Superexposição e direito à privacidade

Imagem de Niek Verlaan por Pixabay

Vivemos na era da superexposição.

As pessoas fazem o impossível para prolongar os 15 minutos de fama.

Desde plantar na mídia notícias sobre novos relacionamentos até mostrar demais numa praia, desde envolver-se em confusões até fazer tatuagens em partes íntimas – que não deveriam ser interessantes a mais ninguém.

Mas, visto que a curiosidade é algo inerente à natureza humana – a tática funciona e enquanto estiver dando certo será usada, sem nenhum pudor até que a fórmula perca o efeito e seja necessário a criação de novos métodos.

Por exemplo, os reality shows exploram ao máximo aquilo que pode gerar algum entretenimento.

A superexposição de celebridades e de pessoas polêmicas, gera bons índices de audiência.

Numa premiação de melhor reality, uma das Kardashians, do reality “Acompanhado as Kardashians” (tradução livre), que se trata de um programa de televisão que acompanha o dia-a-dia desta família, declarou:”Nossa família sabe como a televisão verdadeiramente atraente vem de pessoas reais sendo elas mesmas”… “Contando suas histórias sem filtros e sem roteiro” – completou a outra, provocando o deboche da plateia – Plateia debocha da “vida real” das superexpostas Kardashians (terra.com.br)

Outras facetas da superexposição

A superexposição pode ser observada também em notícias a respeito de políticos que para não serem postos na prateleira merecida do esquecimento, fazem declarações bombásticas, não importando quão ofensivas e falsas estas sejam.

Por exemplo, nas eleições de 2018, o partido vencedor com o apoio de voluntários, inclusive do campo religioso e midiático, se empenhou na propagação de notícias falsas – como a chamada “mamadeira fálica“.

O medo e a ignorância afetaram profundamente o resultado daquelas eleições.

Porém, uma vez eleito e sem projetos, os eleitos passaram a se destacar pelas declarações bombásticas, como as da senadora que acusou sem prova o tráfico de crianças na ilha de Marajó. – saiba mais no link:

Investigamos a violência sexual no Marajó – e não é nada do que a ministra Damares diz – Agência Pública (apublica.org);  Em culto, Damares acusa sem provas tráfico de crianças na Ilha de Marajó (globo.com).

Um público despreparado? – As consequências

Um detalhe interessante na notícia acima é que ela ganhou terreno inicialmente dentro de igrejas.

Por causar choque e ser divulgada por pessoas, que deveriam ser, no mínimo, sérias e honestas, os fiéis sem poder de questionamento as espalham como deveriam fazer com o que aprendem sobre Deus.

O governo eleito foi entregue aos cuidados de uma Câmara, que adquiriu superpoderes e o presidente passou aparecer em motociatas, carreatas e em um  monte de bravatas.

A superexposição nestes casos, deu certo? – A resposta é sim.

O resultado das eleições seguintes não surpreendeu pelo número de falsos moralistas, de influencers e de envolvidos em polêmicas.

Os eleitos transformaram o púlpito da Câmara em palanques eternos e se apresentam para polemizar, sem nenhum projeto de futuro, que não seja garantir vantagens pessoais.

O artifício da superexposição e os riscos

A superexposição é usada com sucesso por pessoas do meio artístico e da política e pode ser danosa, principalmente a quem não está preparado para isso.

Com o avanço tecnológico e a criação das mídias sociais as pessoas passaram a postar muitas coisas a respeito de si, como viagens, localização atual e postagens de informações não recomendadas.

Fotos da hora em que despertam, fotos da hora do almoço e daquilo que estão comendo e mesmo fotos de momentos de intimidades em seus relacionamentos.

Além de problemas à saúde mental, o indivíduo pode estar fornecendo aos cybercriminosos todas as informações necessárias para um golpe.

– Saiba mais no link  Quais são os efeitos da superexposição nas redes sociais? (hotmart.com).

O que muitos não sabem é que, na  maioria das vezes, a superexposição de artistas e políticos, é milimetricamente calculada por acessores que sabem lucrar com  venda e direitos de imagem.

O Direito à Privacidade

O Direito à Privacidade é um Direito Fundamental, previsto na Constituição Federal onde se estabelece que não deve ser violado. – saiba mais no página Direito a Privacidade e sua Importância: Guia completo e Jurídico (diegocastro.adv.br)

A experiência mostra que o respeito a privacidade não é muito comum.

Veja exemplos no link a seguir  “Manda Nudes”: Histórias de quem expôs a intimidade – Revide – Notícias de Ribeirão Preto e região

Os danos colaterais podem ser ainda maiores, como no caso da jovem que cometeu suicídio após ter suas imagens íntimas divulgadas.

–  RS: adolescente comete suicídio após ter fotos íntimas divulgadas na web (terra.com.br).

Infelizmente, casos assim não são raros.

Compartilhar imagens íntimas sem autorização é crime. Saiba mais Compartilhar imagem íntima sem autorização é crime; veja como denunciar – BBC News Brasil.

O que se pode fazer?

Quando se passam os 15 minutos de fama, o que resta?

Para aqueles que usam a superexposição profissionalmente os lucros talvez compensem.

Mas, será que vale à pena vender a própria privacidade? Mesmo alguns que investiram profissionalmente na superexposição revelaram o stress e a possível depressão consequentes disso.

Portanto, mesmo quando alguém íntimo pede um Nude, como prova de amor, tenha bom senso.

Não é uma prova válida e pode gerar um monte de dor de cabeça no futuro, como nos casos de revenge porn ( vingança pornô), em que um namorado sai criminosamente divulgando imagens íntimas, após o fim de um relacionamento.

A resposta é NÃO NEGOCIE A SUA PRIVACIDADE!

Em casos de divulgação de imagens íntimas, denuncie a SAFERNET, que possui vínculos com o Ministério Público Federal. – O que fazer caso alguém publique suas imagens íntimas na Internet | Exame.

Embora a superexposição seja amplamente explorada e produza certa popularidade, a vida precisa significar mais que apenas os 15 minutos de fama.

Gilson Cruz

 

Vivemos na era da superexposição.

As pessoas fazem o impossível para prolongar os 15 minutos de fama desde plantar na mídia notícias sobre novos relacionamentos até mostrar demais numa praia, desde envolver-se em confusões até fazer tatuagens em partes íntimas – que não deveriam ser interessantes a mais ninguém.

Leia também Qual o preço de uma amizade? ‣ Jeito de ver

 

O papel da imprensa e a História

Menino Palestino sobre escombros. A História não compensará as perdas. Veja o papel da história e da imprensa.

Imagem de hosny salah por Pixabay

E as canções de guerra continuam no ar

As notícias sobre a guerra são, na maioria das vezes, distorcidas.

Há crianças sob os escombros.

Apenas um lado da história é estabelecido como verdade absoluta. – Nilson Miller

A história não julga

Acreditar que haverá um julgamento por parte da história é mais uma licença poética.

A maioria dos tiranos, assassinos e ditadores viveu impunemente, descansou em berço esplêndido e deixou a seus descendentes não a vergonha, mas suntuosas heranças.

Seus nomes não foram esquecidos, mas sobrenomes foram trocados, e as injustiças que praticaram beneficiaram seus sucessores, que usufruem graciosamente de todo o mal causado ao longo do tempo.

Quantos ladrões não deixaram seus filhos ricos, enquanto aqueles que sofreram injustiças e foram lesados continuam presos às mesmas condições de miséria?

Quantos enriqueceram com o tráfico e a exploração de escravos, enquanto os descendentes destes seguem discriminados e humilhados na hipócrita sociedade atual?

Ou quantos políticos fizeram fortunas e deixaram a seus filhos, enquanto o povo enganado sofre com a fome e a falta de esperança?

O papel da História

Não se pode colocar nas mãos da história o poder de julgar.

À história cabe apenas narrar os fatos conforme os relatos que prevaleceram e escancarar na face das pessoas o quanto foram — e continuam sendo — enganadas.

Como, no futuro, serão contadas as guerras na Ásia e no Oriente Médio?

