GTM-N822XKJQ

Um novo tempo – Parte 2 ( Repensar)

Uma velha televisão. Não havia liberdade de expressão quando o Brasil esteve sobre o Regime Militar.

Imagem de StockSnap por Pixabay

Um novo tempo… A ditadura

As décadas de 1960 e 1970 foram marcadas pela repressão à liberdade de expressão e o controle da informação.

As informações eram controladas por um regime, que ditava o que deveria ser noticiado e como deveria ser anunciado.

O sistema educacional seguia nos mesmos trilhos.

O lema  “Brasil, ame-o ou deixe-o”, soava como o atual: “Se não gostou, pede pra sair…”

Sim, o sistema educacional era também moldado por esta filosofia.

O lema “a Pátria acima de Tudo” era repetido nas TV’s, nas rádios e nas escolas.

A imprensa acorrentada

A censura tranmitia a falsa impressão de paz, não haver motivos para manifestações, o governo da época não “cometia absolutamente nenhum crime”.

Não havia como divulgar livremente os desvios de recursos públicos, por exemplo, na construção da Usina de Itaipu.

Aqueles que investigassem ou questionassem teriam o mesmo destino que o embaixador José Jobim.

Veja o link CORRUPÇÃO NA CONSTRUÇÃO DA USINA DE ITAIPU PODE TER MOTIVADO A MORTE DO EMBAIXADOR JOSÉ JOBIM – Documentos Revelados.

Perseguidos, desaparecidos e mortos pelo Ditadura não eram mencionados e quando mencionados era sob manchetes falsas.

Por exemplo: a morte de Wladimir Herzog, professor, jornalista, assassinado nos porões da Ditadura após intensa tortura, foi noticiada como suicídio.

A ignorância era requisito para não ser classificado como inimigo do Estado. – Era uma bênção!

Esta é a razão por que muitos dos que viveram naquela época ainda acreditam não haver corrupção ou violência nos governos militares.

A educação, a base, era moldada aos interesses do Governo.

Um excelente resumo

Observe abaixo um trecho extraído do site Le Monde Diplomatique:

Um Brasil em construção neodesenvolvimentista para a formação profissional, técnica, sem estudos de formação crítica.

História e geografia, por exemplo, eram substituídas por “estudos sociais” com destaque para nenhum tipo de alusão ao escravismo, ao colonialismo, e às contínuas invisibilidades das lutas sociais e populares ao longo dos mais de quatrocentos anos de invasão sob diversas expressões políticas que tendem a expressar, sem discussão, uma ideia de soberania e autonomia nacionais.

Isso sem falar que nesse período, jamais saberíamos logo disto, muitos grandes nomes de pensadores e militantes já estavam mortos. Outros tantos exilados, tendo passado antes por torturas, interrogações, desaparecimentos.

Tudo isso compunha um álbum maior do que o retrato 3×4.

Mas ele não está presente nas casas de parte expressiva da classe trabalhadora, equivocadamente tratada como média no Brasil.

Se de média se trata, nem a da escola, nem a dos valores a tornou de fato consciente sobre esse período que precisa, de fato, ser tirado a limpo por essa mesma geração, agora entre 40 e 50 anos”.

– Veja : A torturante função da educação na década de 1970 – Le Monde Diplomatique

A educação e a arte

A disciplina na época era a mesma de países ditatoriais: “Aprenda o que queremos, nos seja útil” .

Os alunos eram disciplinados a seguir um padrão condicionado por uma elite militar, enquanto as benesses eram dadas a quem a pátria era realmente a mãe gentil.

O sistema educacional se resumia aprender o suficiente para uma profissão mediana, decorar preceitos e datas, cantar hinos nacionais mesmo sem entendimento de uma frase sequer das letras.

Os conceitos de livre pensamento, de livre expressão – de liberdade, eram definidos por aqueles que lucraram com o golpe militar em 1964.

Poetas e Compositores tinham que usar e abusar da criatividade para criticar o sistema, como Chico Buarque nas canções “Vai Passar”, “Cálice” e muitas outras , Caetano em “Tropicália”, bem como muitos outros artistas. – 18 músicas famosas contra a ditadura militar brasileira – Cultura Genial

Uma das mais belas canções compostas neste período, a canção “Novo tempo”, 1980, de Ivan Lins, sinalizava a mudança, a esperança e a incerteza do que viria após este período de trevas.

A mudança era necessária, a disciplina era pelo medo de cair nas mãos de uma polícia que era famosa pela violência.* Apesar dos perigos…

Nessa década a literatura marginal surgiu como um desafio às convenções, mostrando que a arte de escrever poderia e deveria assumir outras formas.

A educação pelo constrangimento

E enquanto isso, nas cidades do interior, alunos eram moldados por mestres impacientes, que não hesitavam em usar de violência física para “facilitar a entrada do conhecimento” nas cabecinhas machucadas.

Um episódio marcante já próximo ao fim do período militar, se deu em 1982, numa cidade do interior da Bahia:

Um aluno de oito anos perguntou à Professora após observar num desfile de 7 de Setembro, o por quê de haver muitos símbolos que representavam a cultura estadunidense, como bonecos do Universo Disney.

Não havia referências à escravidão ou a indígenas.

A professora chateada esbravejou: “ ISSO É CULTURA”, chamando-o de burro!

E aquele aluno, para o bem de sua vida, calou-se, AGRADECENDO a resposta.

