O Fim da Internet: Um Mundo Sem Conexão

Internet - parte da vida

A internet é uma extensão da vida atual

O Fim da Internet: Um Mundo Sem Conexão

A internet já não é apenas parte da vida — é uma extensão dela. Uma necessidade quase vital.

A chamada geração Z talvez não consiga imaginar a vida quando as compras com cartões de crédito pareciam exercícios de fé.

Pois é: o cliente apresentava o cartão, e o vendedor, com cara de tédio, avaliava a cor para esboçar um riso — ou manter o ar de velório. Em seguida vinha o suplício: ligar para a administradora e aguardar a autorização.

Enquanto isso, o cliente suava frio até o momento da liberação da compra.

Antes disso, as pessoas faziam as “notas de crédito”, baseadas em acordos de confiança entre vendedores e clientes.

As pessoas buscavam as estações de rádio na esperança de ouvir os sucessos do momento — função hoje ocupada pelos streamings da vida.

A venda de discos, fitas e, posteriormente, CDs tornou-se uma prática comum. Os fãs desejavam guardar um registro particular daquelas músicas.


O Caso da “Hackeadora de Pá”

Vamos partir para a nossa tese, a partir de um evento real que ficou conhecido na Armênia como a “Hackeadora de Pá”.

No início de abril de 2011, toda a Armênia sofreu uma interrupção de horas em sua internet. A culpada foi uma mulher de 75 anos que estava procurando por cobre quando sua pá cortou uma linha de fibra óptica — o que deixou não apenas a Armênia, mas também partes da Geórgia sem internet.

O cabo transportava 90% do tráfego de internet da Armênia.

Foram 12 horas de prejuízo!

🔗 Fonte: NPR — “Little Old Lady with Shovel Disrupts Internet in 2 Nations”

Já imaginou se isso acontecesse em escala global?

Vamos imaginar juntos.


Impacto Econômico da Interrupção da Internet

A interrupção da internet teria um impacto devastador na economia global, considerando a dependência crescente de sistemas digitais para operações comerciais diárias.

Nos últimos anos, muitas empresas migraram suas operações para plataformas online, permitindo a realização de vendas, comunicações e serviços financeiros com uma eficiência sem precedentes.

Esse modelo baseado na internet não apenas facilitou a expansão de negócios, mas também possibilitou a criação de novos serviços e oportunidades de mercado.

O setor de comércio eletrônico seria um dos mais afetados, uma vez que já representa uma parte significativa das vendas globais.

Com a paralisação da internet, as empresas não conseguiriam processar transações, resultando em perdas incalculáveis e no colapso de muitas lojas virtuais.

Além disso, o turismo, que depende fortemente da internet para reservas e serviços de transporte, também enfrentaria grandes desafios.

Hotéis e companhias aéreas que utilizam plataformas online para gerenciar reservas e interagir com clientes veriam uma queda abrupta na demanda, levando a perdas financeiras significativas.


Setor Financeiro em Colapso

Os serviços financeiros são outro setor crítico que sofreria de maneira extrema.

A incapacidade de realizar transferências bancárias, pagamentos de contas ou operações em bolsa em tempo real paralisaria o funcionamento normal do sistema financeiro, criando incerteza e instabilidade no mercado.

A ausência de comunicação, especialmente em um mundo tão conectado, poderia resultar em crises econômicas e financeiras, afetando diretamente a confiança dos consumidores.

Ademais, o cenário de empregos também seria radicalmente alterado.

Milhares de demissões e fechamento de empresas seriam inevitáveis, uma vez que a falta de acesso à internet tornaria impossível manter a competitividade.

As indústrias que negligenciam a importância da digitalização certamente seriam as mais vulneráveis em um cenário de descontinuação da conectividade, resultando em um impacto econômico prejudicial que poderia levar anos para ser superado pelos mercados globais.


Consequências na Educação

A suspensão da internet teria repercussões significativas na educação em todos os níveis — do ensino infantil à educação superior.

Atualmente, um grande número de estudantes depende de plataformas online para acessar recursos educativos e participar de atividades de aprendizagem.

Essa dependência de ferramentas digitais é uma realidade do mundo contemporâneo, que facilitou o acesso à informação e diversificou as metodologias de ensino.

Sem essas tecnologias, seria necessário um retorno abrupto às aulas presenciais, o que apresentaria diversos desafios.

Um dos principais seria a escassez de recursos didáticos adequados. Muitas instituições de ensino não estão equipadas para funcionar sem o suporte tecnológico que a internet proporciona.

Além disso, o ensino presencial tradicional pode não ser suficiente para engajar todos os alunos, especialmente aqueles que se beneficiam de metodologias ativas e abordagens de aprendizagem colaborativa que dependem de interatividade.

A falta de materiais atualizados e dispositivos adequados para todos os alunos exigiria soluções emergenciais que, muitas vezes, não estariam à disposição.


Acessibilidade e Desigualdade

A acessibilidade também surgiria como uma questão crítica.

Estudantes que vivem em áreas remotas ou que enfrentam limitações financeiras poderiam ter dificuldade em acessar escolas que, mesmo presenciais, não possuem a infraestrutura necessária.

Isso afetaria a equidade no aprendizado, ampliando a disparidade educacional já existente.

Da mesma forma, o uso de tecnologias educacionais, que hoje integram de forma ampla a pedagogia moderna, seria gravemente afetado.

Essa relação simbiótica entre a internet e a educação implica que o fim da conectividade poderia levar a uma diminuição dramática na qualidade do ensino, tornando mais difícil para os educadores atenderem às necessidades diversificadas de suas turmas.


