Boas Festas – Uma canção de Natal brasileira

A disparidade das diferenças sociais é visível no Natal. Entenda o contexto da música Boas Festas.

Imagem de Giorgio Giorgi por Pixabay

É clima de boas festas…

O comércio esperou o ano inteiro para adornar as suas lojas com enfeites natalinos, atraindo mais clientes com brinquedos e iguarias típicas das festas de fim de ano.

A tentação dos olhos é acalmada pelas alegres canções natalinas.

Crianças pobres admiram das vitrines os mais belos brinquedos, mas não estão inocentes, “o seu Papai Noel” não vem, como das outras vezes.

A disparidade das diferenças sociais é visível nesta época do ano.

Enquanto isso acontece, o fundo musical não poderia ser mais honesto: Ouço “Boas Festas”, uma composição do baiano Assis Valente.

Pois é, enquanto o Natal é sinônimo de celebração para muitos, também expõe as desigualdades sociais e os desafios emocionais, como os enfrentados por Assis Valente…

Vamos Conheer a sua história.

Conhecendo Assis Valente

Assis Valente foi um dos maiores nomes da música brasileira que sofreu de intensa depressão em sua vida, um tema que ainda hoje ressoa devido à importância de se discutir saúde mental, especialmente entre artistas.

Nasceu no dia 19 de março de 1911, na Bahia, em local controverso entre Salvador e o distrito santamarense de Bom Jardim.

Confira a biografia de um grande compositor .

Assis Valente – Wikipedia

Assis viveu muitas dificuldades na infância.

Ainda menino, foi separado de seus pais biológicos e entregue a uma família em Santo Amaro, onde foi educado, mas também obrigado a realizar trabalhos extenuantes.

Mais tarde, foi criado por outro casal em Alagoinhas, que o matriculou no Liceu de Artes e Ofícios da Bahia para aprimorar suas habilidades em desenho e escultura.

Durante a juventude, trabalhou como doméstico, assistente em hospitais e até declamador de versos em um circo. Essas experiências moldariam tanto sua personalidade quanto sua obra.

Mudança para o Rio de Janeiro

Era na capital que as coisas aconteciam…

Em 1927, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como protético e ilustrador, publicando desenhos em revistas como Shimmy e Fon-Fon.

Mudando para o Rio, ele se tornou um dos compositores mais aclamados da era do rádio, escrevendo sucessos para intérpretes icônicos como Carmen Miranda e Orlando Silva.

Na década de 1930, incentivado por Heitor dos Prazeres, começou a compor sambas que alcançaram sucesso nas vozes de grandes intérpretes.

Seu primeiro sucesso, “Tem Francesa no Morro” (1932), foi cantado por Aracy Cortes.

Compositor de músicas festivas

Assis Valente também é considerado pioneiro em criar músicas para festas juninas (“Cai, Cai, Balão”) e natalinas (“Boas Festas”), ambas de 1933.

“Boas Festas”, composta em um quarto de pensão em Niterói durante o Natal de 1932, é um marco na música brasileira, retratando a realidade de desigualdade social vivida pelo próprio compositor.

Assis, então com 24 anos, estava sozinho e deprimido, longe da família e sem notícias dos seus entes queridos.

Inspirado por uma imagem natalina no quarto, a composição tornou-se uma expressão de sua melancolia e um pedido por felicidade.

A canção consolidou-se como um ícone do Natal à brasileira, sendo amplamente regravada por diversos artistas ao longo das décadas.

Apesar de sua genialidade e das canções que marcaram época, como “Brasil Pandeiro” e “Camisa Listrada”, Assis enfrentou profundas angústias internas.

“Brasil Pandeiro”, sucesso que foi recusado por Carmen Miranda, ganhou notoriedade com os Anjos do Inferno e, mais tarde, com os Novos Baianos.

Conflitos internos

A depressão que o acometeu foi agravada por circunstâncias externas e internas.

Ele sofreu com questões financeiras, apesar do sucesso de suas músicas, e também com o reconhecimento limitado de sua contribuição artística na época.

Muitas de suas composições eram vendidas a preços irrisórios, privando-o de uma fonte de renda estável.

A crise financeira se agravou com dívidas crescentes, como a que teve com Elvira Pagã, cantora de alguns de seus sucessos.

Além disso, a pressão para manter o padrão de vida exigido por sua posição na sociedade exacerbava suas dificuldades econômicas.

Assis, um homem sensível, parecia carregar o peso do mundo em suas criações, que mesclavam humor, crítica social e uma melancolia subjacente.

Uma triste vida tumultuada e o fim

Casou-se em 1939 e teve uma filha, Nara Nadyli, mas o casamento terminou em separação.

