Aqueles olhos – Apenas mais uma poesia

Uma jovem em um jardim. Uma poesia sobre os olhos inesquecíveis.

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Gilson Cruz

Jamais me esquecerei,

aqueles olhos que traziam brilhos de esperança

Não eram  pretos, como a noite

castanhos, ou  azuis como o céu no verão…

eram verdes

Mas, não era um verde qualquer

era um verde que  apaixonava

cada vez que sorria.

Que me fazia esquecer das letras de músicas

dos poemas que escrevia…

e que me fazia tímido…

Ah! não bastavam serem verdes

eram também mágicos…

Falavam milhares de coisas – sem palavras

Traziam melodias prontas – mesmo sem  notas

Fazia que desejasse que os segundos, fossem séculos…

Triste, que até mesmo séculos passam…

Mas, sinto falta daquele olhar

que trazia brilhos de esperança,

melodias, desejos e poesias…

E que não eram pretos, lindos como a noite

ou castanhos como eram seus cabelos…

Eram verdes…

Sim, eram verdes.

Leia mais em  Teus olhos verdes (Menina) – Jeito de ver

Depressão – como ajudar? (Informativo)

A depressão. Como a Depressão Afeta as Pessoas? Como podemos ajudar?

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Contrário ao que muitos ainda podem pensar, a depressão não é uma fraqueza pessoal, mas sim uma doença.

Considerada o mal do século, essa enfermidade afeta cerca de 350 milhões de pessoas em todo o mundo, causando impactos significativos nas atividades diárias daqueles que a enfrentam (Fonte: Depressão: saiba mais sobre o mal do século XXI (apsen.com.br)).

Como a Depressão Afeta as Pessoas?

O transtorno depressivo maior pode impactar a vida em diversos aspectos. Os sintomas podem variar, incluindo ansiedade, apatia, desesperança, perda de interesse ou prazer em atividades, falta de concentração, solidão, tristeza, entre outros. Vale ressaltar que a presença de alguns desses sintomas não necessariamente indica a presença da depressão. Um diagnóstico médico é fundamental.

Sintomas e Prejuízos Associados à Depressão

Os prejuízos associados à doença estão intimamente ligados à presença dos sintomas depressivos. Esses sintomas podem afetar diretamente a forma como o indivíduo se relaciona com os outros, fragilizando seus vínculos sociais e comprometendo o engajamento em tarefas essenciais do dia a dia. Isso pode levar a hábitos de vida menos saudáveis, aumentando a vulnerabilidade a outras doenças (Fonte: Depressão: saiba mais sobre o mal do século XXI (apsen.com.br)).

Como Lidar com a Depressão

É crucial compreender que a depressão é uma doença e, portanto, deve ser tratada como tal. Ao lidar com pessoas deprimidas, evitar comentários superficiais e oferecer suporte real é essencial. (Fonte: medley.com.br)

  1. Ouvir e Acolher: Prestar atenção ao que a pessoa tem a dizer, sem desmerecer sua condição, é fundamental. Oferecer suporte com empatia e sem julgamentos é uma das melhores formas de ajudar.
  2. Buscar Ajuda Profissional: Estimular a procura por um profissional de saúde é crucial. Acompanhar e oferecer suporte nesse processo pode ser um passo importante.
  3. Desencorajar o Uso de Álcool e Drogas: Evitar estimular o consumo de substâncias que podem agravar o quadro depressivo.
  4. Incentivar a Atividade Física: A prática de exercícios físicos pode auxiliar no tratamento da depressão, melhorando o humor e a qualidade de vida.
  5. Promover a Socialização: Estimular a pessoa em tratamento a socializar-se gradualmente, apoiando-a nesse processo.
  6. Reforçar a Importância do Tratamento: Transmitir que a depressão é tratável, mesmo que inicialmente pareça desafiadora.
  7. Não Ignorar Comentários Suicidas: Levar a sério e encorajar a busca por ajuda profissional imediata diante de quaisquer indícios de pensamentos suicidas.

A depressão não é uma fraqueza nem “vitimismo”. Trata-se de uma doença séria que requer cuidados especializados (Fonte: Jeito de Ver).

