velhas frases como:
“Políticos são todos ladrões”, “Já que eles vão roubar mesmo, meu voto não sai de graça”, “Sindicalistas são todos vagabundos” e frases um pouco menos otimistas que estas.
Alguns jargões foram criados durante os anos em que o Brasil esteve sob Regime Militar (Ditadura) 1964-1985 e outros criados por empresários que também estavam muito preocupados com o bem estar geral ( se você acreditar, tudo bem…)
Disposto a mudar o ponto de vista de seus alunos, ele decidiu criar o projeto:
” Construindo Cidadania“
Neste projeto, todas as Sextas-feiras um grupo de vinte alunos teria a honra de assistir a Sessões da Câmara Municipal de Vereadores – fazendo observações a respeito da ordem e dos projetos.
Um outro grupo analisaria a história do Município, fazendo breves biografias de Prefeitos e vereadores, entrevistaria também a vereadores em exercício.
Os alunos ficaram empolgados.
O questionário a ser aplicado aos vereadores locais trazia as seguintes perguntas:
. Nome completo e resumo biográfico, como se interessou por política?
. Quando se candidatou pela primeira vez?
. Quantos projetos teve o privilégio de elaborar e quantos foram aplicados no município?
Enfim, chega a manhã de Sexta-Feira, precisamente 10:30, e começaram os ritos na Sessão da Câmara.
O Presidente da casa iniciava com formalidades, as boas-vindas, quando silenciosamente os alunos sentavam e aguardavam com interesse o diálogo entusiástico de vereadores, os debates, o dedo no olho, o tapa na cara…
-“Opa! me empolguei um pouco, deixe-me voltar aos trilhos”...
As cadeiras na câmara, destinadas ao público, estavam novinhas em folha! E agora sentiam a alegria de acomodar pessoas interessadas em política!
– O problema é que os nobres não estavam preparados, e como não havia assunto a ser debatido a reunião foi cancelada, adiada para a semana seguinte.
E na semana posterior, as cadeiras da câmara sentiam-se úteis novamente, novos jovens aguardavam os vereadores que chegavam desconfiados e perguntavam:
-“Quem mandou esses baderneiros aqui?” – baderneiros que não faziam baderna e que apenas aguardavam a reunião iniciar para entender pra quê raios servia um vereador.
E por falta de assunto e excesso de desconfiança a Sessão foi novamente adiada!
E os alunos ficaram perplexos! – Parte final
Ainda mais perplexo ficava o Professor Régis pois seria chamado e orientado pela coordenadora municipal de educação a encerrar seu projeto, pois os alunos viam causando transtornos às sessões da câmara daquela cidade.
Talvez os vereadores fossem tímidos demais para apresentar as suas propostas ou talvez não tivessem ideia alguma a respeito da utilidade dos seus cargos eletivos.
E o professor humildemente, se calou.
E os velhos jargões se tornaram ainda mais fortes.
Este é o nosso espaço dedicado à arte como uma poderosa expressão da cultura e da essência humana. Aqui, mergulhamos em poesias, exploramos músicas, desvendamos histórias e oferecemos análises, sempre com uma dose de bom humor.
Sinta-se à vontade para explorar e compartilhar as diversas manifestações artísticas que tornam nossa jornada única e enriquecedora.
Vamos juntos descobrir o fascinante mundo da arte no Jeito de Ver!
Você já teve a sensação de constante déjà vu ao ouvir algumas músicas?
Bem esta sensação cada vez mais comum se dá por um motivo: A música é um produto comercial !
Isso significa que se um estilo fizer sucesso, ele será copiado.
Vamos explorar um pouco este tema.
Explorando a Melodia ao Longo do Tempo
A música, essa forma única de arte, está ao nosso alcance através de diversas plataformas que oferecem uma vasta seleção de artistas e estilos musicais.
Hoje em dia, temos a liberdade de montar playlists personalizadas, algo inimaginável nos tempos em que só tínhamos as rádios como fonte – e isso é fantástico!
