Eterno Menino (Lembranças de um amigo)

Um menino

O tempo vive pregando peças e nestas viagens do tempo conheci um menino, bom de bola, amante das poesias e com talento nato para belas composições.
Falava muito, sorria muito – como todo menino.

Mas, sonhava em crescer… e rápido!

Falava do dia quando não seria mais um menino. Seria pai e ensinaria a seus filhos o que se espera da vida.
O tempo parecia bem distante.
O moleque falava de tudo…não parecia ter a idade que tinha.

Mas, ele tinha pressa em crescer.

E cresceu

Num desses dias em 1999 ele aparecia com uma bela letra de música: Parapeito.
Músico intuitivo se concentrava na métrica e na perfeição das rimas.
A primeira gravação foi feita por Rogério Alves no piano, Floriano Filho no contrabaixo, eu fingindo tocar guitarra e fazendo coro com o Autor e a bela voz de Julice – no Estúdio Rogério Alves, em Castro Alves.
A linda música foi posteriormente gravada por uma dupla de forró do município de Castro Alves no início da década seguinte.

Apaixonado como todo jovem é um dia, expressava com clareza os sentimentos em letras de músicas.
E aí…conhece mais uma razão para compor: Dani.
E as mais lindas composições nascem, duas meninas.

E aquele menino – seria então, pai.
….

E a vida me surpreende novamente, pois num desses sábados da vida, o amigo, me liga, com mais uma composição. E me sugere uma parceria: A música “Tanto pra falar”.
Tive o prazer de colaborar com o Refrão e parte do ritmo.
E ao enviar de volta o resultado daquele trabalho, ouvi as mesmas palavras que ouvia dele, quando menino.
Dizia emocionado: ” Melhor do que esperei!”

Lembrei naquele instante que quando o conheci, ele costumava me encorajar nas minhas tristezas exatamente com essas palavras.
Eu sabia que tinha falhado…mas, o coração de menino, buscava sempre o melhor para um amigo triste.

E enfim…

Hoje vejo o Alan…um pai, um irmão, um amigo e percebo que mesmo o tempo não tirou dele, aquilo que ele sempre teve de melhor:A vontade de ajudar, mesmo quando as nuvens escurecem o caminho…

E agradeço, pelas conversas, pelas músicas e a lembrança de uma amizade sincera.

E o tempo, sempre ele, pregando peças, me ensina mais uma vez, que ele não passa, não envelhece quem no coração é um eterno menino.

 

Ao amigo e irmão

Alan Sampaio

 

Conheça a música: Parapeito

Autor: Alan Sampaio

Intérprete: Grupo Terra

Veja mais Corre, Menino (Seja feliz, hoje) ‣ Jeito de ver

 

 

 

Um novo tempo – Parte 1 (Apesar do perigo)

 

Você conhece o conto  “Flor vermelha de caule verde?” de Helen Barckley?

Hora de conhecer…

REIMAGINAR…

 

Conto: Flor vermelha de caule verde!

Helen Barckley

Era uma vez um menino. Ele era bastante pequeno e estudava numa grande escola. Mas, quando o menino descobriu que podia ir à escola e, caminhando, passar através da porta ficou feliz.

E a escola não parecia mais tão grande quanto antes.
Certa manhã, quando o menininho estava na aula, a professora disse:
– Hoje faremos um desenho.
– Que bom! Pensou o menino. Ele gostava de fazer desenhos. Podia fazê-los de todos os tipos: leões, tigres, galinhas, vacas, barcos e trens. Pegou então sua caixa de lápis e começou a
desenhar.

Mas a professora disse:
– Esperem. Ainda não é hora de começar. E ele esperou até que todos estivessem prontos.
– Agora, disse a professora, desenharemos flores.
– Que bom! Pensou o menininho. Ele gostava de desenhar flores. E começou a desenhar flores com seus lápis cor-de-rosa, laranja e azul.

