RECORDAÇÕES ( Um momento de reflexão)

Recordar... é viver ou sofrer na saudade.

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Estação ferroviária de Queimadas, Bahia.

GChaves

Recordar… é viver ou sofrer na saudade.

Às vezes nos encontramos em pensamentos perdidos, também conhecidos como lembranças. Pensamentos esses que nos levam a lugares distantes, tão distantes que nos remetem ao passado. E desse passado, memórias de momentos bons e ruins da vida (ruins porque certas lembranças doem, certas saudades doem, doem muito!).

Pelo menos é sempre assim comigo. Ainda mais quando se trata de momentos vividos, da infância. Até pequenas mensagens tocam fortemente no peito, e a sensação de aperto me traz quase sempre lágrimas nos olhos.

Parte de uma mensagem poética, da qual não conhecia o autor, mas conhecia a pessoa que com carinho me enviou por saber da minha sensibilidade a bons textos, diz assim:
“Como era belo esse tempo
De tão doces ilusões,
De tardes belas, amenas,
De noites sempre serenas,
De estrelas vivas e puras;
Quadra de riso e de flores
Em que eu sonhava venturas,
Em que eu cuidava de amores”.
(Casemiro de Abreu)

Quando deparei com a linda mensagem, minha mente retrocedeu, obrigou-me a percorrer por lugares vividos, e no espaço entre o meu peito, uma fenda se abriu, sugando a minha resistência de adulto e me aprisionou, fazendo com que sentisse como uma criança insegura, que carece do afago de mãe, aquela atenção que só o amor materno prestaria.

Dentre os caminhos em recordações percorridos, estive na primeira cidade do interior. Anteriormente, a minha família residia na capital e, por circunstâncias que desconhecia, nos mudamos. Imagine, na mente e visão infantil, a transferência de um lugar agitado para um lugar onde a viagem de mudança foi feita dentro de um trem de passageiros “que hoje raramente existe”, observando o movimento e o som da estrada de ferro, bem como as admiráveis paisagens naturais, os lugares passados, as novas denominações a cada parada, pois as paradas eram nas cidades onde tinham estações.

Alguns lugares até mesmo neblinavam e tornavam impossível observar além de alguns poucos metros. Ahhh!!!!… como era gostoso e ao mesmo tempo assustador! Expectativas causam euforia e medo!

Enfim, chegando ao novo destino, ‘cidade do interior’, tudo era novo. Novas visões de um novo lugar: estação, balaustrada, depósito de máquinas e vagões, caixa d’água com a sigla da rede ferroviária “LB-Leste Brasileira”. Até o ar, percebia-se, era diferente, mais suave, era saudável. Andorinhas e cardeais sobrevoavam, compartilhando com harmonia do mesmo espaço ao céu.

Adiantando alguns dias na nova morada, uma casa enorme, cheia de quartos, até mesmo no quintal ‘que era imenso!’, e também muitas árvores frutíferas.

E o rio?! Conheci até mesmo um rio, pois então só tinha noção realística do mar, água salgada. Não mudei da água para o vinho ‘literalmente’, mas mudei da água salgada para a água doce, as águas do Rio Itapicuru. E lá, às margens do rio, encontrava-se um lugar muito bem frequentado: a INGAZEIRA, área onde a população frequentava por ter árvores frondosas, que eram muito bem aproveitadas como trampolim.

Realmente, como era belo esse tempo, de tão doces ilusões, de tardes belas, amenas…

Ahhh!!!! Queimadas! De Salvador-Bahia, lugar agitado, onde não se confiava segurança aos filhos na rua, para Queimadas-Bahia, lugar onde o contato com a natureza lhe permitia até mesmo tirar leite de vacas (no meio da rua). Mas isso fará parte de uma próxima recordação.

Gilmar Chaves 23/05/2023

Leia mais O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver

O ontem ( um conto simples )

O Início do dia

Acordei meio desesperado, era o dia do meu casamento e quase perdi o horário, de novo.

Levantei às pressas e vi que as coisas estavam bem diferentes.

A casa, a cama, a escrivaninha, o gato, a cachorrinha – não eram mais os mesmos…

Corri até a sala que não era mais a mesma e vi o calendário que não era mais o mesmo, que marcava uma data, que lógico… não era mais a mesma.

