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Naquele dia (as últimas mudanças)

Imagem de Hans por Pixabay

 

Aquele dia,

não trouxe o sol costumeiro

nem um amanhecer,

ou crianças brincando nas ruas

e nem os passos apressados do carteiro

Não se ouvia o riso

nas padarias,

nem nos bancos das praças

A melodia na voz do cantor,

silenciara

Tudo era tristeza

Aquele dia, não trouxe rosas

e os últimos românticos

não puderam ofertá-las

E era triste encarar a noite,

sem estrelas

foi estranho anoitecer

naquele dia.

Grandes se apequenaram,

covardes orgulhosos…

pequeninos não entendiam,

onde estavam os heróis?

– todos se escondiam

Aquele dia

trouxe o resumo da ganância

e as selvas de pedra,

aquecidas

diziam não haver outra chance

Dinheiro não comprava o tempo perdido

nem  o futuro,

mas fugir pra onde?

Aquele dia,

ensinou o que era o medo…

Aquele dia,

não trouxe nuvens

pássaros de primavera.

E as lágrimas

não encheram os rasos rios

onde morriam peixes

Aquele dia

lembrava

o que havia se esgotado

e que agora…

sem homens,

sem ganância

a Terra precisava descansar.

Naquele dia.

Leia também  Canções de Guerra – o jogo da desinformação › Jeito de ver

A Marionete ( por um sorriso)

Uma Marionete. Num poema simples e animador.

Imagem de Else Siegel por Pixabay

Andando neste pequeno espaço
em mil piruetas, o que faço?
Canto de um jeito engraçado…

Só para te fazer sorrir
Balançando meus braços
Mas, preso em cordas
Passo a passo em controles
Mas, não ris… insistes em partir!

Menininha de olhos tristes
Que se recusam a sonhar
Me diz…vieste de longe?
O que estás a procurar?
Eu, eu daria o espaço, o meu mundo
Pra não te ver chorar

Faço carinha de triste
Simulo um choro sem lágrimas
E timidamente te olho
Carinha de choro,
no canto
Cena tão bela e triste, existe?

Invento uma dança maluca
Me liberto das  cordas
Me empolgo e…
Destruo cenário… tudo

Nem assim, tu te importas?

E então, ao juntar os pedaços
de um cenário que se foi
Vejo os teus olhos, brilhando
A esquecer o que te dói.

E nesses rompantes malucos

Para te dar alegria

Te vejo sorrir,

Gargalhar, e com isso volto a pensar…

Ganhei o meu dia…

Ganhei o meu dia.

Gilson Cruz

 

Leia mais em:  O valor das coisas simples – Jeito de ver

E quando ela passa… ( A poesia no andar)

A beleza entre as flores. Na poesia, os sentimentos que alguém provoca quando passa.

Imagem de Екатерина Александровна por Pixabay

Ela está passando

e quando ela passa

o sol se esconde

as flores se abrem

o vento descansa

E o mundo inteirinho se enche de graça

como na canção

Ela está passando

e quando ela passa

se inventam histórias

se fogem as palavras

e se o vento, balança

o centro do mundo, é apenas uma Praça

como na canção

Ela está passando

e quando ela passa

esqueço da vida

esqueço do dia, das horas

da dança, que lança meus sonhos no ar

Que somem feito fumaça

e que fazem despertar nesse vão

Ah… mas, no andar

No sorrir

No falar

luzir

A graça

na praça

Tudo acontece…

quando ela passa.

Leia mais em: “Poesia Noturna” (Poesia simples) – Jeito de ver.

Insônia (Poema das minhas noites em claro)

Um lindo por de sol. Um poema sobre a angústia causada pela insônia.

Imagem de Leopictures por Pixabay

O corpo dói
o sono vai
a ansiedade chega
e os pensamentos voam

As horas passam sem pressa
e os sonhos dão adeus
a mais uma noite

A tosse no quarto ao lado
a tristeza acordada sem motivos
e uma madrugada inteira, sem estrelas, sem lua…

feita para lamentar o cansaço…

Os grilos cantam
Os galos respondem
e a sinfonia parece não ter fim…

E a noite pesa
como a escuridão em Saturno
pois a vontade de dormir

já não é suficiente…

Os milésimos
Os segundos
Os minutos
As horas…
A noite finda.
E enfim,

o dia.

Triste dia…

Leia mais em: Corre, Menino (Seja feliz, hoje) – Jeito de ver.

O valor das coisas simples

O verdadeiro valor está além dos olhos.

Imagem de 822640 por Pixabay

O que há no âmago de cada pessoa?

O que há por trás dos olhos,

dos risos

e até mesmo, do jeito de falar?

O que há por trás das palavras,

dos gestos

e do jeito de andar?

O que há por trás do choro,

do grito

e do jeito de calar?

As histórias são silenciosas

as cores reais são invisíveis

Mas, quais tolos explicamos tudo aquilo que não sabemos…

risíveis…

tolos!