Mas a professora disse:
– Esperem. Vou mostrar como fazer. E a flor era vermelha com o caule verde.
Num outro dia, quando o menininho estava em aula ao ar livre, a professora disse:
– Hoje faremos alguma coisa com barro.
– Que bom! Pensou o menininho. Ele gostava de barro. Ele podia fazer todos os tipos de
coisas com barro: elefantes, camundongos, carros e caminhões. Começou a juntar e a amassar a sua bola de barro. Mas a professora disse:
– Esperem. Não é hora de começar. E ele esperou até que todos estivessem prontos.
– Agora, disse a professora, faremos um prato.
– Que bom! Pensou o menininho. Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos.

A professora disse:
– Esperem. Vou mostrar como se faz. E ela mostrou a todos como fazer um prato fundo.
Assim, disse a professora, podem começar agora.
O menininho olhou para o prato da professora. Então olhou para seu próprio prato. Ele gostava mais de seu prato do que do da professora. Mas não podia dizer isso.

Amassou o seu barro numa grande bola novamente e fez um prato igual ao da professora. Era um prato fundo.
E, muito cedo, o menininho aprendeu a esperar e a olhar, e a fazer as coisas exatamente  como a professora fazia. E, muito cedo, ele não fazia mais as coisas por si mesmo.

Então aconteceu que o menino e sua família mudaram-se para outra casa, em outracidade, e o menininho teve que ir para outra escola.
No primeiro dia, ele estava lá. A professora disse:
– Hoje faremos um desenho.
– Que bom! Pensou o menininho. E ele esperou que a professora dissesse o que fazer.
Mas a professora não disse. Ela apenas andava pela sala. Então, veio até ele e falou:
– Você não quer desenhar?
– Sim, disse o menininho. O que é que nós vamos fazer?
– Eu não sei até que você o faça, disse a professora.
– Como eu posso fazer? Perguntou o menininho.
– Da mesma maneira que você gostar. Respondeu a professora.
– De que cor? Perguntou o menininho.
– Se todos fizerem o mesmo desenho e usarem as mesmas cores, como eu posso saber quem fez o quê e qual o desenho de cada um?
– Eu não sei, disse o menininho.
E ele começou a desenhar uma flor vermelha com caule verde.

Conto de Helen Barckley – 201

História comovente, não é verdade?

Vocês já perceberam como é fácil se achar um inovador, quando na verdade estamos perpetuando velhos costumes e ideias?

As pessoas temem aceitar o novo, o diferente.

Mas, é um novo tempo e apesar dos perigos, é tempo de repensar e principalmente: REFAZER.

Desenvolveremos a série “UM NOVO TEMPO” em três partes.

Esperamos alcançar o objetivo maior que é estimular o debate, e por meio dele: REPENSAR, REIMAGINAR E principalmente REFAZER  aquilo que precisa ser refeito.

 

Veja mais: Um novo tempo – Parte 3 Refazer ‣ Jeito de ver

 

O circo ( e aquelas lembranças!)

Meio perdido

Confesso que, naquele tempo , eu não entendia as piadas do palhaço, mas já que o povo ria…eu acompanhava!
O que um bom comportamento condicionado não faz!
E ainda hoje, confesso, eu jamais entenderia aquelas piadas naquela época – não eram para crianças!

Palhacinho obsceno miserável!

Estragou a minha infância!

Mas o circo, não o fez tanto assim!

O circo

As bailarinas, lindas, distraíam o público enquanto o “mágico” se preparava para mais um truque!
Os coelhos na cartola eram incríveis, como é que eles conseguiam viver naquelas condições? Não, eu não estava nem um pouco preocupado com o Mandrake, mas com os pobres coelhos…como eram resistentes!

Mas, a mulher serrada ao meio me assustava todas as noites, como é que se colava o corpo novamente?

Os truques com as cartas, lenços e moedas não eram tão interessantes.

Enfim, o Mágico desaparecia dando lugar aos malabaristas!
Os malabaristas demonstravam perícia se equilibrando num trapézio, saltando de um lado a outro –  com um sorriso lindo no rosto.

Palhaços, equilibristas, trapezistas, leões* ( que adoravam os pobres gatinhos da cidade, por motivos alimentares , não, não elementares!), macaquinhos, cantores incríveis e bailarinas.

Itinerantes

Mas, o circo ficaria na cidadezinha apenas enquanto ainda houvesse o encanto….
E neste caso ficaria apenas seis dias…
Como castelos que se montam e desmontam, numa rotina infinita, ele também sumiria na próxima segunda.
E a linda bailarina trapezista, que caiu do trapézio, infelizmente, não voltaria para mais uma temporada….

