Iaçu – Um pouco de Poesia e História

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Imagem de Markus Spiske por Pixabay

 

Quem dera, Iaçu

as tuas águas levassem a saudade

e trouxessem de volta os tempos

do menino que sonhava não partir

Quem dera,

os teus meninos não migrassem mais,

como pássaros, à procura de novos ninhos

e aqui crescessem, se assim quisessem

Recordo

as aulas da Lolita

a doçura da Pró Marlene

e o amor de Mil…

amada Altamira.

Lembro da escola,

e do Amizade nas manhãs de sexta feira,

o fardamento azul e branco do CEI

era como um céu escuro, de nuvens claras…

Os meninos na velha ponte

o futsal nos sábados

E o velho ônibus partindo…

Quem dera Iaçu

voltar ao mesmo rio

e ouvir os mesmos risos

E poder trazer de volta essa energia,

esse amor

essa alegria.

Quem dera, quem dera, Iaçu.

 

UM POUCO DE HISTÓRIA 

“Através da Lei Estadual nº 1026, de 14 de agosto de 1958, surge Iaçu, desmembrado de Santa Terezinha, elevando a categoria de município, projeto do deputado estadual José Medrado”. Vamos pra história:

A história de Iaçu remonta à época da colonização portuguesa no Brasil, com as terras sendo inicialmente concedidas a Estevão Baião Parente, em 1674. Após sua morte, as terras passaram por diversas sucessões de herdeiros, marcadas por vendas e arrematações, até que em 1831 foram adquiridas pelos Irmãos Januário. O povoado de Sitio Novo, mais tarde renomeado como Paraguaçu, começou a se desenvolver com a chegada dos trilhos da estrada de ferro em 1882, proporcionando progresso e atraindo novos moradores.

O desenvolvimento de Paraguaçu foi impulsionado pela estrada de ferro, que facilitou o transporte e o comércio na região, tornando-o um centro de atividade econômica. No entanto, apesar do crescimento, a região enfrentou desafios, como a prostituição infantil e a exploração sexual, especialmente através do eixo ferroviário. A cidade, predominantemente rural e pacata, hoje abriga uma população essencialmente rural e mantém sua conexão com o rio Paraguaçu, onde a pesca ainda é uma atividade importante.

Atualmente, Iaçu é uma cidade rural com uma população pacata, próxima a Itaberaba. Localizada às margens do rio Paraguaçu, a cidade ainda mantém atividades como a pesca de tucunarés. Sua economia é impulsionada pela produção de blocos de cerâmica e pela agropecuária, com destaque para culturas como mamona, abóbora, melancia e abacaxi. A cidade também possui pequenos empreendimentos agrícolas familiares, que produzem uma variedade de frutas e vegetais.

Além disso, desde os anos 80, a cidade conta com Hospital e maternidade, proporcionando serviços de saúde à comunidade local.

No campo cultural, a cidade de Iaçu dispõe de um belo repertório de artistas:

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Foto extraída do Site Portal Férias

O principal  incentivador no campo do desenvolvimento da comunicação do município é o Senhor Adalberto Guimarães. Na música, o cantor Téo Guedes. Nas artes Rosângela Aragão. Na poesia Manoel dos Santos, para citar apenas alguns.

O campo das artes é bem produtivo nesta cidade, novos artistas surgem diariamente. E sobre isso falaremos porteriormente.

 

Leia também. Itaberaba -Uma pedra que brilha! ‣ Jeito de ver

Fonte:  História de Iaçu (indap.com.br)

 

 

 

O domínio pela cultura e pelo medo

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Imagem de StockSnap por Pixabay

 

“O homem domina homem para seu prejuízo.”
Eclesiastes 8:9, Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada

 

Ao longo das décadas, o homem tem experimentado diferentes formas de expandir seu controle sobre outros.

A manipulação das emoções tem sido um método bem eficaz.

Domínio Cultural

Quando países do Velho Continente, militarmente bem equipados, partiam para explorar e colonizar países mais pobres, enfrentavam a revolta e a resistência do povo local. Os constantes embates resultaram em incontáveis mortes locais e outras atrocidades.Visando minar aos poucos tal resistência, eles adotaram a conquista cultural como estratégia.

O primeiro passo era introduzir aos nativos sua forma de pensar e ver o mundo, por meio do ensino de sua língua e religião. Ainda que os mais velhos resistissem, a nova geração já estaria “domada” pela falsa sensação de fazer parte de uma nova cultura.

A eficácia desse método é historicamente comprovada, pelo fato de que muitas línguas faladas por alguns povos, bem como as suas histórias, foram esquecidas com o tempo, pois o principal objetivo do colonizador era explorar a nova terra e enviar suas riquezas ao país de origem.

O controle atravé do medo

“O melhor meio de dominar o povo é pelo medo.”
— Luc Ferry, filósofo francês

No intuito de expandir territórios, muitos países usam deste artifício, que, segundo Luc Ferry, tem sido o melhor modo de dominar um povo: O MEDO.

Os exercícios de guerra objetivam mostrar ao povo local, o poder bélico dos ‘novos conquistadores’, com isso mina-se a disposição a qualquer resistência a qualquer resistência. Eliminando-se a resistência, passam a impor novas regras.

Além dos Campos de Guerra – a cultura

Tais métodos podem e são usados com frequência por manipuladores de pensamento, pessoas que visam expandir seus negócios e sua influência sobre um povo ou povos.

Por exemplo, os filmes hollywoodianos recebiam incentivo do governo para vender ao mundo “o estilo de vida estadunidense e exaltar o poder se suas Forças Armadas“. Nestes filmes, o país é com frequência retratado pelo estereótipo de Salvador do mundo, seja de ameaças terroristas, seja de invasores alienígenas ou mesmo de super meteoros que acabariam com a vida no planeta.

Os filmes raramente abordam a pobreza, a corrupçao, o preconceito racial ou o problema dos habitantes sem teto nos EUA.

A realidade oculta neste país,  é a mesma que na maioria dos países: há pobreza, fome, preconceito, censura, espionagem — e o país fomenta  guerras ao redor de todo o mundo. Apesar do argumento de que os Estados Unidos ajudam humanitariamente países em necessidade, como os palestinos com suprimentos, tal argumento mostra-se míope quando não se considera que o mesmo país fornece armamentos pesados a países, como Israel. – Veja A indústria armamentista – um tema em debate ‣ Jeito de ver

Esse tipo de propaganda atinge seu objetivo quando pessoas deixam de encarar tais obras como entretenimento e passam a vê-las como reais, desprezando sua própria cultura por culturas enlatadas em forma de filmes.

O Domínio Sul Coreano

Outro exemplo de domínio cultural são enlatados sul-coreanos: doramas e grupos de k-pop.

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Imagem de wal_172619 por Pixabay

Grupos de meninos e meninas fofinhos, de aparência andrógina ou sensualizada, dançam perfeitamente sincronizados cantando canções “coreanamente” chicletes. Quem já não viu essa turma aparecer nas mídias?

Ou quem já não ouviu alguém falar com ternura dos doramas (séries coreanas)?

O governo sul-coreano consegue expandir sua influência no mundo por meio da cultura. Quantias enormes de dinheiro foram investidas para isso e os retornos comerciais compensam.

O Uso do Medo e da Revolta como método

Outro método usado com eficácia é estimular o medo e a revolta.

Um exemplo ocorrido no Brasil ajuda a ilustrar este ponto:

No púlpito de uma igreja, sem nenhuma prova ou convicção, uma senadora chocou os membros presentes com a afirmação de havia tráfico sexual de crianças  na ilha de Marajó, que eram submetidas desde bem pequenas a tratamentos cruéis e degradantes.

Tais declarações foram divulgadas entre os “fiéis” do país inteiro como sendo verdadeiras. O objetivo desta aberração era promover o medo e a revolta, junto com a ideia de divulgar um candidato político apoiado por ela,  este “Messias“, salvaria as crianças. A certeza da credulidade dos presentes naquela reunião e a confiança na impunidade deram-lhe a liberdade de mentir sem filtros.

O conteúdo daquela reunião vazou, repercutiu negativamente e a senadora admitiu não haver provas.

Mas o objetivo da mentira já havia sido alcançado: Expandiu a revolta e o medo. E apesar de desmentido, o assunto ainda repercute!

Aguardar a elaboração de leis que criminalizem e punam os divulgadores de mentiras seria esperar muito de parlamentares que em muitas vezes são eleitos utilizando os mesmos artifícios, apesar de muitos se auto-afirmarem evangélicos.

Pessoas sem consciência se tornam meros fantoches nas mãos de manipuladores.

O conhecimento da história, dos métodos de manipulação e e a disposição de questionar contribuem para decisões conscientes.