Enfrentou várias tentativas de suicídio, incluindo uma em 1941, quando saltou do Corcovado, mas foi salvo pelas árvores.

Em um dos momentos mais desesperadores, procurou o escritório de direitos autorais na esperança de conseguir dinheiro, mas recebeu apenas um calmante.

Assis Valente decidiu encerrar sua vida no dia 11 de março de 1958, uma terça-feira chuvosa no Rio de Janeiro. Endividado e profundamente abatido, comunicou sua intenção a amigos e funcionários, antes de ingerir formicida em um banco de rua no Largo da Glória.

No bolso, deixou um bilhete onde pedia a Ary Barroso que pagasse dois aluguéis atrasados. Seu último verso dizia: “Vou parar de escrever, pois estou chorando de saudade de todos, e de tudo.”

Lições e legado

A relevância de Assis Valente transcende sua tragédia pessoal.

Ele deixou um legado que continua a influenciar a música popular brasileira, evidenciando o papel do artista como cronista de sua época.

Hoje, sua história inspira reflexões sobre os desafios enfrentados pelos criadores e a importância de oferecer suporte a quem lida com problemas emocionais e psicológicos.

Convém lembrar que mesmo na atualidade alguns intérpretes famosos exigem ter seus nomes como co-compositores de canções potencialmente lucrativas, desmerecendo o verdadeiro compositor, que teme ser boicotado caso não aceite.

As canções de Assis Valente foram redescobertas nos anos 1960 e desde então vem sendo regravadas por grandes nomes da MPB, como Chico Buarque, Maria Bethânia e Elis Regina.

Sua obra reflete sua genialidade como compositor, e também a realidade de uma época marcada por desigualdades sociais e desafios pessoais.

Conheça a letra:

Boas Festas
Assis Valente

Anoiteceu
O sino gemeu
E a gente ficou
Feliz a rezar

Papai Noel
Vê se você tem
A felicidade
Pra você me dar

Eu pensei que todo mundo
Fosse filho de Papai Noel
Bem assim felicidade
Eu pensei que fosse uma
Brincadeira de papel

Já faz tempo que eu pedi
Mas o meu Papai Noel não vem
Com certeza já morreu
Ou então felicidade
É brinquedo que não tem
Oh, anoiteceu

Leia também: Dezembro – História do mês e curiosidades ‣ Jeito de ver

Fonte: Wikipedia

“Boas Festas”: o “hino” do Natal brasileiro que nasceu da | Cultura

Posts | Discografia Brasileira

Amigos:

📖 Acabei de lançar Crônicas do Cotidiano – Um Novo Jeito de Ver! Um livro com poesias, reflexões e histórias que celebram a cultura e a alma brasileira. Cada compra ajuda a manter meu site Jeito de Ver vivo! Apoie: https://www.amazon.com.br/dp/B0FSGMPHGY 🌟 #LiteraturaBrasileira #Poesia

O conflito entre Israel e a Palestina

Crianças palestinas. Vítimas esquecidas das guerras.

Imagem de hosny salah por Pixabay

 

Que palavras traduziriam os mais profundos desejos de um ser humano?*

Ao analisar os portais de notícias não é incomum observar com espanto por entre os destaques, as terríveis novidades a respeito do ataque do exército Israelense ao povo Palestino, numa caçada implacável aos responsáveis pelo ataque terrorista ocorrido no início de Outubro de 2023, em uma festa tecno no deserto, em que mais de mil jovens israelenses foram cruelmente assassinados.

É também impossível não indignar-se ao saber que, entre os mais de dez mil palestinos mortos na retaliação Israelense a este ataque, quatro mil são crianças e que a vasta maioria dos mortos são pessoas que nada tem a ver com o grupo Hamas..

Causa indignação perceber nos jornais manchetes que destacam a morte de um terrorista, em vez de centenas de inocentes. É quase impossível não admitir que ações de extermínio de um povo estão ocorrendo, enquanto os países têm dificuldade em conter o ímpeto de um governo tão sanguinário quanto os terroristas!

Sim, é impossível não sofrer ao saber que o suprimento de alimentos e água potável às pessoas em Gaza se tornam escassos, enquanto hospitais, escolas e campos de refugiados são bombardeados diariamente – e vidas inocentes se vão.

É triste saber que essas coisas estão também acontecendo em outros lugares enquanto os países líderes da indústria armamentista aumentam seus lucros!
Palavras de consolo

Diante de um cenário tão desolador, que palavras expressariam os mais profundos desejos de alguém, que vivenciou e ainda vivencia inúmeras tragédias?