É altamente recomendável a leitura completa dos artigos citados nos links fornecidos. Essas fontes oferecem informações detalhadas e cruciais sobre a depressão, uma doença que merece ser compreendida e tratada com seriedade.

Amizade ao Longo da Vida – definições

Amizade. Um texto sobre a amizade e tempo.

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AMIZADE: A JORNADA DO AFETO E DA CONEXÃO HUMANA

A amizade é uma rica tapeçaria de afeto entre indivíduos, tecida com carinho, lealdade e proteção. Pode ser descrita como a relação afetiva que preenche nossas vidas com cores únicas.

NA RODA DA VIDA

Desde a infância, encontramos companheiros de jornada que transformam o mundo ao nosso redor. Aquelas risadas enquanto brincávamos, as pequenas frustrações, tudo isso cria laços que dão sentido à nossa existência.

Quantos daqueles amigos de infância ainda estão conosco hoje?

A adolescência nos traz cumplicidade, segredos compartilhados e planos grandiosos que talvez nunca se realizem. É uma época onde as amizades são vitais, mesmo que os adultos pareçam seres de um mundo distante.

O VALOR DOS CAMINHOS DIVERSOS

Com o tempo, cada um segue seu próprio rumo, trilhando novos caminhos. É a dinâmica da vida, onde novos amigos surgem, trazendo consigo preciosas lições.

Nessa jornada, aprendemos que amizades superficiais também existem, muitas vezes mascaradas por desejos egoístas. A verdadeira amizade não impõe, não abusa, mas respeita e compartilha de maneira genuína.

A ESSÊNCIA DA GENEROSIDADE

É comum pensar que um amigo deve ser como desejamos, mas a verdadeira essência está em compreender o que estamos dispostos a oferecer. Amizades verdadeiras não exigem trocas constantes, pois a lealdade não se baseia em barganhas.

Pergunte-se: Que tipo de amigo tenho sido? E, mais importante ainda, que tipo de amigo desejo ser?

As amizades verdadeiras transcendem distâncias e resistem ao teste do tempo. São tesouros preciosos que nos lembram que nunca estamos sozinhos neste mundo.

Então, por que não ser o amigo que tanto desejamos ter ao nosso lado?

UM NOVO OLHAR

A amizade é uma jornada enriquecedora, repleta de altos e baixos, mas é no valorizar e no cuidar do outro que encontramos seu verdadeiro significado.

Que cada passo nessa jornada seja um testemunho do nosso compromisso em ser um amigo verdadeiro, alguém que ilumina a vida do outro com a luz da empatia e da compreensão.

Essa é outra maneira de ver a amizade.

Veja mais em  Inventando passados (O Criador de histórias) – Jeito de ver

A pequena bailarina (pequenos versos!)

Bailarina ao ar livre. Uma poesia à dedicação.

Imagem de Anja por Pixabay

À Professora de Balé

Bailarina

A pequena bailarina

A pequena bailarina

Flutua, com graça

Mas, dentro dessa beleza

O que será que se passa?

Pés mais leves que o ar

Pisando em partículas do nada

Mas, dentro dessa beleza

O que será que se passa?

O que fazes com a gravidade?

O que fazes com a razão?

Não tens asas, flutuas

Como seguras a emoção?

Mãos suaves, quais plumas

Regem a música no vento

E este rosto, sempre sereno

Onde andará teu sentimento?

A pequena bailarina

Ainda a flutuar com graça

E o pobre compositor

Sentado no meio da  praça

Contempla

Se emociona

Se inspira

Pira! ( Ah! Eu não resisto!)

E compõe a canção do vento

Que suas mãos regem devagar

Que com leveza, com graça

Ensina o mundo a amar…

E a bailar…

a bailar…

Leia mais em:  E quando ela passa… ( A poesia no andar) – Jeito de ver.

O dia a dia (Mais um poema simples)

Despertador. Um poema do dia a dia, em poucas palavras.