Nas décadas de 80 e 90, aguardávamos ansiosamente o locutor de voz bela e marcante anunciar o próximo hit.
Com o gravador pronto, os botões “REC” e “PLAY” acionados, tudo corria bem até que, ao fim da música, o infeliz interrompia informando a hora e o nome da estação, estragando a gravação. Que época incrível!
A programação trazia hits, como “Voo de Coração”, “A Vida Tem Dessas Coisas” e “Pelo Interfone” na voz de Ritchie, “Cachoeira” na de Ronnie Von – com a ternura em sua voz – que ainda ecoam em nossa memória.
Artistas como Roupa Nova, 14 Bis, Rádio Táxi, Placa Luminosa, e ícones como Gal, Bethânia, Zizi Possi, Elba, Fafá, Cássia Eller, Gilberto, Caetano, Djavan, Emílio Santiago, Ivan Lins, Tim Maia, Jorge Benjor, Roberto (O Rei), Erasmo e Raul (nossos roqueiros com “R”) deixaram um legado eterno na música brasileira.
Cada cantor tinha a sua própria maneira de interpretar canções.
Ângela Ro Ro, por exemplo, transmitia emoções quase indescritíveis com performances intensas, como em “Amor, Meu Grande Amor”, e nuances melancólicas em “Só Nos Resta Viver”.
Canções e cantores de diferentes estilos ocupavam a mesma programação – a arte musical em sua forma plena.
A música, como forma de arte, é rica em emoções variadas e oferece inúmeras interpretações ao público.
Ela se adapta a cada indivíduo, proporcionando o significado que procuramos, e reflete a cultura de cada época.
A arte é dinâmica, ajustando-se e evoluindo de forma natural, aprimorando tendências e traços. Esse mesmo processo se manifesta no mundo da música.
Um Passeio no Tempo
Vamos voltar ao início da década de 1960, lá observamos o declínio do Rock’n Roll:
Elvis Presley estava no exército americano, sem a rebeldia anterior, Little Richard quase abandonou a música, Chuck Berry enfrentava problemas com a justiça e Jerry Lee Lewis caía em desgraça por seu comportamento volátil e um escândalo matrimonial.
Ícones promissores como Buddy Holly, Richie Valens e Big Bopper morreram em um trágico acidente aéreo. Parecia que o mundo do Rock estava à deriva.
Contudo, na Inglaterra, jovens se encantavam com o Rock’n Roll que adormecia nos EUA.
Nascia o Rock Britânico, com bandas como The Beatles, The Hollies, The Rolling Stones, Gerry and the Pacemakers, The Dave Clark Five, The Swinging Blue Jeans e The Kinks, cada uma trazendo seu estilo distinto.
Foi assim que o Rock’n Roll reconquistou o mundo.
No Brasil, bandas notáveis como Os Incríveis, Renato e seus Blue Caps, The Fevers, Os Carbonos e The Sunshines surgiram, cada uma imprimindo seu legado. A música se transformava em mercadoria, com as gravadoras lançando sucessos formatados até que uma nova onda musical emergisse.
Analisando e Copiando Tendências
O mundo da música é conhecido por suas cópias e imitações. – Assumindo a forma de produto.
Era comum em décadas anteriores gravadoras investirem em cantores de estilos e vozes parecidos.
Alguns grupos se inspiraram nos Beatles, cantores tiverem Elvis como referência e isso é saudável.
Na década de 1980 a boyband porto riquenha Menudos se tornou febre nas américas.
Embarcando na fórmula de sucesso, muitas e muitas boybands no mesmo estilo foram formadas.
No Brasil, nos anos 1990, vimos cantores sertanejos da época seguindo a mesma temática, cortes de cabelo e calças apertadas.
Após a febre sertaneja, surgiram grupos de pagode no rastro do Raça Negra, assim como grupos de lambada no final da década de 1980 seguiram a onda do Kaoma.
Seguir ou não uma tendência, pode significar o sucesso ou o insucesso.
