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As notícias sobre a guerra são, na maioria das vezes, distorcidas.
Há crianças sob os escombros.
Apenas um lado da história é estabelecido como verdade absoluta. – Nilson Miller
A história não julga
Acreditar que haverá um julgamento por parte da história é mais uma licença poética.
A maioria dos tiranos, assassinos e ditadores viveu impunemente, descansou em berço esplêndido e deixou a seus descendentes não a vergonha, mas suntuosas heranças.
Seus nomes não foram esquecidos, mas sobrenomes foram trocados, e as injustiças que praticaram beneficiaram seus sucessores, que usufruem graciosamente de todo o mal causado ao longo do tempo.
Quantos ladrões não deixaram seus filhos ricos, enquanto aqueles que sofreram injustiças e foram lesados continuam presos às mesmas condições de miséria?
Quantos enriqueceram com o tráfico e a exploração de escravos, enquanto os descendentes destes seguem discriminados e humilhados na hipócrita sociedade atual?
Ou quantos políticos fizeram fortunas e deixaram a seus filhos, enquanto o povo enganado sofre com a fome e a falta de esperança?
O papel da História
Não se pode colocar nas mãos da história o poder de julgar.
À história cabe apenas narrar os fatos conforme os relatos que prevaleceram e escancarar na face das pessoas o quanto foram — e continuam sendo — enganadas.
Como, no futuro, serão contadas as guerras na Ásia e no Oriente Médio?
As pessoas que perderam seus patrimônios ou foram escravizadas jamais foram compensadas.
Voltando no tempo, analise o que aconteceu às cidades de Hiroshima e Nagasaki.
Nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, milhares de vidas inocentes foram apagadas da história pelo uso de bombas atômicas.
O lançamento dessas bombas marcou o fim da Segunda Guerra Mundial.
E a história “esqueceu” de compensar aquelas pessoas, assim como esqueceu de compensar as vítimas do ataque do exército japonês aos habitantes da pequena cidade de Nanquim, na China, onde, em 1937, todas as atrocidades possíveis foram cometidas.
Os japoneses não costumam lamentar tais atos cometidos por seus exércitos! –
A história também esqueceu dos escravizados ao longo dos séculos.
Limita-se a contar parte do que aconteceu e mostrar o quanto não sabemos… e não aprendemos.
No futuro, como serão lembradas as mais de trinta mil crianças mortas, assassinadas pelo exército de Israel, que insiste em exterminar um povo sob o pretexto de combater o terrorismo?
Como será lembrado o massacre atual de palestinos? Como limpeza étnica? Como uma resposta a atos terroristas? Como atos de vingança de um país obstinado? Como genocídio? Ou como uma guerra contra o Hamas?
O vencedor contará a sua versão, e esta há de ficar nos registros, lamentavelmente, a despeito das milhares de vidas, de crianças e inocentes.
A ação de Israel, com o apoio do país mais bélico do mundo, espalha suas canções de guerra.
A história e os EUA
Sob o mesmo pretexto, os Estados Unidos — parceiro de Israel e principal fornecedor de armas — travaram guerra contra o Iraque na década de 1990, alegando a existência de armas de destruição em massa, o que se provou falso, como canções que narram as glórias da guerra.
A história revelou que havia interesses comerciais envolvidos. Naquela época: o petróleo.
Um dia, talvez, a história revele os reais interesses por trás dos conflitos atuais, quem se beneficiou das circunstâncias, quem foi deixado para trás… ou se há algo mais envolvido, como interesses comerciais.
Discordar das ações de extermínio promovidas pelo exército israelense não tornará ninguém antissemita.
Preocupar-se genuinamente com as vítimas palestinas não significará apoiar o Hamas, como muitos têm tentado fazer acreditar.
Todas as vidas são preciosas!
O papel da imprensa
A imprensa, como narradora dos acontecimentos, jamais será plenamente isenta.
O comportamento da imprensa brasileira durante o período da Ditadura Militar, quando patrocinada pelo governo, esquivava-se de relatar os abusos cometidos, transmitindo uma falsa sensação de segurança.
O mesmo ocorreu nas eleições presidenciais de 1989.
As eleições de 1989 exemplificam como um sistema de TV tinha o poder de manipular a opinião pública. Veja o vídeo sugerido: Muito Além do Cidadão Kane.
Sempre haverá a influência de anunciantes, cujos interesses estarão acima do bem comum.
Cada notícia será adaptada aos interesses desses patrocinadores e da empresa que a veiculará.
