Musical: A Bela e A Fera em Iaçu

A Bela e A Fera
A Bela e A Fera

Cartaz de A Bela e A Fera

Este texto não intenciona ser “Sonho de Uma Noite de Verão” de Shakespeare, mas confesso que algo me fez sonhar, nesta noite quente deste quase verão do nordeste.

Aceitei o convite e fui assistir à apresentação das crianças do Projeto Tudo por um Sorriso, na sexta-feira, 19 de dezembro de 2025.

O cansaço do dia me pedia para ficar em casa, mas quando o assunto é cultura, ele pode esperar…

O tema seria uma apresentação de balé, do musical “A Bela e a Fera”.

O ambiente

As pessoas se aglomeravam entre risos e o orgulho de ver filhos e parentes se apresentando.

Apesar do calor da cidade de Iaçu, o calor humano, como mágica, fez com que aquele ambiente se tornasse o mais agradável possível.

Enfim, o locutor fez a chamada e tentei me acomodar nas cadeiras que pareciam dizer:”Hey, aqui é o seu lugar…”

Sentei e observei o ambiente...

O cenário

Sentado, observei com atenção o cenário…

A escada da mansão daquele príncipe: egoísta, narcisista, que foi punido com a aparência de uma fera, para aprender o valor de um amor sincero.

A conhecida história

A história é conhecida, é verdade…
Nestes tempos de revisionismo, alguns contestam o poder salvador do amor de alguém, é verdade, mas permita-me sonhar…
Ainda acredito que, se o amor não pode transformar-nos, pode ao menos despertar nas pessoas aquilo que elas têm de melhor…
E todos têm algo de melhor!

O entusiasmo e a ansiedade

Crianças e adolescentes encenavam com uma paixão e uma certa ansiedade; cada passinho ensaiado com atenção.
E a cada passinho que davam, confesso novamente que sentia um certo aperto no coração e compartilhava a mesma emoção de estar vivendo aquele momento.

Algo me lembrou os tempos em que tentei me aventurar naquelas bandinhas de rock adolescentes…

As cenas mudavam a cada movimento e os bailarinos entregavam mais do que apenas passos de balé… entregavam alma, história.

História de famílias que acreditam no potencial dos filhos, mesmo quando a cidade não parece criar espaços para novos movimentos.

E principalmente a história de uma equipe que acredita no poder da arte não apenas como transformador, mas como mantenedor de esperanças e expectativas sóbrias – quando os coraçõezinhos insistem em sonhar com as nuvens de além.

Sonhos de Verão

Mas, é quase verão.
Permitam-se sonhar além dos pequenos palcos de clubes no interior, sonhem com novas ribaltas, em que além de rostos de pais e amigos orgulhosos— estranhos também se encantem com essa vontade e este desejo de alcançar um sonho.
Isso também é amor.

E, de certo modo, nos mantém vivos – ativos, nos transforma – nos faz melhores humanos!

Reflexões ao fim da sessão
Fim da apresentação

Aplausos mais que merecidos…

Enfim, a apresentação chegou ao fim.
Aplausos mais que merecidos, e enquanto contava os passos que me levaram até a minha casa, algo insistia em minha mente:

“Quem me proporcionou uma noite tão bela? Pensei nos bastidores, nos ensaios… principalmente naqueles por detrás das cortinas.

“Muitas vezes, aqueles que fazem o mundo girar não são percebidos.

“A emoção desta noite de verão foi proporcionada por alguém que pensou na arte como um legado eterno, por uma equipe que se empenhou em tornar possível um corpo de balé, dançando valsas de 3 e 4 compassos, num século de canções, muitas vezes, sem melodia”.

A equipe do “Tudo por um Sorriso”.
E a eles, os meus sinceros agradecimentos e parabéns…
Pelos sonhos desta noite de verão

Leia também A história – Uma questão de memória ‣ Jeito de ver

Lançamento:

Já está em pré-venda o nosso mais recente livro “Fragmentos – Um Romance-memória”. Clique no link e reserve o seu: Fragmentos, por Gilson Chaves – Clube de Autores

Lançamento do Livro Fragmentos

Clube de Autores

Lançamento do Livro: Fragmentos

Alzheimer

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

A quem pertence a história que vivemos?

O que somos quando perdemos a memória?