Artistas consolidados tendem a insistir nos seus estilos característicos.
Por outro lado, artistas novos experimentam os seus minutos de fama e partem para o esquecimento.
Ao analisar a música como arte e produto não se pode esquecer algo importante:
O sucesso é copiado como produto, mas cada cópia é um retrato de uma época. São importantes para explicar o contexto histórico, tendo o seu valor, para o bem ou para o mal.
Apreciemos e entendamos como ela reflete nosso contexto histórico e cultural, sempre evoluindo e se adaptando, marcando as páginas da nossa história musical.
Acordei numa pressa daquelas e o sol ainda dormia A cidade estava silenciosa, meu cachorro não latia Não senti um dia especial, nem era carnaval. Seria apenas mais um dia. Levantei, tropecei nos chinelos que dormiam aos pés da cama, caí e nem pensei na semana… Apenas, mais um dia normal. Mas, é verão e a manhã mais uma vez, como disse o Caetano, nasceu azul. Olhei o violão no cantinho da sala, não pude compor, cantar ou tocar o instrumento e saí enquanto poucos estavam acordados. E o sol começou a brilhar. As cores se assentaram, as nuvens se assentaram lá no horizonte e a minha pressa acabou. Os passarinhos na praça acordaram, Os cachorrinhos no quintal também despertaram e as vozes tomaram conta das ruas… e a minha pressa acabou. E à noite, um céu de estrelas sem pressa, sem som, sem nada enquanto as estrelas dançam e me recuso a olhar a estrada o tempo passa… a vida passa.
Menino, pra quê tanta pressa em crescer? Pra quê toda essa pressa em conquistar e mudar o mundo? Vives teus dias nessa dor de trazer o futuro Visualizas um mundo que ainda nem nasceu… Imaginar é bom! Menino, mas pra quê viver a Sexta, quando o sol da Terça-feira nem brilhou no caminho? Vives a imaginar a menina que levas em teu pensamento e teu pensamento não para no futuro, imaginas além… Menino, por que sonhas e pedes que o futuro distante abrace logo os teus dias? Saibas que Ele, o futuro, vem Como que caminhando lentamente, ele vem… Ele te trará a sabedoria que precisas, te trará novos dias, de fato Mas, o futuro inexoravelmente também te levará para longe, para longe daquilo que sonhaste por toda a tua vida E, lamento dizer-te, levará de ti muitos que tu amas e que te ama também Teus Pais, os pais dos teus pais, teus amigos, teu primeiro amor… E como esqueceram de inventar a máquina que te levaria “de volta ao passado”, no caminho do futuro olharás com saudades Embarcarás naquilo que chamamos de recordações, que não será exatamente a máquina que desejarás ter, mas será a única possível. Menino, pra quê essa pressa de fugir e perder essa chance única de viver, de abraçar aqueles que te amam, de perdoar os tolos que te ofenderam e de dizer aos teus velhos pais o quanto amas? Meu bom e pobre menino, viva os teus dias, te alegra com os teus momentos, sorria, chore, aproveite essa chance de ver as cores… Pois o futuro ainda vem, andando , calado e indiferente – não te dará a chance de voltar.
Enfim, Dezembro chegou, trazendo junto um fim de primavera tão quente quanto o meio do verão neste lado do hemisfério.
Com certeza, o último mês do ciclo anual traz também as promessas que serão feitas ( e esquecidas no primeiro dia do mês seguinte, do ano seguinte!) e desejos de paz.
Dezembro, traz esse clima de esperança, de alegria, de partilha… E todos nós sabemos o porquê.. Sabe quem nasceu em Dezembro?
Isso mesmo, Ludwig Van Beethoven (1770), Olavo Bilac (1865), Edit Piaf (1915), e a Rainha do Rock Nacional, no último dia do calendário de 1947, Rita Lee.
Muitos responderiam “Jesus Cristo”, embora seu aniversário seja celebrado no dia 25 de Dezembro, ele não nasceu nesta data.