As pessoas que perderam seus patrimônios ou foram escravizadas jamais foram compensadas.

Voltando no tempo, analise o que aconteceu às cidades de Hiroshima e Nagasaki.

Nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, milhares de vidas inocentes foram apagadas da história pelo uso de bombas atômicas.

O lançamento dessas bombas marcou o fim da Segunda Guerra Mundial.

E a história “esqueceu” de compensar aquelas pessoas, assim como esqueceu de compensar as vítimas do ataque do exército japonês aos habitantes da pequena cidade de Nanquim, na China, onde, em 1937, todas as atrocidades possíveis foram cometidas.

Os japoneses não costumam lamentar tais atos cometidos por seus exércitos! –

A história também esqueceu dos escravizados ao longo dos séculos.

O preconceito atual e as diferenças sociais são reflexos de quão péssima juíza teria sido a história. Veja:  Massacre de Nanquim: o brutal episódio do Japão Imperial

O futuro, o que dirá?

A história assume o papel de relatora.

Limita-se a contar parte do que aconteceu e mostrar o quanto não sabemos… e não aprendemos.

No futuro, como serão lembradas as mais de trinta mil crianças mortas, assassinadas pelo exército de Israel, que insiste em exterminar um povo sob o pretexto de combater o terrorismo?

Como será lembrado o massacre atual de palestinos? Como limpeza étnica? Como uma resposta a atos terroristas? Como atos de vingança de um país obstinado? Como genocídio? Ou como uma guerra contra o Hamas?

O vencedor contará a sua versão, e esta há de ficar nos registros, lamentavelmente, a despeito das milhares de vidas, de crianças e inocentes.

A ação de Israel, com o apoio do país mais bélico do mundo, espalha suas canções de guerra.

A história e os EUA

Sob o mesmo pretexto, os Estados Unidos — parceiro de Israel e principal fornecedor de armas — travaram guerra contra o Iraque na década de 1990, alegando a existência de armas de destruição em massa, o que se provou falso, como canções que narram as glórias da guerra.

A história revelou que havia interesses comerciais envolvidos. Naquela época: o petróleo.

Um dia, talvez, a história revele os reais interesses por trás dos conflitos atuais, quem se beneficiou das circunstâncias, quem foi deixado para trás… ou se há algo mais envolvido, como interesses comerciais.

Discordar das ações de extermínio promovidas pelo exército israelense não tornará ninguém antissemita.

Preocupar-se genuinamente com as vítimas palestinas não significará apoiar o Hamas, como muitos têm tentado fazer acreditar.

Todas as vidas são preciosas!

O papel da imprensa

A imprensa, como narradora dos acontecimentos, jamais será plenamente isenta.

O comportamento da imprensa brasileira durante o período da Ditadura Militar, quando patrocinada pelo governo, esquivava-se de relatar os abusos cometidos, transmitindo uma falsa sensação de segurança.

O mesmo ocorreu nas eleições presidenciais de 1989.

As eleições de 1989 exemplificam como um sistema de TV tinha o poder de manipular a opinião pública. Veja o vídeo sugerido: Muito Além do Cidadão Kane.

Sempre haverá a influência de anunciantes, cujos interesses estarão acima do bem comum.

Cada notícia será adaptada aos interesses desses patrocinadores e da empresa que a veiculará.

As redes sociais

Lamentavelmente, o descrédito na imprensa tradicional levou muitos a se informarem por meios bem menos confiáveis, recorrendo a fontes pouco fidedignas. As redes sociais assumiram o poder de influenciar as opiniões.

O número de pessoas que busca informações em grupos de WhatsApp cresceu a tal ponto que, durante a pandemia de COVID-19, muitas hesitaram em aceitar a vacina ou os meios de proteção recomendados.

Pessoas mal-intencionadas também aproveitam essa situação para criar sensacionalismo por meio de notícias bombásticas e bem elaboradas, que, na maioria das vezes, são disseminadas por aplicativos e redes sociais, como Facebook, Instagram, X e outros.

As canções de guerra…

E, de repente, as pessoas esquecem que, do outro lado, ainda há guerras em andamento — esquecidas pelos meios de comunicação que se cansaram de tais assuntos.

A imprensa continuará no seu papel de transmitir o que convém, agora disputando espaço com meios informais, que trarão um lado da história — verdadeiro ou não — nesta guerra de informações.

Os assuntos perdem as manchetes por não serem mais “a novidade”, como músicas que perderam destaque diante de algo mais relevante.

As vítimas continuarão sendo esquecidas, pois a informação ainda é um produto vendido — e isso não importa qual o meio de comunicação, se não há compromisso com os fatos.

Enquanto isso, a indústria das armas continua a aumentar seus lucros, enquanto vidas se vão — sem graça e sem pressa, em meio aos escombros.

Gilson Cruz

O papel da imprensa e a História – Jeito de ver

E esquecemos as Guerras … ‣ Jeito de ver

Video Sugerido:

* Os golpes e as tentativas de golpes já eram comuns desde o Império.

*Matéria publicada originalmente em Outubro/23

A falta de Educação Política e a corrupção

O Planalto Central, Brasília -DF. Qual a importância de se entender a Política?

Imagem de Renato Laky por Pixabay

 

Entendendo um pouco mais de política

“O Congresso Nacional é a cara do povo a quem representa” é uma frase comum, mas não é exata.

 

O Congresso do Brasil  é composto por 513 deputados, das mais variadas esferas e estados.

Estes são eleitos de acordo com partidos e propostas – e ultimamente, número de seguidores em plataformas de streaming!

DISTORÇÕES NO CONCEITO DE POLÍTICA

Em países como o Brasil, a educação política não é estimulada nas escolas.

Este pode ser um dos motivos da continuidade da falsa percepção, desenvolvida ao longo de décadas,  de que o voto não é importante, que sua é apenas função de colocar as autoridades em seus postos.

Por causa desta distorção, a prática de compra e venda de votos persiste apesar de ser ilegal e é geralmente feita longe dos olhos da justiça.

-Compra de votos (art. 299 do Código Eleitoral) — Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (tre-rs.jus.br)

Algumas vezes os próprios eleitores atuam como corruptores barganhando seu apoio em troca de favores ou benefícios.

A resposta a essa conduta é a indiferença dos políticos, que uma vez eleitos,  não se comprometem com promessas de campanha .

O valor do voto já foi pago e a participação popular se resume ao ato de depositar suas cédulas de dois em dois anos.

A EDUCAÇÃO – Prevenção

A educação política deveria ter um caráter preventivo.

Assim como um trabalhador é cobrado por resultados, sujeito a punições e demissão, a educação política fortaleceria a consciência de que o vereador, deputado, senador e até o presidente atuam como servidores públicos e devem ser cobrados.

A falta de tal conhecimento tem sido responsável pela idolatria e bajulação prestadas a políticos que muitas vezes atuaram contra os direitos já adquiridos.

A carência de tal educação se torna evidente quando se percebe a grande quantidade de artistas e estrelas da internet eleitos e o número de votos desperdiçados em tais atores do mundo político.

O raciocínio de que todos os velhos políticos são corruptos e que um novo seria a  revolução necessária, é enganoso.

ATRIBUIÇÕES DEPUTADO FEDERAL 

Examine as atribuições de um Deputado Federal, por exemplo:

. Propor, discutir e aprovar leis, que podem até mesmo alterar a constiruição.

. Aprovar ou não, as medidas provisórias do Presidente.

. Fiscalizar e controlar as ações do poder executivo, bem como os atos do presidente da república e seus ministros.

. Aprovar o orçamento da União.

. Quando há denúncias ou suspeitas de irregularidade, criar uma CPI para investigar um tema ou situação específica.

Fonte: O que faz um deputado federal? | Politize!

A IMPRODUTIVIDADE, O DESINTERESSE E AS FALSAS PAUTAS

Conhecendo as atribuições dos Deputados Federais examine a manchete no link a seguir:

28 deputados federais que propuseram só um projeto de lei por ano, ou menos, concorrem à reeleição – Estadão (estadao.com.br)

Não seria incorreto definir como “improdutivo” alguém que, num período de quatro anos não exerceu plenamente as suas funções.