A liberdade daquele desfile celebrava o domínio e influência cultural dos Estados Unidos, país que financiou o golpe de 1964 no Brasil e em outros países na mesma década.

A verdadeira cultura, a verdadeira origem do povo, as verdadeiras influências eram renegadas.

Então, em 1985, o regime militar e  seu desprezo pela cultura, pela individualidade e pelo acesso à informação chegou ao fim.

A necessidade de repensar e refazer

Enfim, “um novo tempo” precisava ser pensado, o sistema educacional precisava ser repensado para a que formação de verdadeiros cidadãos ganhasse força. Era preciso construir um novo pensamento.

Algo deveria ser REFEITO!

Leia  Um novo tempo – Parte 3 Refazer – Jeito de ver

É sobre o que falaremos na PARTE 3.

Notas

* A truculência da sistema policial da época moldou o temor e a confiança que muitos na atualidade têm da Polícia na atualidade.

Em muitos casos verifica-se, ainda hoje, a típica ação violenta comum no Regime Militar nas abordagens a pobres e a negros, ao passo que

mantém  a discrição e respeito no tratamento a bandidos ricos e de pele clara.

Um novo tempo – Parte 3 Refazer

Mãos em união.. A importância de se refazer, de estar sempre aprimorando o sistema educacional numa atividade conjunta.

Imagem de Michal Jarmoluk por Pixabay

A educação, bem compreendida, não é apenas uma preparação para a vida; ela própria é uma manifestação permanente e harmoniosa da vida. Assim deveria ser com todos os estudos artísticos e, particularmente, com a educação musical, que recorre à maioria das principais faculdades do ser humano“.
(Willems, 1970, p. 10).

A música na educação

A educação musical tem importância na formação do indivíduo.

O ensino de música nas escolas traz efeitos beneficos à formação da personalidade do aluno, como veremos, assim como também o ensino com música.

Vocês já perceberam que logo no início de nossa caminhada pelo universo da educação começamos com atividades lúdicas ?

Atividades que suavizam o processo de descoberta de aprendizagem tais como brincadeiras e canções?

A música contribui para uma boa informação emocional, favorecendo a sensibilidade, a criatividade e o imaginário das crianças.

A aprendizagem com música favorece o desenvolvimento linguístico, a memorização e cria vínculos de amizade entre alunos e professores. – Revista Educação Pública – A importância da utilização da música na escola (cecierj.edu.br)

O foco do sistema educacional

Infelizmente, a educação com música tem sido abandonado pelo sistema ao passo que as crianças se tornam adolescentes, pois o sistema educacional não se concentra no aperfeiçoamento do indivíduo, como cidadãos capazes de viver e conviver numa sociedade cada vez mais distante, em vez disso, o sistema se concentra em preparar alunos para concursos e vestibulares.

As  consequências são uma sociedade cada vez mais solúvel, marcada pelo espírito de competição.

Com a evolução do sistema educacional o professor se transformou em algo além de um ensinador, um transmissor de conhecimento.Ele se transformou num orientador.

A função deste orientador é guiar o aluno, reconhecendo a pluralidade – trabalhando as dificuldades e  estimulando as virtudes do aprendiz.

No artigo anterior, observamos que em décadas passadas o foco educacional era preparar o indivíduo para os interesses de uma elite.

Hoje, porém, o foco deve estar na formação de cidadãos, de indivíduos capazes de contribuir para uma melhor sociedade.

Foco na individualidade

A falta de interesse na individualidade dos alunos fazia da escola um ambiente tenso, um lugar totalmente diferente do mundo apresentado às crianças no início da jornada escolar.

As consequências eram o desinteresse, a falta de estímulo e altos números de evasão escolar ao longo do ano letivo.

A educação é o pacto de um País com o futuro de seus cidadãos.

O quão sério o Estado considera este pacto é evidente nos investimentos na qualificação de  Professores, com salários compatíveis com a importância de seu ofício e principalmente quando se cria  condições favoráveis ao desenvolvimento de um bom trabalho – o que é essencial para resultados mais satisfatórios.

Aos Professores exige-se a criatividade. A capacidade de se adaptar a um mundo em constante movimento.

Paulo Freire, Patrono da Educação brasileira, filósofo, pedagogo e escritor descrevia a música como “uma ferramenta para auxiliar a aprendizagem de outras disciplinas”. Freire (1992).

A música na sociedade e no contexto escolar pode ser transformadora, portanto deve assumir um papel mais definido no ensino escolar. Microsoft Word – Documento em ANNIELLY – ARTIGO (uepb.edu.br)

A música e o autoconhecimento

O uso da música na educação, pode induzir ao autoconhecimeto .

Alunos podem ser estimulados a criar canções nos mais variados estilos narrando fatos históricos, criar paródias, contando versões imaginárias de histórias assim como saber em que contexto histórico de uma composição.

No estudo de um idioma estrangeiro, o uso da música pode trazer aos alunos a familiaridade com pronúncias e expressões idiomáticas, além de um novo estímulo para aprender a aplicação de verbos.

A arte de educar não deve ser encarada como uma competitição entre Professores X Professores ou Alunos X Alunos.

È uma atividade conjunta.

Harmonia interdisciplinar

O professor de História pode tornar a Geografia ainda mais interessante por lembrar fatos relacionadas a sítios geográficos, assim como um Professor pode tornar o estudo do idioma inglês ainda mais atrativo por relacionar as diferenças.

Numa cidade da Bahia, um Professor de Inglês foi convidado a contribuir numa Escola de poucos recursos, onde não havia sequer material de apoio.