Não sabemos os motivos,

dos motivos

Sabemos quase nada a respeito de tudo

e não ficamos mudos

 subjetivos…

Contemplamos meras superfícies

Estagnamos em margens

sem curiosidade, coragem de nadar ,

de se aventurar,

de poder errar tantas vezes, até acertar…

Para se certificar

de encontrar o tesouro escondido nas coisas simples

e esse universo explorar.

E enfim, poder crescer.

Leia mais em: Transformar ( Bem simples) – Jeito de ver.

Do começo ao fim… ( Como a vida é )

O amor é o resumo de tudo

Imagem de skalekar1992 por Pixabay

O amor é o resumo,

mesmo que as palavras não descrevam plenamente a história

do começo ao fim.

O amor

o bercinho

os primeiros esboços de risos

o amor renovado…

A insegurança

os primeiros passos

as primeiras quedinhas

e a preocupação…

As primeiras palavras

e os risos orgulhosos de quem nos ama

A igualdade

as brincadeiras da infância

a primeira escola

A diferença

as dúvidas

as espinhas

o primeiro beijo.

Os erros

o choro

o medo de ficar só

O encanto

os primeiros encontros

o medo de errar novamente

Uma proposta

a certeza

o sim…

Um dia feliz

a festa

um susto.

A barriguinha

um cantar a noite inteira…

e suas primeiras palavrinhas erradas…

E então

rir com nossas crianças, novamente,

como nossos pais riam

e ver nossos adolescentes.

Novos traços, primeiras rugas

Ver novamente e pela primeira vez

os primeiros fios brancos

e talvez, tentar esconder novamente.

E então, filhos crescidos

e, eternas crianças, ganhando asas…

As velhas preocupações

o cansaço dos anos de serviço

um amor renovado a cada dia.

Ver então,

nossos cabelos totalmente prateados, escassos

resumindo tudo,

e não pouco.

E cabelos como a neve e a pele enrugada

nos mesmos traços, lindos,

coisas que só o amor pode ver.

E então,

abrir os olhos pela ultima vez

e contemplar novamente a mesma pessoa amada

E lembrar, de tudo…

Do começo ao fim

e poder fechar os olhos,

em paz.

Leia mais em: Do fim ao começo (a vida ao inverso) ‣ Jeito de ver

Flores pobres (Sonhos interrompidos)

Um menino pobre. Um poema sobre sonhos interrompidos.

Imagem de Charles Nambasi por Pixabay

A primeira manhã de Primavera
ainda não chegara,
nem chegará.

E as pequenas chuvas não tiveram a chance de regar o teu jardim
nem regarão

As abelhas não encontraram os seus pólens e os beija-flores…
Não te beijaram,
e como é triste saber…

A primeira noite
Não te trouxe as estrelas,
Nem o orvalho.

As estrelas não fizeram desenhos
E a lua não apareceu

Apenas a escuridão…

E as lágrimas, sairão
como seivas num galho quebrado

Como sangue
de sonhos interrompidos…

Sem palavras
num verso não acabado.

Aos milhares de jovens e crianças vítimas de balas perdidas, pobreza e da escravidão.

Leia mais: Insônia (Poema das minhas noites em claro) – Jeito de ver.

Do fim ao começo (a vida ao inverso)

E se as coisas acontecessem na ordem inversa?

Imagem de Zoli por Pixabay

E se as coisas acontecessem na ordem inversa?

Os olhos se fechariam,

e os olhos, então, se abririam pela última vez,

para olhar agora com dificuldade os cabelos também brancos da pessoa amada,

A visão fraca, cabelos brancos como a neve e a pele enrugada

Os mesmos traços lindos,

sim, coisas que só o amor pode ver…

E nossos cabelos totalmente prateados, escassos, resumiriam tudo

e não foi pouco…

Veríamos

um amor que foi renovado a cada dia.

O cansaço dos anos de serviço

as velhas preocupações…

Veríamos nossas eternas crianças, ganhando asas…

E então, filhos crescidos…

Talvez tentássemos esconder novamente

os primeiros fios brancos

Veríamos novamente, e pela primeira vez

novos traços, primeiras rugas…

E veríamos nossos adolescentes

riríamos com nossas crianças novamente

e suas primeiras palavrinhas erradas…

Teríamos um chorinho de madrugada

um cantar, a noite inteira…

Recordaríamos

A barriguinha

um susto

a festa

um dia feliz…

O sim…

a certeza

uma proposta

O medo de errar novamente

Os primeiros encontros

o encanto

o medo de ficar só

o choro

Os erros

O primeiro beijo…

as espinhas

as dúvidas

a diferença

a primeira escola

as brincadeiras da infância

A igualdade

Os risos orgulhosos de quem nos ama

as primeiras palavras

o amor e a preocupação…

as primeiras quedinhas

os primeiros passos

A insegurança

O amor renovado…

os primeiros esboços de risos

o bercinho

O amor…

Mesmo que as palavras não descrevam tudo do começo ao fim…

o amor é o resumo de tudo.

Se você gostou do texto…

por favor, leia, do fim ao começo.