As redes sociais
Lamentavelmente, o descrédito na imprensa tradicional levou muitos a se informarem por meios bem menos confiáveis, recorrendo a fontes pouco fidedignas. As redes sociais assumiram o poder de influenciar as opiniões.
O número de pessoas que busca informações em grupos de WhatsApp cresceu a tal ponto que, durante a pandemia de COVID-19, muitas hesitaram em aceitar a vacina ou os meios de proteção recomendados.
Pessoas mal-intencionadas também aproveitam essa situação para criar sensacionalismo por meio de notícias bombásticas e bem elaboradas, que, na maioria das vezes, são disseminadas por aplicativos e redes sociais, como Facebook, Instagram, X e outros.
As canções de guerra…
E, de repente, as pessoas esquecem que, do outro lado, ainda há guerras em andamento — esquecidas pelos meios de comunicação que se cansaram de tais assuntos.
A imprensa continuará no seu papel de transmitir o que convém, agora disputando espaço com meios informais, que trarão um lado da história — verdadeiro ou não — nesta guerra de informações.
Os assuntos perdem as manchetes por não serem mais “a novidade”, como músicas que perderam destaque diante de algo mais relevante.
As vítimas continuarão sendo esquecidas, pois a informação ainda é um produto vendido — e isso não importa qual o meio de comunicação, se não há compromisso com os fatos.
Enquanto isso, a indústria das armas continua a aumentar seus lucros, enquanto vidas se vão — sem graça e sem pressa, em meio aos escombros.
Tuca, Menino de raiz africana de peito aberto ao mundo e de sonhos
Tuca, o menino teve um sonho e ganhou asas Chegou às nuvens
E das nuvens Viu o azul no mar E mergulhou sem medo… Nadou com os peixes brincou com as conchas…
Mas, não andou sobre as águas…
Tuca, o menino Ganhou o mundo E sofreu… Lutou, mas amou.
Daí, sentiu saudades de casa.
E o menino voltou de novo, às raízes E descobriu um mundo novo. E por aqui ficou.
Meu amigo,
O que um poeta faz, além de empregar palavras?
O poeta busca a razão e o sentimento escondidos nas entrelinhas, procura também a vida por trás dos nomes e sutilmente coloca a cada um deles no espaço, para que preencham pensamentos. O verdadeiro sentido estará na imaginação.
A Rosa de Hiroshima: Uma Reflexão Sobre a Humanidade
Nota: O poema Rosa de Hiroshima é usada neste texto como um símbolo da destruição e do descaso com a vida humana em conflitos armados.
A Rosa de Hiroshima permanece como um símbolo trágico da destruição humana. Embora o palco e os atores mudem, a história se repete. A imposição pela força continua sendo uma realidade, frequentemente ignorando mulheres e crianças.
As convenções internacionais reconhecem o direito à defesa nacional, mas também preconizam a preservação da vida como um valor supremo. No entanto, essa teoria nem sempre se reflete na prática.
O Dilema Moral da Guerra
Considere a seguinte situação:
“Quatro criminosos sequestram um avião com 200 passageiros, exigindo resgate.
Para manter a ordem e prevenir ataques futuros, um líder decide por uma medida extrema:
‘Destruam o avião, com todos a bordo. Garantam que os sequestradores não sobrevivam!’
Qual seria sua reação? Aplaudiria a eficiência em eliminar a ameaça ou ficaria aterrorizado com a perda de vidas inocentes?”
Essa reflexão nos leva a questionar o real custo das chamadas “guerras cirúrgicas” e do impacto das decisões tomadas em nome da segurança.
Bombas de Precisão e Suas Consequências
Durante a Guerra do Golfo Pérsico, houve admiração pelo avanço das “bombas inteligentes” usadas pelo exército dos EUA. Contudo, mesmo as armas de “precisão” causam devastação ao seu redor.
Ao noticiar a eliminação de um líder militante escondido em um hospital, creche ou campo de refugiados, muitos veem apenas a morte do alvo, enquanto as vidas inocentes perdidas ao redor são frequentemente negligenciadas.
Essas vítimas, na prática, são tratadas como colaterais, descartáveis e sem lamento.
Os Investimentos na Guerra vs. na Humanidade
Se quisermos entender os valores de uma sociedade, basta observar onde ela investe seus recursos.
Em 2021, os gastos militares mundiais ultrapassaram dois trilhões de dólares, enquanto os investimentos anuais para o combate à fome giravam em torno de apenas 10 bilhões.
Estudos indicam que seriam necessários entre 50 e 700 bilhões para erradicar a fome no mundo, um valor significativamente inferior ao gasto com armamentos.