Em tempo…uma tragédia

* Os animais geralmente sofriam maus tratos. Não eram bem alimentados, sofriam agressões físicas para serem submissos, além de se assustarem com a presença do público barulhento. O uso de animais em tais espetáculos passou a ser duramente questionado, e no futuro passou a ser proibido, após a tragédia no Circo Vostok no ano 2000, quando uma criança foi devorada por leões esfomeados no dia do seu aniversário, na frente de 3000 pessoas.

A lei brasileira foi benevolente com os responsáveis.  –   Tragédia do Circo Vostok – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org).

Veja mais em  O parque de diversões (Recordações de um dia) – Jeito de ver

Do começo ao fim… ( Como a vida é )

O amor é o resumo de tudo

Imagem de skalekar1992 por Pixabay

O amor é o resumo,

mesmo que as palavras não descrevam plenamente a história

do começo ao fim.

O amor

o bercinho

os primeiros esboços de risos

o amor renovado…

A insegurança

os primeiros passos

as primeiras quedinhas

e a preocupação…

As primeiras palavras

e os risos orgulhosos de quem nos ama

A igualdade

as brincadeiras da infância

a primeira escola

A diferença

as dúvidas

as espinhas

o primeiro beijo.

Os erros

o choro

o medo de ficar só

O encanto

os primeiros encontros

o medo de errar novamente

Uma proposta

a certeza

o sim…

Um dia feliz

a festa

um susto.

A barriguinha

um cantar a noite inteira…

e suas primeiras palavrinhas erradas…

E então

rir com nossas crianças, novamente,

como nossos pais riam

e ver nossos adolescentes.

Novos traços, primeiras rugas

Ver novamente e pela primeira vez

os primeiros fios brancos

e talvez, tentar esconder novamente.

E então, filhos crescidos

e, eternas crianças, ganhando asas…

As velhas preocupações

o cansaço dos anos de serviço

um amor renovado a cada dia.

Ver então,

nossos cabelos totalmente prateados, escassos

resumindo tudo,

e não pouco.

E cabelos como a neve e a pele enrugada

nos mesmos traços, lindos,

coisas que só o amor pode ver.

E então,

abrir os olhos pela ultima vez

e contemplar novamente a mesma pessoa amada

E lembrar, de tudo…

Do começo ao fim

e poder fechar os olhos,

em paz.

Leia mais em: Do fim ao começo (a vida ao inverso) ‣ Jeito de ver

E quando as coisas não dão certo…

A bela imagem de um pianista e o piano. Um texto sobre a persistência.

Imagem de Pexels por Pixabay

Viver é mais que uma arte e a arte de viver nem sempre é fácil.

Seria comparável ao músico que dedicou sua vida  preparando-se para aquilo que seria o seu mais importante recital e que na hora “H” é traído pela ansiedade. que não o deixa enxergar as linhas na partitura.

É como se as notas parecessem dançar, mudar constantemente de posição na pauta.

Traído pelas emoções do momento, vê as notas perderem sentimento e intensidade.

Enquanto isso a plateia triste, observa apreensiva, enquanto ele… sente o  medo de errar pela segunda vez.

E o medo o paralisa…

O medo pode nos paralisar..

Mas, como em toda a arte, viver exige perseverança, como a de um músico que não pensa em desistir.

Exige uma ação em cada oportunidade, uma reação a cada erro.

Exige a coragem de se levantar depois do tombo e de rir depois da vergonha.

Exige a humildade de ver outros cruzarem a ponte enquanto não é a sua vez.

Exige traçar rabiscos, antes de completar o quadro.

E se os rabiscos, não estiverem certos…apagá-los e começar tudo, novamente.

Exige-se reler a partitura, sim, decorar a folha inteira, se necessário.

Repeti-la um milhão de vezes, até que todas as notas estejam nos tempos e lugares certos.

Para depois desse esforço maior, sentir uma alegria multiplicada por cada segundo que se planejou acertar.

Viver, é sim, mais que uma arte.