Mais estranho, porém, é saber que aqueles que o elegeram NÃO acompanharam o desempenho dos seus eleitos.

Uma tática usada por políticos deste cacife é pautar questões polêmicas que os mantenham em evidência.

– Isso cria a ilusão de PARTICIPAÇÃO e REPRESENTATIVIDADE.

Aproveitando a onda dos sentimentos de revolta causados por programas jornalísitcos que exploram comercialmente a violência, surgiram candidatos cabos, tenentes, delegados, generais etc. que normalmente aparecem mais pela alcunha do que pelo desempenho.

Outros  tentam se apresentar como guardiões da moral e da boa conduta, atendendo a um  público mais conservador e religioso.

Examine a manchete, no link a seguir: Nikolas Ferreira vira réu após expor aluna trans de 14 anos em banheiro escolar de BH (globo.com); AGU avalia como enquadrar deputados por fake news sobre banheiro unissex (correiodopovo.com.br).

Observe, pautando assuntos que visam constranger e perseguir minorias alguns são eleitos para cargos maiores.

Na primeira manchete o político citado era vereador na segunda notícia, aparece como deputado eleito.

VERDADEIROS INTERESSES 

Muitos moralistas, defendiam um governo que se provou incompetente ao lidar com a pandemia da Covid 19, e que delegou ao Congresso a função de governar enquanto fazia motociatas, carreatas,” jet-ski-atas”, “jeguiatas” e novas modalidades de campanha com uso da máquina pública.

Um mesmo governo que zombava dos que morriam da COVID 19 e que de acordo com investigações, pode estar envolvido com milícias e a venda de joias que não lhe pertenciam.

Veja mais nos links:

Presidente da bancada evangélica na Câmara defende gesto de Bolsonaro a pastores do Nordeste | CNN Brasil; Exclusivo: bancada evangélica é fiel a Bolsonaro em 89% das votações – Congresso em Foco (uol.com.br);

. A ligação do clã Bolsonaro com paramilitares e milicianos se estreitou com a eleição de Flávio | Atualidade | EL PAÍS Brasil (elpais.com)

. A mesma hipocrisia e corrupção disfarçada é também escancarada quando os políticos se unem  para defender seus correligionários envolvidos em escândalos e corrupção.

A VERDADEIRA REPRESENTATIVIDADE ( mas, disfarçada é claro!)

Retornando ao ponto da representatividade, muitos são eleitos com o apoio de empresários e produtores rurais, e atuam conforme os interesses destes quando votam contra o meio ambiente e direitos trabalhistas – isso quando não são eles mesmos, os empresários!

Saiba mais nos posts abaixo:

Em cada 10 deputados federais, 6 têm atuação desfavorável ao meio ambiente, indígenas e trabalhadores rurais (reporterbrasil.org.br);

Sindicalistas protestam na porta do escritório de Mabel – Brasil 247

A EDUCAÇÃO POLÍTICA  – O QUE É?

A justiça eleitoral esporadicamente divulga notas educativas sobre o poder do voto com qualidade.

Estas notas são insuficientes, uma vez que é praxe dos veículos de comunicação colocar sutilmente os interesses de patrocinadores (empresários) em forma de notícias ou denúncias.

A educação deve começar na escola.

O direito de exercer o seu voto ou de manter-se neutro, se esta for a sua decisão consciente.

Acima de tudo, desenvolver o espírito crítico para avaliar de forma honesta, se aquele que foi escolhido para representar os interesses comuns está performando para vídeos em streamings, ou se está atuando para uma sociedade mais justa.

Os corrruptos não brotam do solo… são trazidos à tona por inocentes – ou por outros corruptos!

Gilson Cruz

Veja mais no link:

Corrupção no Brasil: consequência de séculos de desigualdade | Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP

O papel da imprensa e a História ‣ Jeito de ver

A educação política deveria ter um caráter preventivo.

 

Crianças ( Vítimas inocentes dos conflitos)

Menina Palestina. As crianças são vítimas inocentes, esquecidas.

Imagem de hosny salah por Pixabay

 

Gilson Cruz

“Pensem nas crianças
Mudas, telepáticas…”

(Rosa de Hiroshima, Vinicius de Morais)

A Rosa de Hiroshima: Uma Reflexão Sobre a Humanidade

Nota: O poema Rosa de Hiroshima é usada neste texto como um símbolo da destruição e do descaso com a vida humana em conflitos armados.

A Rosa de Hiroshima permanece como um símbolo trágico da destruição humana. Embora o palco e os atores mudem, a história se repete. A imposição pela força continua sendo uma realidade, frequentemente ignorando mulheres e crianças.

As convenções internacionais reconhecem o direito à defesa nacional, mas também preconizam a preservação da vida como um valor supremo. No entanto, essa teoria nem sempre se reflete na prática.

O Dilema Moral da Guerra

Considere a seguinte situação:

“Quatro criminosos sequestram um avião com 200 passageiros, exigindo resgate.

Para manter a ordem e prevenir ataques futuros, um líder decide por uma medida extrema:

‘Destruam o avião, com todos a bordo. Garantam que os sequestradores não sobrevivam!’

Qual seria sua reação? Aplaudiria a eficiência em eliminar a ameaça ou ficaria aterrorizado com a perda de vidas inocentes?”

Essa reflexão nos leva a questionar o real custo das chamadas “guerras cirúrgicas” e do impacto das decisões tomadas em nome da segurança.

Bombas de Precisão e Suas Consequências

Durante a Guerra do Golfo Pérsico, houve admiração pelo avanço das “bombas inteligentes” usadas pelo exército dos EUA. Contudo, mesmo as armas de “precisão” causam devastação ao seu redor.

Ao noticiar a eliminação de um líder militante escondido em um hospital, creche ou campo de refugiados, muitos veem apenas a morte do alvo, enquanto as vidas inocentes perdidas ao redor são frequentemente negligenciadas.

Essas vítimas, na prática, são tratadas como colaterais, descartáveis e sem lamento.

Os Investimentos na Guerra vs. na Humanidade

Se quisermos entender os valores de uma sociedade, basta observar onde ela investe seus recursos.

Em 2021, os gastos militares mundiais ultrapassaram dois trilhões de dólares, enquanto os investimentos anuais para o combate à fome giravam em torno de apenas 10 bilhões.

Estudos indicam que seriam necessários entre 50 e 700 bilhões para erradicar a fome no mundo, um valor significativamente inferior ao gasto com armamentos.

A discrepância entre esses números nos leva a uma pergunta incômoda: realmente valorizamos a vida?

A Percepção Seletiva da Vida Humana

Nos sensibilizamos de forma diferente diante das tragédias. Como reagimos às vítimas da fome na África e na América do Sul em comparação aos massacres ocorridos na Europa e na América do Norte? Por que a morte de crianças israelenses ou palestinas desperta reações distintas, dependendo do ponto de vista político ou midiático?

Se atribuímos maior valor à vida de um grupo étnico em detrimento de outro, já revelamos uma das principais razões dos conflitos.

Mudanças Necessárias

Diz-se que as maiores transformações começam dentro de cada indivíduo. A infância é um exemplo claro de como o preconceito é algo aprendido. Crianças de diferentes etnias frequentemente se reconhecem como iguais, sem a divisão imposta pelos adultos.

Histórias como a de um menino branco e um negro, que se vestiram igual e se consideravam gêmeos, nos fazem refletir sobre a pureza da percepção infantil.

Outro caso emblemático foi o de uma criança vestida como um membro da Ku Klux Klan, que, sem compreender o simbolismo, se encantou pelo escudo de um policial negro, aproximando-se sem medo ou ódio.

O que aprendemos ao longo da vida molda aquilo que somos. Ainda é tempo de reaprender.

A Desonestidade e a Exploração do Sofrimento

Além dos horrores da guerra, a desonestidade humana se manifesta em diversas formas.

