A Favela Ainda Não Venceu. Ainda…

Cristo Redentor e as Favelas

O que é favela?

Quando falamos em “favela” imaginamos um aglomerado de moradias populares, geralmente em encostas, surgidas de ocupações espontâneas.

Segundo os dados do Censo de 2022 divulgados pelo IBGE, aproximadamente 16,4 milhões de pessoas vivem em favelas no Brasil, o que representa 8,1% da população do país.

Imagem de anja_schindler por Pixabay

Essas pessoas estão distribuídas em 12,3 mil favelas, localizadas em 656 municípios.

Para que possamos ter uma dimensão desta magnitude, se todas as favelas brasileiras formassem um estado, seria o terceiro mais populoso do país, ficando atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais.

O que são guetos?

Embora haja alguma semelhança, os “ghettos” (guetos) de outros países têm características diferentes das favelas brasileiras, pois, ao passo que as favelas brasileiras são assentamentos informais autoconstruídos, que surgem por ocupação de terrenos (muitas vezes em áreas de risco) e crescem sem planejamento oficial, os guetos internacionais são bairros formais degradados, ou seja, foram construídos legalmente, mas sofreram desinvestimento, abandono e segregação racial e econômica ao longo do tempo.

As semelhanças compartilhadas entre ambos estão na concentração de pobreza, marginalização social, falta de serviços adequados, estigmatização e segregação espacial das populações mais vulneráveis.

O termo “slum”, usado na África e na Ásia, que significa assentamento precário, é provavelmente a tradução internacional mais precisa para favela.

Podemos dizer que a palavra gueto está mais relacionada a um fenômeno urbano.

Qual a origem das favelas no Brasil?

A origem das favelas no Brasil tem raízes históricas profundas, ligadas a questões sociais, econômicas e raciais.

O primeiro registro de favela documentada surgiu no Rio de Janeiro, no Morro da Providência.

No final do século XIX, após a Guerra de Canudos ou Massacre de Canudos (1896-1897), muitos soldados do Exército retornaram ao Rio de Janeiro sem receber o pagamento prometido.

Sem ter onde morar, ocuparam o morro mais próximo à região central, no bairro da Providência, que passou a ser conhecido como “Morro da Favela”.

O nome vem de uma planta espinhosa, abundante no sertão nordestino, comum na região de Canudos, no interior da Bahia. Adotar este nome seria uma lembrança do sofrimento e da resistência vivida ali.

E as favelas cresceram…

Outro fator que contribuiu para o surgimento e crescimento de favelas foi, por incrível que pareça, a Abolição da Escravatura.

A libertação dos escravizados ocorreu sem nenhuma política de integração, moradia ou reparação.

Milhares de pessoas negras recém-libertas ficaram sem terra, emprego ou moradia, concentrando-se nas periferias urbanas.

A urbanização acelerada que se deu no final do século XIX e início do século XX mostrou que as cidades não estavam preparadas para absorver a população que migrava do campo.

Reformas urbanas excludentes, como a do prefeito Pereira Passos no Rio de Janeiro (1902-1906), demoliram cortiços e habitações populares no centro para “modernizar” a cidade, expulsando a população pobre para os morros.

Enfim, mais uma vez, um novo êxodo rural, desta vez a partir dos anos 1940-1950, quando pessoas fugiam da seca do Nordeste, buscando oportunidades nas grandes cidades, encontraram nas ocupações informais a única alternativa habitacional disponível.

Uma nota importante:

Uma característica política era a preocupação com os interesses dos ricos e a falta de empatia pelos mais pobres. (Por que será que às vezes penso que o termo “era” não é apropriado?)

A reforma no Rio de Janeiro ficou conhecida como “Bota-abaixo”, justamente pela maneira brutal e autoritária como foi conduzida.

Milhares de pessoas, todas pobres, em sua maioria negras, foram expulsas sem qualquer compensação financeira, forçadas a migrar para os morros.

As reformas priorizavam a estética e os interesses da elite, ignorando completamente os direitos e a dignidade da população pobre.

Depois de todo esse passeio histórico, que tal falarmos sobre o desenvolvimento cultural nas favelas?

O desenvolvimento cultural das favelas

Apesar de todo esse contexto sombrio, alguma coisa boa tinha de acontecer, não é verdade?

As favelas se tornaram verdadeiros caldeirões culturais no Brasil.

Na literatura, escritores como Carolina Maria de Jesus (com o Quarto de despejo) e, posteriormente, o movimento de literatura marginal/periférica deram voz às experiências das favelas.

Na arte-luta, embora a Capoeira seja bem anterior às favelas, foi nessas comunidades que ela encontrou espaço de preservação e prática, mantendo viva essa arte-luta afro-brasileira.

As favelas desenvolveram estética visual própria, transformando vielas e muros em galerias a céu aberto, por meio dos grafites.