Lidar com o Alzheimer é sempre uma experiência desafiadora — para quem vive e para quem acompanha.
É justamente essa experiência que ganha voz em Fragmentos – Um Romance-Memória.


Fragmentos: um olhar sensível sobre memória, afeto e o tempo que escapa

Fragmentos é o novo livro de Gilson Cruz Chaves, uma obra que reúne relatos marcados pela luta silenciosa contra o esquecimento.

Com linguagem simples e sensível, o autor conduz o leitor por episódios em que memória, família e identidade se entrelaçam, revelando a força dos pequenos gestos que permanecem mesmo quando a lembrança falha.

A narrativa percorre momentos íntimos e cotidianos, costurando lembranças, lapsos e afeições com delicadeza.

Cada capítulo funciona como um pedaço de vida — às vezes duro, às vezes luminoso — que convida o leitor a refletir sobre o que realmente sustenta nossas histórias.

Sem exageros ou dramatizações, Fragmentos apresenta uma visão humana e acessível do tema, aproximando quem lê de situações que muitas famílias conhecem bem.
É um livro que fala ao coração, mas também abre espaço para refletir sobre o papel da memória na construção de quem somos.

Para quem acompanha o blog Jeito de Ver, esta nova obra dá continuidade ao olhar atento do autor sobre o cotidiano: simples, afetivo e profundamente real.

Veja também: A história – Uma questão de memória ‣ Jeito de ver


Pré-venda disponível no Clube de Autores:

Fragmentos, por Gilson Chaves – Clube de Autores

Um Romance-memória

O Fim da Internet: Um Mundo Sem Conexão

Internet - parte da vida

A internet é uma extensão da vida atual

O Fim da Internet: Um Mundo Sem Conexão

A internet já não é apenas parte da vida — é uma extensão dela. Uma necessidade quase vital.

A chamada geração Z talvez não consiga imaginar a vida quando as compras com cartões de crédito pareciam exercícios de fé.

Pois é: o cliente apresentava o cartão, e o vendedor, com cara de tédio, avaliava a cor para esboçar um riso — ou manter o ar de velório. Em seguida vinha o suplício: ligar para a administradora e aguardar a autorização.

Enquanto isso, o cliente suava frio até o momento da liberação da compra.

Antes disso, as pessoas faziam as “notas de crédito”, baseadas em acordos de confiança entre vendedores e clientes.

As pessoas buscavam as estações de rádio na esperança de ouvir os sucessos do momento — função hoje ocupada pelos streamings da vida.

A venda de discos, fitas e, posteriormente, CDs tornou-se uma prática comum. Os fãs desejavam guardar um registro particular daquelas músicas.


O Caso da “Hackeadora de Pá”

Vamos partir para a nossa tese, a partir de um evento real que ficou conhecido na Armênia como a “Hackeadora de Pá”.

No início de abril de 2011, toda a Armênia sofreu uma interrupção de horas em sua internet. A culpada foi uma mulher de 75 anos que estava procurando por cobre quando sua pá cortou uma linha de fibra óptica — o que deixou não apenas a Armênia, mas também partes da Geórgia sem internet.

O cabo transportava 90% do tráfego de internet da Armênia.

Foram 12 horas de prejuízo!

🔗 Fonte: NPR — “Little Old Lady with Shovel Disrupts Internet in 2 Nations”

Já imaginou se isso acontecesse em escala global?

Vamos imaginar juntos.


Impacto Econômico da Interrupção da Internet

A interrupção da internet teria um impacto devastador na economia global, considerando a dependência crescente de sistemas digitais para operações comerciais diárias.

Nos últimos anos, muitas empresas migraram suas operações para plataformas online, permitindo a realização de vendas, comunicações e serviços financeiros com uma eficiência sem precedentes.

Esse modelo baseado na internet não apenas facilitou a expansão de negócios, mas também possibilitou a criação de novos serviços e oportunidades de mercado.

O setor de comércio eletrônico seria um dos mais afetados, uma vez que já representa uma parte significativa das vendas globais.

Com a paralisação da internet, as empresas não conseguiriam processar transações, resultando em perdas incalculáveis e no colapso de muitas lojas virtuais.

Além disso, o turismo, que depende fortemente da internet para reservas e serviços de transporte, também enfrentaria grandes desafios.

Hotéis e companhias aéreas que utilizam plataformas online para gerenciar reservas e interagir com clientes veriam uma queda abrupta na demanda, levando a perdas financeiras significativas.


Setor Financeiro em Colapso

Os serviços financeiros são outro setor crítico que sofreria de maneira extrema.

A incapacidade de realizar transferências bancárias, pagamentos de contas ou operações em bolsa em tempo real paralisaria o funcionamento normal do sistema financeiro, criando incerteza e instabilidade no mercado.

A ausência de comunicação, especialmente em um mundo tão conectado, poderia resultar em crises econômicas e financeiras, afetando diretamente a confiança dos consumidores.

Ademais, o cenário de empregos também seria radicalmente alterado.

Milhares de demissões e fechamento de empresas seriam inevitáveis, uma vez que a falta de acesso à internet tornaria impossível manter a competitividade.

As indústrias que negligenciam a importância da digitalização certamente seriam as mais vulneráveis em um cenário de descontinuação da conectividade, resultando em um impacto econômico prejudicial que poderia levar anos para ser superado pelos mercados globais.


Consequências na Educação

A suspensão da internet teria repercussões significativas na educação em todos os níveis — do ensino infantil à educação superior.

Atualmente, um grande número de estudantes depende de plataformas online para acessar recursos educativos e participar de atividades de aprendizagem.

Essa dependência de ferramentas digitais é uma realidade do mundo contemporâneo, que facilitou o acesso à informação e diversificou as metodologias de ensino.

Sem essas tecnologias, seria necessário um retorno abrupto às aulas presenciais, o que apresentaria diversos desafios.

Um dos principais seria a escassez de recursos didáticos adequados. Muitas instituições de ensino não estão equipadas para funcionar sem o suporte tecnológico que a internet proporciona.

Além disso, o ensino presencial tradicional pode não ser suficiente para engajar todos os alunos, especialmente aqueles que se beneficiam de metodologias ativas e abordagens de aprendizagem colaborativa que dependem de interatividade.

A falta de materiais atualizados e dispositivos adequados para todos os alunos exigiria soluções emergenciais que, muitas vezes, não estariam à disposição.


Acessibilidade e Desigualdade

A acessibilidade também surgiria como uma questão crítica.

Estudantes que vivem em áreas remotas ou que enfrentam limitações financeiras poderiam ter dificuldade em acessar escolas que, mesmo presenciais, não possuem a infraestrutura necessária.

Isso afetaria a equidade no aprendizado, ampliando a disparidade educacional já existente.

Da mesma forma, o uso de tecnologias educacionais, que hoje integram de forma ampla a pedagogia moderna, seria gravemente afetado.

Essa relação simbiótica entre a internet e a educação implica que o fim da conectividade poderia levar a uma diminuição dramática na qualidade do ensino, tornando mais difícil para os educadores atenderem às necessidades diversificadas de suas turmas.


Os Efeitos nos Aplicativos e na Vida Cotidiana

Aplicativos Bancários

A interrupção da internet traria consequências significativas para diversos aplicativos que se tornaram fundamentais na vida cotidiana.

Em primeiro lugar, os aplicativos bancários, que permitem a realização de transações em tempo real, seriam severamente afetados.

A impossibilidade de realizar transferências online e pagamentos instantâneos geraria uma crise financeira, acarretando atrasos nas contas e comprometendo o funcionamento de pequenos negócios que dependem do comércio eletrônico.

Além disso, a falta de acesso aos extratos bancários tornaria difícil o controle financeiro pessoal, provocando uma sensação de insegurança econômica.


Entretenimento e Redes Sociais

Outro aspecto a ser considerado é o impacto no entretenimento, especialmente nas plataformas de streaming, como Netflix e Spotify.

Com o acesso à internet interrompido, o consumo de conteúdos audiovisuais e de música por meio dessas plataformas se tornaria inviável.

Isso poderia gerar um retrocesso nos hábitos de entretenimento, levando as pessoas a retornarem a práticas mais tradicionais, como a leitura de livros ou a comunicação presencial — que, embora possam ser valiosas, não oferecem a mesma conveniência e diversidade de opções que o streaming proporciona.

A busca por entretenimento alternativo, como jogos de tabuleiro ou atividades ao ar livre, provavelmente aumentaria.

As redes sociais, por sua vez, veriam um colapso nas interações online.

A ausência de plataformas como Instagram, Facebook e X (antigo Twitter) significaria a paralisação de tendências e virais, resultando em uma perda significativa de conexão entre influenciadores e seguidores.

Essa desconexão afetaria não só a dinâmica da comunicação, mas também as estratégias de marketing digital e o desenvolvimento de comunidades online.

As relações pessoais e profissionais dependeriam do retorno às interações presenciais, o que poderia gerar uma sensação de isolamento para aqueles que costumam interagir predominantemente online.

Assim, a vida cotidiana enfrentaria um desafio sem precedentes, exigindo uma adaptação a um novo estilo de vida sem a presença constante da internet.


Caos e Reinício: O Que Aconteceria a Seguir?

A interrupção da internet desencadearia um período de caos significativo na sociedade moderna, afetando todos os aspectos do cotidiano.

De repente, os cidadãos se veriam desprovidos de uma ferramenta essencial que fundamenta as comunicações, o comércio e o entretenimento.

A ausência da internet afetaria a economia global, pois muitas transações — desde compras online até transferências bancárias — dependem de redes digitais. A perda súbita de acesso geraria pânico, levando a um colapso nas práticas comerciais convencionais.

Enquanto muitos se perguntariam como funcionariam as interações sociais sem plataformas digitais, um reinício gradual seria inevitável.

A necessidade de adaptação exigiria que os indivíduos reimaginassem suas formas de comunicação — como voltar a utilizar cartas ou chamadas telefônicas convencionais.

Além disso, as empresas seriam forçadas a redescobrir métodos tradicionais de marketing e vendas, potencialmente revitalizando o comércio local.

Esse contexto exigiria uma reflexão crítica sobre a dependência excessiva da tecnologia e a busca de novos paradigmas digitais que priorizassem a resistência e a redundância das comunicações.

Uma área de preocupação especial seria a perda de criptoativos, como bitcoins, que dependem de tecnologia blockchain e conectividade de rede.

Portfólios digitais poderiam se tornar inacessíveis, levando a um colapso na confiança em mercados emergentes da economia digital.

Isso não apenas impactaria os investidores, mas também causaria repercussões mais amplas nas inovações tecnológicas que sustentam esses sistemas.

O abalo econômico global não só exigiria uma reavaliação das estruturas financeiras existentes, como também poderia criar espaço para um novo modelo econômico que leve em consideração a fragilidade da infraestrutura digital e a necessidade de estabilidade.


E então… uma nova readaptação — ou talvez apenas o recomeço de tudo.

Compartilhe.

Leia também: Discurso de Ódio nas Redes Sociais ‣ Jeito de ver

Little Old Lady With Shovel Disrupts Internet In 2 Nations : NPR

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TRISTEZA DE INVERNO ( Canção de solidão)

Imagem de Lorry McCarthy por Pixabay

 

TRISTEZA DE INVERNO

 

A fria chuva fina cai

Lenta, calma

Posso ouvir o cair delicado dos pingos.

Torturantes.

As montanhas se encolhem na névoa

E as folhas das árvores

tentam proteger o solo.

***

Quer ler o texto completo? Ele está no livro “Crônicas do Cotidiano – Para Continuar a Estrada”, atualmente em pré-lançamento no Clube dos Autores.

Leia também: Escrever ( Os motivos da vida) ‣ Jeito de ver

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O Que É, Afinal, a Liberdade?

Imagem de Orna por Pixabay

Liberdade e seus conceitos

A Liberdade

“Liberdade” é um conceito amplo e multifacetado, mas, em termos gerais, pode ser definida como:

A condição de poder agir, pensar e escolher de acordo com a própria vontade, sem coerção ou restrições arbitrárias, desde que isso não viole os direitos dos outros.

Ela pode ser vista de diferentes perspectivas:

  • Filosófica: a capacidade do ser humano de autodeterminar-se, tomar decisões conscientes e assumir a responsabilidade por elas.

  • Política: o direito de participar da vida pública, expressar opiniões, escolher governantes e viver sem opressão.

  • Jurídica: o conjunto de direitos garantidos por leis e constituições que protegem o indivíduo contra abusos.

  • Psicológica: a sensação interna de autonomia, de não estar preso a medos, traumas ou condicionamentos que limitam as escolhas.

Para nossa própria proteção, a liberdade não pode ser absoluta. Ela precisa caminhar lado a lado com os direitos e deveres.