Os Efeitos nos Aplicativos e na Vida Cotidiana

Aplicativos Bancários

A interrupção da internet traria consequências significativas para diversos aplicativos que se tornaram fundamentais na vida cotidiana.

Em primeiro lugar, os aplicativos bancários, que permitem a realização de transações em tempo real, seriam severamente afetados.

A impossibilidade de realizar transferências online e pagamentos instantâneos geraria uma crise financeira, acarretando atrasos nas contas e comprometendo o funcionamento de pequenos negócios que dependem do comércio eletrônico.

Além disso, a falta de acesso aos extratos bancários tornaria difícil o controle financeiro pessoal, provocando uma sensação de insegurança econômica.


Entretenimento e Redes Sociais

Outro aspecto a ser considerado é o impacto no entretenimento, especialmente nas plataformas de streaming, como Netflix e Spotify.

Com o acesso à internet interrompido, o consumo de conteúdos audiovisuais e de música por meio dessas plataformas se tornaria inviável.

Isso poderia gerar um retrocesso nos hábitos de entretenimento, levando as pessoas a retornarem a práticas mais tradicionais, como a leitura de livros ou a comunicação presencial — que, embora possam ser valiosas, não oferecem a mesma conveniência e diversidade de opções que o streaming proporciona.

A busca por entretenimento alternativo, como jogos de tabuleiro ou atividades ao ar livre, provavelmente aumentaria.

As redes sociais, por sua vez, veriam um colapso nas interações online.

A ausência de plataformas como Instagram, Facebook e X (antigo Twitter) significaria a paralisação de tendências e virais, resultando em uma perda significativa de conexão entre influenciadores e seguidores.

Essa desconexão afetaria não só a dinâmica da comunicação, mas também as estratégias de marketing digital e o desenvolvimento de comunidades online.

As relações pessoais e profissionais dependeriam do retorno às interações presenciais, o que poderia gerar uma sensação de isolamento para aqueles que costumam interagir predominantemente online.

Assim, a vida cotidiana enfrentaria um desafio sem precedentes, exigindo uma adaptação a um novo estilo de vida sem a presença constante da internet.


Caos e Reinício: O Que Aconteceria a Seguir?

A interrupção da internet desencadearia um período de caos significativo na sociedade moderna, afetando todos os aspectos do cotidiano.

De repente, os cidadãos se veriam desprovidos de uma ferramenta essencial que fundamenta as comunicações, o comércio e o entretenimento.

A ausência da internet afetaria a economia global, pois muitas transações — desde compras online até transferências bancárias — dependem de redes digitais. A perda súbita de acesso geraria pânico, levando a um colapso nas práticas comerciais convencionais.

Enquanto muitos se perguntariam como funcionariam as interações sociais sem plataformas digitais, um reinício gradual seria inevitável.

A necessidade de adaptação exigiria que os indivíduos reimaginassem suas formas de comunicação — como voltar a utilizar cartas ou chamadas telefônicas convencionais.

Além disso, as empresas seriam forçadas a redescobrir métodos tradicionais de marketing e vendas, potencialmente revitalizando o comércio local.

Esse contexto exigiria uma reflexão crítica sobre a dependência excessiva da tecnologia e a busca de novos paradigmas digitais que priorizassem a resistência e a redundância das comunicações.

Uma área de preocupação especial seria a perda de criptoativos, como bitcoins, que dependem de tecnologia blockchain e conectividade de rede.

Portfólios digitais poderiam se tornar inacessíveis, levando a um colapso na confiança em mercados emergentes da economia digital.

Isso não apenas impactaria os investidores, mas também causaria repercussões mais amplas nas inovações tecnológicas que sustentam esses sistemas.

O abalo econômico global não só exigiria uma reavaliação das estruturas financeiras existentes, como também poderia criar espaço para um novo modelo econômico que leve em consideração a fragilidade da infraestrutura digital e a necessidade de estabilidade.


E então… uma nova readaptação — ou talvez apenas o recomeço de tudo.

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Leia também: Discurso de Ódio nas Redes Sociais ‣ Jeito de ver

Little Old Lady With Shovel Disrupts Internet In 2 Nations : NPR

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TRISTEZA DE INVERNO ( Canção de solidão)

Imagem de Lorry McCarthy por Pixabay

 

TRISTEZA DE INVERNO

 

A fria chuva fina cai

Lenta, calma

Posso ouvir o cair delicado dos pingos.

Torturantes.

As montanhas se encolhem na névoa

E as folhas das árvores

tentam proteger o solo.

Não há proteção.

Os passarinhos se escondem

Seu canto não traz mais a alegria,

mas, lamento.

Não há gente nas ruas

Ou mesmo um tímido sol.

Os velhos livros imploram…

Querem ser revisitados

Assim como as memórias de Agosto

Não abandonam o meu dia.

Preso,

Dentro de mim

de recolho ao canto,

onde se escondem as lembranças

Buscando bons momentos

que não aquecem meu coração

Que se recusa a abandonar

a dor, o medo, os momentos

Esfriando a minha alma

Como o inverno lá fora.

Leia também: Escrever ( Os motivos da vida) ‣ Jeito de ver

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O Que É, Afinal, a Liberdade?

Imagem de Orna por Pixabay

Liberdade e seus conceitos

A Liberdade

“Liberdade” é um conceito amplo e multifacetado, mas, em termos gerais, pode ser definida como:

A condição de poder agir, pensar e escolher de acordo com a própria vontade, sem coerção ou restrições arbitrárias, desde que isso não viole os direitos dos outros.

Ela pode ser vista de diferentes perspectivas:

  • Filosófica: a capacidade do ser humano de autodeterminar-se, tomar decisões conscientes e assumir a responsabilidade por elas.

  • Política: o direito de participar da vida pública, expressar opiniões, escolher governantes e viver sem opressão.

  • Jurídica: o conjunto de direitos garantidos por leis e constituições que protegem o indivíduo contra abusos.

  • Psicológica: a sensação interna de autonomia, de não estar preso a medos, traumas ou condicionamentos que limitam as escolhas.

Para nossa própria proteção, a liberdade não pode ser absoluta. Ela precisa caminhar lado a lado com os direitos e deveres.


O direito de todos

Imagine, então, se num planeta habitado por mais de 8 bilhões de pessoas, distribuídas em 193 países reconhecidos e dois observadores permanentes, um único indivíduo decidisse que é superior e deliberadamente resolvesse conquistar e escravizar os outros.

Ou, numa escala maior, se um país decidisse invadir nações de menor poderio militar para se apossar de terras e riquezas.

Do ponto de vista do conquistador, ele provavelmente definiria sua própria liberdade como o direito de “defender” seus interesses.

Mas, e quanto aos países violados? Para onde vai o direito à liberdade deles?

Em nome da “liberdade”, muitas justiças já aconteceram — e muitas injustiças também.


Entendendo cultura

Deste lado do mundo, muitos acreditam que no Oriente as pessoas não têm liberdade para protestar contra autoridades por medo de governos autoritários.

Tal conceito vende a ideia de que há mais liberdade no Ocidente: “aqui eu posso xingar o prefeito, o governador, o presidente”.

Mas que tal entender o outro lado?

“Respeitar os pais e os mais velhos é a raiz da humanidade.” — Os Analectos I.2
“Trate-os com seriedade e eles o respeitarão. Mostre que você honra seus pais e seu governante, e que se importa com o bem-estar daqueles que estão sob seus cuidados, e o povo lhe será leal.” — Os Analectos

Em muitos países da Ásia, a cultura é fortemente influenciada pelo Confucionismo, em que o respeito aos mais velhos é tradição — e isso se reflete no modo como lidam com as autoridades.

De fato, há relatos de países do Oriente Médio que reprimem manifestações de forma violenta.

Mas nem sempre é preciso olhar tão longe: manifestações legítimas também são suprimidas violentamente bem debaixo de nossos olhos.

Por exemplo, uma manifestação de estudantes em São Paulo, no Brasil, foi dissolvida com ação violenta da polícia.

Fonte: Brasil de Fato

Ou, como acontece atualmente nos Estados Unidos, manifestações a favor de imigrantes considerados ilegais — que estão sendo privados de liberdade e enviados a prisões degradantes — são combatidas com violência semelhante.

Liberdade apropriada

O conceito de liberdade tem sido frequentemente apropriado por pessoas que não prezam pela liberdade dos outros.

O uso de fake news para controlar pelo medo e pela desinformação é um dos recursos mais usados hoje. Outro é invocar a “liberdade” para atacar minorias ou desfavorecidos — algo que se repete através da história.

Mesmo na atualidade, ainda há quem advogue a superioridade de uma raça sobre as demais.

Cada vez mais, de modo velado, autoridades e grupos adotam ideologias que ecoam a filosofia nazista de superioridade racial. E quando alguém se considera superior, já sabemos aonde isso pode levar…

Liberdade para matar?

Chegamos então a um ponto crítico: a liberdade para matar.

Essa expressão pode chocar, não é verdade?

Muitos preferem suavizá-la como “direito à defesa”. Mas é importante lembrar: as armas foram criadas para matar, para dominar, intimidar — a defesa é apenas uma consequência.

Quando um país, atendendo ao lobby da indústria armamentista, aprova a venda de armas como itens triviais de consumo, o que fica subentendido?

Nos Estados Unidos, cerca de 120 pessoas são mortas diariamente por armas de fogo — quase 48 mil por ano.

Em tempos de ódio e polarização alimentada por fake news, a tendência é que esse número aumente.

No Brasil, pessoas foram assassinadas por estarem celebrando a vitória de um presidente eleito pela maioria.

Em outros casos, pessoas que defendem o direito de menosprezar ou excluir outras acabam sendo traídas por sua própria intolerância.

Já em outros casos, pessoas inocentes são assassinadas por supostos defensores da liberdade.

Exemplos reais

A menina Luana Rafaela, de 12 anos, morreu após ser baleada durante uma comemoração pela vitória de Lula à Presidência, em Belo Horizonte.

Ela foi uma das vítimas de Ruan Nilton da Luz, apoiador de Jair Bolsonaro, que também matou o advogado Pedro Henrique Dias, de 28 anos, e feriu outras três pessoas.

O crime, ocorrido no bairro Nova Cintra, é investigado como duplo homicídio com motivação política.

Fonte: O Globo

Na Bahia, um mestre de Capoeira foi assassinado por alguém que também dizia valorizar a Liberdade.

Fonte: Carta Capital

Recentemente, o assassinato de um influente extremista de direita repercutiu no mundo: ele foi morto por um de seus próprios seguidores.

O editorial da Gazeta do Povo lamenta o assassinato de Charlie Kirk, ativista conservador morto durante uma palestra nos EUA, e alerta para os perigos da violência política alimentada pela desumanização do adversário.

Ele defendia a execução pública e foi morto à vista de centenas de pessoas!

Fonte: Gazeta do Povo

Conclusão

Costumo dizer que alimentar o ódio é regar a semente da própria destruição.

Sociedades que usam a liberdade como escudo para normalizar discursos de ódio e facilitam o acesso a instrumentos de violência, sejam eles quais forem, estão armando as próprias forças que um dia poderão devorá-las.

Liberdade, como qualquer outro bem, deve ser bem usada — de modo civilizado e inteligente.

O ataque a minorias pode ser caracterizado como um abuso do direito à liberdade, pois o objetivo dela é a convivência.

Não haverá consenso enquanto não houver respeito mútuo.

Quando o diálogo civilizado perder o significado, surgirão os gritos de raiva. Quando os gritos perderem a força… a violência será o provável resultado.

A liberdade absoluta será sempre um conceito tolo e ilusório.

Leia também a reflexão: Presos ( Onde está a tua liberdade?) ‣ Jeito de ver

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O louco e a lua (Contos de solidão)

O louco e a lua

Iluminado, sob um céu estrelado, ele se perdia entre o brilho da lua e das estrelas e o sopro do vento norte.
As pessoas diziam: “É um louco”, pois com as mesmas velhas roupas sujas, maltrapilhas, e um bastão castigado pelos anos, vivia o seu dia a andar pelas ruas da cidade.
Todos sabiam o seu nome, mas os anos pareciam não passar.

Ninguém percebia em sua face um novo traço ou em seus cabelos uma nova cor, mas sabiam que dia após dia, pelas ruas da cidade estaria ele, caminhando lentamente, como que contando seus passos…
… pois talvez não houvesse histórias pra contar.

Mas, por quanto tempo ele esteve lá?
Quantas vezes presenciou o nascer e o pôr do sol? Ou quantas estrelas conseguiu contar?
Talvez soubessem de onde veio, mas onde iria?
Ria ao sentir-se amado e irritava-se quando se sentia ameaçado.
Queria saber as horas… mas, para quê?
Sem passado pra contar, qual seria seu futuro?

Talvez buscando esse futuro saiu pelas ruas, olhando as estrelas pela última vez.
E as pessoas, ao acordarem da paz de seus sonhos, viam uma rua vazia… cheia de pessoas vivendo a pressa de seus dias.
Onde está ele?
Perguntaram-se no abrigo de seus lares, enquanto a lua vigiava o silêncio esquecido do louco que a amava.

E os dias se passaram…

Não se formaram grupos de buscas como em sociedades organizadas, é verdade. Mas todos queriam saber.
E foi sob o sol de inverno, vazio de lembranças e de pensamentos, que o encontraram.

Todos se lembraram dele.
Escreveram mensagens de conforto a uma família de que não se ouvia falar.
Muitos choraram nas ruas.

E nos dias que se seguiram, procurando e enviando preces desde o abrigo de seus lares, receberam o desfecho da história do louco…
Mas, que apenas a lua viu.


Leia também: Pobre Pedro ( e o tempo que passou.) ‣ Jeito de ver


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Mas, apenas a lua viu. A lua testemunha.

Imagem de Bruno por Pixabay

Enquanto a Música Tocava ( O Fim do Baile)

alt= O cantor e a bailarina.
O amor nos antigos bailes

Enquanto a música tocava

Dentre as poucas coisas que consigo me lembrar, estão ainda os cabelos negros, dançando ao som da música, e eu torcia para que a música jamais acabasse.

Era como se o sonho fosse real e estivesse lá, ao alcance das mãos…

Este é um trecho da crônica presente no livro
Crônicas do Cotidiano – Um Novo Jeito de Ver
Disponível na Amazon e Clube dos Autores

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A Síndrome do Vira-Lata: Uma Análise

Uma bela imagem do Brasil.
Introdução

Vivemos em um mundo onde culturas se encontram, se influenciam e, muitas vezes, se confrontam.

No Brasil, esse cenário ganha contornos particulares: por um lado, temos uma rica diversidade cultural; por outro, enfrentamos um sentimento persistente de inferioridade diante do que é estrangeiro.

Este artigo propõe uma reflexão sobre o conceito de superioridade cultural e a chamada “síndrome do vira-lata”, termo consagrado por Nelson Rodrigues.

Ao analisar também a influência do estilo de vida americano e os limites entre apreciação e apropriação cultural, buscamos compreender os mecanismos que moldam a forma como os brasileiros percebem sua própria identidade.

A Superioridade Cultural e a Síndrome do Vira-Lata:

Uma Análise Psicológica

O Conceito de Superioridade Cultural

A ideia de superioridade cultural implica que certos valores e práticas tornam uma cultura intrinsecamente melhor do que outras.

Historicamente, esse pensamento foi reforçado pela colonização, onde culturas dominantes impuseram seus costumes às consideradas “inferiores”.

Este é um trecho da crônica presente no livro
Crônicas do Cotidiano – Um Novo Jeito de Ver
Disponível na Amazon e Clube dos Autores

São João e a Erosão das Tradições

alt="Celebração da Festa de São João com fogueira"

“A tradição sobrevive não pela nostalgia, mas pela reinvenção com respeito.”

Quando o arraial vira shopping a céu aberto:

Como o lucro secou as raízes do São João nordestino

As ruas do interior ainda exibem bandeirolas tremulantes e balões enfeitam o céu. Contudo, há uma sensação difusa de vazio e artificialidade nessas cores.

As apresentações juninas converteram-se em cópias reduzidas dos grandes eventos televisionados, distantes do cheiro do milho assado, do improviso dos sanfoneiros e do burburinho comunitário em torno da fogueira.

Ainda que tais eventos mantenham alguma importância cultural, observa-se uma preocupante tendência: as tradições estão perdendo sua forma original, cedendo espaço à lógica do lucro.

Canções juninas tornaram-se as mesmas que predominam nos demais meses, o forró perdeu centralidade, enquanto empresários, algoritmos e patrocinadores passaram a ditar as preferências culturais.

Essa constatação impõe uma questão:
Visto que os interesses comerciais possuem o poder de transformar ou mesmo extinguir tradições, impondo o que se deve consumir, quais as consequências disso?

A erosão da autenticidade

Tradições, assim como plantas, necessitam de raízes e tempo para se consolidarem. Quando são descontextualizadas e arrancadas de seu chão, não resistem.

Há uma erosão silenciosa da autenticidade:

As tradições perdem a forma, dando lugar à busca do lucro.

As canções juninas passaram a ser as mesmas que predominam nos demais meses, o forró perdeu a importância e os empresários ditam as preferências.

“Um povo que canta a mesma canção o ano inteiro está à beira da asfixia.”

Não se trata apenas de uma perda estética, mas simbólica e afetiva.

O ciclo agrícola que inspirava o São João, as histórias compartilhadas, as quadrilhas, as comidas típicas e os ritmos regionais foram substituídos por espetáculos genéricos, embalados pela trilha sonora homogênea do arrocha.

A homogeneização cultural: monocromia em lugar de policromia

“Um povo que canta a mesma canção o ano inteiro está à beira da asfixia”

A diversidade cultural, que antes estimulava a aprendizagem e fortalecia a convivência, foi gradativamente substituída por uma monocromia sonora e estética:

Na atualidade, há monocromia e apenas uma distorção de forró; um único ritmo predomina ao longo de todo o ano.

A falta de diversificação cultural empobreceu até mesmo a educação, pois a variedade estimula a aprendizagem.

Não se trata de um embate simplista entre o “tradicional” e o “moderno”, mas da percepção de que a cultura está se tornando refém de imposições externas.

“Além de enfraquecer a cultura em si, isso também promove o isolamento cultural, pois gerações mais novas abraçarão aquilo que recebem.”

Como resultado, muitas gerações crescem alheias à tradição musical nordestina e aos mestres que transmitiam não apenas melodias, mas também gestos de pertencimento e identidade.

O espetáculo que substitui o rito

As festas juninas, outrora comunais e espontâneas, transformaram-se em espetáculos inspirados nos grandes centros urbanos. O arraial se converteu em um shopping a céu aberto:

“Andando ontem pelas ruas da cidade, pude perceber que a estética interiorana tradicional se perdeu. Até mesmo as apresentações juninas se tornaram ‘cópias’… em miniaturas dos grandes eventos e de shows de grandes cidades, exibidos na TV” — disse um morador local.

Com essa transformação, perde-se a escala humana e comunitária.

A quadrilha, antes dançada entre vizinhos e familiares, cede espaço a palcos monumentais, mega shows, camarotes e artistas que atraem um público cada vez mais espectador e menos participante.

Um público cada vez mais espectador e menos participante.

O Dia dos Namorados: outro sintoma da compressão cultural

A celebração brasileira do Dia dos Namorados, em 12 de junho, ilustra um fenômeno semelhante. Apesar de ser uma data importada, mantinha uma camada cultural local:

“Uma remota lembrança de minha infância e adolescência é que, mesmo sendo no mês de junho, as rádios e a cidade reservavam espaços para músicas e atitudes românticas.” – lembra outro morador.

Hoje, até mesmo essa expressão cultural foi engolida pela uniformização das celebrações, embaladas pela onipresença do arrocha, inclusive nas campanhas publicitárias:

“O mercado comprime todas as datas num mesmo loop de consumo sonoro/comportamental.”

A ilusão de que tradição pode ser recuperada por decreto

Diante desse processo de diluição, surge uma pergunta inevitável: é possível resgatar o que se perdeu?

A ressurreição cultural não pareceria autêntica, mas um resgate forçado. Isso talvez soe fatalista, mas, como as tradições são elementos orgânicos, a recuperação deveria ser igualmente orgânica. Estou equivocado?

A cultura, como a natureza, não se recupera por força ou decreto. Ela floresce quando há afeto, desejo e compromisso comunitário.

Alguns locais ainda resistem:

Resistem por amor à cultura e a elementos que denominamos culturais — apego histórico. Outros lugares não têm a mesma raiz cultural e o mesmo amor à história.

Em outros, contudo, a adesão ao “novo” resulta no apagamento gradual do “antigo”.

Contratar antigos grupos de forró raiz, como “guardiães da cultura”, não dará resultados se estes não forem inseridos no contexto educacional de uma nova sociedade em formação.

A verdadeira educação dará sentido às novas inserções na cultura viva.

Entre resistência e luto

Considerar a situação sob um prisma fatalista pode parecer excessivo, mas expressa também um luto:

Isso, de certo modo, é condenar-se a viver refém das imposições de outros. Fatalismo?

A cultura, quando arrancada de suas raízes, seca.

Submetida ao ruído incessante do mercado, perde seu sentido vital.

Ainda assim, persistem formas de resistência. Em comunidades onde se dança coco de roda, nos saraus de repente, nos pequenos grupos que ainda colhem milho e acendem fogueiras, pulsa a continuidade cultural.

Como sintetizou Frei Betto:

O povo precisa é de pão e de beleza.”

E, como advertido:

– Um povo que canta a mesma canção o ano inteiro está à beira da asfixia.

O desafio: regar as raízes

A degradação das tradições ocorreu de forma paulatina; a reestruturação, se possível, será ainda mais difícil.

Não se trata de campanhas ou projetos oficiais, mas de pequenos gestos cotidianos: valorizar o artesanato local, transmitir às novas gerações os saberes tradicionais, manter vivas as manifestações culturais autênticas.

A cultura evolui, mas sua transformação precisa ser orgânica e não orientada exclusivamente pelas imposições do mercado.

Isso talvez soe fatalista, mas, como as tradições são elementos orgânicos, a recuperação deveria ser orgânica.

Mais do que nostalgia, trata-se de reconhecer que:

“A tradição sobrevive não pela nostalgia, mas pela reinvenção com respeito.”

Regar as raízes é, portanto, um gesto de resistência e esperança, na direção de uma cultura que, mesmo transformada, preserve sua vitalidade e sentido.

Leia também: Varandas vazias e tradições perdidas ‣ Jeito de ver

Texto revisado por I.A.

A Importância do Amor Próprio e da Aceitação

A Importância do Amor Próprio e da Aceitação

Imagem de Tumisu por Pixabay

Neste artigo, abordaremos um pouco mais a questão da autoestima: por que ela é necessária e como o ambiente ao nosso redor impacta nosso conceito a respeito.

Vamos trabalhar juntos na importância do amor-próprio e da autoaceitação.

Entendendo a Autoestima: A Importância do Amor-Próprio e da Aceitação

O que é autoestima e por que é necessária?

A autoestima pode ser definida como a avaliação subjetiva que uma pessoa faz de si mesma, composta por sentimentos, pensamentos e percepções sobre seu valor e competência.

Esse conceito é fundamental para o bem-estar emocional e psicológico, pois influencia a maneira como os indivíduos se relacionam consigo mesmos e com os outros.

A autoestima não é um atributo fixo; ela pode flutuar ao longo do tempo, sendo moldada por diversas experiências de vida e interações sociais.

Os fatores que influenciam sua formação são variados e incluem o ambiente familiar, as experiências escolares, as relações de amizade e as expectativas sociais.

Por exemplo, um ambiente familiar positivo, onde as crianças se sentem apoiadas e valorizadas, tende a promover uma autoestima saudável.

Por outro lado, críticas constantes ou a falta de apoio podem impactar negativamente a percepção que o indivíduo tem de si mesmo, levando a uma autoestima mais baixa.

Assim, a formação da autoestima é um processo dinâmico, que pode ser influenciado ao longo da vida.

A importância da autoestima vai além da percepção pessoal.

Pesquisas em psicologia revelam que uma autoestima saudável está frequentemente associada a melhores relações interpessoais, maior resiliência emocional e maior satisfação com a vida.

Indivíduos com autoestima adequada tendem a estabelecer limites mais saudáveis, a comunicar-se de forma mais eficaz e a enfrentar adversidades com maior confiança.

Além disso, a autoestima impacta diretamente a saúde mental, estando ligada a uma menor incidência de transtornos como ansiedade e depressão.

Em resumo, a autoestima é um componente crucial do bem-estar humano, influenciando não apenas a forma como nos vemos, mas também nossas interações diárias e a qualidade das nossas relações.

Compreender sua importância é fundamental para promover um desenvolvimento pessoal saudável e construir uma vida equilibrada.

Fatores que Levam à Crítica Excessiva e Como a Aceitação das Diferenças Contribui para a Completude Humana

A crítica excessiva pode ser um reflexo direto de inseguranças pessoais e de uma autoestima fragilizada.

Muitas pessoas que se sentem insatisfeitas consigo mesmas frequentemente projetam suas inseguranças e frustrações nos outros, buscando, de maneira equivocada, um senso de controle ou superioridade.

Essa dinâmica ocorre porque, ao criticar os outros, elas podem temporariamente desviar a atenção de suas próprias vulnerabilidades.

Além disso, a cultura contemporânea, que muitas vezes exalta padrões inalcançáveis de beleza e sucesso, alimenta esse ciclo de comparação e descontentamento.

A falta de aceitação das diferenças humanas pode, portanto, impactar significativamente o autoconhecimento.

Quando indivíduos não conseguem reconhecer ou respeitar as qualidades diversas que cada pessoa possui, criam um ambiente de crítica que limita suas próprias experiências e compreensão do mundo.

Essa limitação gera um vazio existencial e prejudica o bem-estar coletivo, uma vez que a diversidade de perspectivas é uma das maiores riquezas das interações sociais.

A aceitação das diferenças, por outro lado, propicia um espaço onde cada um é valorizado por suas singularidades.

Ao aceitarmos a diversidade, podemos cultivar um ambiente mais acolhedor e inclusivo, que enriquece as relações interpessoais.

Promover a aceitação e a valorização das particularidades de cada indivíduo não apenas combate a crítica excessiva, mas também fomenta um sentimento de comunidade e empatia.

Quando as pessoas se sentem aceitas e compreendidas, tendem a desenvolver uma autoestima mais forte, emergindo com uma visão mais positiva de si mesmas e dos outros.

Esse processo não apenas contribui para o bem-estar individual, mas também eleva a qualidade das interações sociais, resultando em uma sociedade mais harmoniosa e interconectada.

Assim, reconhecer a beleza da diversidade é fundamental para alcançar a completude humana.

Trabalhando o Amor-Próprio e a Autoestima

A construção de uma autoestima saudável e o cultivo do amor-próprio são processos que demandam tempo, esforço e, principalmente, estratégias práticas.

Um dos primeiros passos nessa jornada é a autoavaliação. É essencial entender como nos vemos e quais são nossos sentimentos sobre nós mesmos.

Trabalhando o Amor-Próprio e a Autoestima

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

Para isso, ferramentas como diários ou questionários reflexivos podem ser extremamente úteis.

Elas auxiliam na identificação de padrões de pensamento negativo, permitindo que possamos desafiá-los e substituí-los por pensamentos mais positivos.

Outro método eficaz é a prática de exercícios de reflexão.

Reservar um tempo diário ou semanal para refletir sobre nossas conquistas, por menores que sejam, e sobre nossos valores pessoais pode criar uma base sólida para o amor-próprio.

Ao focar em realizações e características positivas, a autoconfiança pode ser gradualmente fortalecida.

Além disso, é aconselhável estabelecer metas realistas e alcançáveis, que possibilitem um progresso tangível na autoconsciência e autoaceitação.

Cumprir essas metas traz um senso de realização, vital para a construção de uma autoestima saudável.

A conexão entre autoestima e saúde mental não deve ser subestimada.

Pesquisas indicam que indivíduos com uma autoimagem positiva experimentam níveis mais baixos de estresse e depressão.

Por isso, a prática do autocuidado é fundamental.

Atividades que promovem o bem-estar físico e mental, como exercícios físicos, meditação e hobbies, não apenas proporcionam um espaço para o relaxamento, mas também alimentam a autoestima.

Por fim, a autorreflexão contínua se torna uma ferramenta poderosa para desenvolver uma autopercepção mais saudável, ajudando na luta contra a autocrítica excessiva e melhorando nossa relação conosco mesmos.

Abertura para Novas Experiências e a Influência de Relações Negativas

Estar aberto a novas experiências é essencial para o crescimento pessoal e o fortalecimento da autoestima.

Quando nos permitimos explorar novos ambientes, ideias e interações, ampliamos nossa compreensão do mundo e, consequentemente, nossa percepção sobre nós mesmos.

Vivências enriquecedoras — desde o aprendizado de novas habilidades até a participação em eventos sociais ou culturais — podem proporcionar uma sensação de realização e autoconhecimento.

Essas experiências não só contribuem para uma autoimagem mais positiva, como também fomentam o desenvolvimento de habilidades interpessoais e segurança em nosso próprio valor.

Além disso, a qualidade das relações que cultivamos desempenha um papel crucial na nossa autoaceitação.

É fundamental reconhecer a influência que as pessoas à nossa volta exercem sobre nossa autoestima.

Relações negativas, que geram estresse, desvalorização ou descontentamento, podem corromper nossa capacidade de amar a nós mesmos.

A interação contínua com indivíduos que não apoiam nosso crescimento ou que nos criticam frequentemente pode levar a uma percepção distorcida de nossas capacidades e valor, resultando em um declínio na autoestima.

A autoaceitação e a valorização do amor-próprio são frequentemente comprometidas por essas dinâmicas.

Assim, faz-se necessário não apenas estar aberto a novas experiências, mas também desenvolver a habilidade de identificar e, se necessário, evitar relações que não nos fazem bem.

Ao priorizarmos relações saudáveis e edificantes, criamos um ambiente propício para o florescimento da autoestima e da autoimagem positiva.

A disposição para se afastar de influências negativas é um passo vital para cultivar um espaço onde o amor-próprio possa prosperar, permitindo que novas experiências se tornem oportunidades de crescimento pessoal e realização emocional.

Leia também: Críticas -O que Elas Revelam Sobre Nós Mesmos ‣ Jeito de ver

Revisão ortográfica e gramatical por I.A.

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Dia das Mães: Origem e Impacto Cultural

Amor, consideração, confiança…

1. As Origens de um Gesto de Amor

Todos os anos, no segundo domingo de maio, milhões de pessoas ao redor do mundo dedicam um tempo para homenagear suas mães.

Mas o Dia das Mães, mais do que uma data marcada no calendário ou uma ocasião de compras, é uma oportunidade de voltar o olhar para algo essencial: o amor que nos gerou, acolheu e sustentou — mesmo nas fases mais difíceis da vida.

Essa celebração tem raízes profundas. Na Grécia Antiga, já existiam festas dedicadas às mães dos deuses. Mas a origem moderna do Dia das Mães nasceu nos Estados Unidos, no coração de um tempo de conflitos e transformações.

Ann Maria Reeves Jarvis, uma mulher sensível às dores do mundo, criou em 1858 os Mothers’ Day Work Clubs, com o objetivo de melhorar as condições de saúde das famílias operárias. Mais tarde, ela organizaria os Mother’s Friendship Days, tentando curar feridas deixadas pela Guerra de Secessão.

Poucos anos depois, a escritora Julia Ward Howe publicaria o Mother’s Day Proclamation, um manifesto pela paz. Mas foi a filha de Ann, Anna Jarvis, quem conseguiu transformar a ideia em realidade.

Em 1907, dois anos após a morte de sua mãe, Anna realizou um memorial em sua homenagem.

Aquilo que começou como um gesto pessoal se espalhou como um sopro coletivo. Em 1914, o Congresso norte-americano reconheceu oficialmente o segundo domingo de maio como o Dia das Mães.

Curiosamente, Anna Jarvis acabaria se afastando do movimento, desgostosa com a transformação da data em um evento comercial. Seu sonho era que as pessoas expressassem amor com palavras e gestos, e não com presentes obrigatórios.


2. No Brasil e em Países Lusófonos

No Brasil, a comemoração começou em 1918, em Porto Alegre, trazida pela Associação Cristã de Moços.

Em 1932, Getúlio Vargas oficializou o Dia das Mães, impulsionado por feministas que viam na data uma forma de valorizar a mulher e a maternidade em um momento importante da história brasileira — o ano da conquista do voto feminino.

Em 1947, a Igreja Católica incluiu a celebração em seu calendário litúrgico.

Já em Portugal e nos países africanos de língua portuguesa, o Dia da Mãe é celebrado no primeiro domingo de maio, em sintonia com o mês dedicado a Maria, mãe de Jesus.

Antes, a data era associada ao 8 de dezembro, dia da Imaculada Conceição, mas acabou sendo transferida para o mês das flores e da ternura.

A data, embora comum a muitos países, carrega expressões culturais distintas. Em todas essas versões, porém, permanece o mesmo fio condutor: o reconhecimento da maternidade como força essencial da vida.


3. Entre a Emoção e o Apelo Comercial

Hoje, o Dia das Mães é uma das datas mais importantes do comércio, perdendo apenas para o Natal.

Amor, proteção…

Vitrines se enfeitam, propagandas se multiplicam, e a indústria encontra na figura materna um poderoso símbolo de consumo.

A National Retail Federation, por exemplo, estima que só nos Estados Unidos, os gastos com a data ultrapassam dezenas de bilhões de dólares anualmente.

Mas por trás das cifras e campanhas publicitárias, o que realmente conta é a memória. É o colo. É a ausência sentida. É o abraço ainda possível.

Em cada canto do mundo, mães seguem sendo força e abrigo.

Algumas já não estão aqui — mas permanecem. Outras lutam silenciosamente por seus filhos, muitas vezes sem reconhecimento. Celebrar esse dia é lembrar de todas elas. Das que cuidam. Das que educam. Das que resistem.

Mais do que um domingo especial, o Dia das Mães é um lembrete: o amor materno, em suas muitas formas, é uma das grandes forças que sustentam o mundo.

Leia Mais:

Fonte:

Dia das Mães – Wikipédia, a enciclopédia livre

Leia também: Palavras de uma Mãe (Poesia no Drama) ‣ Jeito de ver

A história do grupo Badfinger

A triste história de uma das melhores bandas de todos os tempos

Conheça o Badfinger

O rádio tocava a bela canção Without You, na voz de Mariah Carey…
Do outro lado da rua, um fã de Raul Seixas insiste no refrão de Tente Outra Vez…
E eu penso: “Isso é Badfinger!” (Ouça o refrão em Day After Day).

Você conhece aquelas histórias trágicas de bandas incríveis, que pareciam destinadas ao sucesso, mas acabaram naufragando? A história do Badfinger é uma dessas. E merece ser contada.

Nos anos 1970, o mundo buscava um novo grupo que preenchesse o vazio deixado pelos Beatles. E os meninos do Badfinger eram realmente bons.

Mas escolhas ruins, ingenuidade e um empresário inescrupuloso levaram a banda a um fim devastador.

O começo promissor

Formado em 1961, em Swansea (País de Gales), o grupo nasceu como The Iveys, com Pete Ham, Ron Griffiths, David ‘Dai’ Jenkins e Mike Gibbins. Começaram com covers de Beatles e Rolling Stones, até que o talento para composições autorais os levou mais longe.

Em 1968, foram descobertos por Mal Evans, assistente dos Beatles, que os levou até a Apple Records. Com o novo nome — Badfinger — lançaram Come and Get It, escrita por Paul McCartney.

O sucesso veio rápido.

Com melodias envolventes e harmonias vocais impecáveis, emplacaram sucessos como No Matter What, Day After Day e Baby Blue.

George Harrison os incluiu no álbum All Things Must Pass, e eles participaram do histórico Concerto para Bangladesh, em 1971. Pareciam destinados a ocupar um lugar permanente no panteão do rock.

A queda

Mas, nos bastidores, o empresário Stan Polley desviava dinheiro e manipulava contratos.

A má gestão corroeu a estrutura da banda, gerando desconfiança, estresse e prejuízos financeiros.

Pete Ham, principal compositor, não suportou a pressão.

Em 1975, cometeu suicídio, deixando uma nota em que denunciava a traição de Polley.

Em 1983, foi a vez de Tom Evans, baixista e vocalista, pôr fim à própria vida. A banda, que um dia brilhou ao lado dos Beatles, apagava-se tragicamente.

Um legado que resiste

Apesar de tudo, Badfinger deixou um legado duradouro. Suas canções continuam tocando — em rádios, trilhas de filmes, nas playlists de quem descobre suas melodias sinceras e atemporais.

Sua história é um alerta sobre os bastidores da indústria musical. Mostra que talento, sem gestão ética, pode não ser suficiente.

Badfinger não morreu.

Ainda ecoa.

E ensina.

Veja também A Importância Inegável dos Beatles ‣ Jeito de ver

Badfinger – Wikipédia, a enciclopédia livre

Que tal agora explorar algumas canções desse grupo incrível?

© Gilson da Cruz Chaves – Jeito de Ver Reprodução permitida com créditos ao autor e ao site.