Uma das mais belas passagens bíblicas, no livro Apocalipse capítulo 21, versos 3, 4 diz parcialmente:

” Então ouvi uma voz alta do trono dizer: “Veja! A tenda de Deus está com a humanidade; ele residirá com eles, e eles serão o seu povo. O próprio Deus estará com eles. Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima e não haverá mais morte, nem haverá mais tristeza, nem choro, nem dor…” – Tradução do Novo Mundo.

As palavras no texto acima traduzem o desejo de pais, filhos e amigos que acreditam que um milagre ainda é possível!

E como diz a letra de uma canção conhecida: ” Você talvez diga que eu sou um sonhador…mas, não sou único.

Espero que um dia, você se junte a nós – e o mundo inteiro será como um! (Imagine, John Lennon – tradução livre)

 

Saiba mais:

ONU: Número de civis mortos por Israel aponta algo ‘claramente errado’ | VEJA (abril.com.br)

Israel-Palestina: entenda como começou este conflito histórico centenário (correiobraziliense.com.br)

Indústria das armas dos EUA prevê maior lucro da história com ofensiva de Israel em Gaza (pragmatismopolitico.com.br)

Guerras no mundo: quantos conflitos estão ativos neste momento? | CNN Brasil

Gilson Cruz

Veja mais em Notícias de Guerras – o jogo da informação ‣ Jeito de ver

*Matéria publicada originalmente em 10/2023

Amigos:

📖 Acabei de lançar Crônicas do Cotidiano – Um Novo Jeito de Ver! Um livro com poesias, reflexões e histórias que celebram a cultura e a alma brasileira. Cada compra ajuda a manter meu site Jeito de Ver vivo! Apoie: https://www.amazon.com.br/dp/B0FSGMPHGY 🌟 #LiteraturaBrasileira #Poesia

O tempo ( Contador de histórias)

Imagem de Annette por Pixabay

 

Num dia sem sentido,

me sentei

E o tempo sentou-se ao meu lado.

E a história amou acontecer…

E o tempo adorou contá-la.

 

Gilson Cruz

Veja mais em A esperança (Poesia de resistência) ‣ Jeito de ver

📖 Acabei de lançar Crônicas do Cotidiano – Um Novo Jeito de Ver! Um livro com poesias, reflexões e histórias que celebram a cultura e a alma brasileira. Cada compra ajuda a manter meu site Jeito de Ver vivo! Apoie: https://www.amazon.com.br/dp/B0FSGMPHGY 🌟 #LiteraturaBrasileira #Poesia

Se você gosta do conteúdo e quiser apoiar para que o projeto continue, pode contribuir com qualquer valor pelo Pix: jeitodever2023@gmail.com

O papel da imprensa e a História

Menino Palestino sobre escombros. A História não compensará as perdas. Veja o papel da história e da imprensa.

Imagem de hosny salah por Pixabay

E as canções de guerra continuam no ar

As notícias sobre a guerra são, na maioria das vezes, distorcidas.

Há crianças sob os escombros.

Apenas um lado da história é estabelecido como verdade absoluta. – Nilson Miller

A história não julga

Acreditar que haverá um julgamento por parte da história é mais uma licença poética.

A maioria dos tiranos, assassinos e ditadores viveu impunemente, descansou em berço esplêndido e deixou a seus descendentes não a vergonha, mas suntuosas heranças.

Seus nomes não foram esquecidos, mas sobrenomes foram trocados, e as injustiças que praticaram beneficiaram seus sucessores, que usufruem graciosamente de todo o mal causado ao longo do tempo.

Quantos ladrões não deixaram seus filhos ricos, enquanto aqueles que sofreram injustiças e foram lesados continuam presos às mesmas condições de miséria?

Quantos enriqueceram com o tráfico e a exploração de escravos, enquanto os descendentes destes seguem discriminados e humilhados na hipócrita sociedade atual?

Ou quantos políticos fizeram fortunas e deixaram a seus filhos, enquanto o povo enganado sofre com a fome e a falta de esperança?

O papel da História

Não se pode colocar nas mãos da história o poder de julgar.

À história cabe apenas narrar os fatos conforme os relatos que prevaleceram e escancarar na face das pessoas o quanto foram — e continuam sendo — enganadas.

Como, no futuro, serão contadas as guerras na Ásia e no Oriente Médio?

As pessoas que perderam seus patrimônios ou foram escravizadas jamais foram compensadas.

Voltando no tempo, analise o que aconteceu às cidades de Hiroshima e Nagasaki.

Nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, milhares de vidas inocentes foram apagadas da história pelo uso de bombas atômicas.

O lançamento dessas bombas marcou o fim da Segunda Guerra Mundial.

E a história “esqueceu” de compensar aquelas pessoas, assim como esqueceu de compensar as vítimas do ataque do exército japonês aos habitantes da pequena cidade de Nanquim, na China, onde, em 1937, todas as atrocidades possíveis foram cometidas.