Era praxe naqueles dias a Prefeitura atrasar o pagamento do salário dos Professores em três meses. A cada três meses, pagava-se um!

Um desrespeito aos profissionais! Mas, isto já é outro assunto!

Percebendo a dificuldade dos alunos em especial em assimilar a pronúncia da maioria das palavras, aquele professor decidiu trabalhar o idioma com músicas, acompanhado por um violão.

A aula consistia em gramática, o texto da canção relacionado a aplicação da gramática e a música para facilitar a memorização da pronúncia das palavras.

A reação dos alunos, adolescentes, era incrível! Participavam com entusiasmo e de certo modo  acreditavam que algo novo estava acontecendo. Que o idioma era agora algo inetressante!

A novidade choca e nem sempre é compreendida.

Ao fim do ano letivo numa reunião geral , convocada pela diretora da escola, com todos alunos e professores da época, ele foi  colocado no centro e despedido sumariamente com as seguintes palavras: ” O trabalho deste professor não se enquadra ao que se espera nesta escola. Ensinar não é brincadeira! Não precisamos dele!” ( Ah! era eu esse professor – risos!)

A discussão de estratégias

Não houve discussão sobre uma melhor maneira de se usar a música.

Em sua preparação para a Profissão ele aprendera que deveria se criar meios para estimular a aprendizagem.

Os métodos pedagógicos incentivam a criatividade, mas o medo de criar, de inovar, era e tem sido a prática mesmo nos dias atuais.

Com o tempo, foi admitido numa escola onde uma direção diferente incentivava o trabalho com a música.

O resultado foi satisfatório. A assimilação de assuntos e socialização entre os alunos eram bem evidentes, mesmo numa escola sem recursos.

O ambiente era de cooperação mútua!

As lições

O tempo passou e a experiência mostra que a música hoje, usada em vários cursos, é um excelente auxílio à educação.

Aos professores, nesta sociedade transformada, cabe o diálogo, o acordo e o apoio como classe, cujo objetivo maior é o aprimoramento de uma sociedade presente e futura.

Que os métodos do passado sejam apenas recordações de coisas que não precisam sequer, de uma  repetição.

Que não tenham medo de embarcar neste Novo Tempo, cujo perigo maior é estacionar ou regredir !

Leia também   Um novo tempo – Parte 2 ( Repensar) – Jeito de ver

A música contribui para uma boa informação emocional, favorecendo a sensibilidade, a criatividade e o imaginário das crianças. A aprendizagem com música favorece o desenvolvimento linguístico, a memorização e cria vínculos de amizade entre alunos e professores. – Revista Educação Pública – A importância da utilização da música na escola (cecierj.edu.br)

Os meios de comunicação e a política

Jovem observa o Planalto Central. Um texto que fala sobre influência da Imprensa na Política.

Imagem de Nill Matias por Pixabay

 

Os Meios de Comunicação e a Política

Política – A Arte de Administrar

Selecionando Candidatos

O sistema brasileiro é composto por muitos partidos minúsculos, que formam o chamado Centrão.

Em períodos eleitorais, é comum convidarem artistas e pessoas em evidência — que, na realidade, não têm nenhum interesse nos cidadãos ou na política — para serem candidatos por suas legendas. O nível ético, às vezes, é tão baixo que, na época do escândalo envolvendo um morador de rua flagrado numa relação sexual com uma mulher que apresentava problemas psicológicos, cogitaram convidá-lo a ingressar na política como candidato por um partido nanico.

Visto que o morador foi tratado como uma celebridade por muitos, inclusive nas redes sociais, alguns políticos tentaram surfar nessa onda bizarra.

A falta de conhecimento e interesse na política faz com que muitos brasileiros votem em artistas apenas porque são “bonitos, famosos, engraçados” e assim por diante. Um exemplo dessa lógica foi a cogitação de alguns partidos políticos em lançar a candidatura do apresentador Luciano Huck à Presidência da República.

Para quem acompanha programas dominicais de TV, ele é visto como um jovem carismático, que faz doações e ajuda participantes em seu programa. Contudo, a falta de informação não permite perceber que as benesses são propagandas de patrocinadores. A imagem de Luciano Huck, forjada para vender anúncios, pode não representar o cidadão que ele é na realidade.

O jogo político funciona assim: um famoso atrai muito mais votos, gerando maior representatividade do partido na Câmara. Esse voto também beneficia outros candidatos menos conhecidos da mesma legenda.


Câmara de Deputados – A Divisão de Poderes

No Brasil, 513 deputados são eleitos por voto proporcional e exercem seus cargos por quatro anos. Essa informação é importante.

Num mundo ideal, seria interessante haver proporcionalidade entre as três principais correntes ideológicas: direita, centro e esquerda. O problema, porém, é que a maioria dos partidos do Centrão não segue uma linha ideológica definida.

Por essa razão, esses partidos “garantem” ou “permitem” a governabilidade do governo eleito apenas se receberem cargos ou pastas importantes que envolvam o manejo de recursos orçamentários.

Diante da dificuldade de obter maioria na Câmara, o governo eleito tem duas opções para garantir a governabilidade:

  1. Negociar com tais partidos, cedendo pastas para assegurar o mínimo de condições para governar. Caso contrário, os partidos votam contra projetos que não sejam de seu interesse.
  2. Tentar argumentar sem sucesso, ser boicotado pelos partidos fisiológicos, e, assim, perder a chance de governar minimamente, correndo o risco de sofrer impeachment.