O Hip Hop e o RAP (Rhythm and Poetry), embora de origem norte-americana, emergiram nas periferias paulistanas, narrando a realidade das favelas e quebrando o silêncio sobre violência policial, racismo e exclusão — um salve Racionais MC’s, entre outros.

A expressão maior das favelas: o Samba

O samba nasceu e se consolidou nas favelas e comunidades negras do Rio de Janeiro.

A casa da Tia Ciata, na Praça Onze (região que recebia a população removida), foi um dos berços do samba moderno no início do século XX.

Ali se reuniam descendentes de escravizados baianos, criando um espaço de resistência cultural onde o samba urbano se desenvolveu, misturando elementos africanos com influências brasileiras.

As escolas de samba surgiram também neste contexto comunitário das favelas e subúrbios cariocas — a primeira foi a Deixa Falar, em 1928, no bairro do Estácio.

Figuras históricas do samba como Donga, autor de Pelo Telefone, o primeiro samba gravado; Pixinguinha; Sinhô, apelidado de “O Rei do Samba”; Tia Ciata, a matriarca do samba; Heitor dos Prazeres; Ismael Silva, fundador da primeira escola de samba, a Deixa Falar, e compositor de Se você jurar; Geraldo Pereira e Cartola (Angenor de Oliveira), fundador da Mangueira e um dos maiores poetas do samba brasileiro — entre muitos outros, a lista é quase infinita.

A vida de cada um desses personagens inspiraria livros e livros, e trabalharemos posteriormente as biografias dessas pérolas brasileiras.

Cada um deles retratou a luta e a perseverança para lidar com as dificuldades impostas a um povo esquecido pela maioria dos governos brasileiros.

Com resignação e poesia, descreviam as mazelas e as alegrias de morar no morro.

A ausência do Estado e o crime

A ausência do Estado, ou a presença apenas através da repressão policial, criou um vazio que foi preenchido por organizações criminosas.

As favelas ofereciam vantagem tática — visibilidade e dificuldade de acesso para a polícia.

A vulnerabilidade social também se tornou um facilitador: a falta de perspectivas fez de jovens alvos fáceis para recrutamento.

Nas décadas de 1970-1980, com o crescimento do narcotráfico internacional e a chegada da cocaína no Brasil, facções criminosas passaram a se estabelecer nas favelas.

Por exemplo, o Comando Vermelho, nascido no sistema prisional nos anos 1970, foi pioneiro neste processo no Rio de Janeiro.

Posteriormente surgiram o Terceiro Comando e outras facções.

A ocupação pelo crime organizado é consequência do abandono histórico.

As facções ocuparam um espaço que o Estado se recusou a ocupar com educação, saúde, cultura, oportunidade e dignidade.

A violência não é a solução

A repressão policial jamais foi a solução. Crianças já não sabem mais quem são os “mocinhos ou os vilões” na história!

As consequências dessa situação são moradores reféns, entre a violência do tráfico e a violência policial.

Jovens negros e pobres são as principais vítimas — tanto como alvos da polícia quanto como mão de obra descartável na mão de criminosos.

O estigma de favela como local de criminalidade se perpetua, quando na realidade a imensa maioria dos moradores são trabalhadores honestos.

E o pior: políticos usam o suposto combate ao crime com violência como plataformas políticas, alimentando o ciclo de violência, quando deveriam investir mais em educação e em projetos de integração.

Cortam-se os galhos, mantêm-se as raízes!

Diante da falta de esperança, alguns buscam um lugar no céu — que é vendido descaradamente por pregadores gananciosos.

Apesar da beleza e da alegria que insiste em brilhar e motivar cada um dos muitos trabalhadores das favelas — ainda há muito o que se melhorar.

Ainda há a desigualdade, o sofrimento, o estigma e a influência do crime organizado — mesmo na arte!

A favela ainda não venceu!

Não como cantam alguns funkeiros, que narram o seu sucesso pessoal e migração para bairros nobres da cidade como sendo uma vitória coletiva.

A FAVELA AINDA NÃO VENCEU!

Ela continua a lutar…

Leia também A População Carcerária no Brasil ‣ Jeito de ver

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E então nasceu uma menina – Amor sem roteiro

Bem chateada…

E então nasceu uma menina
Canção do amor sem roteiro

Você diz: Um dia serei pai.

Ensinarei ao meu filho amar os livros,
a ouvir a música,
a tocar instrumentos, e juntos nos divertiremos em momentos juntos.

Brincaremos de bola e ele usará as cores do meu time.

Serei Pai.

E meu filho amará a escola que hoje é bem diferente da minha escola… há liberdade!

Você diz: Serei Pai e meu filho…

E de repente, nasce uma menina!

E assim mesmo você se derrete e esquece todos os planos.

Você não a ensina a amar os livros…
Você lê pacientemente com ela, cada palavra.
O tom de sua voz reflete aquilo que seu coração deseja dizer.