Os japoneses não costumam lamentar tais atos cometidos por seus exércitos! –

A história também esqueceu dos escravizados ao longo dos séculos.

O preconceito atual e as diferenças sociais são reflexos de quão péssima juíza teria sido a história. Veja: Massacre de Nanquim: o brutal episódio do Japão Imperial

O futuro, o que dirá?

A história assume o papel de relatora.

Limita-se a contar parte do que aconteceu e mostrar o quanto não sabemos… e não aprendemos.

No futuro, como serão lembradas as mais de trinta mil crianças mortas, assassinadas pelo exército de Israel, que insiste em exterminar um povo sob o pretexto de combater o terrorismo?

Como será lembrado o massacre atual de palestinos? Como limpeza étnica? Como uma resposta a atos terroristas? Como atos de vingança de um país obstinado? Como genocídio? Ou como uma guerra contra o Hamas?

O vencedor contará a sua versão, e esta há de ficar nos registros, lamentavelmente, a despeito das milhares de vidas, de crianças e inocentes.

A ação de Israel, com o apoio do país mais bélico do mundo, espalha suas canções de guerra.

A história e os EUA

Sob o mesmo pretexto, os Estados Unidos — parceiro de Israel e principal fornecedor de armas — travaram guerra contra o Iraque na década de 1990, alegando a existência de armas de destruição em massa, o que se provou falso, como canções que narram as glórias da guerra.

A história revelou que havia interesses comerciais envolvidos. Naquela época: o petróleo.

Um dia, talvez, a história revele os reais interesses por trás dos conflitos atuais, quem se beneficiou das circunstâncias, quem foi deixado para trás… ou se há algo mais envolvido, como interesses comerciais.

Discordar das ações de extermínio promovidas pelo exército israelense não tornará ninguém antissemita.

Preocupar-se genuinamente com as vítimas palestinas não significará apoiar o Hamas, como muitos têm tentado fazer acreditar.

Todas as vidas são preciosas!

O papel da imprensa

A imprensa, como narradora dos acontecimentos, jamais será plenamente isenta.

O comportamento da imprensa brasileira durante o período da Ditadura Militar, quando patrocinada pelo governo, esquivava-se de relatar os abusos cometidos, transmitindo uma falsa sensação de segurança.

O mesmo ocorreu nas eleições presidenciais de 1989.

As eleições de 1989 exemplificam como um sistema de TV tinha o poder de manipular a opinião pública. Veja o vídeo sugerido: Muito Além do Cidadão Kane.

Sempre haverá a influência de anunciantes, cujos interesses estarão acima do bem comum.

Cada notícia será adaptada aos interesses desses patrocinadores e da empresa que a veiculará.

As redes sociais

Lamentavelmente, o descrédito na imprensa tradicional levou muitos a se informarem por meios bem menos confiáveis, recorrendo a fontes pouco fidedignas. As redes sociais assumiram o poder de influenciar as opiniões.

O número de pessoas que busca informações em grupos de WhatsApp cresceu a tal ponto que, durante a pandemia de COVID-19, muitas hesitaram em aceitar a vacina ou os meios de proteção recomendados.

Pessoas mal-intencionadas também aproveitam essa situação para criar sensacionalismo por meio de notícias bombásticas e bem elaboradas, que, na maioria das vezes, são disseminadas por aplicativos e redes sociais, como Facebook, Instagram, X e outros.

As canções de guerra…

E, de repente, as pessoas esquecem que, do outro lado, ainda há guerras em andamento — esquecidas pelos meios de comunicação que se cansaram de tais assuntos.

A imprensa continuará no seu papel de transmitir o que convém, agora disputando espaço com meios informais, que trarão um lado da história — verdadeiro ou não — nesta guerra de informações.

Os assuntos perdem as manchetes por não serem mais “a novidade”, como músicas que perderam destaque diante de algo mais relevante.

As vítimas continuarão sendo esquecidas, pois a informação ainda é um produto vendido — e isso não importa qual o meio de comunicação, se não há compromisso com os fatos.

Enquanto isso, a indústria das armas continua a aumentar seus lucros, enquanto vidas se vão — sem graça e sem pressa, em meio aos escombros.

Gilson Cruz

O papel da imprensa e a História – Jeito de ver

E esquecemos as Guerras … ‣ Jeito de ver

Video Sugerido:

* Os golpes e as tentativas de golpes já eram comuns desde o Império.