Seja através de políticos que superfaturam contratos durante crises, criminosos que se aproveitam da impunidade ou jornalistas que justificam abusos conforme suas preferências ideológicas.

Também há líderes religiosos que enriquecem enquanto seus fiéis enfrentam dificuldades.

A indiferença diante dessas práticas reforça um ciclo de impunidade e desigualdade.

Não Esqueçamos das Rosas

A lembrança da Rosa de Hiroshima se expande para as incontáveis tragédias ao redor do mundo: Haiti, Iraque, Afeganistão, Ucrânia, Rússia, Israel, Gaza, e tantos outros lugares esquecidos.

Que não nos esqueçamos das rosas. Das vidas ceifadas. Dos horrores que poderíamos evitar se, de fato, valorizássemos a vida humana em todas as suas formas.


Matéria publicada originalmente em novembro de 2023.

Fontes:

O papel da imprensa e a História ‣ Jeito de ver

A Rosa de Hiroshima, de Vinícius de Moraes (interpretação e significado) – Cultura Genial

Guerra contra o Hamas: Armas dos EUA chegam a Israel – 11/10/2023 – Mundo – Folha (uol.com.br)

Conflito Israel-Hamas: o que explica o apoio incondicional dos EUA a israelenses – BBC News Brasil

Gasto militar mundial bate recorde e supera US$ 2 | Internacional (brasildefato.com.br)

Como combater a fome no mundo – e no Brasil? | Exame

Acervo do Conhecimento Histórico: Criança vestida de membro da Ku Klux Klan, tocando o escudo de um policial negro, (achistorico.blogspot.com)

 

A tragédia do Sarriá – A Copa de 1982″

A Seleção brasileira que encantou o mundo em 1982

Βαγγέλης Κορμπάκης by Pinterest

 

A tragédia do Sarriá

Gilson Cruz

Era 1982.

O mundo inteiro estava na expectativa da Copa do Mundo, que seria realizada na Espanha.

A Argentina vinha como campeã do último torneio, realizado em seu próprio País, mas a Alemanha, campeã de 1974,  viria forte, assim como a Italia, a União Soviética e a Seleção brasileria sob o comando de Telê Santana eram times excelentes!

A seleção brasileira já não sentia o gosto de um título mundial desde 1970, quando a seleção montada por João Saldanha, e então, sob o camando de Zagalo encantara o México vencendo o torneio, levando o Tricampeonato Mundial ( 1958, 1962 e agora 1970).

Não havia mais Pelé, Carlos Alberto, Félix. Gérson, Tostão, Jairzinho, Clodoaldo e aqueles outros gênios. Agora, novos gênios vestiam a camisa da seleção: Waldir Peres, Leandro, Oscar, Luizinho e Junior; Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico; Serginho (Paulo Isidoro) e Éder. – Nomes pra ninguém botar defeito!

Na hora das partidas,  os alunos eram liberados da escola, torcer pelo seleção canarinho, como dizia um samba da época.

 

As primeiras partidas.

A união Soviética, tinha um dos melhores goleiros da época e fez o primeiro gol numa falha de Waldir Peres.

Mas, aquela seleção tinha o que se costumava chamar de “futebol arte”, o saber jogar de modo belo e eficiente.

No gol de empate o Dr. Sócrates colocou a bola onde nem três Dassaev‘s (goleiro russo) conseguiriam chegar.

O gol de virada foi um dos lances mais belos da copa. Falcão enganou a zaga soviética deixando a bola passar por entre as pernas, Éder disparou um míssil que se acerta o goleiro – certamente, teríamos um óbito naquela Copa!

 

O Brasile desfilou um belo 4X1 sobre a Escócia e deu um show de 4X0 na Nova Zelândia.

Enfim, viria a campeã da última Copa – a Argentina!

O Brasil jogou muito mais do que se esperava e os hermanos nem sentiram o cheiro da bola!

Jogando com toques de bola rápidos e precisos, o Brasil enfiou 3X1 na bela Seleção Argentina.

Foi um baile!

Na falta de bola pra jogar, Maradona introduziu naquela copa de futebol, um pouco das artes marciais, ao atingir covardemente o jogador Batista com um coice no barriga!

 

Enfim, a partida acabara e a alegria tomava conta da pequena cidade, tão distante da Espanha.

Viria agora a Itália.

O selecionado Italiano não vinha num bom torneio.

Jogos irregulares, mas estava lá – pra enfrentar o futebol mais bonito da competição!

A partida mais importante – Um tal de Paolo Rossi

5 de Julho.

Estádio Sarriá de Barcelona.

O técnico italiano recuou o time, escalando dois especialistas em acertar as canelas de brasileiros: Gentile e Tardelli.

Os árbitros estavam lá para ocupar espaços no campo, idôneos como a FIFA. Veja mais no link a seguir – Erros de arbitragem: Zico tem camisa rasgada por italiano, mas pênalti não é marcado em 82 | globoesporte | ge.

Paolo Rossi ficaria nos espaços gentilmente cedidos pela zaga brasileira, esperando falhas que raramente aconteceriam.

– Mas não é que naquele dia, aconteceram uma, duas, três vezes!

Num ato displicente da zaga brasileira, troca de passes, o matador se aproveitou da primeira falha e fez o primeiro. – Sócrates marcou o gol de empate!

Paolo Rossi numa nova falha da zaga… Falcão empata num golaço!

Telê Santana, tentando reduzir os espaços na defesa, troca Cerezo por Paulo Izidoro – mas, naquele dia, NADA daria certo!

 

Num bate e rebate na área brasileira a bola sobra justamente nos pés daquele que entraria para a história como “o carrasco do Brasil da Copa do Mundo de 1982”.

 

Tive a impressão que naquele dia, se o Brasil fizesse nove gols, sofreria dez! –  Aquele era o dia da Itália!

Naquele bendito dia, acabaram as folgas escolares para torcer pela seleção.

Ao término da partida, lembro-me de ter sentado ao meio-fio, em frente à minha casa e chorar como um menino!

– Normal, eu realmente era um menino de Nove Anos.

Soube que mais adiante na rua, um tal de Manoel, decepcionado deu um tiro na Pobre Televisão.

Foi um dia realmente triste, um dia daqueles que ensinam que o Futebol (quando não há vendas de resultados, é claro!) é imprevisível!

O futebol arte passou a ser questionado

 

Ter um estilo, jogar com arte – passou a ser questionado, desde então.

O estilo Europeu da retranca, dos chutões e correria pra frente, passou a ser valorizado e defendido mesmo por especialistas!

Diziam os “sábios”: – “Adianta jogar bonito? Sem ganhar nada? Futebol tem que ser de resultados…o show se dá, quando se est´pa ganhando…”

E o futebol pragmático começou a ganhar terreno.

 

E a Seleção brasileira ganhou dois títulos mundiais desde então, com alguns lampejos daquele futebol.

 

Tragédias da seleção brasileira

Não imaginava, que um dia no futuro, veria uma seleção brasileira jogando uma Copa, dentro de casa, mais precisamente no Estádio Mineirão, Belo Horizonte, sofreria uma derrota humilhante para a Seleção Alemã.

Um 7X1 bem convincente!

Talvez, se ainda fosse uma criança como nos idos 1982, eu tivesse chorado, como fizeram os brasileiros que assistiram ao desfile da Seleção Alemã em 2014.

Não consegui chorar!

Era uma seleção medíocre, dependente dum jogador sem compromisso, mais preocupada em festas, em memes e em valorizar o próprio passe. – A seleção se tornara uma vitrine para expor e vender seus produtos, para quem os torcedores não tinham a menor importância!

A verdadeira tragédia do Sarriá não foi a derrota da Seleção com o mais belo futebol apresentado.

Foi a queda gradual da qualidade de um esporte em que se podia esperar a competição entre estilos diferentes.