Você não a ensina a ouvir músicas,
mas dança com carinho as mesmas canções esquecidas
que seus pais cantavam pra te ninar.

E aos poucos, suas canções favoritas encontram um novo universo.

Ela não se interessará por violões, pianos, contrabaixos…
Mas, de que importa?

É um Novo Mundo.

Segura suas mãozinhas enquanto ela corre para chutar a bolinha
no espaço reduzido da varanda.

No dia de ir para a escola, seu coração se quebra.
Vê os olhinhos marejados de medo diante da ausência, do universo desconhecido.

Você diz: Serei Pai…

E se descobre todos os dias…

E descobre o amor ao ver nascer
o sonho que vier…

Leia também: Um poema para Brenda (Com H de “hoje”) ‣ Jeito de ver

Queridos

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E mais surpresas:

Dhan Nascimento – YouTube

O louco e a lua (Contos de solidão)

O louco e a lua

Iluminado, sob um céu estrelado, ele se perdia entre o brilho da lua e das estrelas e o sopro do vento norte.
As pessoas diziam: “É um louco”, pois com as mesmas velhas roupas sujas, maltrapilhas, e um bastão castigado pelos anos, vivia o seu dia a andar pelas ruas da cidade.
Todos sabiam o seu nome, mas os anos pareciam não passar.

Ninguém percebia em sua face um novo traço ou em seus cabelos uma nova cor, mas sabiam que dia após dia, pelas ruas da cidade estaria ele, caminhando lentamente, como que contando seus passos…
… pois talvez não houvesse histórias pra contar.

Mas, por quanto tempo ele esteve lá?
Quantas vezes presenciou o nascer e o pôr do sol? Ou quantas estrelas conseguiu contar?
Talvez soubessem de onde veio, mas onde iria?
Ria ao sentir-se amado e irritava-se quando se sentia ameaçado.
Queria saber as horas… mas, para quê?
Sem passado pra contar, qual seria seu futuro?

Talvez buscando esse futuro saiu pelas ruas, olhando as estrelas pela última vez.
E as pessoas, ao acordarem da paz de seus sonhos, viam uma rua vazia… cheia de pessoas vivendo a pressa de seus dias.
Onde está ele?
Perguntaram-se no abrigo de seus lares, enquanto a lua vigiava o silêncio esquecido do louco que a amava.

E os dias se passaram…

Não se formaram grupos de buscas como em sociedades organizadas, é verdade. Mas todos queriam saber.
E foi sob o sol de inverno, vazio de lembranças e de pensamentos, que o encontraram.

Todos se lembraram dele.
Escreveram mensagens de conforto a uma família de que não se ouvia falar.
Muitos choraram nas ruas.

E nos dias que se seguiram, procurando e enviando preces desde o abrigo de seus lares, receberam o desfecho da história do louco…
Mas, que apenas a lua viu.


Leia também: Pobre Pedro ( e o tempo que passou.) ‣ Jeito de ver


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Mas, apenas a lua viu. A lua testemunha.

Imagem de Bruno por Pixabay

Pobre Pedro ( e o tempo que passou.)

alt= Homem solitário à beira do mar.

Imagem de Engin Akyurt por Pixabay

Sinopse
A poesia “Pobre Pedro” retrata a solidão e o abandono de um homem incompreendido pela sociedade. Entre julgamentos apressados e a indiferença cotidiana, Pedro, fragilizado pelo desemprego e pela doença, vê a vida escapar em silêncio. Uma narrativa poética que expõe o contraste entre a dureza dos olhares alheios e a dor invisível de quem sofre sozinho.

Pobre Pedro

O galo cantou,
Despertador gritou,
O vizinho resmungou,
Mas Pedro não acordava.

O cachorro latia,
O circular se contorcia,
E mesmo com o barulho do dia,
Ele não despertava.

Pobre Pedro,
Do emprego dispensado,
Vivia agora abatido,
Sempre havia trabalhado.

O olho sequer
Fechava,
A realidade em confusão
Com os sonhos que sonhava.

“Que noite foi essa?” — diziam.
“Irresponsável, curtiu à beça,
Vive sem pressa…”
E ele, nem se importava.

Deixaram pra lá,
Pra que se importar?
Saíam dizendo:
“Vagabundo, vai trabalhar!”
E o pobre Pedro nada fazia.

Os dias passaram,
Já não se importavam
Se o sol nascia,
Se as portas fechavam.

Maldiziam:
“O boêmio,
O irresponsável,
O vagabundo,
O pobre Pedro…

… o defunto.”

Sozinho nas agonias,
Sem ajuda, sem nada,
Viu a vida escapar pela janela,
Enquanto o dia passava.

Pobre Pedro…
Ninguém o entendia.

