Permita-me contar uma história que vi acontecer e que me ensinou que nem todos estão dispostos a mudar o statuos quo.
Status quo é uma expressão em latim que significa “estado atual” ou “situação atual”.
Refere-se à condição ou circunstância existente em determinado momento, especialmente em contextos sociais, políticos ou culturais.
Geralmente, é usado para descrever a manutenção das coisas como estão, sem mudanças significativas.
Vamos à história…
Era ainda o ano de 2005 e o professor de História, Régis, se preocupava com a falta de interesse político dos alunos na escola onde lecionava.
Era comum aos alunos, velhas frases como:
“Políticos são todos ladrões”, “Já que eles vão roubar mesmo, meu voto não sai de graça”, “Sindicalistas são todos vagabundos” e frases um pouco menos otimistas que estas.
Alguns jargões foram criados durante os anos em que o Brasil esteve sob Regime Militar (Ditadura) 1964-1985 e outros criados por empresários que também estavam muito preocupados com o bem estar geral ( se você acreditar, tudo bem…)
Disposto a mudar o ponto de vista de seus alunos, ele decidiu criar o projeto:
” Construindo Cidadania“
Neste projeto, todas as Sextas-feiras um grupo de vinte alunos teria a honra de assistir a Sessões da Câmara Municipal de Vereadores – fazendo observações a respeito da ordem e dos projetos.
Um outro grupo analisaria a história do Município, fazendo breves biografias de Prefeitos e vereadores, entrevistaria também a vereadores em exercício.
Os alunos ficaram empolgados.
O questionário a ser aplicado aos vereadores locais trazia as seguintes perguntas:
. Nome completo e resumo biográfico, como se interessou por política?
. Quando se candidatou pela primeira vez?
. Quantos projetos teve o privilégio de elaborar e quantos foram aplicados no município?
Enfim, chega a manhã de Sexta-Feira, precisamente 10:30, e começaram os ritos na Sessão da Câmara.
O Presidente da casa iniciava com formalidades, as boas-vindas, quando silenciosamente os alunos sentavam e aguardavam com interesse o diálogo entusiástico de vereadores, os debates, o dedo no olho, o tapa na cara…
-“Opa! me empolguei um pouco, deixe-me voltar aos trilhos”...
As cadeiras na câmara, destinadas ao público, estavam novinhas em folha! E agora sentiam a alegria de acomodar pessoas interessadas em política!
– O problema é que os nobres não estavam preparados, e como não havia assunto a ser debatido a reunião foi cancelada, adiada para a semana seguinte.
E na semana posterior, as cadeiras da câmara sentiam-se úteis novamente, novos jovens aguardavam os vereadores que chegavam desconfiados e perguntavam:
-“Quem mandou esses baderneiros aqui?” – baderneiros que não faziam baderna e que apenas aguardavam a reunião iniciar para entender pra quê raios servia um vereador.
E por falta de assunto e excesso de desconfiança a Sessão foi novamente adiada!
E os alunos ficaram perplexos! – Parte final
Ainda mais perplexo ficava o Professor Régis pois seria chamado e orientado pela coordenadora municipal de educação a encerrar seu projeto, pois os alunos viam causando transtornos às sessões da câmara daquela cidade.
- dezembro 2024
- novembro 2024
- outubro 2024
- setembro 2024
- agosto 2024
- julho 2024
- junho 2024
- maio 2024
- abril 2024
- março 2024
- fevereiro 2024
- janeiro 2024
- dezembro 2023
- novembro 2023
- outubro 2023
- setembro 2023
- agosto 2023
- julho 2023
- junho 2023
- maio 2023
- abril 2023
- março 2023
- fevereiro 2023
- janeiro 2023
Talvez os vereadores fossem tímidos demais para apresentar as suas propostas ou talvez não tivessem ideia alguma a respeito da utilidade dos seus cargos eletivos.
E o professor humildemente, se calou.
E os velhos jargões se tornaram ainda mais fortes.
ilson Cruz
Leia mais em: O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver