Ao mesmo lugar (onde eu possa voltar)

Criança corre nos campos. Uma poesia de nostalgia e saudade. Se emocione também.

Imagem de andreas160578 por Pixabay

Gilson

Quero voltar ao lugar

onde as crianças brincam
E esquecer a minha pressa…

Contemplar os risos
Esquecer dos riscos
E da dor que me atravessa

Lembrar que um dia
naquele mesmo lugar
ouvi os acordes suaves
de um violão, ressoar

O balançar dos cabelos
o amor a sorrir
A inspiração, os apelos…
que não voltasse a partir

Quero voltar ao lugar

E reviver o medo de não acertar,
de não merecer…
Reviver a voz suave
poder viver…

Quero voltar ao lugar
Onde as crianças brincam
E trazer de volta as memórias
e fazer as pazes comigo…

E lembrar aquele dia,
Marcado, riscado no tempo…
Da menina que sorria
linda, livre, lindo firmamento

Lembrar dos céus de primavera
que nascera em outra estação
Do amor que se espera
O infinito, a liberdade, a mão…

Outras crianças hoje brincam
Sim, no mesmo lugar…
Venham, ouçam os risos…
esqueçam os riscos…
É onde quero voltar e ficar

E recordar aqueles risos…
De quem vivo a sonhar.

Leia também : O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver

Amar novamente (acreditar sempre)

Investir num relacionamento é valorizar o humano. Como amar e amar sempre?

Imagem de Karen Warfel por Pixabay

Investir num relacionamento duradouro tem seus desafios.

O que, no começo, parece ser uma eterna primavera, toma contornos de cinza quando se percebe que a pessoa ao nosso lado também é cheia de defeitos!

O fato é que todos nós temos nossos próprios vícios e virtudes, e alguns destes vícios podem ser estranhos a quem não tem a mesma formação, cultura e objetivos.

Por exemplo, alguns pessoas amam mostrar para toda a vizinhança a música que estão curtindo (mesmo quando não são solicitados) ao passo que outras preferem algo mais intimista e se irritam com volumes altos.

Pode ser um desafio chegar a um ponto em comum, mesmo em algo tão simples.

Outro desafio comum é apaixonar-se pela aparência física de alguém e viver na ilusão de a pessoa será assim para sempre.

O fato, mais uma vez, é que com o tempo as pessoas mudam – os traços da juventude amadurecem e aquele frescor de beleza tomam agora contornos de uma beleza mais madura, realçada agora pela experiência vivida.

Entender esse ponto, nem sempre é fácil visto que vivemos numa sociedade escrava das aparências.

Em especial, as mulheres são na maioria das vezes as mais impactadas pelas regras ocultas desta nova/velha sociedade.

Por exemplo, em novelas e filmes é muito comum se ver mulheres jovens contracenando ou fazendo pares romênticos com homens bem mais velhos. Algumas atrizes já disseram em entrevistas, que uma vez que ficam mais velhas, perdem protagonismo nesta área da arte.

Enquanto homens mais velhos são valorizados pela experiência, as mulheres mais velhas são criticadas por não conservarem a mesma aparência.

Por exemplo, na continuação do filme TOP GUN, era comum se ver em sites elogios à boa forma física de Tom Cruise, elogios à escolha do novo par romântico e comentários críticos e desnecessários a aparência da atriz Kelly McGills, que tinha uma aparência comum – embora ainda bonita!

Triste dizer, mas isso é apenas um reflexo do dia a dia.

Isso acontece quando as pessoas deixam de valorizar a personalidade e se concentrar apenas na beleza fugaz.

Analise a história de alguém que chamaremos de Marta.

O seu relacionamento com Carlos começou quando a mesma tinha aproximadamente 17 anos. Carlos era o homem dos seus sonhos. Bonito. educado, paciente e trabalhador.

Marta era uma menina cheia de sonhos, linda, alegre, excelente professora.