A discrepância entre esses números nos leva a uma pergunta incômoda: realmente valorizamos a vida?
A Percepção Seletiva da Vida Humana
Nos sensibilizamos de forma diferente diante das tragédias. Como reagimos às vítimas da fome na África e na América do Sul em comparação aos massacres ocorridos na Europa e na América do Norte? Por que a morte de crianças israelenses ou palestinas desperta reações distintas, dependendo do ponto de vista político ou midiático?
Se atribuímos maior valor à vida de um grupo étnico em detrimento de outro, já revelamos uma das principais razões dos conflitos.
Mudanças Necessárias
Diz-se que as maiores transformações começam dentro de cada indivíduo. A infância é um exemplo claro de como o preconceito é algo aprendido. Crianças de diferentes etnias frequentemente se reconhecem como iguais, sem a divisão imposta pelos adultos.
Histórias como a de um menino branco e um negro, que se vestiram igual e se consideravam gêmeos, nos fazem refletir sobre a pureza da percepção infantil.
Outro caso emblemático foi o de uma criança vestida como um membro da Ku Klux Klan, que, sem compreender o simbolismo, se encantou pelo escudo de um policial negro, aproximando-se sem medo ou ódio.
O que aprendemos ao longo da vida molda aquilo que somos. Ainda é tempo de reaprender.
A Desonestidade e a Exploração do Sofrimento
Além dos horrores da guerra, a desonestidade humana se manifesta em diversas formas.
Seja através de políticos que superfaturam contratos durante crises, criminosos que se aproveitam da impunidade ou jornalistas que justificam abusos conforme suas preferências ideológicas.
Também há líderes religiosos que enriquecem enquanto seus fiéis enfrentam dificuldades.
A indiferença diante dessas práticas reforça um ciclo de impunidade e desigualdade.
Não Esqueçamos das Rosas
A lembrança da Rosa de Hiroshima se expande para as incontáveis tragédias ao redor do mundo: Haiti, Iraque, Afeganistão, Ucrânia, Rússia, Israel, Gaza, e tantos outros lugares esquecidos.
Que não nos esqueçamos das rosas. Das vidas ceifadas. Dos horrores que poderíamos evitar se, de fato, valorizássemos a vida humana em todas as suas formas.
Matéria publicada originalmente em novembro de 2023.
O mundo inteiro estava na expectativa da Copa do Mundo, que seria realizada na Espanha.
A Argentina vinha como campeã do último torneio, realizado em seu próprio País, mas a Alemanha, campeã de 1974, viria forte, assim como a Italia, a União Soviética e a Seleção brasileria sob o comando de Telê Santana eram times excelentes!
A seleção brasileira já não sentia o gosto de um título mundial desde 1970, quando a seleção montada por João Saldanha, e então, sob o camando de Zagalo encantara o México vencendo o torneio, levando o Tricampeonato Mundial ( 1958, 1962 e agora 1970).
Não havia mais Pelé, Carlos Alberto, Félix. Gérson, Tostão, Jairzinho, Clodoaldo e aqueles outros gênios. Agora, novos gênios vestiam a camisa da seleção: Waldir Peres, Leandro, Oscar, Luizinho e Junior; Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico; Serginho (Paulo Isidoro) e Éder. – Nomes pra ninguém botar defeito!
Na hora das partidas, os alunos eram liberados da escola, torcer pelo seleção canarinho, como dizia um samba da época.
As primeiras partidas.
A união Soviética, tinha um dos melhores goleiros da época e fez o primeiro gol numa falha de Waldir Peres.
Mas, aquela seleção tinha o que se costumava chamar de “futebol arte”, o saber jogar de modo belo e eficiente.
No gol de empate o Dr. Sócrates colocou a bola onde nem três Dassaev‘s (goleiro russo) conseguiriam chegar.
O gol de virada foi um dos lances mais belos da copa. Falcão enganou a zaga soviética deixando a bola passar por entre as pernas, Éder disparou um míssil que se acerta o goleiro – certamente, teríamos um óbito naquela Copa!
O Brasile desfilou um belo 4X1 sobre a Escócia e deu um show de 4X0 na Nova Zelândia.
Enfim, viria a campeã da última Copa – a Argentina!
O Brasil jogou muito mais do que se esperava e os hermanos nem sentiram o cheiro da bola!
Jogando com toques de bola rápidos e precisos, o Brasil enfiou 3X1 na bela Seleção Argentina.
Foi um baile!