 

A trajetória da Seleção Brasileira na Copa de 1982 – Confederação Brasileira de Futebol (cbf.com.br)

 

Leia também Clube de Regatas Flamengo – o mais querido ‣ Jeito de ver

 

O incentivo aos Músicos Anônimos

Acordes num violão. Músicos em início de carreira precisam de incentivos! Como ajudá-los?

Imagem de Сергей Игнацевич por Pixabay

Ou, talvez, o incentivo que falta aos músicos anônimos…

O lado músico

Apaixonado por música, costumo sair às noitinhas para ouvir os sons nos bares do centro da cidade.

O som produzido por músicos ainda anônimos me atrai. Esses músicos tocam por trocados para alimentar o sonho e a família, dando o seu melhor.

Enquanto isso, clientes conversam entre si, bebem, falam de futebol, novelas, filmes, falam de tudo — menos da canção que vem do pequeno palco, cuidadosamente preparado para o artista. O cachê é pequeno — pequenas cidades significam pequenos movimentos.

Em cada canção, uma emoção diferente.

Tudo o que ele aguarda são aplausos. Pois bem sabem os verdadeiros músicos: são os aplausos que alimentam sonhos. E, como diz a canção, sonhos não envelhecem.

Mas os sonhos também precisam ser alimentados com o uso correto de incentivos, também pelo poder público, que pode organizar festivais municipais e eventos culturais.


A Lei Rouanet

A Lei Rouanet, de 1991, foi criada com o objetivo de incentivar e fortalecer a arte e a cultura (Lei 8.313 de 23/12/1991).

Por quê?

Bem, apesar de muitos porquês, lembre-se:

O primeiro objetivo de um conquistador e colonizador é sobrepor sua cultura à dos nativos, pois a cultura é a raiz, a força de uma sociedade.

A cultura é a identidade de um povo.

A música norte-americana domina o mundo inteiro. Mas não é apenas pela qualidade, há também o interesse em sua divulgação.

O mesmo pode ser dito das propagandas do American way of life (modo de vida americano) por meio dos filmes hollywoodianos.

Nesta mesma linha, testemunhamos a explosão do K-POP (cultura pop sul-coreana), promovida por grupos super bem coreografados, filmes e séries.

Os governos desses países apoiam a cultura, pois sabem que o fortalecimento da imagem gera retorno em maior exposição, resultando em maior interesse de outros países por sua cultura e, consequentemente, aumento em vendas e turismo.

Dominando a cultura, será mais fácil dominar as outras coisas — principalmente o modo de pensar.


As leis de incentivo à cultura – Um pouco de história

A lei de fomento à cultura já existe há muito tempo no Brasil. Por exemplo, em 1967 foi criada uma lei que abatia do ICM qualquer gasto com gravações de artistas nacionais.

Os aprovados recebiam o selo “Disco é Cultura”, frase comum em quase todos os Long Plays (LPs).

O “Disco é Cultura” fazia parte do incentivo do governo para a disseminação da música e de artistas nacionais.

Os benefícios seriam imensos para a arte, a história e a economia do país.

Artistas nacionais dos mais variados estilos eram descobertos e divulgados, numa troca cultural e econômica.


A Lei Rouanet sofrendo ataques

A Lei Rouanet tinha objetivos semelhantes.

O valor que empresários investissem na cultura seria deduzido do imposto de renda, resultando em ganhos para o investidor, para o artista e para a cultura.

Esta foi duramente atacada e distorcida por quem não a entendia ou talvez tivesse a intenção de enfraquecer a cultura.

Saiba mais nos links: Lei Rouanet: conheça a lei de incentivo à cultura | Politize! e Lei Rouanet: O que é, Como Funciona e Mitos – FIA.

Tornou-se lugar comum referirem-se a artistas que faziam uso desta lei como vagabundos e “mamateiros” (termo usado para insinuar que aqueles que se beneficiavam da Lei Rouanet eram “privilegiados”).

Alguns artistas passaram a ser humilhados por isso.

A população mal informada comprou a ideia, mas não percebeu o que acontecia nos bastidores.

Enquanto criticavam uma lei, que apesar de imperfeita era legítima, aconteciam as verdadeiras distorções.


As distorções

A crítica à Lei Rouanet tornou-se uma cortina de fumaça para casos escabrosos como o exemplo a seguir:

Pequenos municípios no interior do Brasil faziam contratos de shows por valores absurdos, com artistas medíocres, divulgados por uma imprensa massiva como o “sucesso” do momento.

Alguns exemplos nos links: Megacachês: Agropop surpreendido de calça curta – Outras Palavras e Sobre o desvio de recursos públicos para cachês milionários em shows de cantores sertanejos – CTB.


Panem et circenses…

“Dêem pão e circo e o povo estará satisfeito…”

Como na canção Panis et Circenses, de Gilberto Gil, “as pessoas estão ocupadas em nascer e morrer”.

As pessoas estão condicionadas a achar que estão recebendo benesses das prefeituras por assistirem a tais “artistas” superfaturados e não questionam o mau uso dos recursos públicos.

Diferente das plantas da canção, “cujas folhas procuram o sol e as raízes procuram no solo seus nutrientes”, não conseguem supor que, às vezes, quando não são vítimas, são participantes de uma fraude!

Os pequenos músicos, talentos que resistem a uma sociedade míope, dão o melhor de si, na esperança de serem descobertos e patrocinados neste sistema já corrompido.

Que a cada canção bem executada esperem, além do pequeno cachê, o reconhecimento de todo artista, tanto em aplausos quanto em incentivos, para viver da arte e para a arte.

 

Empresário nega fraudes na Lei Rouanet, mas CPI pedirá quebra de sigilo bancário – Notícias – Portal da Câmara dos Deputados (camara.leg.br)

Músico e empresário depõem na CPI da Lei Rouanet e negam participam em fraude | Agência Brasil (ebc.com.br)

Gilson Cruz

 

Que tal compor a sua obra de arte? ‣ Jeito de ver

Canções de Guerra – o jogo da desinformação

Jerusalém. As guerras e a desinformação.

Imagem de DEZALB por Pixabay

 

Nota: A matéria a seguir não entra em detalhes sobre conflitos armados ou sobre terrorismo. Objetiva informar e estimular o debate, a reflexão.

Os links fornecerão um pano de fundo para ajudar na compreensão, de modo que o leitor possa relacionar os fatos.

O site Jeito de Ver concorda com as palavras do cantor, que disse uma vez: “Não importa quais sejam os motivos da guerra, os da paz serão sempre mais importantes” – John Lennon

Canções de Guerra

As histórias se repetem…As canções de Guerra estão no ar, trazendo a destruição da humanidade e da humanidade que há em nós.

Os jornais parciais informam pouco, espalham propagandas, boatos e o que há de mais triste nos homens: a capacidade de capitalizar em cima das desgraças alheias.

Enquanto isso, a indústria das armas de fogo superaram gastos de 2 trilhões de dólares ao passo que milhões de pessoas vêem a noite chegar e partir sem o direito a uma alimentação digna.

Fonte: Gasto militar mundial bate recorde e supera US$ 2 | Internacional (brasildefato.com.br); Insegurança alimentar: 735 milhões de pessoas passam fome no mundo (uol.com.br)

O jogo da informação

Não há motivos para tais  atrocidades.

Alguns, como no passado, culpam a  uma etnia e tentam exterminá-la como fizeram os nazistas na Europa, ou como na África fizeram os Hutus e os Tutsis, na guerra étnica pelo poder, entre os  anos 1990 e 1994.

Fonte: (Folha de S.Paulo – Entenda o conflito entre hutus e tutsis de Ruanda – 23/8/1995 – uol.com.br)

Ou como, mais recentemente vêm fazendo os Russos e os Ucranianos, países vizinhos e que deveriam ser irmãos.

Fonte: Por que a Rússia invadiu a Ucrânia? – Brasil Escola (uol.com.br).

E como agora, vem sofrendo Israelenses, vítimas de atos terroristas, liderados por um governo suspeito de corrupção, opressor do povo vizinho, os Palestinos que residem  na faixa de Gaza, descrita como a maior prisão a céu aberto do mundo, oprimidos tanto pelos que os governam, o grupo Hamas, quanto pelo País vizinho – Israel.