Se você é apaixonado por poesias recomendo um excelente blog:

Blog dos Poetas – Poemas selecionados de escritores famosos e consagrados

Leia também Um bom rapaz – uma crônica. ‣ Jeito de ver

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Escrever ( Os motivos da vida)

Imagem de Pexels por Pixabay

📝 Se você gosta das nossas postagens e deseja apoiar o blog, em breve lançaremos o e-book “Crônicas do Cotidiano” — uma coletânea com alguns dos melhores textos do site, acompanhados de comentários inéditos e reflexões que ampliam o olhar sobre o cotidiano.

ESCREVO

Escrevo

Pois tive sonhos

Que se realizaram

E outros

Que não se puderam concretizar…

que não aconteceram

Escrevo como quem sonhou.

 

Escrevo

Pois vi lindos Campos verdes

E maravilhosos céus azuis

E nos dias tristes de chuva

Deixei esfriar o ímpeto

De buscar lugares ao sol

Escrevo sim…

Como quem sofreu

 

Escrevo

Pois amei

E vi o amor fugir

e desaparecer sem palavras

Sem gestos de ternura

ou palavras de silêncio

Escrevo

Como quem já amou…

 

Escrevo

Como quem contemplou as madrugadas

E se enamorou da lua

Mas, que abraçou o Sol.

Que aceitou os sonhos

Que acolheu a tristeza

E que ainda acredita…

Escrevo

Como quem viveu…

 

Por isso escrevo.

Pois os momentos passam

Os sentimentos passam

Os dias …

Passam

Mas, quanto às palavras…

Elas ficam.

E Ficarão para sempre

Para sempre.

Leia também A ilusão do brilho… Vaga-lume. ‣ Jeito de ver

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A ilusão do brilho… Vaga-lume.

alt="Ouriço escondido entre folhas secas no outono"

Imagem de Anthony Jarrin por Pixabay

Introdução:

Às vezes, é no silêncio da noite e na simplicidade de um jardim que surgem as reflexões mais profundas.

Entre formigas silenciosas, grilos repetitivos e o brilho passageiro de um pirilampo, este pequeno texto convida à contemplação da vida que pulsa discretamente à nossa volta — e dentro de nós.

Nesta breve alegoria, o vaga-lume se torna símbolo da efemeridade do brilho, da ilusão de grandeza, e da fragilidade dos instantes em que buscamos ser mais do que somos.

Será que, ao brilhar, deixamos de ver o mundo?
Será que a verdadeira duração da vida está nos momentos em que apenas existimos, sem precisar encantar?

Convido você a vagar por esse jardim noturno de pensamentos, onde até a menor luz pode carregar um universo de sentidos.

 

A ilusão do brilho… Vaga-lume

Na escuridão da noite, no pequeno jardim, brilha o pirilampo.

De vaga luz, flutuando entre outros que apenas se encantam com o seu luzir confunde-se com o piscar das estrelas no infinito.

As formigas em silêncio, constroem as suas vidas.

Os grilos cantam as mesmas canções, falta-lhes inspiração?

No jardim a vida continua e enquanto pisca, não vê o mundo ao redor…

Vaga-lume….

Pirilampo…

Vives bem mais enquanto não brilhas…

O teu brilhar é passageiro

Dias? Semanas?

Teu céu finito…

Não és uma estrela.

Vaga…

Vaga-lume.

Leia também: Voo efêmero – um breve encontro ‣ Jeito de ver

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Reconciliação (Coisas do passado)

Imagem de Otávio Trinck por Pixabay

Reconciliação (Coisas do passado)

Dona Maria
Sentada à porta
Na porta
algumas chaves
E entre as chaves
a mais antiga,
de aro bordado
e de cor escura
Que lhe abre os segredos

No baú escuro
Fotografias desbotadas
Memórias desbotadas
de momentos felizes
E segredos velados
De uma noite sob o luar
O convite para dançar
Até o adeus repentino…
de momentos
Que se prefere esquecer.

Dona Maria
suspira
revira a fotografia
Procura personagens
presos na memória
Até onde a memória vai ?
Não tão longe quanto os sonhos…

Do baú escuro
Retira a fotografia
e beija silenciosamente…
Olhando para o céu
suspira como numa prece
Como num desabafo
Por apenas mais um momento
Um reencontro.
rogando a paz
para o presente
para o futuro…e dorme
no mundo que sonhou encontrar…

Fazendo as pazes com o passado.

Leia mais: Varandas vazias e tradições perdidas ‣ Jeito de ver

 

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A Cultura da Tortura: Análise

Ilustração de um instrumento de tortura.
Cadeira de tortura

Imagem de Hans por Pixabay

A Cultura da Tortura: Da Inquisição às Investigações Policiais

Vamos refletir, neste post, sobre a cultura da tortura — seu surgimento, a figura dos falsos heróis e os paralelos entre práticas inquisitoriais e as caças às bruxas.