Mas, nem por isso a história se torna menos interessante. Vamos lá?
História e origem do nome
Dezembro é o décimo segundo e último mês do ano no calendário gregoriano, com 31 dias.
O nome vem do latim decem (dez), pois era o décimo mês do calendário romano, que começava em março.
No calendário romano, dezembro era parte de um calendário lunar de 354 dias.
Em 153 a.C., o início do ano foi antecipado para janeiro, o que desconectou o nome do mês da contagem. Sob o imperador Cómodo, dezembro foi renomeado como Exsuperatorius, mas voltou ao nome original após sua morte.
Antigas tradições e nomes
O antigo nome alemão de dezembro é Julmond, derivado de Julfest, celebração germânica do solstício de inverno.
Outros nomes incluíam Christmonat (mês cristão) e Heilmond (mês da salvação), devido ao Natal.
Na cristandade, o ano litúrgico começa no primeiro domingo do Advento, que pode cair no final de novembro ou início de dezembro.
Características astronômicas e calendário
Em 21 ou 22 de dezembro, ocorre o solstício de inverno no hemisfério norte e o solstício de verão no hemisfério sul.
Neste dia, o Sol está diretamente sobre o Trópico de Capricórnio (latitude 23°26,3′ sul). É o dia mais curto do ano no hemisfério norte e o mais longo no hemisfério sul.
O mês sempre começa no mesmo dia da semana que setembro.
Se 29, 30 ou 31 de dezembro for uma segunda-feira, a semana seguinte se estende para o próximo ano, totalizando 52 semanas corridas.
Tradições e datas comemorativas
1º de dezembro: Dia Mundial de Combate à AIDS, que visa alertar a sociedade sobre a prevenção e o cuidado com os portadores da doença.
10 de dezembro: Dia Internacional dos Direitos Humanos, instituído em 1950 para comemorar a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
25 de dezembro: Natal, celebração cristã do nascimento de Jesus Cristo.
É um dos feriados mais importantes do ano, marcado por reuniões familiares, orações, ceias e troca de presentes.
31 de dezembro: Réveillon, a passagem de ano, celebrada com festas, fogos de artifício e reuniões em praias ou espaços públicos.
Campanhas e temas do mês
Dezembro destaca diversas campanhas importantes:
Dezembro Vermelho: foco na prevenção da AIDS e outras ISTs.
De acordo com o Ministério da Saúde, nos últimos dez anos, o Brasil diminuiu em 25,5% a taxa de mortalidade por AIDS, de 5,5 para 4,1 mortes por 100 mil habitantes.
Em 2022, foram contabilizados 10.994 óbitos, uma redução de 8,5% em relação a 2012, correspondendo a cerca de 30 mortes diárias. Dentre esses óbitos, 61,7% eram de pessoas negras.
Desde 2015, a maioria dos casos de HIV tem sido em indivíduos pardos e pretos. Estima-se que um milhão de brasileiros sejam portadores do HIV, sendo 650 mil homens e 350 mil mulheres.
No entanto, as mulheres têm enfrentado resultados mais adversos no tratamento: taxas menores de diagnóstico (86%), tratamento (79%) e supressão viral (94%) em comparação com os homens.
Dezembro Laranja:conscientização sobre a prevenção do câncer de pele.
A estimativa de novos casos no Brasil é de 8.450, sendo 4.200 homens e 4.250 mulheres (2020 – INCA).
O número de mortes no país foi de 1.978, com 1.159 homens e 819 mulheres (2019 – Atlas de Mortalidade por Câncer – SIM).
Os principais fatores de risco para o câncer de pele não melanoma incluem:
– Pessoas de pele clara, olhos claros, albinos ou que são sensíveis à ação dos raios solares;
– Histórico pessoal ou familiar de câncer de pele;
– Doenças cutâneas prévias;
– Trabalho sob exposição direta ao sol;
– Exposição prolongada e repetida ao sol;
– Uso de câmeras de bronzeamento artificial. – Fonte: www.gov.br
Dezembro é o mês de reuniões, festas de fim de ano e retrospectivas dos acontecimentos do ano, que a gente lembre e leve um monte de coisas boas para o novo ciclo!