Fonte:  Questão Israel-Palestina: 73 anos de limpeza étnica – Jornal do Campus (usp.br);10 perguntas para entender o conflito entre israelenses e palestinos – BBC News Brasil

Calcula-se que haja aproximadamente  entre 40 e 50 mil membros efetivos do Hamas, numa população de 2 milhões de palestinos.

Fonte: Hamas: o que é o grupo palestino que enfrenta Israel – BBC News Brasil.

Analisando a vida na faixa de Gaza

A vida na faixa de Gaza pode ser classificada como insalubre.

“Privados do direito de ir e vir, tendo recursos bloqueados pela governo da nação vizinha, os Palestinos já vêm há um longo tempo, sendo privados do direito a uma  vida digna, sob o argumento de prevenção a possíveis ataques terroristas – como o que aconteceu recentemente, resultando na morte de jovens que se divertiam num festival de música.

Fonte: BBC News Brasil ; O horror no festival de música eletrônica perto de Gaza (oantagonista.com.br); G1 – Saiba como é a vida na Faixa de Gaza – notícias em Mundo)  -globo.com

As cenas de horror estão sendo amplamente divulgadas e o Governo de Israel em retaliação, prometeu travar uma Guerra contra o grupo radical Hamas.

E como tem sido o ataque?

A retaliação israelense

A Ação tem sido a mais esmagadora possível.

Sob o pretexto de combater o Terrorismo, prédios civis estão sendo bombardeados, a energia elétricade que já era escassa está sob ameaça de blackout total e civis, homens, mulheres e crianças em hospitais, morrem – nesta guerra infinita e insana.

Fonte – Veja o drama de um Pai Palestino no link a seguir. “A cada bomba minha filha tapa as orelhas e pergunta ‘o que é isso, papai?'”, diz palestino-brasileiro na Faixa de Gaza (rfi.fr)

Alguém  talvez possa argumentar: -“Na guerra há efeitos colaterais!”

Verdade.

Mas, mesmo numa guerra existem REGRAS!

Explicando Terrorismo

Veja uma definição para Terrorismo:

“Atos criminosos pretendidos ou calculados para provocar um estado de terror no público em geral…

“Dessa forma, de acordo com a definição ONU, para que se possa diferenciar uma ação terrorista de outras ações violentas, é preciso analisar o contexto geral em que tal ação foi tomada. Normalmente, terroristas agem com o fim de  atingir as vítimas diretas de seus ataques.

Matar um grupo de pessoas X ou Y não faz tanta diferença: o que realmente importa é que o ato seja chocante o suficiente para aterrorizar o resto da sociedade, movimentando a imprensa, as redes sociais e os órgãos governamentais.

No fim das contas, um ato terrorista serve como uma vitrine para grupos terroristas se promoverem, mostrarem força e desafiarem seus inimigos. O grupo terrorista consegue dessa forma chamar atenção para suas causas políticas, que geralmente são bastante radicais.

Definição de Terrorismo

De maneira semelhante, o governo dos Estados Unidos também traz uma definição explícita do que seria o terrorismo: “[…] violência premeditada e politicamente motivada, perpetrada contra alvos não-combatentes e praticada por grupos ou agentes clandestinos, normalmente com a intenção de influenciar um público”. Ou seja, os ataques terroristas teriam alguns fatores em comum, que seriam:

  • Premeditação: sempre são planejados previamente pelos seus perpetradores
  • Fim político: o grupo pretende causar algum efeito na esfera política, como motivar governantes a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
  • Vítimas são civis: atos terroristas não acontecem em um campo de batalha, onde o conflito e a violência já são esperados; o terrorismo ocorre de maneira inadvertida em espaços públicos de grande circulação (prédios, praças, shoppings, voos comerciais, aeroportos, boates, etc)
  • Grupos clandestinos: os grupos políticos que realizam ataques terroristas existem sem reconhecimento e respaldo legal: não são partidos políticos, entidades governamentais, intergovernamentais. Normalmente são grupos que procuram justamente derrubar governos ou até mesmo a ordem internacional de uma forma geral
  • Objetivo é obter audiência: o ato terrorista serve tanto para aterrorizar a população, quanto para convencer outras a aderir às causas do grupo (o Estado Islâmico, por exemplo, tem conquistado novos adeptos ao longo do tempo, até mesmo em países ocidentais)

Fonte- Matéria extaída de Site Politize! – O que é terrorismo? | Politize!

O Registro histórico e o tempo

O registro histórico é sempre a narração conforme o ponto de vista dos mais poderosos, assim como aconteceu quando os Estados Unidos fez uso de argumentos parecidos para invadir o Iraque, enquanto empresários já planejavam  dividir o Petróleo da Região. –Guerra no Iraque: uma mentira e suas longas | Internacional (brasildefato.com.br)

O tempo vai mostrar as consequências desastrosas ao Povo Palestino à reação de Israel aos ataques terroristas do Hamas.

E no Brasil, tão distante, políticos mal intencionados tentam associar a imagem de adversários a apoiadores do Hamas!

Mesmo com as  grandes potências definindo o Hamas como célula terrorista, o Brasil segue o que está estabelecido pela ONU.

O número de civis mortos por Israel ultrapassa 40 mil, fato esquecido ao se noticiar a execução de líder terrorista.

As notícias soam como canções,  péssimas canções de guerra, que se espalham, entretêm, mas não induzem à reflexão.

As vítimas esperam um tempo de Paz “em que os homens não aprenderão mais a Guerra” (Isaías 2:4). Pois não sabem mais o que esperar!

Gilson Cruz

Veja  mais: O papel da imprensa e a História ‣ Jeito de ver

Consulta : Por que Brasil não classifica Hamas como ‘grupo terrorista’ | Mundo | G1 (globo.com)

Postado originalmente em Novembro 2023,

 

O lobo mau dentro de casa (a vida real)

Criança deprimida. Muitas crianças sofrem maus tratos de pais ignorantes.

Imagem de Mandy Fontana por Pixabay

 

 

Falaremos sobre a criação de filhos.

Criar filhos é prepará-los para um mundo que está  sempre em movimento. Um mundo de mudanças, surpresas e desapontamentos.

Em décadas passadas, havia uma disparidade na maneira como se educava  meninos e  meninas.

Analisaremos o problema na raiz.

O PROBLEMA NA RAIZ: A má Educação 
e as consequências

Notava-se neste País de cultura Patriarcal a seguinte distinção na criação dos filhos:

Os meninos eram ensinados a agir como seres superiores, capazes de tudo. Podiam brincar do que quisessem.

Eram incentivados a se mostrarem homens desde bem cedo, “aprenderem a namorar” desde a infância.

Ao passo que a menina era a caça, às vezes proibidas de até mesmo terem acesso à educação.

Seus brinquedos seriam bonecas, para que desde bem cedo aprendessem a ser futuras mamães. Não podiam aprender a ler e a escrever, para que não se comunicassem  com seus namoradinhos.

Sobre os ombros destas jovens, havia o peso de carregar a obrigação da virtude (como eles chamavam a virgindade) e caso elas fossem enganadas e “desvirtuadas “( como diziam na época) seriam expulsas de casa, por não serem “mais nada“.

Expulsas de casa, desonradas pelos pais, mal faladas pelos vizinhos e sem amparo de parentes as jovens muitas vezes conseguiam refúgio em casas de prostituição, onde passavam a trabalhar, entenda-se, vender seus corpos, por uma remuneração.

Lamentavelmente, houve casos de jovens não suportarem a pressão da sociedade e cometerem suicídio.

O preconceito e a educação numa sociedade patriarcal

Às meninas a cobrança, a humilhação e às vezes o suicídio.

Aos homens, a fama por suas realizações, traduzida na seguinte frase machista, tantas vezes ouvida e repetida:   -“Prendam suas cabras , pois o meu bode está solto!”

