Poesia da saudade (Nada substitui o riso)

Alguém solitário num banco. Uma poesia sobre a Solidão.

Imagem de Melk Hagelslag por Pixabay

Num canto da sala o violão
No outro
os livros na estante imploram atenção…

Nada substitui o canto
Nada

Nada substitui o encanto…
de transformar
risos em melodias
palavras em versos

E abraços
em universos…

Nada substitui o riso
nem preenche a ausência
desse espaço, que já foi conquistado

Nada substitui
Nada preenche

Nada…

Apenas a solidão
e a incompreensão de ser feliz
com as lembranças de algo eterno.

Gilson Cruz

Leia mais Flores pobres (Sonhos interrompidos) – Jeito de ver

“Poesia Noturna” (Poesia simples)

Um casal sob o luar. Uma poesia noturna.

Imagem de Mohamed Hassan por Pixabay

Pele negra, cor da noite
Riso prata, de lua
Me conta a tua história
Esta história só tua

Com esses olhos de estrelas
N’uma noite de luar
Me conta quais são teus sonhos
p’ra que eu possa sonhar

Me fala dos teus sorrisos
Da mágoa que já passou
Do futuro que não houve
De um amor, que sempre amou

Me conta o que te inspira
O que te faz esperar
Que’ste teu riso de prata
Num riso faz acordar

Me explica, como acontece
Tanta beleza de olhar
Que essa pele da noite
um sonho faz recordar

Esse pobre poeta,
Que em teu sorriso encontrou

Olhos de luz, de estrelas
E nesse instante amou

Procura na noite, na lua
Beleza pr’a comparar
E como em sonhos, flutua
Em doces canções de ninar…

A sonhar…sonhar…

Gilson Cruz

Veja mais em: Do começo ao fim… ( Como a vida é ) – Jeito de ver.

E deixei a porta aberta (novas emoções)

A poesia do recomeço, as portas abertas...

Imagem de Hans por Pixabay

Saí
olhei a velha praça e as flores no jardim
Senti o sol morno, da Primavera
e o vento suave que vinha dos morros.
Iluminavam e abriam caminho

Os passarinhos não queriam acordar
Não cantavam por onde eu andava
Talvez percebessem a solidão
E a tristeza em meus passos
E eu contava os dias

Para esquecer um passado recente
e a esperança que morrera
no horizonte…
Para esquecer que estava só,
num mundo tão grande,
imenso

E as pessoas
que sorriam e viam o meu riso
não viam a dor em meus olhos…
Que imploravam,
ao menos uma mão
algo que desse sentido aos meus passos…

Mas, os dias passavam
e o tempo passava…

E quando na pressa de viver,
de dar sentido a tudo, 
e continuar vivendo…

Saí… na mesma direção

e abraçando a estrada, 

 deixei a porta aberta.

Gilson Cruz

Leia mais em  Motivos… ( Não desistir!) – Jeito de ver

O tempo ( Como se mede o tempo?)

Imagem de Annette por Pixabay

Me perguntas, como se mede o tempo?
Milésimos?
Segundos?
Minutos?
Horas?
Dias?
Semanas?
Meses?
Anos?
Décadas?
Séculos?
Milênios?

E eu te digo:
Não se mede o tempo
Não se conta as horas…

O tempo só existe de verdade
Para quem sabe o que é saudade…

Gilson Chaves

Veja mais O tempo ( Contador de histórias) › Jeito de ver

Consequências ( Não há futuro)

O ódio e suas consequências

Imagem de hosny salah por Pixabay

 

De um lado

A razão escapava

E do outro

O ódio tomara seu lugar

Fazia companhia à morte…

 

A razão
E a esperança
Fugiam juntas para longe…

Não haveria mais
valores,
Amores,
Cores…

Apenas um cenário destruído.

O tirano
Que se referia a um povo
Como a animais
encontrava um pretexto
para a tirania.

O extremista
Conseguia os olhos do mundo
Enquanto
as crianças inocentes
Morriam…

Crimes de guerra aconteciam…

Enquanto as cores em sépia
Tomavam conta do quadro
Numa pintura de tristeza
A sede se desesperava…
E os inocentes crentes
Erguiam os olhos aos céus
Imaginando um Paraíso além…

Pois não havia mais
outra esperança.

E os senhores da Guerra
Ignoravam convenções
Inventavam novas histórias…
Enganavam seu próprio povo

Eliminavam um povo..

Os perversos sorriam
Ao passo que
nações perplexas
Se perdiam
Sem acordos, sem palavras
E a humanidade perplexa
Perecia.
Perdia-se a humanidade.

Gilson Cruz

Veja mais em Notícias de Guerras – o jogo da informação ‣ Jeito de ver

 

 

 

Difícil (Poesia da saudade)

 

Difícil era não  olhar…

a tua pele rosada

teus  olhinhos claros

e eras pequena…

éramos pequeninos.

Difícil era não se perdoar,

por tropeçar cada vez que te via.

Timidez não era privilégio

e ser bela, não era pecado…

Difícil era saber que ao partir

não te veria…

além dos meus sonhos.

E que os sonhos, nem sempre se realizam.