Na falta de bola pra jogar, Maradona introduziu naquela copa de futebol, um pouco das artes marciais, ao atingir covardemente o jogador Batista com um coice no barriga!
Enfim, a partida acabara e a alegria tomava conta da pequena cidade, tão distante da Espanha.
Viria agora a Itália.
O selecionado Italiano não vinha num bom torneio.
Jogos irregulares, mas estava lá – pra enfrentar o futebol mais bonito da competição!
A partida mais importante – Um tal de Paolo Rossi
5 de Julho.
Estádio Sarriá de Barcelona.
O técnico italiano recuou o time, escalando dois especialistas em acertar as canelas de brasileiros: Gentile e Tardelli.
Paolo Rossi ficaria nos espaços gentilmente cedidos pela zaga brasileira, esperando falhas que raramente aconteceriam.
– Mas não é que naquele dia, aconteceram uma, duas, três vezes!
Num ato displicente da zaga brasileira, troca de passes, o matador se aproveitou da primeira falha e fez o primeiro. – Sócrates marcou o gol de empate!
Paolo Rossi numa nova falha da zaga… Falcão empata num golaço!
Telê Santana, tentando reduzir os espaços na defesa, troca Cerezo por Paulo Izidoro – mas, naquele dia, NADA daria certo!
Num bate e rebate na área brasileira a bola sobra justamente nos pés daquele que entraria para a história como “o carrasco do Brasil da Copa do Mundo de 1982”.
Tive a impressão que naquele dia, se o Brasil fizesse nove gols, sofreria dez! – Aquele era o dia da Itália!
Naquele bendito dia, acabaram as folgas escolares para torcer pela seleção.
Ao término da partida, lembro-me de ter sentado ao meio-fio, em frente à minha casa e chorar como um menino!
– Normal, eu realmente era um menino de Nove Anos.
Soube que mais adiante na rua, um tal de Manoel, decepcionado deu um tiro na Pobre Televisão.
Foi um dia realmente triste, um dia daqueles que ensinam que o Futebol (quando não há vendas de resultados, é claro!) é imprevisível!
O futebol arte passou a ser questionado
Ter um estilo, jogar com arte – passou a ser questionado, desde então.
O estilo Europeu da retranca, dos chutões e correria pra frente, passou a ser valorizado e defendido mesmo por especialistas!
Diziam os “sábios”: – “Adianta jogar bonito? Sem ganhar nada? Futebol tem que ser de resultados…o show se dá, quando se est´pa ganhando…”
E o futebol pragmático começou a ganhar terreno.
E a Seleção brasileira ganhou dois títulos mundiais desde então, com alguns lampejos daquele futebol.
Tragédias da seleção brasileira
Não imaginava, que um dia no futuro, veria uma seleção brasileira jogando uma Copa, dentro de casa, mais precisamente no Estádio Mineirão, Belo Horizonte, sofreria uma derrota humilhante para a Seleção Alemã.
Um 7X1 bem convincente!
Talvez, se ainda fosse uma criança como nos idos 1982, eu tivesse chorado, como fizeram os brasileiros que assistiram ao desfile da Seleção Alemã em 2014.
Não consegui chorar!
Era uma seleção medíocre, dependente dum jogador sem compromisso, mais preocupada em festas, em memes e em valorizar o próprio passe. – A seleção se tornara uma vitrine para expor e vender seus produtos, para quem os torcedores não tinham a menor importância!
A verdadeira tragédia do Sarriá não foi a derrota da Seleção com o mais belo futebol apresentado.
Foi a queda gradual da qualidade de um esporte em que se podia esperar a competição entre estilos diferentes.
A trajetória da Seleção Brasileira na Copa de 1982 – Confederação Brasileira de Futebol (cbf.com.br)
O tirano Que se referia a um povo Como a animais encontrava um pretexto para a tirania.
O extremista Conseguia os olhos do mundo Enquanto as crianças inocentes Morriam…
Crimes de guerra aconteciam…
Enquanto as cores em sépia Tomavam conta do quadro Numa pintura de tristeza A sede se desesperava… E os inocentes crentes Erguiam os olhos aos céus Imaginando um Paraíso além…
Pois não havia mais outra esperança.
E os senhores da Guerra Ignoravam convenções Inventavam novas histórias… Enganavam seu próprio povo
Eliminavam um povo..
Os perversos sorriam Ao passo que nações perplexas Se perdiam Sem acordos, sem palavras E a humanidade perplexa Perecia. Perdia-se a humanidade.