Enquanto alguns ainda tentam justificar a tortura como método de interrogatório, outros questionam sua eficácia e legitimidade. Afinal, haveria alguma justificativa real para sua aplicação?

A proposta aqui é simples: compreender, de modo direto, como essa cultura se perpetuou ao longo do tempo — inclusive em regimes como o nazismo — e como tantos torturadores se ampararam na ideia de que apenas “cumpriam ordens”.

Franz Stangl, comandante do campo de extermínio de Treblinka, disse certa vez em uma entrevista:

“Minha consciência está limpa. Eu estava simplesmente cumprindo meu dever…”

A Reação e o Clamor por Justiça

A reação imediata à barbárie é o clamor por justiça. A ausência de punição gera revolta.

É muito comum ouvirmos relatos de pessoas que decidiram “fazer justiça” com as próprias mãos, por meio de linchamentos.

Programas de televisão populares entre 1980 e 2010 exploravam crimes terríveis com sensacionalismo, apresentando histórias de forma a fazer o telespectador sentir a injustiça vigente no país.

Diante deste cenário, as pessoas clamam por mudanças.

Daí surgem falsos heróis, repetindo padrões históricos de séculos e séculos.

Na ânsia de “solucionar rapidamente” um crime e satisfazer o desejo de sangue da população, métodos cruéis foram aplicados em muitos inocentes.

Falsos Heróis

Por exemplo, moradores antigos da cidade de Iaçu, interior da Bahia, contam que um homem foi acusado de abusar sexualmente de uma jovem.

A multidão exigia justiça, mas o homem negava o crime.

Na ânsia de conseguir uma confissão, um sargento (ou cabo) da época aplicou as mais variadas torturas, desde espancamento à queima dos órgãos sexuais do acusado.

Para se livrar da tortura, o jovem admitiu a culpa, embora depois de castigado e solto voltasse a afirmar a sua inocência.

Infelizmente, as fontes não me deram mais detalhes quanto ao torturador, o torturado e o final da história.

Percebi que, embora tal ato tivesse acontecido há mais de 30 anos, os moradores ainda temiam represálias.

Realmente, é um caso chocante.

Mas, como disse, isso repete um padrão.

A História da Tortura e Suas Origens

A tortura, como método de obtenção de confissões e informações, remonta a períodos históricos em que instituições religiosas e civis recorriam a práticas extremas para manter a ordem e a fé.

Durante a Idade Média, a Inquisição se destacou como uma das principais instituições que normalizou a tortura em nome da busca pela verdade.

O desejo de erradicar heresias e bruxarias levou os inquisidores a empregarem métodos brutais para obter confissões, frequentemente utilizando torturas físicas e psicológicas.

Essa era viu a ascensão de técnicas cruelmente inventivas, que, em muitos casos, visavam não apenas à obtenção de informações, mas também à punição pública das vítimas.

O conceito de que a dor poderia forçar um indivíduo a revelar a verdade se tornou uma crença arraigada na sociedade da época.

Assim, a tortura não foi vista apenas como um meio, mas como um instrumento legítimo de justiça.

As práticas de tortura variavam de acordo com a região e a cultura, mas a intenção era global: garantir que as acusações fossem confirmadas, independentemente da autenticidade.

Instituições como a Igreja Católica e, posteriormente, alguns órgãos do Estado, utilizaram a tortura como forma de controle social, perpetuando um ciclo de medo e repressão.

A Caça às Bruxas

Um exemplo que ilustra bem esse fato é o julgamento das “bruxas” na Idade Média.

Quando o país passava por privações em longos períodos de estiagem, os moradores buscavam um culpado. Sim, culpado pelas estiagens!

Com isso, clérigos religiosos (que tinham muito poder) decidiam a quem culpar. E, neste caso, “a culpa era das bruxas”.

Mas quem eram as bruxas? Quando a medicina avançada da época era privilégio dos ricos (bem, não mudou muita coisa — medicina privada…), mulheres com experiência em realizar partos, fabricar remédios e cuidar da saúde da população eram consideradas bruxas.

Mulheres que cultuavam a natureza também eram denominadas bruxas.

Os clérigos, no uso do poder investido a eles, utilizavam os mais cruéis métodos de tortura, que iam de espancamentos a desmembramentos, decapitações, afogamentos e outras práticas bárbaras, para que elas admitissem culpa nos eventos e “entregassem” outras bruxas.

Muitas aceitavam a culpa apenas para se livrar das torturas.

Milhares de mulheres inocentes foram torturadas e assassinadas.

Além das necessidades religiosas, o uso da tortura se expandiu para o contexto civil, especialmente durante períodos de agitação política e revoltas populares.

Paralelos

Os mesmos clérigos que caluniavam e torturavam inocentes para alcançar a fama e riquezas se reuniam em suas igrejas para pregar o perdão de Deus. — O cúmulo da hipocrisia!