Esses três elementos fortalecem o debate se tornam armas poderosas nas mãos de um povo não disposto a se deixar escravizar.

 

Saiba mais: Imperialismo cultural – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Veja também: Notícias de Guerras – o jogo da informação ‣ Jeito de ver

 

A difícil arte de organizar armários

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Imagem de Iván Serrano por Pixabay

Às vezes, dizem que é preciso correr na vida. Mas, pra quê tanta pressa? Ficar fazendo mil coisas, só pra no final perceber que esqueceu do principal: viver de verdade!

Viver de verdade é sentir cada momento, seja ele bom ou ruim.

Isso pede uma certa disciplina, porque dá vontade de sair atropelando tudo atrás de emoções. Mas é importante tirar um tempinho para relaxar e curtir o momento.

É claro que pensar no futuro é importante, mas não vale a pena ficar obcecado por ele e esquecer do agora.

Além das responsabilidades, é legal reservar um tempo para coisas novas: uma música diferente, um hobby, conhecer gente nova, ter experiências novas…

Que nesse tempo a gente consiga dar aquele abraço apertado, ter boas conversas e matar a saudade.

E que o trabalho não domine tanto a nossa vida a ponto de não sobrar tempo livre. É hora de organizar o armário, mas sem pressa!

 

Veja também: O Milagre da Atitude: O sentido no Cotidiano ‣ Jeito de ver

A estrada e o impossível – Caminhe! ‣ Jeito de ver

 

 

 

 

Meu Triste Sertão (a última seca)

 

 

O chão sofrido era sépia,
As plantas  tristes, cinzas
Azul era o céu, sem nuvens…
A pele queimada era marrom
As folhas secas, eram pretas

E verde eram as barragens
Onde o gado se deitava
Em preces, para dormir,
e que jamais acordava

Onde os meninos pescavam
sonhos em improvisos.
Onde insetos moravam
O sol era de um eterno amarelo,
assim como o meu sorriso.

Como a estrada que deixamos para trás
Queimava a pele
Devorava matos, sonhos não vividos
E que não sonho jamais

Dos vagos espaços no teto
Por onde as estrelas passavam
Fugia também a esperança
De quem a chuva aguardava

E fugia do sertão,
Para sofrer n’outras paragens
Onde a sede não matava
E a água seria a bênção,

não a miragem…

Na velha carroça
Levava o quase nada
Só a vida…
Só os sonhos…
E a esperança da chegada

Ao lugar do outro lado
onde se encontrassem as cores,
E a primavera como um rio
que levasse as lembranças sépias
da tristeza, da morte…das dores.

Gilson Cruz

Leia também Um calor diferente – O que será isso? ‣ Jeito de ver

Programa Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca | Portal SEIA

 

O chão sofrido era sépia,
As plantas  tristes, cinzas

Poema para Aline (Carinha amarrada)

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Imagem de b13923790 por Pixabay

 

Reluzindo como o sol
numa carinha amarrada
Quando a pequena Aline sorria
não me faltava mais nada

Não amava fotografias
e bem menos, a minha canção
Quem diria, menina levada
que levarias o meu violão…

Levavas na carinha séria
Um misto de toda emoção
Escondia a dor, o medo
E  não gostava da minha canção? (insisto!)

Menina, acredite na vida
Nos sonhos, no amanhã, no porvir
Não tema, solidão ou partidas
A vida sempre vai lhe sorrir

Em nobres dia de sol
num belo amanhecer
Trazendo risos, um Sol Maior
Nessa escala de crescer…

E como num fim de tarde
Quando a solidão bater
Não chore, não faça alarde
É mais que hora de aprender

E viver, luzir como o sol
Sem uma carinha amarrada
Como, naqueles tempos sorrias
Que não faltava mais nada.

 

Leia também O pequeno mundo de Lis ( Poema à Felicidade) ‣ Jeito de ver

Como gostar de estudar? Dicas para ter prazer na aprendizagem (kumon.com.br)

 

 

Banda Acordes – a Banda que não aconteceu

A história da banda que não acconteceu.

A história da banda que não acconteceu.