Imagem de Jan Vašek por Pixabay

 

Gilson Cruz

 

O despertador

O sono

A preguiça

O espreguiça

Os pés caindo da cama

o tropeçar nos chinelos

As mãos buscando a parede

As luzes acesas

A escova

O creme dental

Os olhos pregados

a camisa ao avesso

Os pés buscando a cozinha

as luzes acesas

As meias, os sapatos, o cadarço

e as horas voando

As notícias, o tempo

o sono ainda na cama

Um até logo

A porta aberta,

os pés na rua

As ruas, os cachorros, o peso

e as pessoas vivendo os seus dias

As horas, o cansaço, a pressa, o retorno

o abraço, a meditação, o sono…

E os sonhos…

E novamente

o despertador…

e tudo de novo.

 

O dia a dia (Um poema simples) ‣ Jeito de ver

 

 

 

 

 

 

Um Professor (os desafios de um educador!)

Um professor. O texto sobre os desafios de ensinar História.

O Professor

Imagem de Pexels por Pixabay

Permita-me contar uma história que vi acontecer e que me ensinou que nem todos estão dispostos a mudar o statuos quo.

Status quo é uma expressão em latim que significa “estado atual” ou “situação atual”.

Refere-se à condição ou circunstância existente em determinado momento, especialmente em contextos sociais, políticos ou culturais.

Geralmente, é usado para descrever a manutenção das coisas como estão, sem mudanças significativas.

Vamos à história…

Era ainda o ano de 2005 e o professor de História, Régis, se preocupava com a falta de interesse político dos alunos na escola onde lecionava.

Era comum aos alunos, velhas frases como:

“Políticos são todos ladrões”, “Já que eles vão roubar mesmo, meu voto não sai de graça”, “Sindicalistas são todos vagabundos” e frases um pouco menos otimistas que estas.

Alguns jargões foram criados durante os anos em que o Brasil esteve sob Regime Militar (Ditadura) 1964-1985 e outros criados por empresários que também estavam muito preocupados com o bem estar geral ( se você acreditar, tudo bem…)

Disposto a mudar o ponto de vista de seus alunos, ele decidiu criar o projeto:

” Construindo Cidadania

Neste projeto, todas as Sextas-feiras um grupo de vinte alunos teria a honra de assistir a Sessões da Câmara Municipal de Vereadores – fazendo observações a respeito da ordem e dos projetos.

Um outro grupo analisaria a história do Município, fazendo breves biografias de Prefeitos e vereadores, entrevistaria também a vereadores em exercício.

Os alunos ficaram empolgados.

O questionário a ser aplicado aos vereadores locais trazia as seguintes perguntas:

. Nome completo e resumo biográfico, como se interessou por política?

. Quando se candidatou pela primeira vez?

. Quantos projetos teve o privilégio de elaborar e quantos foram aplicados no município?

Enfim, chega a manhã de Sexta-Feira, precisamente 10:30, e começaram os ritos na Sessão da Câmara.

O Presidente da casa iniciava com formalidades, as boas-vindas, quando silenciosamente os alunos sentavam e aguardavam com interesse o diálogo entusiástico de vereadores, os debates, o dedo no olho, o tapa na cara…

-“Opa! me empolguei um pouco, deixe-me voltar aos trilhos”...

As cadeiras na câmara, destinadas ao público, estavam novinhas em folha! E agora sentiam a alegria de acomodar pessoas interessadas em política!

– O problema é que os nobres não estavam preparados, e como não havia assunto a ser debatido a reunião foi cancelada, adiada para a semana seguinte.

E na semana posterior, as cadeiras da câmara sentiam-se úteis novamente, novos jovens aguardavam os vereadores que chegavam desconfiados e perguntavam:

-“Quem mandou esses baderneiros aqui?” –  baderneiros que não faziam baderna e que apenas aguardavam a reunião iniciar para entender pra quê raios servia um vereador.

E por falta de assunto e excesso de desconfiança a Sessão foi novamente adiada!

E os alunos ficaram perplexos! – Parte final

Ainda mais perplexo ficava o Professor Régis pois seria chamado e orientado pela coordenadora municipal de educação a encerrar seu projeto, pois os alunos viam causando transtornos às sessões da câmara daquela cidade.