Investigadores policiais começaram a adotar esses métodos em suas práticas, relacionando a tortura à eficácia na resolução de crimes.

Nas várias transições sociais e políticas nos séculos seguintes, a prática se consolidou como parte das estruturas de poder, refletindo as ansiedades e as tensões da sociedade.

Com o passar do tempo, as críticas a essas práticas começaram a surgir, mas a história da tortura é um testemunho da sua profunda enraização nas instituições humanas.

Na Inquisição espanhola os torturadores castigavam as suas vítimas com o uso do berço de Judas, um aparelho usado para empalar lentamente as vítimas.

Durante este período quase 300 mil pessoas foram condenadas e 30 mil foram executadas.

A Tortura Durante o Período Militar

Durante os regimes militares na América Latina, a tortura foi utilizada como uma ferramenta sistemática de controle e repressão.

Governos autoritários, em um esforço para suprimir a dissidência, implementaram um vasto aparato de violência que incluía a prática da tortura em diversas formas.

As táticas empregadas eram não apenas brutais, mas frequentemente justificadas sob o pretexto de segurança nacional.

É essencial compreender os métodos utilizados, que variavam desde agressões físicas diretas, como espancamentos e eletrochoques, até formas mais psicológicas, como o isolamento extremo e a humilhação.

Essa combinação de táticas visava não apenas extrair informações, mas também desmantelar a resistência e fomentar um ambiente de medo.

O Caso dos Irmãos Naves

Poderíamos inserir neste contexto um típico caso de tortura policial, em Minas Gerais, durante a Ditadura Vargas.

O pouco conhecido caso dos irmãos Naves.

Um comerciante quase falido, de nome Benedito, desapareceu com um cheque de muito valor e foi dado como morto. Os primeiros a levarem o fato ao conhecimento da polícia foram os irmãos Naves.

As investigações não progrediam, e, para lidar com o caso e o clamor público, foi designado o infame Tenente Vieira, pois a população cobrava uma resposta.

O primeiro ato do “herói” foi acusar os irmãos de assassinato e submetê-los às mais terríveis e imagináveis torturas, que iam de espancamentos até o estupro da mãe dos acusados na presença deles.

Crimes policiais

Os crimes da polícia iam se acumulando, inclusive com a morte de um bebê de dez meses da família, que estava preso com a mãe, com o objetivo de conseguir confissões.

Com o extremo stress da prisão e das ameaças a mãe não conseguia lactar. A criança morreu por inanição

Os irmãos suportaram todas as torturas possíveis, assegurando a inocência, e mesmo assim foram condenados a muitos anos de prisão.

Uma nota importante é que foram julgados duas vezes e, devido à falta de provas e aos métodos criminosos do Tenente Vieira, foram inocentados.

Mas, devido à ditadura, ao privilégio policial e aos contatos, os homens foram condenados mesmo assim.

Benedito estava vivo!

Por bom comportamento, foram soltos depois de um bom período, para, logo depois, todos descobrirem que Benedito estava vivo — e muito bem vivo!

A multidão, então, queria linchar Benedito.

Por segurança, a polícia o manteve preso, mas mesmo assim jamais admitira o tratamento criminoso.

Devido às sequelas e traumas psicológicos, um dos irmãos morreu aos 36 anos.

Resumo: apesar de toda a injustiça e barbárie, a indenização que o Estado de Minas pagou, segundo relatos, não era suficiente nem mesmo para comprar uma casa.

Imagine compensar toda a desgraça que fizeram.

Alguns torturadores passam por crises de consciência.

Conflitos Mentais

Em muitos torturadores, o envolvimento em tais práticas pode gerar um profundo conflito interno, resultando em problemas de saúde mental e em uma dessensibilização à violência.

Por outro lado, aqueles que foram submetidos à tortura frequentemente enfrentavam traumas duradouros que continuavam a influenciar suas vidas mesmo após a libertação.

O trauma envolvido não se limitou às vítimas diretas; familiares e comunidades também sofreram como consequência do clima de repressão e medo.

A cultura da tortura, portanto, alimentou um ciclo vicioso de controle social, onde a ideia de que a força era necessária para manter a ordem se disseminou amplamente.

Essa mentalidade foi sustentada por uma retórica que apresentava as práticas de tortura como indispensáveis para o combate ao terrorismo e à subversão, levando assim a uma banalização da violência.

O legado desta era de tortura ainda ressoa nas sociedades contemporâneas, levantando questões sobre direitos humanos e a legitimidade das ações estatais.

As reflexões sobre este período são cruciais para entender como a tortura pode ser institucionalizada e os efeitos devastadores que isso tem sobre a sociedade como um todo.

A Ineficácia da Tortura como Método de Investigação

Relatos têm demonstrado consistentemente a ineficácia desse método na obtenção de informações verídicas.