*Matéria publicada originalmente em Outubro/23

Amigos:

📖 Acabei de lançar Crônicas do Cotidiano – Um Novo Jeito de Ver! Um livro com poesias, reflexões e histórias que celebram a cultura e a alma brasileira. Cada compra ajuda a manter meu site Jeito de Ver vivo! Apoie: https://www.amazon.com.br/dp/B0FSGMPHGY 🌟 #LiteraturaBrasileira #Poesia

Tuca, o menino (Vida numa poesia)

Tuca,
Menino de raiz africana
de peito aberto ao mundo
e de sonhos

Tuca, o menino
teve um sonho
e ganhou asas
Chegou às nuvens

E das nuvens
Viu o azul no mar
E mergulhou sem medo…
Nadou com os peixes
brincou com as conchas…

Mas, não andou sobre as águas…

Tuca, o menino
Ganhou o mundo
E sofreu…
Lutou,
mas amou.

Daí, sentiu saudades de casa.

E o menino voltou
de novo, às raízes
E descobriu um mundo novo.
E por aqui ficou.

Meu amigo,

O que um poeta faz, além de empregar palavras?

O poeta busca a razão e o sentimento escondidos nas entrelinhas, procura também a vida por trás dos nomes e sutilmente coloca a cada um deles no espaço, para que preencham pensamentos. O verdadeiro sentido estará na imaginação.

Gilson.

Leia mais em O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver.

📖 Acabei de lançar Crônicas do Cotidiano – Um Novo Jeito de Ver! Um livro com poesias, reflexões e histórias que celebram a cultura e a alma brasileira. Cada compra ajuda a manter meu site Jeito de Ver vivo! Apoie: https://www.amazon.com.br/dp/B0FSGMPHGY 🌟 #LiteraturaBrasileira #Poesia

E deixei a porta aberta (novas emoções)

A poesia do recomeço, as portas abertas...

Imagem de Hans por Pixabay

Saí
olhei a velha praça e as flores no jardim
Senti o sol morno, da Primavera
e o vento suave que vinha dos morros.
Iluminavam e abriam caminho

Os passarinhos não queriam acordar
Não cantavam por onde eu andava
Talvez percebessem a solidão
E a tristeza em meus passos
E eu contava os dias

Para esquecer um passado recente
e a esperança que morrera
no horizonte…
Para esquecer que estava só,
num mundo tão grande,
imenso

E as pessoas
que sorriam e viam o meu riso
não viam a dor em meus olhos…
Que imploravam,
ao menos uma mão
algo que desse sentido aos meus passos…

Mas, os dias passavam
e o tempo passava…

E quando na pressa de viver,
de dar sentido a tudo,
e continuar vivendo…

Saí… na mesma direção

e abraçando a estrada,

deixei a porta aberta.

Gilson Cruz

Leia mais em Motivos… ( Não desistir!) – Jeito de ver

Amigos:

📖 Acabei de lançar Crônicas do Cotidiano – Um Novo Jeito de Ver!

Um livro com poesias, reflexões e histórias que celebram a cultura e a alma brasileira. Cada compra ajuda a manter meu site Jeito de Ver vivo! Apoie: https://www.amazon.com.br/dp/B0FSGMPHGY 🌟 #LiteraturaBrasileira #Poesia

O tempo ( Como se mede o tempo?)

Imagem de Annette por Pixabay

Me perguntas, como se mede o tempo?
Milésimos?
Segundos?
Minutos?
Horas?
Dias?
Semanas?
Meses?
Anos?
Décadas?
Séculos?
Milênios?

E eu te digo:
Não se mede o tempo
Não se conta as horas…

O tempo só existe de verdade
Para quem sabe o que é saudade…

Gilson Chaves

Veja mais O tempo ( Contador de histórias) › Jeito de ver

📖 Acabei de lançar Crônicas do Cotidiano – Um Novo Jeito de Ver!

Um livro com poesias, reflexões e histórias que celebram a cultura e a alma brasileira. Cada compra ajuda a manter meu site Jeito de Ver vivo! Apoie: https://www.amazon.com.br/dp/B0FSGMPHGY 🌟 #LiteraturaBrasileira #Poesia

Crianças ( Vítimas inocentes dos conflitos)

Menina Palestina. As crianças são vítimas inocentes, esquecidas.

Imagem de hosny salah por Pixabay

 

Gilson Cruz

“Pensem nas crianças
Mudas, telepáticas…”

(Rosa de Hiroshima, Vinicius de Morais)

A Rosa de Hiroshima: Uma Reflexão Sobre a Humanidade

Nota: O poema Rosa de Hiroshima é usada neste texto como um símbolo da destruição e do descaso com a vida humana em conflitos armados.

A Rosa de Hiroshima permanece como um símbolo trágico da destruição humana. Embora o palco e os atores mudem, a história se repete. A imposição pela força continua sendo uma realidade, frequentemente ignorando mulheres e crianças.