Ambos sonhavam com filhos, mas infelizmente alguns problemas os impediam. Investiram tempo e dinheiro em um tratamento que enfim deu resultados, e ela, por fim, engravidou.

As expectativas aumentavam, assim como a ansiedade e a depressão de Marta – que temia algo que algo acontecesse e frustrasse seus planos.

Enfim, uma linda criança nasceu!

Mas, Marta lidava agora com um novo desafio. Seu corpo mudara, tivera depressão pós parto e comentários que, embora bem intencionados, aprofundavam a sua depressão e seus sentimentos de inutilidade.

Até mesmo Carlos, deixara de enxergar toda a batalha que travaram para alcançar o objetivo de ter  um filho.

Observe que as maiores dificuldades estavam nas mãos de Marta.

Carlos, ainda que involuntariamente, a maltratava por dizer que sentia falta daquela jovem linda que conheceu aos 17 anos, que não era mais a mesma, pois não tinha a mesma aparência.

O pobre Carlos não percebia, que ele também não tinha mais a mesma aparência – pois as mudanças físicas acontecem a todos – vivos ou mortos! – e que mais importante naquelas horas era ver que, além dos lindos traços no rosto da Marta, havia uma mulher linda e agora mais madura.

Alguns talvez pensem: “Ela sabia que era assim. Que ele gostava da aparência físca que ela apresentava!’

Certo, mas ninguém precisa ser um idiota pra sempre, não é verdade? (Risos)

Investir num relacionamento é valorizar o humano.

E quando a pessoa que amamos, sofre de depressão, crises de ansiedade e outros males deste século terrível?

As pessoas que amam, tem essa incrível mania de acreditar,  não desistem nunca!

Em vez disso, farão o possível para tornar mais leve e suportáveis as pressões do dia a dia.

Fazem isso, por estarem dispostas a ouvir sem tecer julgamentos precipitados, por estarem dispostas a colocar-se no  lugar do outro e principalmente por se esforçar a conseguir  separar  aquilo que são os sintomas da doença daquilo que é a real personalidade.

Investir num relacionamento tem seus desafios, é verdade. Mas, à medida que cada desafio é superado maior se torna o vínculo e a sensação de realização – de sucesso!

Realmente, amar vale à pena!

Gilson Cruz

Leia mais em :E quando a infidelidade acontece? – Jeito de ver

As pessoas que amam, tem essa incrível mania de acreditar,  não desistem nunca!

E quando a infidelidade acontece?

Um casal distante. Como lidar com a traição?

Imagem de Alan Dobson por Pixabay

Uma canção antiga pergunta a um tal de Sr.James: “Te envio esta carta pra saber, seus conselhos…e por que as pessoas brincam e nos chutam como se fôssemos pequenas pedras, eles esquecem que temos um coração…”
– Tradução livre de My Dear, Manchester.

As pessoas realmente esquecem os sentimentos de outros…

Como discutimos anteriormente em um artigo, têm sido comum às pessoas viverem “relacionamentos abertos” ( em que o casal está livre para se relacionar com quem quiser ) e a matéria a seguir não é para estes.

É para aqueles que investem tempo e energia num relacionamento, e são vítimas de traição.

O entusiasmo inicial

O início de um relacionamento é marcado pelo entusiasmo e a ideia de dar início a algo novo, de construir juntos – cria um vínculo, que se fortalece à medida que as coisas acontecem.

A construção de um lar, o ocupar dos espaços e a elaboração de planos para o futuro podem transmitir ao jovem casal a confiança de que lutar vale à pena. Essa confiança faz que ambos vejam sentido no dia a dia.

Há muito tempo, uma jovem senhora de origem humilde me disse as seguintes palavras:” Realmente, às vezes é bom encontrar tudo pronto…
Mas, nada se compara a construir juntos!
E algumas pessoas jamais entenderão o que é isso!”

O construir juntos traz aquela sensação de que tudo valeu a pena!

E acontecem os reveses…

Mas, mesmo relacionamentos aparentemente sólidos, sofrem reveses.

Veja por exemplo, na linda e triste canção, Sonhos, do ano 1977, composição de Peninha.

Observe os versos que expressam bem a sensação de uma vítima de traição:

Quando uma canção se fez mais forte
E mais sentida
Quando a melodia fez folia em minha vida
Você veio me contar
Dessa paixão inesperada por outra pessoa…”

A péssima surpresa e a perplexidade do eu lírico.
A sensação de ter os sentimentos traídos pode ser extremamente dolorosa.

O fim da confiança, o golpe na auto-estima e a desilusão…são às vezes mortais.

A traição tem sido normalizada.

Vivemos numa sociedade misógina, e não é incomum ouvir alguns homens falarem “Eu sou homem, eu posso trair…Quem não pode é ela, que é mulher!” – Alguns que pensam desta maneira, quando recebem de volta o troco na mesma moeda, recorrem à violência e muitas vezes ao crime “pela honra”.

Do ponto de vista emburrecido pela tradição, os sentimentos do outro não tinham nenhuma importância!

Mas, o ponto a ser estudado é por que as pessoas traem?

Por que as pessoas traem?

É verdade que a falta de um diálogo franco  tem sido usado como pretexto para traição.  A falta de diálogo apenas mostra a distância  que o o casal precisa percorrer para que as coisas se ajustem – não um atalho, para ser infiel.

As pessoas traem, em primeiro lugar,  por serem egoístas!
Isso mesmo, egoístas!

O traidor sabe os danos emocionais que causa, mas os seus desejos egoístas estão à frente disso.

Não importa se a vítima de traição sofrerá com a perplexidade de não entender o porquê das coisas – às vezes até desenvolvendo sentimentos de culpa e impotência ou mesmo se esta culpará a si mesma buscando uma possível razão que justifique a culpa do outro.

O traidor em algumas situações,  poderá demonstrará uma preocupação aparente genuína, mas, por ser, na maioria das vezes, um narcisista, esta preocupação tem um propósito que não é o bem da vítima .

Não são altruístas!

Como se fosse, pedras pequenas…

A ênfase que se dá atualmente à satisfação dos instintos pessoais atingiu um nível quase animalesco!
As pessoas foram, de certo modo, reduzidas a meros objetos!

Materiais a serem usados e dispensados! – Quase recicláveis!( risos)

O Narcisista

Os narcisistas encaram outros como escravos de suas vontades.
Não há amanhã, os desejos são urgentes!

O traidor, por ser egoísta e muitas vezes narcisista, jogará o seu jogo, com arte, até estar pronto para uma nova partida. Por um tempo, jogará o jogo da manipulação.
Reconquistar a confiança, fingir se importar – e como “mentiras sinceras, me interessam” – pensa a pessoa fragilizada, o maior abandonado, é quase certo que ele conseguirá seus objetivos.

E quanto à vítima? O que fazer?

O primeiro passo é lembrar que cada pessoa tem seu valor, e se alguém não valoriza você, está mostrando seu próprio preço. Não tenha medo de reconhecer seu valor.

A falha não é do traído. Perdoar é pessoal, mas desistir de um relacionamento abusivo pode ser necessário, por mais doloroso que seja.

Não tenha medo!

A falha de caráter não é do traído!

Não tema recomeçar.

A experiência ensina lições valiosas, entre elas a percepção de traços desejáveis em futuros relacionamentos. Um bom relacionamento é construído por duas pessoas dispostas a se adaptar e serem francas uma com a outra.

Apesar dos percalços…amar ainda vale a pena.

Gilson Cruz

Leia mais em: Amar novamente (acreditar sempre) – Jeito de ver

A menina que falava de Anne Frank.

Lápide de Anne Frank. Como o entusiasmo de uma menina me fez reler um livro?

Imagem de meisterhaui por Pixabay

Alguns livros ganham uma profundidade extra quando alguém os conecta à sua própria realidade, revelando nuances que talvez tenham passado despercebidas anteriormente.