Talvez os vereadores fossem tímidos demais para apresentar as suas propostas ou talvez não tivessem ideia alguma a respeito da utilidade dos seus cargos eletivos.

E o professor humildemente, se calou.

E os velhos jargões se tornaram ainda mais fortes.

ilson Cruz

Leia mais em: O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver

 

 

 

 

Sexta-feira ( Uma simples poesia)

Um calendário em branco. Um texto sobe as pequenas coisas de um dia comum.

Imagem de Dorothe por Pixabay

 

Introdução :

Nem todo dia começa com sol alto ou ânimo de sobra.

Às vezes, é só mais uma manhã apressada, dessas que parecem iguais a tantas outras. Mas, se a gente repara bem, até numa sexta-feira comum o tempo desacelera e revela pequenas belezas — um céu azul quieto, o som dos passarinhos, o silêncio que antecede a cidade.

Este poema é isso: uma travessia entre o automático e o instante presente, entre a pressa e a pausa. Porque, no fundo, a vida vai passando… e nem sempre com pressa.




Sexta-feira


Acordei numa pressa daquelas e o sol ainda dormia
A cidade estava silenciosa, meu cachorro não latia
Não senti  um dia especial,
nem era carnaval.
Seria apenas mais um dia.
Levantei, tropecei nos chinelos
que dormiam aos pés da cama,
caí
e nem pensei na semana…
Apenas, mais um dia normal.
Mas, é verão e
a manhã mais uma vez, como disse o Caetano, nasceu azul.
Olhei o violão no cantinho da sala, não pude compor, cantar
ou tocar o instrumento
e saí enquanto poucos estavam acordados.
E o sol começou a brilhar.
As cores se assentaram,
as nuvens se assentaram lá no horizonte
e a minha pressa acabou.
Os passarinhos na praça acordaram,
Os cachorrinhos no quintal também despertaram
e as vozes tomaram conta das ruas…
e a minha pressa acabou.
E à noite, um céu de estrelas
sem pressa, sem som, sem nada
enquanto as estrelas dançam e 
me recuso a olhar a estrada
o tempo passa…
a vida passa.

 

           …a vida passa, sem pressa.

Veja também  Um dia no museu Paraguaçu (Informativo) ‣ Jeito de ver

O som do silêncio… o fim de um sonho!

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Sinceramente, estou sem palavras…

Num desses dias quentes, enquanto limpava a área em frente à minha casa, ouvia com atenção as palavras do amigo Marinaldo.

Os dreads grisalhos eram registros de uma longa história de amor à música, a pele escura era o livro que registrava todo o preconceito e injustiça que sofreu na vida, e os passos lentos talvez fossem a única forma de mostrar que não mais se apressava…

Que precisava andar, planejar melhor seus dias.

Sua voz forte e mansa falava pouco do passado, mas se animava ao contar seu histórico como músico.

Sim, o Marinaldo fora músico por muito tempo. Excelente contrabaixista, baterista, já bancou o vocalista em algumas ocasiões, como ele costumava dizer. Ele era mais conhecido como “Alô Bahia”.

Vivia sozinho numa casa branca na Rua do Chaveiro e criava um valente cachorrinho branco, que obedecia prontamente às suas ordens.

As noites de sexta e sábado eram regadas por belas músicas que ele cultivava em sua coleção, pérolas que iam desde os anos 1960 até os dias atuais.

Às vezes, sentava-se à sua porta com um violão mogno, acompanhando as canções que saíam das caixas de seu velho MP3.

Costumava reclamar da qualidade das músicas atuais, dizia serem canções preguiçosas, repetitivas, monótonas… E ria ao lembrar dos variados estilos que lutavam por espaço em décadas passadas, quando, junto aos velhos companheiros de banda, buscava algo novo para ensaiar.

Lembrava com saudade de algumas bandas que teve o prazer de integrar.

As memórias

Falar do talento da Banda Legenda trazia risos e histórias de viagens, plateias dançantes e pouco dinheiro… Ser músico não dava dinheiro. Era muita estrada, muito estresse acumulado, muitos contratos malfeitos e, por fim, muita confusão.