Muitas vezes, o que se observa é que indivíduos submetidos à tortura acabam confessando crimes que não cometeram, apenas na esperança de escapar da dor e do sofrimento infligidos a eles.

Essa dinâmica revela uma falha intrínseca da tortura como ferramenta de investigação.

Pesquisas realizadas por psicólogos e especialistas em justiça criminal mostram que indivíduos sob intensa pressão psicológica e física podem não apenas fornecer informações falsas, mas também incriminar outros, levando a condenações erradas.

Alguns estudos destacam que a coação extrema não garante a veracidade do que é dito, mas, em contrapartida, gera um ambiente onde as vítimas sentem que a única alternativa é a submissão, ainda que isso implique em confessar falsamente.

Busca por um culpado Versus Busca pela verdade

Além disso, a busca por um culpado muitas vezes prevalece sobre a busca pela verdade nas investigações policiais.

Essa mentalidade pode levar autoridades a priorizar resultados rápidos em detrimento de métodos investigativos mais rigorosos e éticos.

O uso da tortura se transforma, então, em uma solução aparente, mas inadequada, em situações onde o devido processo e a investigação detalhada deveriam ser a norma.

Este foco no resultado emocional, em vez de na reputação da verdade, compromete a integridade do sistema de justiça, afastando-o de suas funções essenciais.

Portanto, a tortura não apenas falha como método de busca pela verdade, mas também perpetua injustiças, atormentando os inocentes e distorcendo a percepção da realidade no que tange ao crime e à punição.

Reflexões sobre a Cultura da Confissão e Suas Implicações

A cultura da tortura continua a gerar repercussões significativas na sociedade contemporânea.

Desde as práticas da Inquisição até os métodos utilizados em investigações policiais modernas, a ideia de que “o fim justifica os meios” permeia o imaginário coletivo, influenciando a forma como a justiça é administrada e percebida.

“É um fato: os criminosos continuam a torturar. O mais chocante é ver os métodos repetidos por aqueles que deveriam proteger — o que se esperar?”
— R. Ramos, Poeta e Professor

Este conceito, que subverte os princípios éticos fundamentais, reflete uma busca incessante por resultados, muitas vezes à custa da dignidade humana e dos direitos individuais.

As implicações dessa cultura são vastas e complexas.

A busca pela confissão, seja em um contexto religioso ou jurídico, frequentemente resulta na normalização da violência como método de obtenção de provas.

Essa prática não apenas perpetua o sofrimento infligido às vítimas, mas também enfraquece a credibilidade do sistema de justiça.

A Busca de um Culpado e a Sociedade

Quando as confissões são obtidas por coerção, o espaço para a verdade genuína e a responsabilização justa é comprometido.

A incerteza acerca da veracidade das informações obtidas através de tortura gera um ciclo vicioso de impunidade e desconfiança nas instituições.

Além disso, a persistência dessa mentalidade no presente revela uma necessidade urgente de reavaliação das técnicas de investigação.

As sociedades devem se comprometer a erradicar essas práticas desumanas, enfatizando métodos que respeitem os direitos e a dignidade do indivíduo.

A promoção de abordagens mais humanas e eficazes, que priorizem a empatia e a verdade, é crucial para a reconstrução da confiança nas instituições.

A narrativa da tortura deve ser substituída por uma cultura de justiça que valorize a vida e a verdade, garantindo que o sofrimento humano nunca mais seja visto como um preço aceitável para a obtenção de resultados.

A Psicologia do Torturador

Estudos revelam que torturadores frequentemente desenvolvem uma “dupla consciência”:

-As atrocidades são justificadas como dever funcional enquanto sucumbem ao alcoolismo e à depressão.

O Tenente Vieira operava num sistema que premiava a eficiência violenta, onde promoções dependiam de resultados — tal como inquisidores ascendiam na hierarquia eclesiástica conforme o número de hereges condenados.

O fantasma de Vieira ainda assombra quando se analisam operações policiais recentes, como na Baixada Fluminense em 2024: 80% das vítimas eram negras.

O mesmo padrão se repete na Bahia e em São Paulo, onde a maioria das vítimas da violência policial são pobres e pretas.

A auto-absolvição e autopurificação

Em muitos casos, a religião tem sido usada como forma de auto-absolvição ritualística — não como expressão de arrependimento genuíno.

Seguindo essa linha, é comum que policiais envolvidos em torturas ou atos de violência se convertam ao evangelho em busca de autopurificação.

Nessas situações, o acolhimento de algumas igrejas pode funcionar, simbolicamente, como uma “lavanderia da alma”.

É claro que isso não significa que todos os torturadores que aderiram à fé o fizeram por razões egoístas ou continuaram a se destacar nos púlpitos.

Muitos o fazem por fé sincera e pela esperança de recomeçar.