Há tempos, voltando tarde das aulas de inglês, no silêncio quase meia-noite do transporte da Prefeitura, uma estudante se sentou ao meu lado e compartilhou seus planos para o futuro. Seu modo cativante e otimismo eram inspiradores.

Ela falava dos sonhos de cursar Direito, de cuidar das pessoas e de outras ambições, e eu me maravilhava: “Como pode haver espaço para tantos sonhos dentro de alguém tão sereno?”

Naquela conversa, redescobri um pedaço de mim mesmo. Na minha juventude, entre poesias e músicas, sonhava com a profissão mais inspiradora: ser professor e ajudar a trilhar caminhos.

Eu estava sem palavras, ciente do esforço daquela pequena cansada para se manter acordada.

E então, ela me disse: “Estou lendo um livro que está mexendo muito comigo, você conhece a história de Anne Frank? Estou lendo ‘O Diário de Anne Frank’!”

O entusiasmo dela me fez esquecer o cansaço. Pedi que me contasse mais. Ela descreveu a avançada Anne Frank, sua paixão por filmes, o sonho de ser atriz e sua decisão de registrar sua rotina em “Kitty”, o nome que deu ao seu diário. Ela me falou das experiências da jovem durante o período de confinamento, suas paixões, medos e incertezas sobre o futuro.

Mesmo sem chegar ao fim do diário (a menina temia este momento), ela já conhecia o resumo da história ( e eu também!). As luzes da cidade se aproximaram enquanto agradeci por tornar a viagem mais agradável.

Prometemos falar mais sobre o livro, mas eu sabia que, ao concluir meu curso, isso dificilmente aconteceria. Ao chegar em casa, algo me instigava: “Por que não reler ‘O Diário de Anne Frank’?”

E assim o fiz.

Cada palavra no diário ganhou uma nova vida, cada momento e experiência me ensinaram uma nova lição. Comecei a questionar menos sobre a maldade das pessoas e mais sobre como pequenos atos podem dar significado ao mundo.

Não, não vou contar o que está no diário ou narrar a história de Anne Frank. Recomendo que você mesmo o faça. Leia, pense na natureza humana e no quanto ainda há para aprender.

Gilson Cruz

Veja mais em: O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver.

Palavras de 2023 – o ano que passou! ‣ Jeito de ver

Amar novamente… ( e sempre)

Alguém solitário num banco. É possível amar novamente após uma perda ?

Imagem de Melk Hagelslag por Pixabay

“Foi Deus que fez a gente, somente para amar…só para amar!”

Foi Deus Quem Fez você – Canção de Luiz Ramalho, 1980, interpretada por Amelinha.

Os mais românticos costumam dizer: – “Só se ama uma vez na vida!”

Embora exista uma verdade por trás destas palavras, o fato é que é possível amar várias vezes na vida.

Parece contraditório? Explicamos…

A verdade é que o amor é um sentimento complexo e pode se manifestar de diversas maneiras ao longo da vida. Não confundir com paixão ou fascínio que é às vezes definido como sendo a falsificação do amor, por basear-se em coisas superficiais e passageiras.

Como o amor é algo mais maduro, ele se desenvolve em momentos distintos, com diferentes intensidades e direções.

Para entender melhor, vamos relembrar dois clássicos do cinema (com um pouco de  spoiler!, para alegrar…):

O clássico de 1970,  Love Story (Uma História de Amor) conta a história de Oliver, um jovem de família rica inglesa,  jovem sem muita graça ou objetivos na vida, que se apaixona por Jennifer, uma jovem estudante de música e se casam.

Os pais de Oliver são contra o relacionamento pois Jennifer é de família humilde, e deserdam o filho.

O casal tenta ter um filho, sem êxito e quando fazem os exames, descobrem uma doença gravíssima em Jennifer.

Esta doença tira a sua vida. ( Eu falei que teria spoiler! Mas, mesmo assim, vale a pena assistir ao drama, há muitas lições!)