Difícil

foi te ver partir…

Gilson Cruz

 

Veja também: O fim (Cenas de um último encontro) ‣ Jeito de ver

 

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O fim (Cenas de um último encontro)

Um barco num lago. O cenário de um fim, nesta poesia!

Imagem de Mike Goad por Pixabay

As águas claras do pequeno lago, eram tão claras que ainda posso ver os peixinhos nadando entre as pequenas pedras onde costumávamos sentar nas manhãs de verão.

Eles não temiam, havia um silêncio ensurdecedor de quem não sabia explicar o que tinha acontecido ou mesmo o por quê.

Teu vestido branco, sandálias pretas combinavam com teus cabelos escuros, mas contrastavam com o vermelho em teu rosto.

Não sabia por onde começar e, muito menos, como terminar.

Estava tudo tão bonito naquele dia, tão perfeito, que a mera ideia de se desistir assustava.

E o “Bom  dia” foi frio, sem abraços.

E o diálogo, sem palavras.

E falar do passado, sem alegria, sinalizava – não haveria futuro.

E sentados juntos, no mesmo lugar, sem palavras, sem reações fingíamos contemplar a relva que cercava o pequeno lago, as flores brancas lá do outro lado e admirar os peixinhos prateados pelo reflexo de um sol aconchegante que se tornara, então, frio como o inverno que chegaria em poucos dias.

O que se ouvia, era o som do vento.

E sem palavras, levantamos, damos as mãos pela última vez, sem entender e saber explicar como tudo acabou.

Gilson Cruz

Veja atambém  Difícil (Poesia da saudade) › Jeito de ver

Naquele dia (as últimas mudanças)

Imagem de Hans por Pixabay

 

Aquele dia,

não trouxe o sol costumeiro

nem um amanhecer,

ou crianças brincando nas ruas

e nem os passos apressados do carteiro

Não se ouvia o riso

nas padarias,

nem nos bancos das praças

A melodia na voz do cantor,

silenciara

Tudo era tristeza

Aquele dia, não trouxe rosas

e os últimos românticos

não puderam ofertá-las

E era triste encarar a noite,

sem estrelas

foi estranho anoitecer

naquele dia.

Grandes se apequenaram,

covardes orgulhosos…

pequeninos não entendiam,

onde estavam os heróis?

– todos se escondiam

Aquele dia

trouxe o resumo da ganância

e as selvas de pedra,

aquecidas

diziam não haver outra chance

Dinheiro não comprava o tempo perdido

nem  o futuro,

mas fugir pra onde?

Aquele dia,

ensinou o que era o medo…

Aquele dia,

não trouxe nuvens

pássaros de primavera.

E as lágrimas

não encheram os rasos rios

onde morriam peixes

Aquele dia

lembrava

o que havia se esgotado

e que agora…

sem homens,

sem ganância

a Terra precisava descansar.

Naquele dia.

Leia também  Canções de Guerra – o jogo da desinformação › Jeito de ver

A Marionete ( por um sorriso)

Uma Marionete. Num poema simples e animador.

Imagem de Else Siegel por Pixabay

Andando neste pequeno espaço
em mil piruetas, o que faço?
Canto de um jeito engraçado…

Só para te fazer sorrir
Balançando meus braços
Mas, preso em cordas
Passo a passo em controles
Mas, não ris… insistes em partir!

Menininha de olhos tristes
Que se recusam a sonhar
Me diz…vieste de longe?
O que estás a procurar?
Eu, eu daria o espaço, o meu mundo
Pra não te ver chorar

Faço carinha de triste
Simulo um choro sem lágrimas
E timidamente te olho
Carinha de choro,
no canto
Cena tão bela e triste, existe?

Invento uma dança maluca
Me liberto das  cordas
Me empolgo e…
Destruo cenário… tudo

Nem assim, tu te importas?

E então, ao juntar os pedaços
de um cenário que se foi
Vejo os teus olhos, brilhando
A esquecer o que te dói.

E nesses rompantes malucos

Para te dar alegria

Te vejo sorrir,

Gargalhar, e com isso volto a pensar…

Ganhei o meu dia…

Ganhei o meu dia.

Gilson Cruz

 

Leia mais em:  O valor das coisas simples – Jeito de ver

E quando ela passa… ( A poesia no andar)

A beleza entre as flores. Na poesia, os sentimentos que alguém provoca quando passa.

Imagem de Екатерина Александровна por Pixabay

Ela está passando

e quando ela passa

o sol se esconde

as flores se abrem

o vento descansa

E o mundo inteirinho se enche de graça

como na canção

Ela está passando

e quando ela passa

se inventam histórias

se fogem as palavras

e se o vento, balança

o centro do mundo, é apenas uma Praça

como na canção

Ela está passando

e quando ela passa

esqueço da vida

esqueço do dia, das horas

da dança, que lança meus sonhos no ar

Que somem feito fumaça

e que fazem despertar nesse vão

Ah… mas, no andar

No sorrir

No falar

luzir

A graça

na praça

Tudo acontece…

quando ela passa.

Leia mais em: “Poesia Noturna” (Poesia simples) – Jeito de ver.