O direito de todos

Imagine, então, se num planeta habitado por mais de 8 bilhões de pessoas, distribuídas em 193 países reconhecidos e dois observadores permanentes, um único indivíduo decidisse que é superior e deliberadamente resolvesse conquistar e escravizar os outros.

Ou, numa escala maior, se um país decidisse invadir nações de menor poderio militar para se apossar de terras e riquezas.

Do ponto de vista do conquistador, ele provavelmente definiria sua própria liberdade como o direito de “defender” seus interesses.

Mas, e quanto aos países violados? Para onde vai o direito à liberdade deles?

Em nome da “liberdade”, muitas justiças já aconteceram — e muitas injustiças também.


Entendendo cultura

Deste lado do mundo, muitos acreditam que no Oriente as pessoas não têm liberdade para protestar contra autoridades por medo de governos autoritários.

Tal conceito vende a ideia de que há mais liberdade no Ocidente: “aqui eu posso xingar o prefeito, o governador, o presidente”.

Mas que tal entender o outro lado?

“Respeitar os pais e os mais velhos é a raiz da humanidade.” — Os Analectos I.2
“Trate-os com seriedade e eles o respeitarão. Mostre que você honra seus pais e seu governante, e que se importa com o bem-estar daqueles que estão sob seus cuidados, e o povo lhe será leal.” — Os Analectos

Em muitos países da Ásia, a cultura é fortemente influenciada pelo Confucionismo, em que o respeito aos mais velhos é tradição — e isso se reflete no modo como lidam com as autoridades.

De fato, há relatos de países do Oriente Médio que reprimem manifestações de forma violenta.

Mas nem sempre é preciso olhar tão longe: manifestações legítimas também são suprimidas violentamente bem debaixo de nossos olhos.

Por exemplo, uma manifestação de estudantes em São Paulo, no Brasil, foi dissolvida com ação violenta da polícia.

Fonte: Brasil de Fato

Ou, como acontece atualmente nos Estados Unidos, manifestações a favor de imigrantes considerados ilegais — que estão sendo privados de liberdade e enviados a prisões degradantes — são combatidas com violência semelhante.

Liberdade apropriada

O conceito de liberdade tem sido frequentemente apropriado por pessoas que não prezam pela liberdade dos outros.

O uso de fake news para controlar pelo medo e pela desinformação é um dos recursos mais usados hoje. Outro é invocar a “liberdade” para atacar minorias ou desfavorecidos — algo que se repete através da história.

Mesmo na atualidade, ainda há quem advogue a superioridade de uma raça sobre as demais.

Cada vez mais, de modo velado, autoridades e grupos adotam ideologias que ecoam a filosofia nazista de superioridade racial. E quando alguém se considera superior, já sabemos aonde isso pode levar…

Liberdade para matar?

Chegamos então a um ponto crítico: a liberdade para matar.

Essa expressão pode chocar, não é verdade?

Muitos preferem suavizá-la como “direito à defesa”. Mas é importante lembrar: as armas foram criadas para matar, para dominar, intimidar — a defesa é apenas uma consequência.

Quando um país, atendendo ao lobby da indústria armamentista, aprova a venda de armas como itens triviais de consumo, o que fica subentendido?

Nos Estados Unidos, cerca de 120 pessoas são mortas diariamente por armas de fogo — quase 48 mil por ano.

Em tempos de ódio e polarização alimentada por fake news, a tendência é que esse número aumente.

No Brasil, pessoas foram assassinadas por estarem celebrando a vitória de um presidente eleito pela maioria.

Em outros casos, pessoas que defendem o direito de menosprezar ou excluir outras acabam sendo traídas por sua própria intolerância.

Já em outros casos, pessoas inocentes são assassinadas por supostos defensores da liberdade.

Exemplos reais

A menina Luana Rafaela, de 12 anos, morreu após ser baleada durante uma comemoração pela vitória de Lula à Presidência, em Belo Horizonte.

Ela foi uma das vítimas de Ruan Nilton da Luz, apoiador de Jair Bolsonaro, que também matou o advogado Pedro Henrique Dias, de 28 anos, e feriu outras três pessoas.

O crime, ocorrido no bairro Nova Cintra, é investigado como duplo homicídio com motivação política.