O filme A história de Oliver (1978) pode ser descrito como uma continuação de Love Story e mostra os desafios, de um mais amadurecido, Oliver em frente aos negócios da família e também aprendendo a amar novamente. (O drama também merece atenção).

Os filmes mostram as dificuldades de amar  e amar novamente, após a perda.

Na vida real algumas pessoas que perderam a pessoa amada, podem nutrir sentimentos de  culpa, por desenvolverem sentimentos românticos por outro alguém, e muitas vezes sabotam a sim mesmas. Não se permitem  uma nova chance.

Amar faz parte da natureza humana, apesar de vivermos num tempo em que os relacionamentos são conhecidos pela falta de substância, pela falta de compromisso,  em que a experiência de amar é confundida com a satisfação instintiva dos próprios desejos.

Não é sobre este tipo de relacionamento que estamos falando neste post.

Falamos sobre o compromisso apenas entre duas pessoas, em que ambas têm um sentimento de pertencimento, sem culpa e sem pressão.

Algumas pessoas amaram tanto a alguém que, após a morte da pessoa amada, acreditam ter vivenciado o amor eterno e não desenvolvem mais sentimentos romênticos ou desejo por mais ninguém – e  são felizes assim!

Embora seja difícil resistir à tentação de tecer julgamentos, quem somos nós para determinar o que é bom para os outros, não é verdade?

Outras pessoas, passam a desenvolver sentimentos, mas temem reviver as experiências ou mesmo esquecer a pessoa que ocupou um espaço tão importante em sua vida.

Mas, a vida precisa ser vivida.

Não há erro em tentar!

Nesta situação, em especial, a pessoa não deve se sentir culpada. Querer amar a alguém é super natural e passar a gostar de alguém, não significa que o primeiro amor não foi verdadeiro.

Visto que cada pessoa é diferente, cada pessoa é amada por motivos diferentes!

À medida que se vive novas experiências, as pessoas crescem e mudam e, com isso as capacidades de entender e amar também evoluem.

Portanto é vital entender que vivemos em constante aprendizagem e na vida, as  pessoas podem amar pessoas diferentes por motivos diferentes – e isto também será amor e não significará apagar uma história que foi vivida e sim, dar continuidade àquilo que é essencial –  a vida.

Gilson Cruz

Veja mais em Amar novamente (acreditar sempre) – Jeito de ver

Um lugar pra nós (em meu coração)

Um banco solitário. Uma poesia sobre a saudade, esperança e a solidão.

Imagem de Dieter Staab por Pixabay

Criei um lugar pra nós
Onde te vejo sorrindo
E sei que quando desperto
Você não está indo…partindo.

Neste lugar te encontro
e andamos nos mesmos jardins
Mas, tal lugar só existe
Perdido, dentro de mim?

Um lugar pra nós
Longe da solidão
Muito  além da tristeza
Ao alcance das mãos

De braços abertos a esperar

E caminhar novamente

Nesse mesmo lugar

Onde te encontro, contente

De volta os sonhos .

Onde  podemos sonhar

E de volta à realidade

Me diz, onde encontrar?

Ao abrir os olhos
Tudo que vejo é você
Apesar de apenas nos sonhos
O quanto ainda resta viver?

Um lugar pra nós
É tudo que imaginei
Sem pressa, sem medo de ser
Esse mundo eu criei

Onde te vendo sorrindo

E num minuto a sós

Beijaria teu rosto

Não soltaria as tuas mãos…

Neste lugar para nós.

Gilson Cruz

Leia mais em:  O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver

Os anões do Orçamento (uma história real)

 

Anões dos contos de fadas.

Imagem de Willgard Krause por Pixabay

 

Era uma vez a muitos e muitos anos, pra ser mais exato e quebrar o encanto, lá no final dos anos 80 e início dos anos 90,  quando um grupo de anões malvados se uniu para fraudar o reinado, que já não andava bem das pernas…

O termo ” anões do orçamento” se deu ao fato de que os principais envolvidos eram deputados sem grande repercussão, eram anões de poder lá no Congresso Nacional.