As mesmas pessoas passavam com a mesma pressa, fugindo do mesmo calor – torcendo pelas mesmas nuvens de chuva, que certamente não desaguariam …

Parecia o ontem…

Então resolvi fazer um exercício, pensei: – “Acho que já vi este dia…”

***

Quer ler o texto completo? Ele está no livro “Crônicas do Cotidiano – Para Continuar a Estrada”, atualmente em pré-lançamento no Clube dos Autores.

Veja mais em: O tempo ( Contador de histórias) ‣ Jeito de ver

Uma breve história de Comunicação

Bugaiau é conhecido por sua luta e tem seu nome ligado à comunicação.

Bugaiau é conhecido por sua luta e tem seu nome ligado à comunicação.

ENTREVISTA

O senhor Adalberto de Freitas é um senhor de características tímidas, de poucas palavras e riso fácil, uma pessoa de alma inquieta. Bem conhecido por seu apelido “Bugaiau”, tem seu nome intimamente ligado à história da Comunicação no município de Iaçu, pequena cidade no interior da Bahia.

Incentivador da arte, colecionador de histórias, criador da Rádio Rio Paraguaçu e idealizador do museu na cidade em que vive.

O site Jeito de ver teve o prazer de realizar a seguinte entrevista:

Jeito de ver.Adalberto de Freitas Guimarães por ele mesmo.

Adalberto de Freitas. – “Sou Iaçuense, iniciei a minha carreira profissional como eletricista, Pai, avô e marido de uma incrível mulher, Rosângela Aragão, artista e amante da arte.

Sempre me interessei pela comunicação, as ideais saíram do papel a partir de 1984, com a criação do Som da Cidade”.

Jeito de Ver. – Poderia nos contar um pouco sobre o início? Por exemplo, quem foram os primeiros locutores? Qual a programação naquele início?

Adalberto de Freitas. – “Em 1984, lá início, o Som da cidade tinha três locutores. Eu, Ronaldo Ramos e meu filho Fábio. A programação tinha início às oito da manhã e se estendia até as onze horas, no primeiro turno.

À tarde, a programação tinha início a partir das 17 indo até as 19 horas.

Consistia de Músicas variadas, nacionais, regionais – dávamos também espaço para que músicos da terra divulgassem seus trabalhos. Era um prazer! Às vezes, também noticiávamos fatos urgentes e extras”.

Jeito de Ver. Como surgiu o som da cidade?

Adalberto de Freitas. “O som da Cidade surgiu por iniciativa própria. O nome original seria Serviço de Som – Som da Cidade.

Surgiu da necessidade, de uma grande carência de comunicação em nossa cidade. Daí nasceu a ideia de buscar patrocínio para que o serviço de som da cidade permanecesse em funcionamento. Deste modo, o som da cidade continuaria a levar informação ao povo carente.

O povo teria em sua cidade um veículo informativo”.

Jeito de ver. – Por quanto tempo o Som da Cidade esteve em atividade?

Adalberto de Freitas.“Olha, o Som foi implantado em 20 de Dezembro de 1984 e teve suas atividades encerradas em 31 de Dezembro de 2005”.

Jeito de ver. – Gostaria de destacar o seu incentivo a arte.
No ano de 1991, Eu e quatro amigos ( Dilson, Valdomir, Pedrinho e Juarez) tentávamos gravar uma demo para a Banda Acordes, banda que se perdeu no tempo, como tantas outras. Lembro-me bem do estúdio gentilmente cedido.

Adalberto de Freitas. – “Como sempre atendia a outros grupos e pessoas, não iria me furtar em ajudar aos amigos da Banda Acordes. Ainda lembro”.

Jeito de Ver. – Realmente, era difícil esquecer de como a gente tocava mal, mal pra caramba!

Adalberto de Freitas. – ( Risos )

Jeito de ver. – Com o fim do Som da Cidade, mais uma vez, o senhor se inovou criando agora a rádio Rio Paraguaçu FM.
Como é que foi esse novo projeto?

Adalberto de Freitas.“Bem, foi criada uma associação denominada Associação Comunitária Ação e Cidadania em 30 de Junho de 1998. Os primeiros locutores neste novo desafio seria o experiente Ronaldo Ramos, meus filhos Fábio e Rafael Guimarães.

A programação consistia em divulgações, entrevistas, ações culturais, religiosas e esportivas.

O patrocínio contava com a participação do comércio e apoio do Poder Público, havendo uma expansão na programação e variação de conteúdo que se entendia das seis da manhã até as 21 horas.

