Se eu soubesse que aquela seria a última primavera
não reclamaria os ventos no outono
ou da tristeza no inverno
Se apenas soubesse que não mais haveria estações
contemplaria as flores tímidas do dia
e o vento gentil da noite
Contemplaria a beleza dos pássaros
e o ouviria as suas canções
Se soubesse
não te falaria das próximas estações
ou dos sonhos, de nada…
contemplaria o presente!
E amaria cada segundo…
Te abriria os olhos para o azul no céu
e os ouvidos, para a música no soprar dos ventos
Se eu soubesse no inverno
te daria o calor, a paz, a vida… a minha vida!
E o inverno não seria tão longo, tão frio
E a primavera…
Te oferceria flores e mais uma estação
apenas uma estação.
Não faria tantos planos
se eu soubesse, se apenas soubesse desta primavera
teria vivido os verões e outonos, outras estações
E não estaria escrevendo cartas ao vento, aos ventos
ao tempo que se foi.
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Comentário (2)
Ranne Ramos| 12 de agosto de 2024
É como se as estações regessem as emoções de uma alma naturalmente reflexiva sobre a própria matriz de arrependimento. O sentimento de culpa é o carrasco que se alimenta da pobre carranca que nos sustenta.
Gilson Cruz| 12 de agosto de 2024
Meu amigo, Ranne, muito obrigado.