Mas, o que é que eles fizeram?

Com a promulgação da Nova Constituição de 1988, os poderes da comissão de orçamento foram ampliados, o que resultou na formação do grupo dos “sete anões”.

O grupo operava com três fontes de recursos.

A primeira era formada por propinas pagas pelos prefeitos para incluir uma obra no orçamento ou conseguir a liberação de uma verba já prevista. A execução dessas tarefas era realizada pela Seval, uma empresa criada pelo deputado João Alves de Almeida, que cobrava uma “taxa” para fazer o serviço.

O grupo estava envolvido em fraudes com recursos do Orçamento da União até serem descobertos, a partir das denúncias do economista José Carlos Alves dos Santos (grave esse nome), integrante da quadrilha e chefe da assessoria técnica da Comissão do Orçamento do Congresso,  e que foram investigados em 1993, por uma Comissão Particular de Inquérito.

Ao fim da CPI , o relatório final de Roberto Magalhães (PFL-PE) pediu a cassação de 18 dos envolvidos, quatro renunciaram aos cargos para fugir das punições e  apenas seis perderam seus mandatos.

Segue a escalação:

Perderam mandatos: Carlos Benevides (PMDB-CE) , Fábio Raunheitti (PTB-RJ), Feres Nader (PTB-RJ), Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), José Geraldo Ribeiro (PMDB-MG) e Raquel Cândido (PTB-RO)

Renunciaram, por motivos óbvios: Cid Carvalho (PMDB-MA), Genebaldo Correia (PMDB-BA), Jão Alves (PFL-BA), Manoel Moreira (PMDB-SP)

Abençoados com o glorioso perdão: Anibal teixeira (PTB-MG), Daniel Silva (PPR-RS), Ézio Ferreira (PFL-AM), João de Desu Antunes (PPR-RS), Flavio Derzi (PP-MS), Paulo Portugal (PP-RJ), Ricardo Fiuza (PFL-PE), Ronaldo Artagão (PMDB-RO)   e para encerrar a lista Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) que ficou muito, mas muito  famoso posteriormente. – Polícia Federal encontra dinheiro em apartamento que seria utilizado por Geddel | Bahia | G1 (globo.com)

Nada como ser inocente!

PREJUÍZO AO PAÍS

Os envolvidos roubaram mais de R$ 100 milhoões, em esquemas de propinas, para favorecer governadores, ministros, senadores e deputados.

O rastreamento das contas bancárias resultou na queda do presidente da Câmara da época, Ibsen Pinheiro, o líder do PMDB, deputado Genebaldo Corrêa e o deputado baiano João Alves de Almeida (falecido em  2004).

Havia dois esquemas  fraudulentos. No primeiro parlamentares faziam  emendas remetendo dinheiro para entidades filantrópicas ligadas a parentews elaranjas. Porém, o principal esquema eram os acertos com grandes empreiteiras para a inclusão de verbas orçamentárias, para grandes obras, em troca de muito, muito dinheiro.

Na CPI do orçamento, foi apurado que cada  deputado recebia entre 5 e 20 por centodo valor da obra.

O ex-chefe da Acessoria de Orçamento do Senado, Jose Carlos Alves dos Santos ( você não esqueceu o nome, esqueceu?) desmontou o esquema ao denunciar as irregularidades…

Mas, antes que alguém elogie o bendito por isso, tenho que lembrar que ele próprio foi  preso e acusado de assassinar a  esposa, Ana Elizabeth Soprano, que ameaçava denunciar as peripécias do marido e a gangue.

Na casa dele foi achada uma mala com mais de 600 mil dólares.

Condenado a 20 anos de prisão, resolveu acusar o restante da banda. Tentou se matar na prisão, mas foi salvo!

Não falou mais do assunto desde que saiu da prisão,

ANÕES DE SORTE

O Deputado João Alves, foi o único ser vivo a ter acertado mais de 200 vezes na Loteria.

Você acredita?