Como Funcionam os Meios de Comunicação?

Com a democratização da informação pela internet, é possível encontrar canais que se esforçam para trazer conteúdos legítimos. Entretanto, por muitos anos, as pessoas dependeram do principal canal de TV do Brasil, que se apresentava como imparcial e defensor da verdade. As informações transmitidas eram consideradas verdades absolutas.

O problema é que o público não foi educado a questionar os motivos por trás dos destaques dados nos jornais. As notícias são transmitidas conforme os interesses dos donos e patrocinadores das emissoras, que investem fortunas em anúncios.

Aquilo que serve aos seus interesses é apresentado de forma a causar comoção ou revolta nos telespectadores.

Falhas de Comunicação?

Nas eleições presidenciais de 1989, a mais popular rede de televisão do país editou descaradamente trechos de um debate entre os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello para favorecer o segundo.

Outro exemplo é o caso de Arnon de Mello, pai do ex-presidente Collor, que, em 4 de dezembro de 1963, tentou assassinar seu desafeto político Silvestre Péricles, mas acabou matando o inocente senador José Kairala.

Como alguns jornais noticiaram o fato? Chega a ser espantoso saber que elogiaram o assassino e desqualificaram a vítima. Isso ilustra como os meios de comunicação podem manipular a opinião pública conforme seus interesses.


Não Existe Meio de Comunicação Isento

Não há isenção porque, como explicado, os jornais são mantidos por anunciantes que pagam grandes quantias e não querem ter seus nomes associados a propaganda negativa. Essa é a moeda de troca.

Portanto, analise e questione as opiniões dos meios de comunicação. Quando apresentarem algo como ruim ou extremamente ruim, pergunte-se: ruim para quem? Qual é o interesse da empresa que está noticiando?

Os meios de comunicação desempenham um papel poderoso nas eleições. Por meio de propagandas bem elaboradas, podem transformar verdadeiros demônios em anjos. Uma vez eleitos, legitima-se um projeto, e os resultados serão responsabilidade de quem os elegeu.


O Que Fazer?

Entenda como funcionam os meios de comunicação. Pesquise a história. O conhecimento histórico ajuda a evitar a repetição de erros, pois permite relacionar acontecimentos passados com seus efeitos ao longo do tempo.

A história desmistifica heróis, ajusta lendas e cria expectativas reais baseadas em experiências. Por isso, uma mudança essencial está na educação, especialmente na valorização da disciplina de História.

A preservação e o estudo da história são fundamentais para compreender o sistema político brasileiro e contribuir para sua evolução.


Sugestões:

  • Assista ao documentário Muito Além do Cidadão Kane (Beyond Citizen Kane – 1993).
  • Conheça o clássico filme Cidadão Kane.

 

Leia mais em: O papel da imprensa e a História ‣ Jeito de ver

 

 

 

 

 

 

Um novo tempo – Parte 1 (Apesar do perigo)

 

Você conhece o conto  “Flor vermelha de caule verde?” de Helen Barckley?

Hora de conhecer…

REIMAGINAR…

 

Conto: Flor vermelha de caule verde!

Helen Barckley

Era uma vez um menino. Ele era bastante pequeno e estudava numa grande escola. Mas, quando o menino descobriu que podia ir à escola e, caminhando, passar através da porta ficou feliz.

E a escola não parecia mais tão grande quanto antes.
Certa manhã, quando o menininho estava na aula, a professora disse:
– Hoje faremos um desenho.
– Que bom! Pensou o menino. Ele gostava de fazer desenhos. Podia fazê-los de todos os tipos: leões, tigres, galinhas, vacas, barcos e trens. Pegou então sua caixa de lápis e começou a
desenhar.

Mas a professora disse:
– Esperem. Ainda não é hora de começar. E ele esperou até que todos estivessem prontos.
– Agora, disse a professora, desenharemos flores.
– Que bom! Pensou o menininho. Ele gostava de desenhar flores. E começou a desenhar flores com seus lápis cor-de-rosa, laranja e azul.

Mas a professora disse:
– Esperem. Vou mostrar como fazer. E a flor era vermelha com o caule verde.
Num outro dia, quando o menininho estava em aula ao ar livre, a professora disse:
– Hoje faremos alguma coisa com barro.
– Que bom! Pensou o menininho. Ele gostava de barro. Ele podia fazer todos os tipos de
coisas com barro: elefantes, camundongos, carros e caminhões. Começou a juntar e a amassar a sua bola de barro. Mas a professora disse:
– Esperem. Não é hora de começar. E ele esperou até que todos estivessem prontos.
– Agora, disse a professora, faremos um prato.
– Que bom! Pensou o menininho. Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos.

A professora disse:
– Esperem. Vou mostrar como se faz. E ela mostrou a todos como fazer um prato fundo.
Assim, disse a professora, podem começar agora.
O menininho olhou para o prato da professora. Então olhou para seu próprio prato. Ele gostava mais de seu prato do que do da professora. Mas não podia dizer isso.

Amassou o seu barro numa grande bola novamente e fez um prato igual ao da professora. Era um prato fundo.
E, muito cedo, o menininho aprendeu a esperar e a olhar, e a fazer as coisas exatamente  como a professora fazia. E, muito cedo, ele não fazia mais as coisas por si mesmo.