Leia mais Viver Plenamente o Presente ‣ Jeito de ver

Esse bonde chamado tempo ( Hora de partir )

Um bonde. Em um texto comovente e inspirador.

Imagem de Mazarik por Pixabay

Lamento dizer…

mas o bonde está passando.

Você talvez não se lembre,

mas quando você apareceu por aqui, você chorava.

Não estranhe, por favor,

todos os que pegam a próxima parada

também saem chorando

Enquanto outros ficam a chorar também,

olhando pela janela

os que descem.

Com o tempo você vai entender

que você perdeu uma boa parte da viagem

mas o bom é que a sua viagem começa aqui.

Você conhecerá um monte de gente

boa e má

pois muitos se conheceram nessa linha,

aqui se apaixonaram, amaram, se decepcionaram, amaram novamente

tiveram filhos, construíram uma história

Outros decidiram viajar sozinhos…

e foram felizes, mesmo assim.

Alguns abraçaram

o que outros deixaram partir

Alguns desistiram da viagem no meio do caminho

Outros foram obrigados a sair…

quando isso aconteceu

infelizmente, eu não pude parar.

Esse bonde corre em apenas uma direção

Não para, nem pode voltar.

Você às vezes terá pressa

noutras, você vai querer que o bonde ande bem devagarinho.

Ficará chateado e desapontado uma porção de vezes

noutras, você você vai esquecer estes momentos,

destes acidentes de percurso…

Talvez você veja até mesmo o amor de sua vida

descer no meio do caminho…

ou mudar de assento.

Isso pode acontecer

Mas, não desanime,

o amor sempre acontece nesta viagem

Não deixe que os desastres do caminho te façam desistir de amar

de ser feliz…

A viagem é única… aproveite!

aproveite as experiências

as companhias

o trajeto

Viva a estrada…

Pois,

lamento te dizer, uma hora

você também terá que abandonar a este bonde

E que outros assim como você, entrarão chorando…

os que te amam, ou te odeiam, te verão apenas pelas janelas

e delas chorarão.

E você não saberá, nem mesmo lembrará

desta viagem apressada

assim como não lembra como entrou aqui

Neste bonde

implacável

chamado tempo.

Gilson Cruz

Veja mais em: Presos ( Onde está a tua liberdade?) – Jeito de ver.

Flores pobres (Sonhos interrompidos)

Um menino pobre. Um poema sobre sonhos interrompidos.

Imagem de Charles Nambasi por Pixabay

A primeira manhã de Primavera
ainda não chegara,
nem chegará.

E as pequenas chuvas não tiveram a chance de regar o teu jardim
nem regarão

As abelhas não encontraram os seus pólens e os beija-flores…
Não te beijaram,
e como é triste saber…

A primeira noite
Não te trouxe as estrelas,
Nem o orvalho.

As estrelas não fizeram desenhos
E a lua não apareceu

Apenas a escuridão…

E as lágrimas, sairão
como seivas num galho quebrado

Como sangue
de sonhos interrompidos…

Sem palavras
num verso não acabado.

Aos milhares de jovens e crianças vítimas de balas perdidas, pobreza e da escravidão.

Leia mais: Insônia (Poema das minhas noites em claro) – Jeito de ver.

O parque de diversões (Recordações de um dia)

Roda gigante. Um texto sobre a chegada dos parques itinerantes nas pequenas cidades.

Imagem de J W. por Pixabay

E o parque chegava na cidade!

Os brinquedos não eram tão sofisticados assim, mas as crianças lá do interior faziam a festa.

As rodas gigantes não eram tão gigantes, eram razoavelmente pequenas, mas que graça teria se anunciassem:

“Ele está de volta, o seu parque de diversões favorito, com muitos brinquedos ( na verdade, se resumiam a apenas sete!) e a incrível, magnífica, espetacular RODA pequena?”

As crianças corriam feito loucas de brinquedo em brinquedo, os pais perdiam a cabeça – mas, era festa.