Por exemplo, aos sãbados, trazíamos uma programação especial, dedicada a uma parte muitas vezes negligenciada pelas rádios tradicionais, os idosos. O programa “Canções da Velha Guarda” que trazia os grandes cantores da Era do Rádio e era muito elogiado. Aos Domingos ,às seis, um pouco de música italiana e logo depois, a Jovem Guarda – num programa pra cima.

Procurávamos atender todos os gostos”.

Jeito de Ver. – De fato, costumava escutar com meu Pai o programa dos sábados e, como apaixonado pela Jovem Guarda, a programação das manhãs de domingo.
Por quanto tempo a rádio vem exercendo suas atividades?
Adalberto de Freitas. – “De 14 de Agosto de 2001 até hoje” (Janeiro, 2023 – Mês da entrevista).
Sede da Rádio e Museu Paraguaçu.

A Rádio e Museu Rio Paraguaçu ficam situados no mesmo prédio. Localizados à Praça XV de Novembro 58,
em Iaçu. Telefone (75)3325-2431.

Jeito de Ver.: Infelizmente, a cultura e arte não são tratados como prioridades em municípios pequenos.
Como se dá a manutenção e patrocínio da Rádio Rio Paraguaçu FM?

Adalberto de Freitas. – “Atualmente, infelizmente, estamos sem patrocínio…”

(Um silêncio!)

Jeito de ver.- Observando nas dependências da Sede da Rádio Rio Paraguaçu, vemos já em andamento o Museu da Cultura em Iaçu. Como surgiu a ideia? Qual o combustível dessa paixão pela arte, pela cultura?

Adalberto de Freitas. – “A ideia surgiu mesmo antes da implantação da rádio. Apaixonado pela cultura e preservação memória de um povo. Nasceu assim a paixão por também criar um museu aqui em Iaçu”.

Jeito de ver. – É realmente, um belo museu. Já temos uma matéria a respeito.
E aí, temos novos projetos para o futuro?

Adalberto de Freitas. – “Sim, muitos projetos. O principal é o lançamento de um livro, o tema provisório “As histórias de Bugá”.

Neste livro, trago passagens biográficas, trago mais informações a respeito do Som da Cidade e da Rádio Rio Paraguaçu, os desafios, as lutas, as dificuldades para manter o projeto – muitas vezes nadando contra todas as correntes”.

Jeito de ver. “Dias de luta” define bem a biografia do Sr. Adalberto de Freitas, esse homem que tem seu nome intimamente ligado a comunicação no município.
A ideia de trazer um serviço de informação para a cidade, significaria a inclusão daqueles que moravam nas partes mais distantes.
A divulgação de artistas locais, a transmissão das sessões da Câmara Municipal mostrava o nível político do município, lá naquela época.
Notícias, músicas e acima de tudo, cultura.
O que poderia ser feito aqui em Iaçu para estimular o interesse de pessoas pela história, pela arte – visto que não é comum eventos que valorizem comunicadores, cantores, essa infinidade de artistas locais?
Festivais de arte? Pequenos eventos mensais com artistas locais?

Adalberto de Freitas. – “Tudo que venha ajudar a juventude e a todos no município, será bem vindo“.

Jeito de ver. – Realmente, tudo que possa trazer à juventude mais arte, seja a poesia, seja a música, sejam as danças, atividades esportivas – enfim, nos muitos meios de expressão.

A Rádio e Museu Rio Paraguaçu FM têm sido exemplos de perseverança de um homem, exemplo de o quanto a cultura luta para se manter .

A Rádio Rio Paraguaçu segue a sua luta sem patrocínios.

Acreditamos numa saída. E você já sabe qual… entrar em contato com a Rádio, pode ser o primeiro passo.

Aguardamos, o lançamento do livro e mais histórias do nosso amigo, Sr. Adalberto de Freitas, o sr. Bugaiau.

O site Jeitodever.com agradece.
Nota:

Adalberto de Freitas Guimarães veio a falecer no dia 18/01/2025, dois anos após esta matéria. Uma grande perda.

O amigo Adalberto de Freitas Guimarães, além de fundador da Rádio Rio Paraguaçu, foi o idealizador do Museu de Iaçu.

Também se destacou como um grande incentivador do nosso site, Jeito de Ver (www.jeitodever.com).

Seu nome estará eternamente associado à história da cultura e da comunicação em Iaçu-BA.

Que sua memória continue a inspirar os habitantes desta cidade que ele tanto amou ao longo de sua vida.