Então aconteceu que o menino e sua família mudaram-se para outra casa, em outracidade, e o menininho teve que ir para outra escola.
No primeiro dia, ele estava lá. A professora disse:
– Hoje faremos um desenho.
– Que bom! Pensou o menininho. E ele esperou que a professora dissesse o que fazer.
Mas a professora não disse. Ela apenas andava pela sala. Então, veio até ele e falou:
– Você não quer desenhar?
– Sim, disse o menininho. O que é que nós vamos fazer?
– Eu não sei até que você o faça, disse a professora.
– Como eu posso fazer? Perguntou o menininho.
– Da mesma maneira que você gostar. Respondeu a professora.
– De que cor? Perguntou o menininho.
– Se todos fizerem o mesmo desenho e usarem as mesmas cores, como eu posso saber quem fez o quê e qual o desenho de cada um?
– Eu não sei, disse o menininho.
E ele começou a desenhar uma flor vermelha com caule verde.

Conto de Helen Barckley – 201

História comovente, não é verdade?

Vocês já perceberam como é fácil se achar um inovador, quando na verdade estamos perpetuando velhos costumes e ideias?

As pessoas temem aceitar o novo, o diferente.

Mas, é um novo tempo e apesar dos perigos, é tempo de repensar e principalmente: REFAZER.

Desenvolveremos a série “UM NOVO TEMPO” em três partes.

Esperamos alcançar o objetivo maior que é estimular o debate, e por meio dele: REPENSAR, REIMAGINAR E principalmente REFAZER  aquilo que precisa ser refeito.

 

Veja mais: Um novo tempo – Parte 3 Refazer ‣ Jeito de ver

 

Música: Parapeito ( Alan Sampaio)

Alguém tocando o violão. Ouça a composição Parapeito, de Alan Sampaio.

Imagem de Firmbee por Pixabay

 

 

Detalhes da música

Música: Parapeito

Compositor: Alan Sampaio

Intérprete: Grupo Terra (Ensaio)

Gravada durante os ensaios do Grupo Terra, de Iaçu.

 

Veja mais em:

Que tal compor a sua obra de arte? ‣ Jeito de ver

 

 

O circo ( e aquelas lembranças!)

Meio perdido

Confesso que, naquele tempo , eu não entendia as piadas do palhaço, mas já que o povo ria…eu acompanhava!
O que um bom comportamento condicionado não faz!
E ainda hoje, confesso, eu jamais entenderia aquelas piadas naquela época – não eram para crianças!

Palhacinho obsceno miserável!

Estragou a minha infância!

Mas o circo, não o fez tanto assim!

O circo

As bailarinas, lindas, distraíam o público enquanto o “mágico” se preparava para mais um truque!
Os coelhos na cartola eram incríveis, como é que eles conseguiam viver naquelas condições? Não, eu não estava nem um pouco preocupado com o Mandrake, mas com os pobres coelhos…como eram resistentes!

Mas, a mulher serrada ao meio me assustava todas as noites, como é que se colava o corpo novamente?

Os truques com as cartas, lenços e moedas não eram tão interessantes.

Enfim, o Mágico desaparecia dando lugar aos malabaristas!
Os malabaristas demonstravam perícia se equilibrando num trapézio, saltando de um lado a outro –  com um sorriso lindo no rosto.

Palhaços, equilibristas, trapezistas, leões* ( que adoravam os pobres gatinhos da cidade, por motivos alimentares , não, não elementares!), macaquinhos, cantores incríveis e bailarinas.

Itinerantes

Mas, o circo ficaria na cidadezinha apenas enquanto ainda houvesse o encanto….
E neste caso ficaria apenas seis dias…
Como castelos que se montam e desmontam, numa rotina infinita, ele também sumiria na próxima segunda.
E a linda bailarina trapezista, que caiu do trapézio, infelizmente, não voltaria para mais uma temporada….

Em tempo…uma tragédia

* Os animais geralmente sofriam maus tratos. Não eram bem alimentados, sofriam agressões físicas para serem submissos, além de se assustarem com a presença do público barulhento. O uso de animais em tais espetáculos passou a ser duramente questionado, e no futuro passou a ser proibido, após a tragédia no Circo Vostok no ano 2000, quando uma criança foi devorada por leões esfomeados no dia do seu aniversário, na frente de 3000 pessoas.

A lei brasileira foi benevolente com os responsáveis.  –   Tragédia do Circo Vostok – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org).

Veja mais em  O parque de diversões (Recordações de um dia) – Jeito de ver

“Funk Brasileiro – Raízes e impacto social

Um contrabaixo. Um pouco das origens do FUNK.

Imagem de Jose Araica por Pixabay

Um ritmo pulsante

Sabe aquelas canções de ritmo pulsante, repetitivo e que muitas vezes choca pela agressividade e obscenidade das letras?*

Calminha, eu não estou falando de alguns pagodes da Bahia. – Não neste Post.

Falaremos um pouco sobre o Funk no Brasil, suas origens e influências.

Revoluções

Se no Brasil, a Bossa Nova crescia no final dos anos 1950 e no início da década seguinte se tornava popular entre jovens de classe média alta, filhos de pais ricos e com cargos influentes na sociedade e nos governos da época…

Nos EUA os jovens negros curtiam algo bem mais politizado, bem mais provocador.

Se por aqui, os jovens que amavam o estilo João Gilberto de sussurrar perfeitamente letras e acordes dissonantes naquela fusão do jazz norte americano com o samba brasileiro, e tinham tempo livre para ver “o barquinho a navegar no macio azul da mar” e viver o romantismo de quem sabia”que iria te amar, por toda a vida…

Lá, do outro lado, os jovens tinham pressa, queriam mudanças. Passavam a admirar ícones como James Brown e Miles Davis.