É também o momento de traçar metas para o ano seguinte e claro, não esquecer de se esforçar a alcançá-las…
Num desses dias quentes, enquanto limpava a área em frente à minha casa, ouvia com atenção as palavras do amigo Marinaldo.
Os dreads grisalhos eram registros de uma longa história de amor à música, a pele escura era o livro que registrava todo o preconceito e injustiça que sofreu na vida, e os passos lentos talvez fossem a única forma de mostrar que não mais se apressava…
Que precisava andar, planejar melhor seus dias.
Sua voz forte e mansa falava pouco do passado, mas se animava ao contar seu histórico como músico.
Sim, o Marinaldo fora músico por muito tempo. Excelente contrabaixista, baterista, já bancou o vocalista em algumas ocasiões, como ele costumava dizer. Ele era mais conhecido como “Alô Bahia”.
Vivia sozinho numa casa branca na Rua do Chaveiro e criava um valente cachorrinho branco, que obedecia prontamente às suas ordens.
As noites de sexta e sábado eram regadas por belas músicas que ele cultivava em sua coleção, pérolas que iam desde os anos 1960 até os dias atuais.
Às vezes, sentava-se à sua porta com um violão mogno, acompanhando as canções que saíam das caixas de seu velho MP3.
Costumava reclamar da qualidade das músicas atuais, dizia serem canções preguiçosas, repetitivas, monótonas… E ria ao lembrar dos variados estilos que lutavam por espaço em décadas passadas, quando, junto aos velhos companheiros de banda, buscava algo novo para ensaiar.
Lembrava com saudade de algumas bandas que teve o prazer de integrar.
As memórias
Falar do talento da Banda Legenda trazia risos e histórias de viagens, plateias dançantes e pouco dinheiro… Ser músico não dava dinheiro. Era muita estrada, muito estresse acumulado, muitos contratos malfeitos e, por fim, muita confusão.
Falar dos problemas da estrada era uma maneira de fazer as pazes com o passado.
Ele ria ao contar que, em uma das bandas que participou, havia um músico que era “muito estrela”. A banda era boa: bons guitarristas, tecladistas, bateristas, backing vocals, aparelhagem… Mas o problema era “o estrela”.
Num dos episódios, o lead singer se empolgou tanto com a própria interpretação que saiu recolhendo os microfones dos cantores de apoio, terminando a música cantando em quatro microfones ao mesmo tempo. Ele ria ao dizer que o baterista queria arremessar as baquetas na cabeça do cantor!
Falava com imenso carinho da Banda Doce Magia, onde também teve o prazer de tocar. Contava sobre companheiros que se divertiam com a música e sobre as viagens e shows que fizeram.
Desse tempo, lamentava apenas não ter nenhuma gravação ou fotografia da época, especialmente do dia em que se apresentaram no antigo clube dos ferroviários. Isso apenas!
Lembrava não mais com tanta saudade de outras bandas que integrou.
Talvez percebesse tardiamente que as pessoas não eram tão amigas ou legais quanto ele acreditava no início.
Para exemplificar, contou que uma nova banda em formação o convidara para participar do projeto. Animado com o espírito da banda, abraçou o projeto, mas a competitividade entre os membros era tão grande que ele perdeu o entusiasmo.
Noutra ocasião, enfrentava problemas pessoais e tomou um porre antes do ensaio. A banda o dispensou.
Para narrar suas histórias, costumava usar seu vocabulário próprio: “Por causa de mauriçagem é que essas coisas acontecem…”
O novo projeto
Entre risos e casos, me contou seu mais recente projeto:
– Irmão, não vou mais tocar numa banda. Hoje eu quero é contratar um monte de meninos bons pra tocar e me concentrar nos contatos…
Sua nova e boa ideia era cuidar da carreira de novos talentos, ser algo que faltava nos seus dias.