Crianças tontas no chapéu mexicano, adolescentes tentando impressionar adolescentes e perdendo dinheiro no tiro ao alvo e o sistema de som, com seu locutor, peculiar, tentando dar aquela forcinha àqueles jovens que sonhavam com suas paixões – e que agora, naquele parquinho, poderia ter uma oportunidade a se declarar ( e pagar, alguns trocados…)

E foi lá, que como qualquer outro jovem, calça curta, pedi a música da Júlia…
Ela estava de vermelho, lacinhos brancos, sorriso tímido e amava a valsinha…
E quando lá no alto da roda gigante, ela estava, a sua música tocava

– ela, corada, sorria timidamente, e esperando a hora de parar daquele brinquedo, que se tornara gigante,  lento e provocador…eu fiquei.

E, por eternidades, a fio, aquela roda não queria parar…e quando parou, então, segurei a sua mão…

Julia, sorriu, mas, os seus país a levaram, já era tarde…

Enquanto as crianças gritavam, corriam, destruíam tudo o que não podiam – eu via o adeus da Júlia.

E a música ficou no ar, naquele tempo…
Enquanto as crianças brincavam.
E o parque se preparava para partir.

Gilson Cruz

Veja mais em: O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver.

É preciso… (Saber aceitar)

Um homem e seu cão. Resiliência. Um poema sobre aceitar.

Imagem de Gloria Kaye por Pixabay

É preciso admitir que nem sempre as palavras certas virão
quando precisarmos falar,
nem as atitudes corretas
nos momentos delicados e precisos.

É preciso aceitar que nem sempre
seremos os primeiros a chegar
e que, às vezes, sequer chegaremos…

É preciso aceitar que nem sempre
nos equilibraremos quando soltarem as nossas mãos
e, certamente, daremos com a face na terra…

É preciso também aceitar que nem sempre
seremos amados ou odiados,
e que nem sempre conseguiremos retribuir o amor
a quem merece
e que nos mostrou sem hesitar.

É preciso…

É preciso admitir
que, muitas vezes, fomos tolos,
que erramos ao julgar
e que fomos mal julgados,
e que não éramos tão necessários quanto queríamos
em algumas ocasiões.

É preciso…
É preciso admitir, aceitar que erramos…
e que ainda é tempo de fazer o melhor,
e fazê-lo.

É preciso.

Veja mais em  Do fim ao começo (a vida ao inverso) – Jeito de ver

Do fim ao começo (a vida ao inverso)

E se as coisas acontecessem na ordem inversa?

Imagem de Zoli por Pixabay

E se as coisas acontecessem na ordem inversa?

Os olhos se fechariam,

e os olhos, então, se abririam pela última vez,

para olhar agora com dificuldade os cabelos também brancos da pessoa amada,

A visão fraca, cabelos brancos como a neve e a pele enrugada

Os mesmos traços lindos,

sim, coisas que só o amor pode ver…

E nossos cabelos totalmente prateados, escassos, resumiriam tudo

e não foi pouco…

Veríamos

um amor que foi renovado a cada dia.

O cansaço dos anos de serviço

as velhas preocupações…

Veríamos nossas eternas crianças, ganhando asas…

E então, filhos crescidos…

Talvez tentássemos esconder novamente

os primeiros fios brancos

Veríamos novamente, e pela primeira vez

novos traços, primeiras rugas…

E veríamos nossos adolescentes

riríamos com nossas crianças novamente

e suas primeiras palavrinhas erradas…

Teríamos um chorinho de madrugada

um cantar, a noite inteira…

Recordaríamos

A barriguinha

um susto

a festa

um dia feliz…

O sim…

a certeza

uma proposta

O medo de errar novamente

Os primeiros encontros

o encanto

o medo de ficar só

o choro

Os erros

O primeiro beijo…

as espinhas

as dúvidas

a diferença

a primeira escola

as brincadeiras da infância

A igualdade

Os risos orgulhosos de quem nos ama

as primeiras palavras

o amor e a preocupação…

as primeiras quedinhas

os primeiros passos

A insegurança

O amor renovado…

os primeiros esboços de risos

o bercinho

O amor…

Mesmo que as palavras não descrevam tudo do começo ao fim…

o amor é o resumo de tudo.

Se você gostou do texto…

por favor, leia, do fim ao começo.

Veja mais em:  Esse bonde chamado tempo ( Hora de partir ) – Jeito de ver.

© Gilson da Cruz Chaves – Jeito de Ver Reprodução permitida com créditos ao autor e ao site.