Esqueça toda a calma e paz da Bossa Nova  –  o Funk é bem diferente…

Um pouco de história e teorias

O Funk cresceria em outro solo…  a água, porém, viria quase da mesma fonte.

Ambos são influenciados pela  música negra americana e entre muitos estilos, compartilham um pouco da vibe do R&B, Soul e do Jazz.

As origens do jazz, que influenciaram a bossa nova, remontam às festas de escravos que parodiavam os estilos dos colonizadores, à mistura de ritmos tribais  e também às jams Sessions de Blues ( se é que se pode chamar assim!) .

O Jazz era a fusão de muito estilos.

Negra em suas origens, essa fusão carregava também um pouco de banzo – canção que expressava a tristeza e era cantada melodicamente em repetições de frases e improvisos por escravos em campos de algodão.

O banzo narrava o sofrimento, a ânsia de libertação e a saudade de um mundo que não mais existiria, desde que foram sequestrados e vendidos como mercadorias.

A expressão deste sofrimento é clara nos blues do Delta do Mississipi nas primeiras décadas do século XX.

O Funk foi desenvolvido pela comunidade negra nos Estados Unidos no início da década de 1960, quando a mesma ânsia de libertação ganhava força num país preconceituoso, onde a segregação racial era questão política e os negros lutavam agora pela igualdade.

Desigualdade social 

É notório que em países como o Brasil, após a lei que abolia a escravidão, havia um projeto de lei que indenizava os donos dos escravos com grandes compensações monetárias, face à pressão de antigos” proprietários”,  ao passo que os escravos, os maiores prejudicados pelo sistema, foram totalmente esquecidos – sem nenhuma compensação ( e às vezes, sem a própria roupa do corpo!).

Fonte:  Indenização aos ex-proprietários de escravos no Brasil – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Documentos relativos à escravidão, registros de compras e vendas de escravos, que poderiam atualmente ser úteis ao entendimento da história foram destruídos no início da república, para dificultar as coisas aos donos de escravos que pleitevam uma compensação pelas perdas decorrentes da abolição.

O mesmo Brasil que não ofereceu condições para que os negros tivessem uma estrutura social,  objetivando um povoamento maior da região sul, agraciou ( com toda a sorte de incentivos ) a europeus, dando desde casa a ajuda financeira para que estes tivessem condições de se estabelecer na preconceituosa terra brasilis.

700 mil libertos não tiveram acesso a terra e nem à educação.

Foram condenados a viver nas partes menos favorecidas da cidade.

Será que mudou muita coisa por aqui?

Nos Estados Unidos não foi, assim, tão diferente…

Os negros eram vítimas de grupos racistas, eram proibidos de ter acesso à educação igualitária e não podiam sequer usar os mesmos transportes públicos ou os mesmos banheiros que os brancos – muitos foram covardemente assassinados!

Neste ambiente politizado, o blues, o jazz e o Soul ganharam novas abordagens em suas letras.
E agora, um pulsante novo ritmo trazia a alegria, o protesto e a sensualidade ao movimento.

Sensualidade? Isso mesmo, era comum entre os músicos negros americanos na época usar a expressão “Coloca um pouco mais de Funk nisso aí”, quando queriam mais sensualidade, mais ousadia, mais provocação nas interpretações.

O Funk no Brasil

No início dos anos 1970 cantores como Tim Maia e Tony Tornado traziam a influência das Soul Music e do R&B americanos para os solos tupiniquins.
Nessa época, eram organizados no Canecão, casa de espetáculos famosa no Río de Janeiro, encontros conhecidos como Bailes da Pesada, onde o Funk era a “Novidade”!

Com o tempo essas festas acabaram e os produtores passaram a promover bailes regados a Rhythm’ Blues, Soul e advinha?
-O Funk!

Apesar da variedade , o termo Baile Funk popularizou esses encontros.

A polêmica das Letras -1

Assim como as antigas canções caipiras eram inspiradas na nostalgia do homem do campo que se mudou para a cidade e a tristeza de quem ficou para lidar com a suscetibilidade do clima, a jovem guarda se inspirava nas paixões juvenis e amores, por vezes, não correspondidos, a bossa nova se inspirava no otimismo de tudo, o Tropicalismo na busca de mudanças e o sertanejo universitário…bem, esse eu não consegui entender a inspiração ainda … (risos) o Funk se inspira nas realidades e nos desejos dos seus compositores.

A expressão de raiva, a desconfiança nas leis e por vezes, o louvor a nomes do crime são reflexos de uma sociedade abandonada pelo estado, em que a ” lei e a segurança” estão a cargo de milícias e outros criminosos.

Uma sociedade que só é lembrada para fins de repressão.

A polêmica das Letras -2

Entendendo a Cultura

As letras de quaisquer canções refletem a cultura e os valores a que são expostos os compositores.

Isso talvez explique superficialmente, pois há ainda uma grande variedade de estilos dentro do Funk: o Melody, o Pagofunk, o Brega Funk e o Proibidão que se caracteriza por letras pornográficas, a apologia ao tráfico e ao uso de drogas ilícitas.

Música é um reflexo da cultura e uma forma de expressão.

É necessário critério ao se analisar as vertentes musicais.