Bem, uma tática de lavagem de dinheiro também  utilizada por criminonos é comprar  bilhetes de loterias premiados.

E A HISTÓRIA SEM FIM CONTINUA…

Com o tempo os anões do orçamento se foram…e em seu lugar surgiram vampiros, sanguessugas e mágicos, que faziam maravilhas para si e a própria família por meio do Orçamento Secreto… e ainda, alguns sortudos são periódicamente “sorteados” nas loterias, por aí.

E foram…

para sempre!

 

Dá pra alguém dormir com uma história dessas?

Com a promulgação da Nova Constituição de 1988, os poderes da comissão de orçamento foram ampliados, o que resultou na formação do grupo dos “sete anões”.

O grupo operava com três fontes de recursos…

Gilson Cruz

Veja também Notícias de Guerras – o jogo da informação ‣ Jeito de ver

(Fonte: Wikipedia)

Lembre do escândalo dos Anões do Orçamento que completa 20 anos (terra.com.br)

 

 

 

 

 

O conflito entre Israel e a Palestina

Crianças palestinas. Vítimas esquecidas das guerras.

Imagem de hosny salah por Pixabay

 

Que palavras traduziriam os mais profundos desejos de um ser humano?

Ao analisar os portais de notícias não é incomum observar com espanto por entre os destaques, as terríveis novidades a respeito do ataque do exército Israelense ao povo Palestino, numa caçada implacável aos responsáveis pelo ataque terrorista ocorrido no início de Outubro de 2023, em uma festa tecno no deserto,  em que mais de mil jovens israelenses foram cruelmente assassinados.

É também impossível não indignar-se ao saber que, entre os mais de dez mil palestinos mortos na retaliação Israelense a este ataque, quatro mil são crianças e que a vasta maioria dos mortos são pessoas que nada tem a ver com o grupo Hamas..

Causa indignação perceber nos jornais manchetes que destacam a morte de um terrorista, em vez de centenas de inocentes. É quase impossível não admitir que ações de extermínio de um povo estão ocorrendo, enquanto os países têm dificuldade em conter o ímpeto de um governo tão sanguinário quanto os terroristas!

Sim, é impossível não sofrer ao saber que o suprimento de alimentos e água potável às pessoas em Gaza se tornam escassos, enquanto hospitais, escolas e campos de refugiados são bombardeados diariamente – e vidas inocentes se vão.

É triste saber que essas coisas estão também acontecendo em outros lugares enquanto os países líderes da indústria armamentista aumentam seus lucros!

Diante de um cenário tão desolador, que palavras expressariam os mais profundos desejos de alguém, que vivenciou e ainda vivencia inúmeras tragédias?

Uma das mais belas passagens bíblicas, no livro Apocalipse capítulo 21, versos 3, 4 diz parcialmente: ” Então ouvi uma voz alta do trono dizer: “Veja! A tenda de Deus está com a humanidade; ele residirá com eles, e eles serão o seu povo. O próprio Deus estará com eles. Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima e  não haverá mais morte, nem haverá mais tristeza, nem choro, nem dor…” – Tradução do Novo Mundo.

As palavras no texto acima traduzem o desejo de pais, filhos e amigos que acreditam que um milagre ainda é possível!

E como diz a letra de uma canção conhecida: ” Você talvez diga que eu sou um sonhador…mas, não sou único.

Espero que um dia, você se junte a nós  – e o mundo inteiro será como um! (Imagine, John Lennon – tradução livre)

 

Saiba mais:

ONU: Número de civis mortos por Israel aponta algo ‘claramente errado’ | VEJA (abril.com.br)

Israel-Palestina: entenda como começou este conflito histórico centenário (correiobraziliense.com.br)

Indústria das armas dos EUA prevê maior lucro da história com ofensiva de Israel em Gaza (pragmatismopolitico.com.br)

Guerras no mundo: quantos conflitos estão ativos neste momento? | CNN Brasil

Gilson Cruz

Veja mais em Notícias de Guerras – o jogo da informação ‣ Jeito de ver

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