Fonte: O Globo

Na Bahia, um mestre de Capoeira foi assassinado por alguém que também dizia valorizar a Liberdade.

Fonte: Carta Capital

Recentemente, o assassinato de um influente extremista de direita repercutiu no mundo: ele foi morto por um de seus próprios seguidores.

O editorial da Gazeta do Povo lamenta o assassinato de Charlie Kirk, ativista conservador morto durante uma palestra nos EUA, e alerta para os perigos da violência política alimentada pela desumanização do adversário.

Ele defendia a execução pública e foi morto à vista de centenas de pessoas!

Fonte: Gazeta do Povo

Conclusão

Costumo dizer que alimentar o ódio é regar a semente da própria destruição.

Sociedades que usam a liberdade como escudo para normalizar discursos de ódio e facilitam o acesso a instrumentos de violência, sejam eles quais forem, estão armando as próprias forças que um dia poderão devorá-las.

Liberdade, como qualquer outro bem, deve ser bem usada — de modo civilizado e inteligente.

O ataque a minorias pode ser caracterizado como um abuso do direito à liberdade, pois o objetivo dela é a convivência.

Não haverá consenso enquanto não houver respeito mútuo.

Quando o diálogo civilizado perder o significado, surgirão os gritos de raiva. Quando os gritos perderem a força… a violência será o provável resultado.

A liberdade absoluta será sempre um conceito tolo e ilusório.

Leia também a reflexão: Presos ( Onde está a tua liberdade?) ‣ Jeito de ver

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Reflexões do Caminho (A beleza na jornada)

No final da estrada

Às vezes, só percebemos a beleza da estrada depois de percorrê-la.

O mundo carece de contemplação.

A vida carece de contemplação.

Vivemos apressados e, nessa pressa, deixamos de ver o que está ao redor

— como aqueles que sacrificam momentos, vidas e amizades para alcançar o que acreditam ser o verdadeiro sucesso.

No fim da estrada, justificam que, se tivessem parado para rir com os amigos ou se permitido ao lazer com a família, não teriam chegado onde chegaram.

Há também os que são amados e retribuem com migalhas de atenção àqueles que se sacrificaram por eles.
Reclamam do tempero da refeição, da poeira que sobrou na casa, sem enxergar o esforço que houve para agradá-los.

E há os que traem a confiança de quem os ama.

Mesmo que se negue, no final da estrada sempre faltará algo.

A contemplação.

A capacidade de amar os momentos, as pessoas e seus gestos silenciosos.

É verdade: não se levarão amigos.
O sucesso ficou para trás, e talvez nas mãos de uma descendência tão fria que não se importa com quem construiu.

Não se levarão amantes, mesmo que a esperteza de se esconder tenha ficado no caminho.

E, antes de se despedir da estrada, raramente contamos os passos —
simplesmente esquecemos o percurso.

A estrada exige atenção.

Leia também Escrever ( Os motivos da vida) ‣ Jeito de ver

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O louco e a lua (Contos de solidão)

O louco e a lua

Iluminado, sob um céu estrelado, ele se perdia entre o brilho da lua e das estrelas e o sopro do vento norte.
As pessoas diziam: “É um louco”, pois com as mesmas velhas roupas sujas, maltrapilhas, e um bastão castigado pelos anos, vivia o seu dia a andar pelas ruas da cidade.
Todos sabiam o seu nome, mas os anos pareciam não passar.

Ninguém percebia em sua face um novo traço ou em seus cabelos uma nova cor, mas sabiam que dia após dia, pelas ruas da cidade estaria ele, caminhando lentamente, como que contando seus passos…
… pois talvez não houvesse histórias pra contar.

***

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Leia também: Pobre Pedro ( e o tempo que passou.) ‣ Jeito de ver


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Mas, apenas a lua viu. A lua testemunha.

Imagem de Bruno por Pixabay

Enquanto a Música Tocava ( O Fim do Baile)

alt= O cantor e a bailarina.
O amor nos antigos bailes

Enquanto a música tocava

Dentre as poucas coisas que consigo me lembrar, estão ainda os cabelos negros, dançando ao som da música, e eu torcia para que a música jamais acabasse.