Veja mais em:  Esse bonde chamado tempo ( Hora de partir ) – Jeito de ver.

Uma arma anti-morte (e eles voltariam)

Um lindo campo. Um exercício de imaginação sobre as armas.

Ákos Szabó

 

“Não podem nos privar do direito sagrado de ter uma arma”, afirmam alguns.

“Se Jesus vivesse em nossos dias, possuiria uma arma.”

“Como poderia eu concordar com tais palavras?” – indagaria alguém de bom senso.

 

Tais declarações, embora proferidas por autoridades políticas e religiosas no Brasil em algum momento, não merecem crédito. A Bíblia descreve Deus como “a fonte da vida” (Salmo 36:9), e um dos 10 mandamentos mais conhecidos é “não matarás” (Êxodo 20:13).

Armas são feitas para matar, é claro. Portanto, não há como concordar com as frases destacadas no início deste texto.

Para começar, ter uma arma não é um direito sagrado. E, a propósito, Jesus não andava armado.

Imagine, então, uma história sobre uma arma diferente: uma arma anti-morte.

“Cansados das notícias incessantes sobre acidentes, assassinatos e violência, tanto por bandidos quanto pela corrupção policial – onde aqueles que deveriam defender a lei praticavam justiça privada – as pessoas resolveram criar uma arma diferente: a arma anti-morte.

Qual seria o segredo de tal arma?

Todas as pessoas teriam o sagrado direito de possuir essas armas em suas casas, sem restrições. Poderiam montar verdadeiros arsenais, pois essas armas não matariam sob nenhuma hipótese.

As escolas de tiro ao alvo estavam liberadas para crianças, que aprenderam a defender a vida, espalhando mais vida, sem ameaçar a vida de instrutores e seus familiares.

Com o tempo, as pessoas aprenderam a respirar, a esperar o ódio passar – pois manusear a arma anti-morte exigia paciência e tolerância, características que no universo paralelo já não eram tão comuns.

Os tolos arrogantes passaram a não se sentir tão poderosos, pois não podiam matar com tais armas, e as guerras já não ceifavam tantas vidas.

As mães, pais, mulheres, namorados, namoradas e filhos podiam sentir a certeza de que, mesmo com a terrível distância, o amor sempre estaria de volta – cheio de vida.

Os covardes torturadores agora precisavam usar seus preguiçosos cérebros e, pela primeira vez, aprender a dialogar – pois não podiam ameaçar a vida daqueles que tinham o direito legal de discordar de seus métodos…

E então…

O Presidente do país pôde desfilar em carro aberto, sem seguranças correndo ao redor, sem medo de opositores ou de um Lee Harvey Oswald qualquer…

Um cantor pôde voltar das gravações de seus sucessos, abraçar sua amada e autografar o seu último disco para o fã…

Pacifistas puderam abraçar aqueles que lhes prestavam reverência…

Monges budistas não atearam fogo em si mesmos…

Meninas não correram chorando enquanto bombas caíam na aldeia…

Atrizes puderam voltar para casa e abraçar aqueles que amavam…

Meninas foram abraçadas por seus pais, não arremessadas pela janela…

Pais puderam dormir em paz, pois nem filhos, nem cúmplices, fariam qualquer mal…

Meninos não foram torturados e mortos por suas mães (?) e padrastos…

Pessoas aprenderam a conversar…

Em um pequeno bar, onde se praticava sinuca, seis adultos e uma menina de 12 anos voltaram em paz para suas casas e continuaram suas vidas…

E as bombas que caíam produziam flores, as cidades não eram mais destruídas.

Tudo isso porque a arma não matava.

E as pessoas tiveram um tempo a mais para pensar na paz.

E todos puderam viver

E aprender novas coisas…”

Gilson Cruz

Leia mais em

Palavras de 2023 – o ano que passou! ‣ Jeito de ver

Veja também A proliferação de armas no Brasil: violência, masculinidade e conflitos – a importância de um programa de recompra – Fonte Segura

 

 

 

 

Mais um dia… ( Um dia quase normal!)

Levantei cedo, antes do sol.

Algumas estrelas ainda me esperavam do lado de fora.

O céu estava indeciso

como se despedir das estrelas?

Românticas, serenas…

Como deixar a lua partir?

Os seresteiros cansados se arrastavam pela longa praça,

realizados depois de uma noite tão romântica

As amadas tiveram seus próprios spectacle privé,

puderam sonhar com os velhos tempos

puderam debruçar nas janelas imaginárias

O céu abraçava as cores

lilás, rosa, traços amarelos e vermelhos

e imponente, surgia o sol.

O poeta recluso, não escrevia mais seus pensamentos

e o compositor

abraçava a solidão da cama

podia agora dormir.

De longe,

o atleta corria na direção oposta

desbravando novas metas, novos horizontes

E quanto a mim…

Parei no tempo.

Enquanto lembrava dela

dos cabelos negros

dos olhos verdes

da voz macia

do riso lindo

E guardava cada instante desse dia para poder contar…

Veja mais em:  O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver

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