Nutria seus sonhos ouvindo as velhas músicas, reformando instrumentos antigos e aparelhagens, enquanto ganhava a vida fazendo pequenos consertos e serviços de pedreiro na vizinhança.
Era imparável!
Sim, era imparável, mas seu coração não teve o privilégio de realizar aquele que seria talvez o seu maior sonho: viver de música.
Depois de tantas histórias, percebi que ele não me contara sobre seus filhos, sua família… E a entrevista agendada jamais será realizada.
Talvez a imaginação da fotografia da apresentação no antigo clube dos ferroviários fosse sua melhor recordação, o sonho de tocar naquele que era o melhor lugar da cidade, na era dos bailes. A sua realização!
Mas o silêncio deste dia, a falta de palavras, talvez mostre que as histórias se calam, que somente aqueles que viveram podem descrever de fato o que sentiram em suas aventuras.
“A história pertence ao vivo […] se ela não tem função para além de apagar o passado e impedir o futuro, então a sociedade é governada por mortos.”
Autor, não citado na fonte.
Esquecer o passado é estar condenado a repetir velhos erros.
Direto ao assunto
O clima de fim de verão no Centro Histórico em Salvador, na Bahia, traz entre os muitos sons a harmonia das percussões dos grupos afros, exaltando a luta pela igualdade e o combate ao preconceito histórico.
A nostalgia de canções do Olodum, Reflexus, Bamda Mel e muitas outras ecoa ainda no ar.
No centro, imponente, há uma estátua em homenagem a Zumbi dos Palmares.
Enquanto reflito, recordo-me de que aprendi pouco sobre esse líder negro, pois muitos professores evitavam abordá-lo, e outros afirmavam que era um herói “fabricado” para forjar um identitarismo histórico.
Por muito tempo, aprendemos nas escolas que o Brasil foi “descoberto” e que exploradores e bajuladores do império eram heróis. Sim, a ignorância sobre o líder negro tinha um propósito.
“Quem controla o passado controla o futuro; quem controla o presente controla o passado.”
Orwell aborda como a reescrita da história serve ao controle social, criando uma realidade em que as pessoas perdem a capacidade de questionar o presente. — George Orwell, em 1984.
Conhecendo a História
Quando se trata de história…há sempre mais a ser descoberto, não é verdade?
Bem, Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, é símbolo de resistência contra o colonialismo e a escravidão.
Pouco se sabe sobre sua vida, e algumas histórias são questionadas, como a de que ele teria sido criado por um padre após ser sequestrado.
Uma menção confiável a Zumbi aparece em uma carta de d. Pedro II de Portugal, de que o Rei de Portugal ofereceu perdoá-lo caso ele aceitasse submeter-se.
Outra possibilidade é que “Zumbi” representasse um título de liderança no Quilombo dos Palmares. É possível que ambas as suposições sejam corretas.
Zumbi discordou de Ganga Zumba, então chefe de Palmares, que aceitou um acordo de paz dos portugueses, garantindo liberdade aos nascidos no quilombo, enquanto os fugidos seriam recapturados.
Em 1678, Zumbi tornou-se líder e liderou a resistência até sua morte, em 1695, quando sua cabeça foi exposta em praça pública para aterrorizar os negros que o viam como imortal.
Ainda surgirão novas matérias, novas perspectivas.
O Dia da Consciência Negra
Celebrado em 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra, instituído pela Lei n.º 12.519/2011, homenageia Zumbi e promove a valorização da cultura afro-brasileira.
A data contrasta com o 13 de maio, dia da abolição, que não garantiu aos ex-escravos direitos básicos, perpetuando desigualdades.
Movimentos como o Movimento Negro Unificado (MNU) dos anos 1970, influenciados pela “negritude” de Aimé Césaire, fortaleceram a consciência negra e a luta contra o racismo.
Esse movimento busca conscientizar sobre injustiças e o impacto do racismo estrutural, promovendo o empoderamento da população negra.