Era como se o sonho fosse real e estivesse lá, ao alcance das mãos…

Este é um trecho da crônica presente no livro
Crônicas do Cotidiano – Um Novo Jeito de Ver
Disponível na Amazon e Clube dos Autores

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A Síndrome do Vira-Lata: Uma Análise

Uma bela imagem do Brasil.
Introdução

Vivemos em um mundo onde culturas se encontram, se influenciam e, muitas vezes, se confrontam.

No Brasil, esse cenário ganha contornos particulares: por um lado, temos uma rica diversidade cultural; por outro, enfrentamos um sentimento persistente de inferioridade diante do que é estrangeiro.

Este artigo propõe uma reflexão sobre o conceito de superioridade cultural e a chamada “síndrome do vira-lata”, termo consagrado por Nelson Rodrigues.

Ao analisar também a influência do estilo de vida americano e os limites entre apreciação e apropriação cultural, buscamos compreender os mecanismos que moldam a forma como os brasileiros percebem sua própria identidade.

A Superioridade Cultural e a Síndrome do Vira-Lata:

Uma Análise Psicológica

O Conceito de Superioridade Cultural

A ideia de superioridade cultural implica que certos valores e práticas tornam uma cultura intrinsecamente melhor do que outras.

Historicamente, esse pensamento foi reforçado pela colonização, onde culturas dominantes impuseram seus costumes às consideradas “inferiores”.

Este é um trecho da crônica presente no livro
Crônicas do Cotidiano – Um Novo Jeito de Ver
Disponível na Amazon e Clube dos Autores

São João e a Erosão das Tradições

alt="Celebração da Festa de São João com fogueira"

“A tradição sobrevive não pela nostalgia, mas pela reinvenção com respeito.”

Quando o arraial vira shopping a céu aberto:

Como o lucro secou as raízes do São João nordestino

As ruas do interior ainda exibem bandeirolas tremulantes e balões enfeitam o céu. Contudo, há uma sensação difusa de vazio e artificialidade nessas cores.

As apresentações juninas converteram-se em cópias reduzidas dos grandes eventos televisionados, distantes do cheiro do milho assado, do improviso dos sanfoneiros e do burburinho comunitário em torno da fogueira.

Ainda que tais eventos mantenham alguma importância cultural, observa-se uma preocupante tendência: as tradições estão perdendo sua forma original, cedendo espaço à lógica do lucro.

Canções juninas tornaram-se as mesmas que predominam nos demais meses, o forró perdeu centralidade, enquanto empresários, algoritmos e patrocinadores passaram a ditar as preferências culturais.

Essa constatação impõe uma questão:
Visto que os interesses comerciais possuem o poder de transformar ou mesmo extinguir tradições, impondo o que se deve consumir, quais as consequências disso?

A erosão da autenticidade

Tradições, assim como plantas, necessitam de raízes e tempo para se consolidarem. Quando são descontextualizadas e arrancadas de seu chão, não resistem.

Há uma erosão silenciosa da autenticidade:

As tradições perdem a forma, dando lugar à busca do lucro.

As canções juninas passaram a ser as mesmas que predominam nos demais meses, o forró perdeu a importância e os empresários ditam as preferências.

“Um povo que canta a mesma canção o ano inteiro está à beira da asfixia.”

Não se trata apenas de uma perda estética, mas simbólica e afetiva.

O ciclo agrícola que inspirava o São João, as histórias compartilhadas, as quadrilhas, as comidas típicas e os ritmos regionais foram substituídos por espetáculos genéricos, embalados pela trilha sonora homogênea do arrocha.

A homogeneização cultural: monocromia em lugar de policromia

“Um povo que canta a mesma canção o ano inteiro está à beira da asfixia”

A diversidade cultural, que antes estimulava a aprendizagem e fortalecia a convivência, foi gradativamente substituída por uma monocromia sonora e estética:

Na atualidade, há monocromia e apenas uma distorção de forró; um único ritmo predomina ao longo de todo o ano.

A falta de diversificação cultural empobreceu até mesmo a educação, pois a variedade estimula a aprendizagem.

Não se trata de um embate simplista entre o “tradicional” e o “moderno”, mas da percepção de que a cultura está se tornando refém de imposições externas.

“Além de enfraquecer a cultura em si, isso também promove o isolamento cultural, pois gerações mais novas abraçarão aquilo que recebem.”

Como resultado, muitas gerações crescem alheias à tradição musical nordestina e aos mestres que transmitiam não apenas melodias, mas também gestos de pertencimento e identidade.