Imagem de Cristhian Adame por Pixabay

 

Quando alguns sonhos não se realizam, nascem histórias que alimentam novos sonhos”

– Gilson Chaves

 

Permita-me contar um pouco da História da Banda Acordes – A Banda que não aconteceu.
O mês de Dezembro de 1987, foi marcado por uma tragédia familiar, a perda do Tio Salomão, aos 36 anos de idade, vítima de um AVC.
Naquele verão, fui ao rio Paraguaçu para espairecer, aquele era o melhor lugar do mundo pra isso. No verão, as pessoas fugiam dos fornos de suas casas e mergulhavam naquelas águas escuras.
Havia um lugar conhecido como “a Prainha”, era um espaço de aproximadamente 50 metros, situado à margem esquerda, onde aos domingos as famílias iam para pequenas partidas de futebol de areia, para a prática da capoeira ou para piqueniques, quando as duas primeiras opções permitiam.
Duzentos metros à esquerda deste lugar, as mulheres tratavam “o fato” dos bois ao amanhecer, deixando no ar da região um “perfume” característico. Provavelmente nenhum outro lugar no mundo tinha aquela fragrância, levemente desagradável…
Não à toa, os cachorrinhos da região olhavam e cheiravam, com uma certa admiração e desejo, os banhistas daquele lugar!

O Início

Naquele lugar, se deu o primeiro contato com o Valdomir.
A gente tinha a mesma idade e  ele tinha um conhecimento básico de violão.

A memória me trai, mas de algum modo ele sabia que uma das lembranças que eu guardava do meu tio era uma “dedeira” – um adaptador que ajudava a extrair um som mais acentuado dos bordões do violão.

Me perguntou naquele dia se poderia levar o violão e testar a dedeira. Consenti.

E naquele dia ouvi pela primeira vez um dedilhado perfeito de The House of the Rising Sun.
Não conhecia nenhum acorde no violão e o novo amigo, com o tempo, me ensinou a tocar “Meu Pequeno Cachoeiro”, em três acordes.

A amizade se desenvolvia e consequentemente os planos de montar uma banda também também cresciam.

Ele tinha um violão Tonante, boca de osso, como era conhecido – cujo timbre se assemelhava ao das guitarras sessentistas.
Ganhei de meu Pai, com uma certa dificuldade, um velho Di Giorgio, segunda mão, que tinha uma aparência sofrida, castigada pelo uso dos velhos seresteiros, mas uma sonoridade maravilhosa.

O vendedor conseguiu vender caro o violão moribundo, mas não enriqueceu com a façanha.

A formação

Paralelamente, Pedrinho, o irmão de Valdomir, se tornava um dos melhores baixistas da época.

Tocou em bandas como a Eclyps ( sim, essa era a grafia,  e que ninguém se ouse a dizer que está errada!) e na Fluid’ Energy (sei lá o que é isso! Mas, esse era o nome, ou algo parecido) que era praticamente a mesma banda Eclyps, com um nome diferente.

Pedro era guitarrista e baixista virtuoso.
Não cantava bem, mas tocava MUITO, muito bem.

Para a bateria, o amigo Dilson Borges.

Dilson era o mais experiente de todos. Já havia trabalhado em bandas como a Doce Magia e, se não me falha a memória, na Legenda.
Apesar de intuitivo, improvisava tranquilamente do Rock ao Jazz. A marcação e as viradas perfeitas eram a sua marca.

Era então início da década de 1990 e a base estava formada. Mas, havia um porém… nenhum dos membros tinha dinheiro para comprar instrumentos, nem sequer usados!

A aquisição de instrumentos musicais não era tão fácil como é hoje.

Costumávamos treinar usando velhas caixas de repique e pratos para percussão ( emprestados de escolas) e os violões Tonante e Di Giorgio, na marcação de baixo e guitarra.

O repertório era vasto. Trazia desde clássicos dos anos 60 até o Pop do início dos anos 80 e 90.

As dificuldades

A inocência às vezes beira a burrice, como diziam os antigos da cidade.
Depois de muitos ensaios decidimos produzir uma fita demo. E a peregrinação atrás de quem pudesse emprestar alguns instrumentos começou.

Convenhamos, os músicos da época, que batalharam por seus instrumentos, ou que receberam de seus pais que podiam lhes bancar,  tinham um ciúme especial e natural por estes, não era muito agradável emprestá-los a possíveis concorrentes.

Por isso a negativa costumava vir de modo disfarçado, no ditado quase popular: “Quem quiser também fazer um som, deveria também trabalhar para conseguir os seus próprios instrumentos”.

A Banda Acordes conseguiu um dia numa sede de uma bandinha, ainda início de carreira, a permissão para usar os instrumentos e a aparelhagem para gravar uma demo.