Jeitodever.com

Veja também:Um dia no museu Paraguaçu (Informativo) ‣ Jeito de ver

A soma dos dois (o abraço dos números)

Imagem de skalekar1992 por Pixabay

Um, dois
Três não é demais
Quando o coração está aberto
Quatro, cinco,seis
Sete e mais três…dez
O que mais quero por perto?

Este é um trecho da poesia presente no livro
Crônicas do Cotidiano – Um Novo Jeito de Ver
Disponível na Amazon e Clube dos Autores

Veja também Conselhos a um jovem – pra quê a pressa? ‣ Jeito de ver

Preencha com detalhes o quadro do seu dia!

Uma mensagem positiva para o dia.

Imagem de Hans por Pixabay

O que fazer com o novo dia?

Cada novo dia que se apresenta é como um esboço a ser preenchido com os detalhes.

Se rabiscos errados acontecerem ou se as cores perderem o tom, haverá a possibilidade da inovação.

***

Quer ler o texto completo? Ele está no livro “Crônicas do Cotidiano – Para Continuar a Estrada”, atualmente em pré-lançamento no Clube dos Autores.

Leia também Ressignificar – A arte de inovar a mente ‣ Jeito de ver

 

 

 

Minha Pequena Cidade: Santa Terezinha

A Nova Praça Ápio Medrado

Fotografia Jeitodever.

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era bela,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra estrela”.

“A Rua” – Mario Quintana

 

Não sei se o prédio da Prefeitura era cinza ou se essa é a cor da minha memória, mas era verão quando lá cheguei, há muito tempo.

Os velhos bancos deteriorados numa velha praça de imensas árvores nativas, sem ladrilhos, castigada pelo andar de milhares de pessoas ao longo dos velhos anos.

De frente com a praça, a tradição de Seu João do Bar, a meiguice da Professora Marlene e os doces risos iluminados de Dona Lourdes.

Senti-me bem-vindo.

Dona Maria Medrado e as velhas fotografias falavam um francês perfeito e um belo inglês – privilégio de uma antiga elite.

Lembro das histórias que contava…
Suas fotografias me deixaram apaixonado e as histórias de sua vida, seu primeiro amor, seus pais, primos e irmãos me mostraram o quanto a vida muda em tão pouco tempo.

Caminhando mais à frente, havia o Paço Municipal e um espaço que seria, no futuro, a Câmara Municipal dos Vereadores.

Antes, as sessões eram realizadas num velho espaço na Praça da Bandeira, vizinho ao cadastro de Serviço Militar, de onde podia ver o Clemenceau Teixeira.

O Clemenceau era o antigo colégio onde os alunos pareciam felizes por estudar.
Aquele prédio onde, havia muito tempo, tratavam as folhas do fumo, lá conheci a Nair.

Nair era jovem, linda, como era também lindo o seu jeito de falar. Amava o Fernando Mendes e Giz, da Legião Urbana.

Amiga das melhores histórias e que jovem se foi.

Na mesma rua havia a Delegacia de Polícia e o delegado Joanito e o cabo Bellini.
Joanito era amável e corajoso.
Disfarçado, em uma ocasião, conseguiu abater um bandido extremamente violento.
Mas era paciente.

De lá havia uma subida para a rua, que seria o alto do sossego, e descia a Rua da Casa Forte… onde morei e descobri os escorpiões…
Não, não sou amigo deles. Era lá que moravam as crianças Yana, Everaldo, Nil… e no número 16, a Nair.

Naquela rua havia ainda o rebuliço; uma pessoa querida havia perdido a vida. Afogado.
Triste começo.

Descendo a Rua da Casa Forte, havia a entrada para a rua do Minadouro, ou Minador, onde sempre morará em minhas memórias a Professora Dinalva.
Ela amava me presentear com mangas e mangas.
Eu amava Dona Dinalva e Dona Edite, a encarregada de me entregar.

As velhas e belas árvores embaladas pela ventania me encantavam tanto quanto me assustavam.

Como era uma rua sem saída, então costumava voltar e andar em nova direção pelas ruas 2 de Julho, onde morava o Bigu e o meu amigo Nereu.

Nereu morava no Rio, amava o Vasco e me explicava política… se tornou colega de trabalho.

Havia também um campo próximo à Rua 2 de Julho, e por isso chamavam-na também de Rua do Campo (e isso me enlouquecia; numeração repetida era sinônimo de confusão…)

A rua de cima era a Rua Elísio Medrado, tio da Dona Maria, da primeira rua em frente à praça, que me disse uma vez ser este uma pessoa muito bondosa.