As convenções internacionais reconhecem o direito à defesa nacional, mas também preconizam a preservação da vida como um valor supremo. No entanto, essa teoria nem sempre se reflete na prática.

O Dilema Moral da Guerra

Considere a seguinte situação:

“Quatro criminosos sequestram um avião com 200 passageiros, exigindo resgate.

Para manter a ordem e prevenir ataques futuros, um líder decide por uma medida extrema:

‘Destruam o avião, com todos a bordo. Garantam que os sequestradores não sobrevivam!’

Qual seria sua reação? Aplaudiria a eficiência em eliminar a ameaça ou ficaria aterrorizado com a perda de vidas inocentes?”

Essa reflexão nos leva a questionar o real custo das chamadas “guerras cirúrgicas” e do impacto das decisões tomadas em nome da segurança.

Bombas de Precisão e Suas Consequências

Durante a Guerra do Golfo Pérsico, houve admiração pelo avanço das “bombas inteligentes” usadas pelo exército dos EUA. Contudo, mesmo as armas de “precisão” causam devastação ao seu redor.

Ao noticiar a eliminação de um líder militante escondido em um hospital, creche ou campo de refugiados, muitos veem apenas a morte do alvo, enquanto as vidas inocentes perdidas ao redor são frequentemente negligenciadas.

Essas vítimas, na prática, são tratadas como colaterais, descartáveis e sem lamento.

Os Investimentos na Guerra vs. na Humanidade

Se quisermos entender os valores de uma sociedade, basta observar onde ela investe seus recursos.

Em 2021, os gastos militares mundiais ultrapassaram dois trilhões de dólares, enquanto os investimentos anuais para o combate à fome giravam em torno de apenas 10 bilhões.

Estudos indicam que seriam necessários entre 50 e 700 bilhões para erradicar a fome no mundo, um valor significativamente inferior ao gasto com armamentos.

A discrepância entre esses números nos leva a uma pergunta incômoda: realmente valorizamos a vida?

A Percepção Seletiva da Vida Humana

Nos sensibilizamos de forma diferente diante das tragédias. Como reagimos às vítimas da fome na África e na América do Sul em comparação aos massacres ocorridos na Europa e na América do Norte? Por que a morte de crianças israelenses ou palestinas desperta reações distintas, dependendo do ponto de vista político ou midiático?

Se atribuímos maior valor à vida de um grupo étnico em detrimento de outro, já revelamos uma das principais razões dos conflitos.

Mudanças Necessárias

Diz-se que as maiores transformações começam dentro de cada indivíduo. A infância é um exemplo claro de como o preconceito é algo aprendido. Crianças de diferentes etnias frequentemente se reconhecem como iguais, sem a divisão imposta pelos adultos.

Histórias como a de um menino branco e um negro, que se vestiram igual e se consideravam gêmeos, nos fazem refletir sobre a pureza da percepção infantil.

Outro caso emblemático foi o de uma criança vestida como um membro da Ku Klux Klan, que, sem compreender o simbolismo, se encantou pelo escudo de um policial negro, aproximando-se sem medo ou ódio.

O que aprendemos ao longo da vida molda aquilo que somos. Ainda é tempo de reaprender.

A Desonestidade e a Exploração do Sofrimento

Além dos horrores da guerra, a desonestidade humana se manifesta em diversas formas.

Seja através de políticos que superfaturam contratos durante crises, criminosos que se aproveitam da impunidade ou jornalistas que justificam abusos conforme suas preferências ideológicas.

Também há líderes religiosos que enriquecem enquanto seus fiéis enfrentam dificuldades.

A indiferença diante dessas práticas reforça um ciclo de impunidade e desigualdade.

Não Esqueçamos das Rosas

A lembrança da Rosa de Hiroshima se expande para as incontáveis tragédias ao redor do mundo: Haiti, Iraque, Afeganistão, Ucrânia, Rússia, Israel, Gaza, e tantos outros lugares esquecidos.

Que não nos esqueçamos das rosas. Das vidas ceifadas. Dos horrores que poderíamos evitar se, de fato, valorizássemos a vida humana em todas as suas formas.


Matéria publicada originalmente em novembro de 2023.