O espetáculo que substitui o rito

As festas juninas, outrora comunais e espontâneas, transformaram-se em espetáculos inspirados nos grandes centros urbanos. O arraial se converteu em um shopping a céu aberto:

“Andando ontem pelas ruas da cidade, pude perceber que a estética interiorana tradicional se perdeu. Até mesmo as apresentações juninas se tornaram ‘cópias’… em miniaturas dos grandes eventos e de shows de grandes cidades, exibidos na TV” — disse um morador local.

Com essa transformação, perde-se a escala humana e comunitária.

A quadrilha, antes dançada entre vizinhos e familiares, cede espaço a palcos monumentais, mega shows, camarotes e artistas que atraem um público cada vez mais espectador e menos participante.

Um público cada vez mais espectador e menos participante.

O Dia dos Namorados: outro sintoma da compressão cultural

A celebração brasileira do Dia dos Namorados, em 12 de junho, ilustra um fenômeno semelhante. Apesar de ser uma data importada, mantinha uma camada cultural local:

“Uma remota lembrança de minha infância e adolescência é que, mesmo sendo no mês de junho, as rádios e a cidade reservavam espaços para músicas e atitudes românticas.” – lembra outro morador.

Hoje, até mesmo essa expressão cultural foi engolida pela uniformização das celebrações, embaladas pela onipresença do arrocha, inclusive nas campanhas publicitárias:

“O mercado comprime todas as datas num mesmo loop de consumo sonoro/comportamental.”

A ilusão de que tradição pode ser recuperada por decreto

Diante desse processo de diluição, surge uma pergunta inevitável: é possível resgatar o que se perdeu?

A ressurreição cultural não pareceria autêntica, mas um resgate forçado. Isso talvez soe fatalista, mas, como as tradições são elementos orgânicos, a recuperação deveria ser igualmente orgânica. Estou equivocado?

A cultura, como a natureza, não se recupera por força ou decreto. Ela floresce quando há afeto, desejo e compromisso comunitário.

Alguns locais ainda resistem:

Resistem por amor à cultura e a elementos que denominamos culturais — apego histórico. Outros lugares não têm a mesma raiz cultural e o mesmo amor à história.

Em outros, contudo, a adesão ao “novo” resulta no apagamento gradual do “antigo”.

Contratar antigos grupos de forró raiz, como “guardiães da cultura”, não dará resultados se estes não forem inseridos no contexto educacional de uma nova sociedade em formação.

A verdadeira educação dará sentido às novas inserções na cultura viva.

Entre resistência e luto

Considerar a situação sob um prisma fatalista pode parecer excessivo, mas expressa também um luto:

Isso, de certo modo, é condenar-se a viver refém das imposições de outros. Fatalismo?

A cultura, quando arrancada de suas raízes, seca.

Submetida ao ruído incessante do mercado, perde seu sentido vital.

Ainda assim, persistem formas de resistência. Em comunidades onde se dança coco de roda, nos saraus de repente, nos pequenos grupos que ainda colhem milho e acendem fogueiras, pulsa a continuidade cultural.

Como sintetizou Frei Betto:

O povo precisa é de pão e de beleza.”

E, como advertido:

– Um povo que canta a mesma canção o ano inteiro está à beira da asfixia.

O desafio: regar as raízes

A degradação das tradições ocorreu de forma paulatina; a reestruturação, se possível, será ainda mais difícil.

Não se trata de campanhas ou projetos oficiais, mas de pequenos gestos cotidianos: valorizar o artesanato local, transmitir às novas gerações os saberes tradicionais, manter vivas as manifestações culturais autênticas.

A cultura evolui, mas sua transformação precisa ser orgânica e não orientada exclusivamente pelas imposições do mercado.

Isso talvez soe fatalista, mas, como as tradições são elementos orgânicos, a recuperação deveria ser orgânica.

Mais do que nostalgia, trata-se de reconhecer que:

“A tradição sobrevive não pela nostalgia, mas pela reinvenção com respeito.”

Regar as raízes é, portanto, um gesto de resistência e esperança, na direção de uma cultura que, mesmo transformada, preserve sua vitalidade e sentido.

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Texto revisado por I.A.

© Gilson da Cruz Chaves – Jeito de Ver Reprodução permitida com créditos ao autor e ao site.