Aquilo que ouvimos influencia de modo positivo ou negativo as nossas emoções e como em tudo, o mesmo se aplica ao Funk.

Confira os links abaixo:

Bossa nova e jazz: ‘um caso de influência recíproca’, segundo Tom — Senado Notícias

Como o funk surgiu no Brasil e quais são suas principais polêmicas? | Politize!

* A agressivade e obscenidade nas letras também são usadas com o objetivo de causar impacto, que é um método para gerar engajamento bem usado em nossos dias, nos mais variados estilos.

Leia também

O drama do músico – As escolhas ‣ Jeito de ver

A música atual está tão pior assim? ‣ Jeito de ver

O que é a música “brega”? – História

Um disco na vitrola. O que é a música brega e qual a sua importância da música brega na MPB?

Imagem de Essexweb1 por Pixabay

Explicando música brega

O Termo “Brega”,  para se referir a certas músicas, tornou-se popular na década de 1970, ganhou força nas décadas de 1980 e 1990 e é, hoje, um estilo musical no Pará.

Mas, calma… as coisas não são tão simples assim…

Um pouco de história.

Das décadas de 1940 a 1960, na era de ouro do Rádio, as canções mais populares eram as românticas. As interpretações transmitiam o sentimento por trás das letras nas melodias românticas e o drama em letras bem tristes (é verdade que às vezes, até exageravam um pouquinho  no modo de expressar  – “Tornei-me um ébrio”, Vicente Celestino é um excelente exemplo de interpretação dramática!).

Você consegue imaginar a dor imposta por Silvinho ao cantar: “Essa noite eu queria que o mundo acabasse, e para o inferno o Senhor me mandasse, para pagar todos os pecados meus...”(?)

Ou o Orlando Silva ” Tu és a criatura mais linda que meus olhos já viram, tu tens a boca mais linda, qua a minha boca beijou…” (?)

Influências…

O estilo de canto nas décadas anteriores eram influenciados pelo modo de cantar italiano e de países latinos, quanto aos arranjos musicais orquestrais eram também simples, as letras eram bem trabalhadas, lindas, poéticas.

Por fim, na década de 1960, o aparecimento de novos estilos como o Rock’n roll, Bossa Nova e a Tropicália (já quase no fim da década) despertou o desejo de partir para novas experiências.

E então, os jovens de classe média e alta passaram a se referir às canções e ao a estilo dos cantores das décadas passadas como sendo cafonas (que vem do italiano cafone, que significa camponês, indivíduo rude, estúpido), que significa de “péssimo gosto, sem elegância, espalhafatoso”.

A moda agora era a bossa nova, com arranjos marcados pela dissonância dos acordes, num estilo que soava semelhante a uma mistura do samba nacional desacelerado com o jazz americano.

As canções que não se ajustavam aos sofisticados novos arranjos não eram aceitas por essa “nova elite” como sendo música de qualidade.

Surge a MPB

Enfim, com a chegada da Tropicália, que fundia as influências regionais com o Rock, o declínio do Iê-iê-iê (conhecido hoje como Jovem Guarda) e da Bossa Nova, a música brasileira ganhava agora uma marca pela qual é conhecida até hoje: MPB.

MPB, Música Popular Brasileira, é o termo que define canções com arranjos melódicos um tanto mais complexos e letras bem trabalhadas.

A “elite” amava a MPB (alguns militares nas décadas de 1960 e 1970 não, mas isto é outra história! – Pra não dizer que não falei de flores…) e olhava a música mais popular com um certo desprezo.

Canções com arranjos simples, que falavam de amor de modo simples, canções engraçadas ou que não se ajustassem a determinados gostos perderam a alcunha de “Cafonas” e passaram a ser chamadas “Bregas”.

Mas, por que Brega?

A origem da palavra Brega é controversa, uma das explicações é que ela é derivada de Chumbrega que significa “de má qualidade, ordinário, reles”.

Sentiu um pouco do preconceito? – Pois era isso mesmo!

Mas eram essas canções que vendiam MUITO!

As grandes gravadoras mantinham, às vezes, dois selos, como a Poligram, que tinha a Polidor. Enquanto um  selo era responsável pelas  gravações de cantores da chamada MPB a outra era especializada em gravar músicas mais comerciais.

O interessante da história é que os chamados cantores bregas vendiam muito mais que os cantores MPB e as gravadoras sabiamente usavam o lucro dessas vendas para produzir novas obras de arte, de cantores de vendagens menos expressivas.

A palavra brega como adjetivo é usada de modo depreciativo, mas quando usada como  substantivo designa um ritmo paraense que tem influências nas músicas caribenhas, na lambada e na jovem guarda.

Resumo: O que ficou conhecido pelo nome Música brega não é um estilo ou um ritmo.

A música brega é na verdade um conjunto de canções populares, com arrranjos simples,  que falam de amor de forma simples e que tratam da realidade de pessoas comuns. Por isso são canções bem comerciais.

Canções diferentes – como as canções devem ser

Uma questão pessoal

E quando se trata de gostar… quem se atreve a dizer o que os outros devem gostar?

Podem influenciar para o bem ou  para o mal, é verdade, mas a decisão será sempre pessoal.

Música é música.

– Você pode gostar ou não. Ouvir ou não!

E como dizia o Cazuza: “O amor é brega”.

Então… esqueça o rótulo!

Esteja aberto aos vários estilos e curta aqueles que mais identificam a sua personaldiade.