Fontes:

O papel da imprensa e a História ‣ Jeito de ver

A Rosa de Hiroshima, de Vinícius de Moraes (interpretação e significado) – Cultura Genial

Guerra contra o Hamas: Armas dos EUA chegam a Israel – 11/10/2023 – Mundo – Folha (uol.com.br)

Conflito Israel-Hamas: o que explica o apoio incondicional dos EUA a israelenses – BBC News Brasil

Gasto militar mundial bate recorde e supera US$ 2 | Internacional (brasildefato.com.br)

Como combater a fome no mundo – e no Brasil? | Exame

Acervo do Conhecimento Histórico: Criança vestida de membro da Ku Klux Klan, tocando o escudo de um policial negro, (achistorico.blogspot.com)

📖 Acabei de lançar Crônicas do Cotidiano – Um Novo Jeito de Ver! Um livro com poesias, reflexões e histórias que celebram a cultura e a alma brasileira. Cada compra ajuda a manter meu site Jeito de Ver vivo! Apoie: https://www.amazon.com.br/dp/B0FSGMPHGY 🌟 #LiteraturaBrasileira #Poesia

A tragédia do Sarriá – A Copa de 1982″

A Seleção brasileira que encantou o mundo em 1982

Βαγγέλης Κορμπάκης by Pinterest

 

A tragédia do Sarriá

Gilson Cruz

Era 1982.

O mundo inteiro estava na expectativa da Copa do Mundo, que seria realizada na Espanha.

A Argentina vinha como campeã do último torneio, realizado em seu próprio País, mas a Alemanha, campeã de 1974, viria forte, assim como a Italia, a União Soviética e a Seleção brasileria sob o comando de Telê Santana eram times excelentes!

A seleção brasileira já não sentia o gosto de um título mundial desde 1970, quando a seleção montada por João Saldanha, e então, sob o camando de Zagalo encantara o México vencendo o torneio, levando o Tricampeonato Mundial ( 1958, 1962 e agora 1970).

Não havia mais Pelé, Carlos Alberto, Félix. Gérson, Tostão, Jairzinho, Clodoaldo e aqueles outros gênios. Agora, novos gênios vestiam a camisa da seleção: Waldir Peres, Leandro, Oscar, Luizinho e Junior; Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico; Serginho (Paulo Isidoro) e Éder. – Nomes pra ninguém botar defeito!

Na hora das partidas, os alunos eram liberados da escola, torcer pelo seleção canarinho, como dizia um samba da época.

 

As primeiras partidas.

A união Soviética, tinha um dos melhores goleiros da época e fez o primeiro gol numa falha de Waldir Peres.

Mas, aquela seleção tinha o que se costumava chamar de “futebol arte”, o saber jogar de modo belo e eficiente.

No gol de empate o Dr. Sócrates colocou a bola onde nem três Dassaev‘s (goleiro russo) conseguiriam chegar.

O gol de virada foi um dos lances mais belos da copa. Falcão enganou a zaga soviética deixando a bola passar por entre as pernas, Éder disparou um míssil que se acerta o goleiro – certamente, teríamos um óbito naquela Copa!

 

O Brasile desfilou um belo 4X1 sobre a Escócia e deu um show de 4X0 na Nova Zelândia.

Enfim, viria a campeã da última Copa – a Argentina!

O Brasil jogou muito mais do que se esperava e os hermanos nem sentiram o cheiro da bola!

Jogando com toques de bola rápidos e precisos, o Brasil enfiou 3X1 na bela Seleção Argentina.

Foi um baile!

Na falta de bola pra jogar, Maradona introduziu naquela copa de futebol, um pouco das artes marciais, ao atingir covardemente o jogador Batista com um coice no barriga!

 

Enfim, a partida acabara e a alegria tomava conta da pequena cidade, tão distante da Espanha.

Viria agora a Itália.

O selecionado Italiano não vinha num bom torneio.

Jogos irregulares, mas estava lá – pra enfrentar o futebol mais bonito da competição!

A partida mais importante – Um tal de Paolo Rossi

5 de Julho.

Estádio Sarriá de Barcelona.

O técnico italiano recuou o time, escalando dois especialistas em acertar as canelas de brasileiros: Gentile e Tardelli.

Os árbitros estavam lá para ocupar espaços no campo, idôneos como a FIFA. Veja mais no link a seguir – Erros de arbitragem: Zico tem camisa rasgada por italiano, mas pênalti não é marcado em 82 | globoesporte | ge.

Paolo Rossi ficaria nos espaços gentilmente cedidos pela zaga brasileira, esperando falhas que raramente aconteceriam.

– Mas não é que naquele dia, aconteceram uma, duas, três vezes!

Num ato displicente da zaga brasileira, troca de passes, o matador se aproveitou da primeira falha e fez o primeiro. – Sócrates marcou o gol de empate!

Paolo Rossi numa nova falha da zaga… Falcão empata num golaço!

Telê Santana, tentando reduzir os espaços na defesa, troca Cerezo por Paulo Izidoro – mas, naquele dia, NADA daria certo!

 

Num bate e rebate na área brasileira a bola sobra justamente nos pés daquele que entraria para a história como “o carrasco do Brasil da Copa do Mundo de 1982”.