Reconhecer e valorizar os sentimentos dos outros é fundamental, especialmente nos relacionamentos.
O ser humano é complexo, e não existe ninguém no mundo que seja indiferente aos efeitos de um bom elogio ou de uma crítica construtiva.
Precisamos uns dos outros.
O fato de alguém afirmar que não se importa com o que os outros pensam ou dizem já é, por si só, um indicativo do quanto, muitas vezes, isso importa.
Para ilustrar, observe a experiência de um casal de namorados, em determinada situação:
Ele estava feliz por poder representar um grupo e ser nomeado para passar algumas instruções, celebrando aquele momento.
Na época em que ainda não existiam celulares com câmeras (e isso não faz tanto tempo assim!), ele adquiriu uma e deixou com sua namorada, na esperança de que ela registrasse aquela ocasião.
Após meia hora, ele retornou e, entusiasmado, perguntou se ela havia conseguido alguma fotografia.
A resposta foi um balde de água fria: ela disse que não fez, pois “isso era coisa de adolescente apaixonada”.
Às vezes, tememos parecer tolos e acabamos ignorando o que realmente importa para o outro.
Ela não compartilhava com ele a mesma importância atribuída àquele momento. Estava mais preocupada em não parecer ridícula, ou como uma adolescente apaixonada!
O registro daquele instante seria um gesto de cumplicidade, com um efeito semelhante ao de um bom elogio.
Situações assim aconteciam com frequência e, ao final da história, ele já não tinha mais o desejo de compartilhar com ela as coisas que acreditava serem importantes.
A recíproca
Seus sentimentos em relação ao que ela acreditava ser importante também mudaram.
A resposta sincera da namorada trouxe à atenção um ponto importante: Na maioria das vezes, as respostas espontâneas refletem aquilo que pensamos e que geralmente não diríamos após respirar um pouco. Através das palavras, atraímos ou afastamos as pessoas.
A reação do namorado, de espanto e tristeza, de certo modo endossa o argumento de que precisamos de elogios sinceros e encorajamento de pessoas com quem mantemos vínculos.
Os elogios tanto animam quanto incentivam e fortalecem vínculos.
Um quadro diferente
Conheci há muitos anos um senhor de nome Agnelo, casado com D. Antonia por mais de 50 anos.
Relembro bem de uma dessas conversas, embora eu fosse um jovem de 18 anos:
“Veja você, Gilson. Quando a gente casou a gente era bem jovem… ela era linda e é até hoje essa mulher linda”.
Percebi no tom de voz, alto e rouco, uma ternura e apreço por aquela mulher que jamais mudara em seu coração.
Ela riu e, como de costume, preparou um café para a visita. E que café!
Os dois se amaram até o fim.
Este relacionamento trazia aos dois aquele frescor de juventude e de renovação a cada dia.
Ele faleceu primeiro, e ela, devido à ausência do marido, teve problemas emocionais até o fim da sua vida.
Anos após o falecimento dele, ela ainda o amava.
A admiração e os elogios mútuos mantiveram vivo o afeto entre Agnelo e D. Antonia, mesmo após décadas.
Jamais esquecera!
A importância de elogios
Se em um relacionamento, um casal não encontra motivos para elogiar o companheiro, esse relacionamento estará fadado ao fracasso.
Elogiar não significa inventar qualidades ou bajular. Entre as muitas definições estão prestigiar algo que se acha bom, louvável, algo que seja especial e que se valoriza numa pessoa.
Elogiar significa estar atento. Significa que esta pessoa é especial e que você está atento!
Todos têm defeitos, e a maioria das pessoas está ciente de que não é bem o que gostaria de ser.
Na maioria das vezes, sempre encontramos em nós “pontos em que precisamos melhorar”.
Seja alguma qualidade a ser aprimorada ou algum traço físico que não nos agrada, sempre há algo que, se pudéssemos, mudaríamos ou faríamos algum ajuste.
Num relacionamento em que se esquece de elogiar as qualidades, é muito mais fácil enxergar e se apegar aos defeitos.
Quando se enaltece as qualidades, os defeitos se tornam menores e menos importantes.
E quando isso não acontece, pode-se dizer que algo acabou e não foi percebido, e como diz a música:
“Se a gente não consegue rir um do outro, meu bem… então, o que resta é chorar…” (O Vento, Los Hermanos)
Realmente, lidar com sentimentos e relacionamentos pode não ser fácil, mas podemos descomplicar por tentar olhar para o outro do modo como queremos ser vistos:
Pelas coisas boas que temos e nos esforçamos em ser.