Tome-se como exemplo o caso de Cláudio Guerra, ex-delegado do DOPS, que se converteu, escreveu um livro confessando crimes e participou do documentário Pastor Cláudio:

A igreja serviu, neste caso, de manto para o torturador.

Guerra teve uma morte tranquila — privilégio raramente concedido a pobres no Brasil — sem jamais ter revelado remorso pelas pelas vidas que incinerou.

Conclusão

Os fins justificam os meios…?

Segundo o Pastor Cláudio, o torturador, com a anistia muitos militares antes torturadores passaram a “prestar segurança” a bicheiros.

Bem, se apenas um inocente fosse torturado e morto, já haveria um bom motivo para questionamento, mas o fato é que milhões de pessoas inocentes foram torturadas e mortas, nas mãos de sádicos disfarçados de heróis.

Os pensamentos mudariam se nossos filhos inocentes fossem vítimas de tais atrocidades, não é verdade?

Tentar justificar a tortura é dar suporte ao argumento dos nazistas, que replicaram e criaram novos meios de torturas, inimagináveis mesmo aos inquisidores.

O Projeto Armazém da Memória indica que 68% dos torturadores da ditadura brasileira identificados nunca foram processados, e alguns ocupam cargos eclesiásticos.

“Minha consciência está limpa. Eu estava simplesmente cumprindo meu dever…”

Franz Stangl, nazista, responsável pela morte de 1 milhão de pessoas.

Leia também: Contos de fadas – Um novo jeito de ver! ‣ Jeito de ver

Consulte o excelente site:

Armazém Memória – Armazém Memória

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Como Ler um Poema? ( Como a vida deve ser)

Sem complicações…

Assim como a vida, os poemas não precisam ser complicados.

Um mundo de palavras, histórias e sentimentos cabe nas poucas palavras de um pequeno poema…

e cada um conta a sua história.

Se você sofreu, amou, perdeu, superou — tudo pode estar lá, nas pequenas palavras.

Mas… como ler um poema?

Esqueça a pressa, a vontade de chegar.

Permita-se navegar nas palavras, mergulhar nos sonhos, imaginar histórias.

Ou, quem sabe… lembrar das suas próprias histórias.

Permita-se refletir…

“Refletir” tem sua origem no latim reflectere, que significa “dobrar para trás”, “fazer voltar” e, depois, também ganhou o sentido figurado de “voltar a atenção para si mesmo” — daí o significado moderno: “pensar profundamente”, “ponderar”.

Em português, o verbo “refletir” manteve tanto o sentido físico — como na luz que se reflete num espelho — quanto o sentido figurado — como na ideia de “meditar” ou “considerar” cuidadosamente.

Então, deixando que as palavras reflitam em nós, o poema ganhará um novo sentido.

Agora… que tal lermos um poema simples e lindo?

Você vai amar.


“Amor, então
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.”

— Paulo Leminski


Revisão gramatical e ortográfica por IA.

Leia também O tempo ( Como se mede o tempo?) ‣ Jeito de ver

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Um poema para Brenda (Com H de “hoje”)

Um poema para Brenda.

Imagem de beasternchen por Pixabay

Brenda

Por que a luz se esconde à noite
E as palavras somem no silêncio?
Por que o riso se recolhe
no momento mais necessário?
Ah! Brenda
Se eu pudesse te explicar a vida
De modo simples,
Te diria que o céu é azul
Pra acalentar teus sonhos
E que a lua prata
Brilha para te mostrar o caminho…
E no final do caminho
Depois de cantarem os grilos
E as estrelas se esconderem
Há uma nova estrada…
Talvez, não tão diferente…
Pois diferentes são os olhares
Os passos e as esperas
A beleza estará sempre no olhar
As histórias,
nos passos…
E é na espera que se cresce e vive
o amor.
Te diria que a escuridão da noite
É prenúncio de um dia de luz
E que as palavras se calam…
Para que o silêncio

fale o que em palavras não se pode dizer…
Por isso, Menina
Olha o céu azul…
E se um dia estiver cinza…
Permita que o teu sorriso
O ilumine…
E lumine…
Brenda.

Leia também Quando o Amor Começa o Dia ‣ Jeito de ver

Do autor:

Um poema para Brenda (Com H de ‘hoje’)” é uma delicada reflexão poética sobre o crescer, o tempo e os sentimentos que se escondem nos silêncios da vida.

Com imagens que evocam a noite, o céu, a lua e o riso que às vezes se perde, o texto convida à escuta interior e ao acolhimento das dúvidas que surgem no caminho.

É um gesto de amor que procura suavizar as incertezas, lembrando que até os dias cinzentos podem ser iluminados por um sorriso.

Mais que um poema dedicado, é um lembrete de que a beleza está no olhar — e que, mesmo quando tudo parece calar, o amor continua a falar suavemente.

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© Gilson da Cruz Chaves – Jeito de Ver Reprodução permitida com créditos ao autor e ao site.