 

Tive a impressão que naquele dia, se o Brasil fizesse nove gols, sofreria dez! – Aquele era o dia da Itália!

Naquele bendito dia, acabaram as folgas escolares para torcer pela seleção.

Ao término da partida, lembro-me de ter sentado ao meio-fio, em frente à minha casa e chorar como um menino!

– Normal, eu realmente era um menino de Nove Anos.

Soube que mais adiante na rua, um tal de Manoel, decepcionado deu um tiro na Pobre Televisão.

Foi um dia realmente triste, um dia daqueles que ensinam que o Futebol (quando não há vendas de resultados, é claro!) é imprevisível!

O futebol arte passou a ser questionado

 

Ter um estilo, jogar com arte – passou a ser questionado, desde então.

O estilo Europeu da retranca, dos chutões e correria pra frente, passou a ser valorizado e defendido mesmo por especialistas!

Diziam os “sábios”: – “Adianta jogar bonito? Sem ganhar nada? Futebol tem que ser de resultados…o show se dá, quando se est´pa ganhando…”

E o futebol pragmático começou a ganhar terreno.

 

E a Seleção brasileira ganhou dois títulos mundiais desde então, com alguns lampejos daquele futebol.

 

Tragédias da seleção brasileira

Não imaginava, que um dia no futuro, veria uma seleção brasileira jogando uma Copa, dentro de casa, mais precisamente no Estádio Mineirão, Belo Horizonte, sofreria uma derrota humilhante para a Seleção Alemã.

Um 7X1 bem convincente!

Talvez, se ainda fosse uma criança como nos idos 1982, eu tivesse chorado, como fizeram os brasileiros que assistiram ao desfile da Seleção Alemã em 2014.

Não consegui chorar!

Era uma seleção medíocre, dependente dum jogador sem compromisso, mais preocupada em festas, em memes e em valorizar o próprio passe. – A seleção se tornara uma vitrine para expor e vender seus produtos, para quem os torcedores não tinham a menor importância!

A verdadeira tragédia do Sarriá não foi a derrota da Seleção com o mais belo futebol apresentado.

Foi a queda gradual da qualidade de um esporte em que se podia esperar a competição entre estilos diferentes.

 

A trajetória da Seleção Brasileira na Copa de 1982 – Confederação Brasileira de Futebol (cbf.com.br)

 

Leia também Clube de Regatas Flamengo – o mais querido ‣ Jeito de ver

Amigos:

📖 Acabei de lançar Crônicas do Cotidiano – Um Novo Jeito de Ver! Um livro com poesias, reflexões e histórias que celebram a cultura e a alma brasileira. Cada compra ajuda a manter meu site Jeito de Ver vivo! Apoie: https://www.amazon.com.br/dp/B0FSGMPHGY 🌟 #LiteraturaBrasileira #Poesia

Consequências ( Não há futuro)

O ódio e suas consequências

Imagem de hosny salah por Pixabay

 

De um lado

A razão escapava

E do outro

O ódio tomara seu lugar

Fazia companhia à morte…

 

A razão
E a esperança
Fugiam juntas para longe…

Não haveria mais
valores,
Amores,
Cores…

Apenas um cenário destruído.

O tirano
Que se referia a um povo
Como a animais
encontrava um pretexto
para a tirania.

O extremista
Conseguia os olhos do mundo
Enquanto
as crianças inocentes
Morriam…

Crimes de guerra aconteciam…

Enquanto as cores em sépia
Tomavam conta do quadro
Numa pintura de tristeza
A sede se desesperava…
E os inocentes crentes
Erguiam os olhos aos céus
Imaginando um Paraíso além…

Pois não havia mais
outra esperança.

E os senhores da Guerra
Ignoravam convenções
Inventavam novas histórias…
Enganavam seu próprio povo

Eliminavam um povo..

Os perversos sorriam
Ao passo que
nações perplexas
Se perdiam
Sem acordos, sem palavras
E a humanidade perplexa
Perecia.
Perdia-se a humanidade.

Gilson Cruz

Veja mais em Notícias de Guerras – o jogo da informação ‣ Jeito de ver

📖 Acabei de lançar Crônicas do Cotidiano – Um Novo Jeito de Ver! Um livro com poesias, reflexões e histórias que celebram a cultura e a alma brasileira.

Cada compra ajuda a manter meu site Jeito de Ver vivo! Apoie: https://www.amazon.com.br/dp/B0FSGMPHGY 🌟 #LiteraturaBrasileira #Poesia

 

 

© Gilson da Cruz Chaves – Jeito de Ver Reprodução permitida com créditos ao autor e ao site.