Que ajudava os doentes.

Não sei se, por coincidência, esta rua levava ao município com o mesmo nome, mas antes, na metade do caminho, me permitia descer e visitar Pedra Branca, onde conheci a Almerinda.

Impossível não amar a Almerinda… sempre preocupada com os filhos.

Mas, desta vez, voltei da Rua e encontrei a Rua das Pedrinhas e, de lá de cima, vi a pequena ponte entre as ruas 2 de Julho, Pedrinhas e a Praça da Bandeira, vizinha à Duque de Caxias.

Resolvi não voltar pelo mesmo caminho; segui em frente e cheguei à rua Alto da Boa Vista.

De lá de cima, olhei a primeira rua.

O grande prédio da Igreja.
A minha praça favorita, onde fui vizinho por um tempo.

As montanhas cercam a Cidade de Santa Terezinha

Fotografia por Jeitodever.

A Praça Ápio Medrado.

Fotografia por Jeitodever.

Vi a Rua José Batista, Castro Alves, Armando Messias…

Não havia muitas ruas.

Talvez o casarão em frente à agência onde trabalhei por dez anos ainda guarde as memórias de uma linda bailarina que um dia passou as férias naquela pequena cidade.

Ou a pequena agência da época guarde a tristeza de estar só, por tanto tempo.

Talvez pareça estranho lembrar tanta coisa depois de quase trinta longos anos…

Recordo a Moreninha, a prefeita eleita na ocasião, Clemente, o ex-prefeito da época, Dona Antonia, Dona Margarida, meu irmão Rubão e a estrada que levava a Castro Alves…

Onde os moradores revoltados um dia queimaram pneus em protesto pelas péssimas condições da pista…
Dia histórico!

Quando cheguei, a cidade era pequena e talvez não tenha crescido tanto.
Tive receios de voltar e encarar as memórias.

A cidade era pequena e grande para mim, que não conhecia muitas pessoas e que se apaixonou por todos de uma maneira bem especial, embora vivesse sozinho, longe da família e dos velhos amigos.

O vento soprava nas minhas madrugadas e, por muitos anos, foi o som das minhas noites.
Me traziam versos que não pude compartilhar e que destruí quando chegou a hora de partir.

E parti.

E a imagem daquela pequena cidade ainda permanece gravada, como uma fotografia, em minha mente.

Impossível não recordar a Ene se preocupando em ajudar as pessoas, o amor entre as famílias com quem pude trabalhar, a Ellis que amava a Argentina, o incrível Doutor Marcos…

Impossível esquecer o céu e a lua, nascendo brilhantes no horizonte, entre os montes, fazendo companhia a mim e aos meus livros e ao violão, naquela mesma velha praça. Cheia de árvores.

O antigo sobrado

Fotografia por Jeitodever

Há muitos ainda na memória, se transformando em palavras, na minha saudade…

Muitos ainda habitam as minhas memórias e sonhos.

As recordações me arrebatam aos meus vinte e três anos, quando a cidade apenas começava a despertar.

Onde a lua, as ruas escuras e a solidão de minha pequena casa me ensinavam o duro processo de crescer.

E meus passos se apagaram, como os passos daqueles que caminharam na velha praça antes de mim.

Talvez, no futuro, com cabelos ainda mais grisalhos, eu volte e trabalhe apenas mais um dia na terra em que comecei… faça as pazes comigo mesmo e abrace pela última vez, para sempre, o meu pequeno lar.

A cidade de Santa Terezinha.

Mas, as coisas findas,
Muito mais que lindas, estas ficarão”
– Carlos Drummond de Andrade

Leia também Voo efêmero – um breve encontro ‣ Jeito de ver

Santa Teresinha (Bahia) – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

A prisão da alma – uma mente cativa

A imagem do desânimo.

Imagem de Anemone123 por Pixabay

 

Ele saiu de casa determinado a acabar com o mundo

não retribuía aos acenos

não sorria,

esbravejava com quem o cumprimentava.

Ele partiu de casa, determinado a revidar contra o mundo

todas as injustiças que a vida lhe impôs:

as perdas, a solidão, a timidez

golpeava o ar, como a um adversário imaginário.

Saiu de casa

apenas para fazer o mesmo:

sua rotina, sua pressa, sua raiva

e não queria mudar.