Dilson não estava presente e foi o melhor que poderia acontecer, pois durante os ensaios o dono dos equipamentos desregulava intencionalmente, causando sons extremamente desagradáveis.

O desapontamento só foi maior quando ele se dirigiu em particular ao Pedrinho nas seguintes palavras: -“Eu NÃO gosto de emprestar meus equipamentos. Quem quiser gravar ou fazer algo bom, que lute pra comprar os seus…” (Olha o dito quase popular!)

– Um NÃO mais objetivo doeria bem menos!

A peregrinação voltaria acontecer, desistir não era a opção. A demo deveria sair.

E assim se deu.

Sem instrumentos e sem lugar para tentar gravar uma fita apresentação. As coisas estavam realmente difíceis.

Três anos de lutas e quase sem esperança, nos dirigimos ao Senhor Adalberto de Freitas, o Bugaiau, o principal comunicador e incentivador da cultura da cidade, pedindo uma oportunidade de gravar umas canções em seu estúdio.

Contrariando as expectativas, o senhor Adalberto riu e concordou. Ficamos em êxtase!
Até esquecemos que não tínhamos os instrumentos!

A gravação no Studio Som da Cidade, do Bugaiau, começaria às 13 horas.
E então a romaria atrás de pessoas que talvez  cedessem os benditos instrumentos, começou.
Zé da Leste, cedeu um pequeno teclado de 3/8, os meninos dos Bárbaros do morro emprestaram uma guitarra, a bateria não me lembro de quem Dilson conseguiu, mas era boa.

Consertamos, então, um velho e lindo contrabaixo vermelho, de sonoridade horrível, mas que funcionou, para a sessão. 

O repertório trazia The Beatles, Procol Harum, Jovem Guarda e algumas canções românticas.
A sessão foi marcada pelo entusiasmo, pelos vocais de Juarez e com exceção do Dilson, nós três revezávamos nos demais instrumentos, de acordo com a música. O dia foi longo, cansativo e posso dizer, um dos melhores dias da minha vida – até então.

Ao sair dos estúdios do Som da Cidade, a realidade caiu como uma tempestade no inverno, gelada e triste.

O fim

O amigo que cedeu a bateria explicou ao Dilson, que não mais a emprestaria, e talvez estivesse correto, era difícil também para ele!

Os meninos dos Bárbaros continuaram dispostos a ajudar, essa sempre foi uma característica deles.

O dono do contrabaixo, ao saber do conserto, pediu de volta imediatamente…

Infelizmente, a vida testava a paciência da banda.

Com o tempo o Valdomir encontrou a mulher que se tornaria a mulher de sua vida, o Pedro voou para São Paulo, Dilson desistiu da Banda e quanto a mim, fui trabalhar nos Correios, lá em Santa Terezinha.

15 anos depois resolvi voltar e investir nos instrumentos e tocar um pequeno projeto com o meu baterista favorito: o Dilson.
Ele costumava rir e dizer: – “Mané, você não desiste nunca”
E a resposta: “Pois é, Mané…Como é que se desiste? A gente não pode desistir..”

Numa desses diálogos repetitivos, dos manés, a gente tocava Reflections of my life, do grupo The Marmalade.

E as horas se apressaram, os dias correram desesperados, para que em poucas semanas, um acidente vascular cerebral respondesse a pergunta: “Como é que se desiste?”
E o sonho de fazer a banda, acabava ali.

Na morte do irmão e melhor amigo.

As lembranças

Apesar de não ter sido, a Acordes foi uma boa Banda. Os ensaios eram engraçados e as canções soam maravilhosamente bem em minhas memórias afetivas.

Depois de 33 anos, de fato, um longo tempo, voltei a ouvir a algumas daquelas fitas.

Não chorei, apesar da vontade. Algumas lembranças me fizeram esquecer as dificuldades e extrair um pouco daquela alegria, do tempo em que o sonho era apenas fazer música.

Ao ouvir hoje as velhas gravações, um misto de emoções invadem a minha mente.

Vocais desencontrados, guitarras desreguladas, contrabaixos às vezes exagerado, as brincadeiras do Valdomir fazendo palhaçadas, conseguindo rir da falta de condições, o olhar desiluidido do Pedrinho imaginando o fim do projeto e o Dilson  fazendo milagres numa caixa improvisada…

É verdade que hoje, a saudade é o melhor palco que existe, os subtons se transformam em estilos – e o pequeno público, na maior multidão.