Infelizmente, a sociedade brasileira ainda enfrenta o desafio de desmantelar privilégios historicamente concentrados.
A população negra, assim como outras minorias, luta por reconhecimento e igualdade em uma sociedade que foi estruturada de forma desigual.
A data visa inspirar mudanças e combater estereótipos, promover eventos e celebrações que destacam as contribuições afro-brasileiras.
Visa lembrar também a luta contra o racismo e promover a representatividade.
“Uma civilização que escolhe fechar os olhos aos seus problemas mais cruciais é uma civilização atingida. É uma civilização agonizante.” – Aimé Césaire
Embora Césaire se refira às atrocidades coloniais, sua reflexão alerta para o perigo de distorcer a história, pois isso enfraquece a sociedade e mina a resistência à injustiça.
Conclusão
Muitas batalhas foram vencidas, mas a luta contra o preconceito ainda existe. E resiste!
Haverá ainda tentativas de se apagar o registro de pessoas que lutaram por justiça, por igualdade.
Tentarão matar novamente os heróis, apagar os movimentos…mudar a história.
O dia da Consciência Negra é um lembrete de que sempre haverá espaço para melhorias no relacionamento humano.
Enquanto reflito, o som da bossa nova atravessa suavemente os batuques afros e chega aos meus ouvidos numa harmonia única. Sim, é possivel!
A República é um sistema de governo onde o poder reside em representantes eleitos pelo povo, comumente através de eleições.
Neste modelo, o governo busca o bem-estar comum e os governantes possuem mandatos com prazo determinado, o que impede a permanência indefinida no poder.
Este regime é fundamentado em princípios como igualdade perante a lei, divisão dos poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e a prestação de contas dos governantes em relação às suas ações.
Estudar a proclamação da República no Brasil é essencial para compreender as raízes das disparidades sociais e políticas no país.
Vamos entrar no contexto histórico.
Inseridos no contexto…
A fundação do Partido Republicano Paulista
A Proclamação da República no Brasil, ocorrida em 15 de novembro de 1889, foi o resultado de um contexto histórico complexo e multifacetado. A crise da monarquia teve raízes em insatisfações que se intensificaram ao longo das décadas.
No século XIX, a elite agrária exercia grande influência na política, e os interesses regionais frequentemente se chocavam com as diretrizes centralizadoras do governo imperial.
Esse cenário ficou ainda mais tenso com a pressão crescente da oligarquia cafeeira por maior autonomia.
Os movimentos republicanos começaram a ganhar força na década de 1870, pouco depois da Guerra do Paraguai. A vitória na guerra não trouxe prestígio à monarquia; pelo contrário, revelou suas fragilidades.
Nesse período, novos arranjos políticos emergiam, defendendo a modernização do país. A fundação do Partido Republicano Paulista (PRP) e o lançamento do Manifesto Republicano, em 1870, foram fundamentais para fortalecer a ideia de uma república.
O manifesto criticava o centralismo imperial e propunha o federalismo, defendendo que os grandes males do Brasil provinham da monarquia.
O papel dos Militares
Os militares, uma das principais forças insatisfeitas, começaram a se organizar após a Guerra do Paraguai.
O Exército havia se profissionalizado e, como consequência, seus membros exigiam melhores salários, melhorias na carreira e o direito de expressar suas opiniões políticas.
Eles também defendiam o laicismo no país e encontraram no positivismo, ideologia de Augusto Comte, um discurso que justificava a modernização por meio de uma república autoritária.
Muitos oficiais passaram a enxergar-se como guardiões do Estado, acreditando que uma república ditatorial era a solução para o Brasil.
A crise na monarquia se agravou com as elites emergentes nas cidades, que desejavam maior participação política, mas se viam excluídas por um sistema que beneficiava poucos.
Mesmo os liberais, ao tentarem expandir o eleitorado, não foram eficazes, pois a Lei Saraiva, de 1881, reduziu drasticamente o número de eleitores.