Saiu

apenas por sua obrigação

por um nada, por um fim de mês

pela raiva…

 

E teve um péssimo dia…

Pois estava preso…

numa mente cativa!

Gilson Cruz

Veja mais em O Milagre da Atitude: O sentido no Cotidiano ‣ Jeito de ver

 

Cartas ao passado… Uma primavera

Se eu soubesse que aquela seria a última primavera

não reclamaria os ventos no outono

ou da tristeza no inverno

Se apenas soubesse que não mais haveria estações

contemplaria as flores tímidas do dia

e o vento gentil da noite

Contemplaria a beleza dos pássaros

e o ouviria as suas canções

Se soubesse

não te falaria das próximas estações

ou dos sonhos, de nada…

contemplaria o presente!

E amaria cada segundo…

Te abriria os olhos para o azul no céu

e os ouvidos, para a música no soprar dos ventos

Se eu soubesse no inverno

te daria o calor, a paz, a vida… a minha vida!

E o inverno não seria tão longo, tão frio

E a primavera…

Te oferceria flores e mais uma estação

apenas uma estação.

Não faria tantos planos

se eu soubesse, se apenas soubesse desta primavera

teria vivido os verões e outonos, outras estações

E não estaria escrevendo cartas ao vento, aos ventos

ao tempo que se foi.

Leia também Voo efêmero – um breve encontro ‣ Jeito de ver

O que pode acontecer hoje – faça o seu dia!

Uma atitude positiva para um dia mellhor.

Imagem de Hans por Pixabay

O quadro do dia amanheceu como todos os outros: sol, nuvens, ventania… mas algo está diferente!

Não me refiro às nuvens de inverno desta manhã. O sol volta a aparecer a qualquer momento…

Digo que a cada dia, mudamos um pouco…

As experiências deixaram marcas… de uma forma ou de outra. Mas, ainda nos resta o hoje!

As histórias de ontem já estão escritas e é impossível apagar mesmo um traço daquilo que está registrado.

Se no ontem houve tropeços, choros, lágrimas, sorrisos, risos ou muita alegria, as telas do hoje já estão prontas para receber novas matizes. Sim, ainda há a possibilidade de assentar contornos àquilo que não foi completado ontem.

As pedras em que tropeçamos ontem, podem ser reajustadas. O choro e as lágrimas podem ser a marca daquilo que se precisava para preencher a arte do novo dia.

O riso, o sorriso e a alegria são as recompensas daquilo que deu certo – e que deve ser relembrado, celebrado, para a beleza do hoje.

No quadro de hoje surgirão novas tintas, novos rabiscos, novas ideias…

Tudo pode acontecer, assim como o nada também pode acontecer – e que isso não signifique ansiedade, tédio ou medo de não estar vivendo o que desejaria viver.

O sol, as nuvens, a ventania estão – no mesmo lugar… faça a diferença hoje.

Adicione as cores, o brilho e a nitidez e mesmo as sombras.

Faça a sua arte acontecer.

Viver é a arte!

Leia também: Ressignificar – A arte de inovar a mente ‣ Jeito de ver

 

 

 

 

Ressignificar – A arte de inovar a mente

Refletir sobre o amor pelo nosso trabalho é essencial para uma vida repleta de significado. Realizar tarefas que não nos satisfazem torna cada momento um fardo pesado, com os minutos se arrastando e afetando nosso ânimo e relações.

Em contraste, ao encontrar propósito no trabalho e perceber seus benefícios coletivos, ele se torna mais leve e gratificante. O sentimento que nutrimos pelo nosso trabalho e o propósito que lhe atribuímos são determinantes para os resultados alcançados.

Por exemplo, se filhos ajudam na limpeza da casa sentindo-se explorados, o trabalho é feito com ressentimento, prejudicando a todos e desperdiçando energia. Mas se entendem que estão contribuindo para o bem-estar comum, a tarefa é realizada sem frustração.

Da mesma forma, um funcionário que resiste a vender um produto por desconforto pessoal pode até ter sucesso nas vendas, mas sem satisfação.

Conhecer e refletir sobre os benefícios do produto pode mudar essa percepção, facilitando o amor pelo trabalho.

A forma como executamos nossas tarefas espelha o amor que temos por elas, e esse amor é necessário para dar sentido à nossa existência.

Portanto, ressignificar é a palavra.

Seja no trabalho ou nas adversidades da vida, há sempre algo a se aprender.

 

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Gilson Cruz

Jeitodever.com”

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O que se desejar para o dia? ‣ Jeito de ver

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