A banda Acordes ainda vive quando lembro de quatro amigos, que mesmo contra os ventos e tempestades, estavam juntos planejando fazer algo diferente.  O que de algum modo, fizeram.

 

Veja também É hora de ouvir o “MADDS” – se permita ‣ Jeito de ver

 

Infelizmente, a vida testava a paciência da banda…

Até esquecemos que não tínhamos os instrumentos!

Ele costumava rir e dizer: – “Mané, você não desiste nunca”

E a resposta: “Pois é, Mané…Como é que se desiste? A gente não pode desistir..”

O Milagre da Atitude: O sentido no Cotidiano

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Imagem de Engin Akyurt por Pixabay

 

A forma como encaramos o dia
não mudará seu curso
ou a postura das pessoas

A maneira como enfrentamos o dia
não fará as nuvens pesadas sumirem
ou o sol diminuir seu brilho
no auge de um intenso verão.

Como encaramos o dia
não fará problemas desaparecerem
como coelhos de cartolas
aos olhos maravilhados de crianças num velho circo itinerante, no interior.

O modo de encarar o dia
não fará milagres, não…

Mas, o modo como encaramos as coisas
nos ajudará a entender o tempo e as atitudes,
nos ajudará a perceber o fluxo da vida e da natureza,
e entender a verdadeira mágica em superar cada obstáculo
e  sentir então a leveza de aprender a cada dia

Entender que crescer e superar
são os milagres que aguardamos com os olhos fechados a cada noite
e despercebemos na ansiedade do dia a dia

Aprender será sempre a melhor atitude.

Gilson Cruz

Veja também A estrada e o impossível – Caminhe! ‣ Jeito de ver

 

The road to impossible – now it’s yours

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Imagem de Tumisu por Pixabay

 

 

Now the road is yours!

People passing by may be indifferent to your style, your direction,

but the path to follow is independent of them.

Imagine how art would be if someone didn’t dare to challenge the conventional?

Or if someone had never said for the first time: It’s possible?

Yes, believing in the impossible, even if it exists, only limits our ability to dare

– and sometimes, that’s all you need.

Dare to believe in a project, even if others ignore it.

So…

Believe in the reasons, for there will always be one.

Believe in the possible, for there will always be a way!

Now, the road is yours – walk.

Outline your plans towards the impossible,

and if they are not achieved,

breathe, look back, see how much you have already conquered on this road.

So, keep going!

Gilson 

Read too: “How It Would Be… – Poem of a New Day” ‣ Jeito de ver

 

 

A estrada e o impossível – Caminhe!

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Imagem de Tumisu por Pixabay

 

 

Agora a estrada é sua!

As pessoas que passam ao seu lado podem ser indiferentes ao seu estilo, à sua direção, mas independe delas o caminho a seguir.

Imagine como seria a arte, se alguém não se atrevesse a desafiar o convencional? Ou como seria alguém não tivessem dito pela primeira vez: É possível?

Sim, acreditar no impossível, ainda que ele exista, apenas limita a nossa capacidade de ousar – e às vezes, isso é tudo o que se precisa.

Ouse acreditar num projeto, ainda que outros o ignorem.

Acreditar nas razões. pois sempre haverá uma.

Acreditar no possível, pois sempre haverá um meio!

Agora, a estrada é sua – caminhe.

Trace seus planos rumo ao impossível, e se estes não forem alcançados, respire, olhe para trás, veja o quanto você já conquistou nesta estrada.

Portanto, continue!

Gilson Cruz

Leia também Retratos da vida – o que deixamos passar ‣ Jeito de ver

 

 

 

O pequeno mundo de Lis ( Poema à Felicidade)

 

“Lis,
Me diz,  menininha levada
O que te deixa feliz?

“Besouros no Jardim?
Flores vermelhas?
Ou achas as mais belas
Rosas amarelas?

“Existem rosas amarelas?
Me permita, então, vê-las!
Seriam as mais serenas
que as margaridas vermelhas?

“Neste universo do existe
nunca, nada permita
bichinhos, carinha triste…

“Nem gritos no ar
Ou luzes no céu
Nem flores caídas
em meio ao papel…

“Ria com as flores
com as cores
Sorria…

“E quando faltarem palavras
Nessa cabecinha agitada
Me mostra, pequena Lis
na dança, no canto
No sonho…
O que te deixa feliz…”

Gilson Cruz

Leia também Poema para Aline (Carinha amarrada) ‣ Jeito de ver

 

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