E essa sociedade patriarcal  pervertida, tenta se perpetuar por meio do machismo, presente  também na objetificação da mulher e em relacionamentos abusivos e misóginos em que o homem diz poder trair e punir pelo simples fato de ser ele o homem!

Exemplos sutis da objetificação da mulher, também se dá naquelas conhecidas festas em que há a promoção “Mulher entra sem pagar!“, onde o altruísmo se traduz no fato de que as mulheres servirão apenas de chamariz para caçadores famintos.

As consequências de tal objetificação é trágica. Veja os exemplos nos links a seguir. – Homem que matou mulher dois dias após assinar o divórcio é preso em MG | Zona da Mata | G1 (globo.com);

Por não aceitar fim do relacionamento, homem mata a ex-sogra a facadas e fere a ex-namorada | Centro-Oeste | G1 (globo.com)

As consequências da objetificação da mulher vão desde não respeitar seus desejos e vontades a até mesmo puni-las com a morte.

As mulheres seriam meros objetos a favor dos homens.

Nesse sistema abusivo, não tardaria a haver um clamor por mudanças. Nasce daí o Feminismo.

O que é o Feminismo

As mulheres lutariam para ter liberdade nas suas escolhas, lutariam por demandas justas e exigiriam respeito pelo que são.

Parece injusto?

Isso é o Feminismo. Contrario ao que muitos imaginam FEMINISMO não é o contrário de MACHISMO.

O Feminismo é a luta pelos direitos da mulher e pela igualdade de gêneros e Machismo é uma atitude, um comportamento fundamentado na ideia de que os homens são superiores às mulheres. Veja – O que é feminismo? – Brasil Escola (uol.com.br)

O feminismo tem suas raízes lá no final do século XVIII, na França e tem ganhado força desde então, com a conscientização de uma sociedade, que antes aceitava o machismo como sendo algo natural e que então despertou para princípios de igualdade.

Atualmente, mais mulheres atuam na política e na liderança em outros campos, apesar da resistência de muitos a presença feminina não deve ser encarada como competição por espaço, a espírito deve ser de cooperação e de entendimento, pois as habilidades se complementam.

Há espaço para o diálogo. Em nome de uma tradição de dominação e incapazes de dialogar, por se sentirem inseguros, esperneiam e divulgam fake news a respeito deste movimento, que nada mais é do a procura de tratamento igualitário.

Os mesmos machistas sentem saudades do tempo em que homens traídos eram cobrados a cometer o crime pela honra, quando eles mesmos podiam trair.

Apesar de muitos avanços, ainda há muito a se mudar para que haja a justiça.

A necessidade de mudanças
Reeducação dos pais

Muitos pais precisam ser reeducados, pois embora vivam neste seculo XXI ainda se comportam como aqueles que privam seus filhos da socialização e educação necessárias a um bom desenvolvimento da personalidade.

Por exemplo, num município da Bahia, um senhor mantinha por  meses  filha e esposa em cárcere privado, numa pequena sala, sob a ameaça de um revólver.

Fonte-  Homem é preso por manter companheira e filha em cárcere privado no interior da BA; mulher estava em estado de depressão | Bahia | G1 (globo.com)

Apesar dos danos psicológicos causados à mulher e à filha, o homem desfruta a liberdade gloriosa dos filhos deste sistema machista.

Não se sabe exatamente os motivos que levaram o senhor da reportagem citada acima a cometer tal crime, provavelmente o desejo de proteger a filha de predadores, dos lobos mencionados anteriormente nesta matéria.

O fato infeliz, é que apenas ele conhece os seus próprios motivos, apesar de não dizê-los – e o pior, é que a vida de sua filha jamais voltará à normalidade!

Devemos admitir que apesar de todas as lutas, de todas as mudanças na sociedade, a mudança na raiz, que é a forma de pensar o mundo, será a luta mais árdua.

O mesmo ciclo continua, em que pais mal informados, mal direcionados, talvez  imaginem proteger suas filhas do mal – sem percebem que são eles próprios o problema, o Lobo Mau na história.

Veja mais De Degraus e Silêncios – Um Pai Solitário ‣ Jeito de ver

 

 

 

 

Um novo tempo – Parte 2 ( Repensar)

Uma velha televisão. Não havia liberdade de expressão quando o Brasil esteve sobre o Regime Militar.

Imagem de StockSnap por Pixabay

Um novo tempo… A ditadura

As décadas de 1960 e 1970 foram marcadas pela repressão à liberdade de expressão e o controle da informação.

As informações eram controladas por um regime, que ditava o que deveria ser noticiado e como deveria ser anunciado.

O sistema educacional seguia nos mesmos trilhos.

O lema  “Brasil, ame-o ou deixe-o”, soava como o atual: “Se não gostou, pede pra sair…”

Sim, o sistema educacional era também moldado por esta filosofia.

O lema “a Pátria acima de Tudo” era repetido nas TV’s, nas rádios e nas escolas.

A imprensa acorrentada

A censura tranmitia a falsa impressão de paz, não haver motivos para manifestações, o governo da época não “cometia absolutamente nenhum crime”.

Não havia como divulgar livremente os desvios de recursos públicos, por exemplo, na construção da Usina de Itaipu.

Aqueles que investigassem ou questionassem teriam o mesmo destino que o embaixador José Jobim.

Veja o link CORRUPÇÃO NA CONSTRUÇÃO DA USINA DE ITAIPU PODE TER MOTIVADO A MORTE DO EMBAIXADOR JOSÉ JOBIM – Documentos Revelados.

Perseguidos, desaparecidos e mortos pelo Ditadura não eram mencionados e quando mencionados era sob manchetes falsas.

Por exemplo: a morte de Wladimir Herzog, professor, jornalista, assassinado nos porões da Ditadura após intensa tortura, foi noticiada como suicídio.

A ignorância era requisito para não ser classificado como inimigo do Estado. – Era uma bênção!

Esta é a razão por que muitos dos que viveram naquela época ainda acreditam não haver corrupção ou violência nos governos militares.

A educação, a base, era moldada aos interesses do Governo.

Um excelente resumo

Observe abaixo um trecho extraído do site Le Monde Diplomatique:

Um Brasil em construção neodesenvolvimentista para a formação profissional, técnica, sem estudos de formação crítica.

História e geografia, por exemplo, eram substituídas por “estudos sociais” com destaque para nenhum tipo de alusão ao escravismo, ao colonialismo, e às contínuas invisibilidades das lutas sociais e populares ao longo dos mais de quatrocentos anos de invasão sob diversas expressões políticas que tendem a expressar, sem discussão, uma ideia de soberania e autonomia nacionais.

Isso sem falar que nesse período, jamais saberíamos logo disto, muitos grandes nomes de pensadores e militantes já estavam mortos. Outros tantos exilados, tendo passado antes por torturas, interrogações, desaparecimentos.

Tudo isso compunha um álbum maior do que o retrato 3×4.

Mas ele não está presente nas casas de parte expressiva da classe trabalhadora, equivocadamente tratada como média no Brasil.

Se de média se trata, nem a da escola, nem a dos valores a tornou de fato consciente sobre esse período que precisa, de fato, ser tirado a limpo por essa mesma geração, agora entre 40 e 50 anos”.

– Veja : A torturante função da educação na década de 1970 – Le Monde Diplomatique

A educação e a arte

A disciplina na época era a mesma de países ditatoriais: “Aprenda o que queremos, nos seja útil” .

Os alunos eram disciplinados a seguir um padrão condicionado por uma elite militar, enquanto as benesses eram dadas a quem a pátria era realmente a mãe gentil.

O sistema educacional se resumia aprender o suficiente para uma profissão mediana, decorar preceitos e datas, cantar hinos nacionais mesmo sem entendimento de uma frase sequer das letras.

Os conceitos de livre pensamento, de livre expressão – de liberdade, eram definidos por aqueles que lucraram com o golpe militar em 1964.