Gilson Cruz

Leia mais em

O drama do músico – As escolhas ‣ Jeito de ver

A música atual está tão pior assim? ‣ Jeito de ver

Qual o sentido das guerras – Uma Análise

 

Homens em guerra. Há algum sentido nas guerras?

Imagem de Defence-Imagery por Pixabay

 

 

“Todo homem precisa passar por uma guerra para crescer…”

Essas palavras ditas por um veterano de guerra parecem fazer sentido. Mas será mesmo?

Qual a razão das guerras?

Quando não há acordo entre dois países, isso é um motivo válido para um conflito?
É importante lembrar que a maioria das guerras foi travada por razões comerciais veladas ou pelo desejo de subjugar nações consideradas inimigas ou inferiores.

Quando dois países se enfrentam em uma batalha, o que dizer aos pais e mães que perderam seus filhos e filhas nos campos de guerra?

  • “Vencemos a batalha”?
  • Ou talvez: “Seu filho foi um herói”?

Será que essas palavras consolam quem perdeu alguém amado? Será que as medalhas póstumas trazem orgulho ou apenas aumentam a dor?

E quanto aos sobreviventes, conseguem realmente viver normalmente após uma guerra? A experiência mostra que muitos sofrem de transtornos psicológicos e, entre esses, muitos acabam se tornando dependentes químicos. (Fonte: Jeito de Ver)

As amargas realidades da guerra

Contrário ao que muitos podem pensar, participar de uma guerra não preenche o vazio ou o tédio na vida de alguém. As experiências são amargas, vidas são sacrificadas e interrompidas em vão. No final, serão apenas nomes, estatísticas.

Uma breve pesquisa no Google revela a humilhação e crueldade. Soldados americanos, por exemplo, tratavam seus adversários de forma desumana durante a guerra no Iraque, desrespeitando qualquer convenção.

Essa pesquisa aponta para mais de 201 mil resultados em apenas 0,22 segundos.

Imagens mostram soldados já sem alma, humilhando e sendo humilhados. Eles defendem algo que muitas vezes não pediram ou nem concordam, mas que seriam igualmente punidos se recusassem ou recuassem.

As guerras apagam o que nós, humanos, lutamos tanto para ser:

  • Capazes de amar, mostrar compaixão e empatia.
  • Capazes de compartilhar o que há de bom, sem fronteiras, sem preconceitos.
  • E, principalmente, capazes de lutar pela vida — não de um grupo, mas de todos os grupos.
Lembre-se do que está além das fronteiras

Enquanto as fronteiras dividem territórios, não podemos permitir que barreiras invisíveis apaguem nossa empatia por aqueles que vivem o mesmo drama além do que nossos olhos alcançam.

Crianças ainda brincam nas ruas. Pais, em qualquer idioma ou lugar, aguardam abraçá-las no portão da escola. Namorados esperam o sorriso dos seus amados ao fim da tarde.

Mas, quando alguém é chamado à guerra, esse ciclo se interrompe. A vida muda. Muitas vezes, acaba.

Que a vida continue. Que o amor cresça.
E que o homem aprenda: ninguém precisa passar por isso para crescer.

Reflexão final

“Enquanto houver a filosofia que sustenta uma raça superior e outra inferior… haverá guerra em todo lugar.”
(Parafraseando Bob Marley, “War”, 1976)

Gilson Cruz

 

E esquecemos as Guerras … ‣ Jeito de ver

 

 

 

 

Um pouco de exagero (Humor)

Humor. Uma história com um pouco de exagero!

Imagem de Klaus Hausmann por Pixabay

 

Os amigos conversavam:

Rapaz, próximo ao antigo Clube de Ferroviários, havia um largo, um espaço onde há muito tempo os parques e circos  itinerantes ficavam por um tempo. Lembra daquele tempo?

Lembro, sim…  – disse o outro.

Pois é, os circos traziam leões, palhaços, equilibristas e até cantores…

Lembro, sim…

Numa daquelas visitas, trouxe o Menino da Garganta de Ouro. Lembra?

Lembro, sim… O Donizetti.

Pois é, rapaz, eu não acreditava que o moleque tinha uma garganta potente como falavam, achava que era só propaganda. Mas, um dia…

Era Oito da noite da Terça-Feira e o apresentador disse: -“E COM VOCÊS, DONIZETTI…O MENINO DA GARGANTA DE OURO…”

E o menino começava a cantar “a Galopeira”:

-“Foi num baile em Assunção, capital do Paraguai…”  Lembra?

-Ô, se lembro…  –  Dizia o outro

Pois é, na hora do grito Galope-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-ira  era  Oito e cinco da noite.  E eu falei, esse moleque não vai aguentar!

Só que deu 8:10, 8:15, 8:30,9:00 da noite e o menino não parava.:  “ê-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-…

“Dez da noite fui pra casa. E ele não parava…

Passou a madrugada inteira e o menino : ‘ê-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-…’

Fui pro trabalho de manhã e ele estava lá: ‘ê-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e-e…’

Hora do almoço, descanso da tarde – e a música não parou.

Deu Oito da noite da Quarta, resolvi voltar lá pra ver o que tinha acontecido e o moleque estava lá tranquilo cantando.

Lembra?

E o amigo…

Lembro, sim. Incrível mesmo foi a plateia depois de tudo gritar: -“De novo! De novo!”

 

Gilson Cruz

Leia também: Quiprocuó Esporte Clube – Falando de futebol ‣ Jeito de ver

 

Optimized by Optimole