No interior do país, províncias como São Paulo, que já tinham grande importância econômica, exigiam uma representação mais justa. A centralização do poder na monarquia e a falta de autonomia para as províncias geraram profundo descontentamento.
Outro ponto crucial foi a questão da abolição da escravatura em 1888, que deixou um vácuo econômico para setores conservadores, especialmente fazendeiros que perderam sua mão de obra gratuita.
Este evento aprofundou a crise, forçando a sociedade a buscar novos modelos de governança. Grupos políticos, cafeicultores e os militares viam na república a solução para os problemas nacionais.
Além disso, a urbanização e a industrialização, embora ainda incipientes, evidenciavam a necessidade de uma reestruturação que atendesse às demandas de um Brasil em transformação.
A insatisfação com a monarquia culminou em um golpe que uniu diferentes setores da sociedade.
O papel das elites urbanas e rurais
O descontentamento das elites urbanas e rurais, somado à crescente mobilização das forças armadas, gerou um ambiente propício para a Proclamação da República.
O evento foi liderado por militares, apoiados por uma parcela da sociedade civil, e resultou na expulsão da família real. Marechal Deodoro da Fonseca proclamou a república e se tornou o primeiro presidente do Brasil.
A nova república trouxe mudanças significativas, como a Constituição de 1891, que implantou o federalismo e descentralizou o poder, favorecendo a autonomia dos estados.
No entanto, apesar das expectativas de modernização e inclusão, a elite militar e a classe ilustrada assumiram posições de destaque no novo regime, garantindo que seus interesses fossem preservados.
A estrutura republicana acabou beneficiando poucos, enquanto as camadas populares continuaram enfrentando desigualdades.
A narrativa oficial sobre a Proclamação da República frequentemente simplifica esses eventos, omitindo as complexidades e os conflitos de interesses envolvidos.
A transição não foi consensual nem espontânea; foi marcada por tensões sociais e políticas que continuam a moldar a história brasileira.
Uma análise mais crítica revela a multiplicidade de vozes que influenciaram a queda da monarquia e a importância de questionar a memória histórica dominante.
O papel do Povo
Segundo o livro Os Bestializados, de José Murilo de Carvalho, a reação da população mais humilde, em sua maioria composta por trabalhadores urbanos, escravos recém-libertos e cidadãos de baixa renda, foi marcada pela indiferença e falta de envolvimento com a Proclamação da República.
Carvalho argumenta que, para a maioria das pessoas comuns, o evento passou quase despercebido e não trouxe um significado claro ou um impacto imediato em suas vidas cotidianas.
O autor explica que a mudança de regime, de monarquia para república, foi conduzida por elites políticas e militares sem a participação ativa das massas.
O povo foi espectador de um processo que, para ele, parecia distante e abstrato.
As decisões políticas eram tomadas por um círculo restrito de líderes, e a falta de comunicação e integração entre as elites e a população mais pobre contribuiu para um sentimento de alheamento.
A população, portanto, se sentia desamparada e desconectada do novo regime, sem compreender as implicações da mudança.
Conclusão
A história oficial muitas vezes pinta um quadro de que a população inteira estava engajada na luta pela proclamação da República, mas a realidade é que apenas uma elite buscava preservar e expandir seus privilégios.
Os desfavorecidos do império continuaram a ser os desfavorecidos na república, permanecendo pobres, sem voz ativa, sem acesso à educação adequada por décadas e excluídos da participação em regimes autoritários subsequentes.
Essas consequências e sua continuidade são visíveis no modelo educacional que prevaleceu por décadas no Brasil, perpetuado pelas mesmas elites que dominam desde a agricultura até os meios de comunicação e eventos culturais.
Uma parte da população, assim como naquela época, se contenta com as migalhas oferecidas através de cargos políticos adquiridos por bajulação e traição, sacrificando sua própria dignidade e a de seus descendentes.
Pesquisas: “O Reino que não era deste Mundo” por Marcos Costa