Poetas e Compositores tinham que usar e abusar da criatividade para criticar o sistema, como Chico Buarque nas canções “Vai Passar”, “Cálice” e muitas outras , Caetano em “Tropicália”, bem como muitos outros artistas. – 18 músicas famosas contra a ditadura militar brasileira – Cultura Genial

Uma das mais belas canções compostas neste período, a canção “Novo tempo”, 1980, de Ivan Lins, sinalizava a mudança, a esperança e a incerteza do que viria após este período de trevas.

A mudança era necessária, a disciplina era pelo medo de cair nas mãos de uma polícia que era famosa pela violência.* Apesar dos perigos…

Nessa década a literatura marginal surgiu como um desafio às convenções, mostrando que a arte de escrever poderia e deveria assumir outras formas.

A educação pelo constrangimento

E enquanto isso, nas cidades do interior, alunos eram moldados por mestres impacientes, que não hesitavam em usar de violência física para “facilitar a entrada do conhecimento” nas cabecinhas machucadas.

Um episódio marcante já próximo ao fim do período militar, se deu em 1982, numa cidade do interior da Bahia:

Um aluno de oito anos perguntou à Professora após observar num desfile de 7 de Setembro, o por quê de haver muitos símbolos que representavam a cultura estadunidense, como bonecos do Universo Disney.

Não havia referências à escravidão ou a indígenas.

A professora chateada esbravejou: “ ISSO É CULTURA”, chamando-o de burro!

E aquele aluno, para o bem de sua vida, calou-se, AGRADECENDO a resposta.

A liberdade daquele desfile celebrava o domínio e influência cultural dos Estados Unidos, país que financiou o golpe de 1964 no Brasil e em outros países na mesma década.

A verdadeira cultura, a verdadeira origem do povo, as verdadeiras influências eram renegadas.

Então, em 1985, o regime militar e  seu desprezo pela cultura, pela individualidade e pelo acesso à informação chegou ao fim.

A necessidade de repensar e refazer

Enfim, “um novo tempo” precisava ser pensado, o sistema educacional precisava ser repensado para a que formação de verdadeiros cidadãos ganhasse força. Era preciso construir um novo pensamento.

Algo deveria ser REFEITO!

Leia  Um novo tempo – Parte 3 Refazer – Jeito de ver

É sobre o que falaremos na PARTE 3.

Notas

* A truculência da sistema policial da época moldou o temor e a confiança que muitos na atualidade têm da Polícia na atualidade.

Em muitos casos verifica-se, ainda hoje, a típica ação violenta comum no Regime Militar nas abordagens a pobres e a negros, ao passo que

mantém  a discrição e respeito no tratamento a bandidos ricos e de pele clara.

Os meios de comunicação e a política

Jovem observa o Planalto Central. Um texto que fala sobre influência da Imprensa na Política.

Imagem de Nill Matias por Pixabay

 

Os Meios de Comunicação e a Política

Política – A Arte de Administrar

Selecionando Candidatos

O sistema brasileiro é composto por muitos partidos minúsculos, que formam o chamado Centrão.

Em períodos eleitorais, é comum convidarem artistas e pessoas em evidência — que, na realidade, não têm nenhum interesse nos cidadãos ou na política — para serem candidatos por suas legendas. O nível ético, às vezes, é tão baixo que, na época do escândalo envolvendo um morador de rua flagrado numa relação sexual com uma mulher que apresentava problemas psicológicos, cogitaram convidá-lo a ingressar na política como candidato por um partido nanico.

Visto que o morador foi tratado como uma celebridade por muitos, inclusive nas redes sociais, alguns políticos tentaram surfar nessa onda bizarra.

A falta de conhecimento e interesse na política faz com que muitos brasileiros votem em artistas apenas porque são “bonitos, famosos, engraçados” e assim por diante. Um exemplo dessa lógica foi a cogitação de alguns partidos políticos em lançar a candidatura do apresentador Luciano Huck à Presidência da República.

Para quem acompanha programas dominicais de TV, ele é visto como um jovem carismático, que faz doações e ajuda participantes em seu programa. Contudo, a falta de informação não permite perceber que as benesses são propagandas de patrocinadores. A imagem de Luciano Huck, forjada para vender anúncios, pode não representar o cidadão que ele é na realidade.

O jogo político funciona assim: um famoso atrai muito mais votos, gerando maior representatividade do partido na Câmara. Esse voto também beneficia outros candidatos menos conhecidos da mesma legenda.


Câmara de Deputados – A Divisão de Poderes

No Brasil, 513 deputados são eleitos por voto proporcional e exercem seus cargos por quatro anos. Essa informação é importante.

Num mundo ideal, seria interessante haver proporcionalidade entre as três principais correntes ideológicas: direita, centro e esquerda. O problema, porém, é que a maioria dos partidos do Centrão não segue uma linha ideológica definida.

Por essa razão, esses partidos “garantem” ou “permitem” a governabilidade do governo eleito apenas se receberem cargos ou pastas importantes que envolvam o manejo de recursos orçamentários.

Diante da dificuldade de obter maioria na Câmara, o governo eleito tem duas opções para garantir a governabilidade:

  1. Negociar com tais partidos, cedendo pastas para assegurar o mínimo de condições para governar. Caso contrário, os partidos votam contra projetos que não sejam de seu interesse.
  2. Tentar argumentar sem sucesso, ser boicotado pelos partidos fisiológicos, e, assim, perder a chance de governar minimamente, correndo o risco de sofrer impeachment.

Como Funcionam os Meios de Comunicação?

Com a democratização da informação pela internet, é possível encontrar canais que se esforçam para trazer conteúdos legítimos. Entretanto, por muitos anos, as pessoas dependeram do principal canal de TV do Brasil, que se apresentava como imparcial e defensor da verdade. As informações transmitidas eram consideradas verdades absolutas.

O problema é que o público não foi educado a questionar os motivos por trás dos destaques dados nos jornais. As notícias são transmitidas conforme os interesses dos donos e patrocinadores das emissoras, que investem fortunas em anúncios.

Aquilo que serve aos seus interesses é apresentado de forma a causar comoção ou revolta nos telespectadores.

Falhas de Comunicação?

Nas eleições presidenciais de 1989, a mais popular rede de televisão do país editou descaradamente trechos de um debate entre os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello para favorecer o segundo.

Outro exemplo é o caso de Arnon de Mello, pai do ex-presidente Collor, que, em 4 de dezembro de 1963, tentou assassinar seu desafeto político Silvestre Péricles, mas acabou matando o inocente senador José Kairala.

Como alguns jornais noticiaram o fato? Chega a ser espantoso saber que elogiaram o assassino e desqualificaram a vítima. Isso ilustra como os meios de comunicação podem manipular a opinião pública conforme seus interesses.


Não Existe Meio de Comunicação Isento

Não há isenção porque, como explicado, os jornais são mantidos por anunciantes que pagam grandes quantias e não querem ter seus nomes associados a propaganda negativa. Essa é a moeda de troca.

Portanto, analise e questione as opiniões dos meios de comunicação. Quando apresentarem algo como ruim ou extremamente ruim, pergunte-se: ruim para quem? Qual é o interesse da empresa que está noticiando?

Os meios de comunicação desempenham um papel poderoso nas eleições. Por meio de propagandas bem elaboradas, podem transformar verdadeiros demônios em anjos. Uma vez eleitos, legitima-se um projeto, e os resultados serão responsabilidade de quem os elegeu.


O Que Fazer?

Entenda como funcionam os meios de comunicação. Pesquise a história. O conhecimento histórico ajuda a evitar a repetição de erros, pois permite relacionar acontecimentos passados com seus efeitos ao longo do tempo.

A história desmistifica heróis, ajusta lendas e cria expectativas reais baseadas em experiências. Por isso, uma mudança essencial está na educação, especialmente na valorização da disciplina de História.

A preservação e o estudo da história são fundamentais para compreender o sistema político brasileiro e contribuir para sua evolução.


Sugestões:

  • Assista ao documentário Muito Além do Cidadão Kane (Beyond Citizen Kane – 1993).
  • Conheça o clássico filme Cidadão Kane.

 

Leia mais em: O papel da imprensa e a História ‣ Jeito de ver