Falar dos problemas da estrada era uma maneira de fazer as pazes com o passado.

Ele ria ao contar que, em uma das bandas que participou, havia um músico que era “muito estrela”. A banda era boa: bons guitarristas, tecladistas, bateristas, backing vocals, aparelhagem… Mas o problema era “o estrela”.

Num dos episódios, o lead singer se empolgou tanto com a própria interpretação que saiu recolhendo os microfones dos cantores de apoio, terminando a música cantando em quatro microfones ao mesmo tempo. Ele ria ao dizer que o baterista queria arremessar as baquetas na cabeça do cantor!

Falava com imenso carinho da Banda Doce Magia, onde também teve o prazer de tocar. Contava sobre companheiros que se divertiam com a música e sobre as viagens e shows que fizeram.

Desse tempo, lamentava apenas não ter nenhuma gravação ou fotografia da época, especialmente do dia em que se apresentaram no antigo clube dos ferroviários. Isso apenas!

Lembrava não mais com tanta saudade de outras bandas que integrou.

Talvez percebesse tardiamente que as pessoas não eram tão amigas ou legais quanto ele acreditava no início.

Para exemplificar, contou que uma nova banda em formação o convidara para participar do projeto. Animado com o espírito da banda, abraçou o projeto, mas a competitividade entre os membros era tão grande que ele perdeu o entusiasmo.

Noutra ocasião, enfrentava problemas pessoais e tomou um porre antes do ensaio. A banda o dispensou.

Para narrar suas histórias, costumava usar seu vocabulário próprio: “Por causa de mauriçagem é que essas coisas acontecem…

O novo projeto

Entre risos e casos, me contou seu mais recente projeto:
– Irmão, não vou mais tocar numa banda. Hoje eu quero é contratar um monte de meninos bons pra tocar e me concentrar nos contatos…

Sua nova e boa ideia era cuidar da carreira de novos talentos, ser algo que faltava nos seus dias.

Nutria seus sonhos ouvindo as velhas músicas, reformando instrumentos antigos e aparelhagens, enquanto ganhava a vida fazendo pequenos consertos e serviços de pedreiro na vizinhança.

Era imparável!

Sim, era imparável, mas seu coração não teve o privilégio de realizar aquele que seria talvez o seu maior sonho: viver de música.

Depois de tantas histórias, percebi que ele não me contara sobre seus filhos, sua família… E a entrevista agendada jamais será realizada.

Talvez a imaginação da fotografia da apresentação no antigo clube dos ferroviários fosse sua melhor recordação, o sonho de tocar naquele que era o melhor lugar da cidade, na era dos bailes. A sua realização!

Mas o silêncio deste dia, a falta de palavras, talvez mostre que as histórias se calam, que somente aqueles que viveram podem descrever de fato o que sentiram em suas aventuras.

E ele sentia felicidade!

Sim, felicidade.

Leia também:  Banda Acordes – a Banda que não aconteceu ‣

Os sonhos de Lay ( Novas histórias a contar)

Para lembrar a infancia.

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Meu Deus,
Lay está de “catapoia”
Ela se coça e ri…
E mostra as marquinhas na pele
E, se coça novamente….

Enquanto,
o tempo ri
e as horas passam…
Enquanto,
ainda hoje há abraços
ela exibe a sua mais nova historinha… simplesmente!

E quanta história há de contar a Layssa?
Quantos sonhos viverá a Lay?

E o tempo chegará
E passará,
como tudo mais que existe
E Lay há de sonhar
e acordar dos seus sonhos
E terá novas marcas…
Novas histórias pra contar…

Mas, em meus sonhos, ela ri

E sorrindo aponta as marquinhas no braço

Numa língua ainda a aprender

E ainda sorrindo,

continua a dizer:

“É tudo catapoia”…

Veja também Poema para Aline (Carinha amarrada) ‣ Jeito de ver

Varandas vazias e tradições perdidas

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Talvez seja apenas um saudosismo barato, daqueles que costumamos romantizar quando lembramos. Mas percebo hoje como as tradições perdem a força com o passar do tempo.

Na minha meninice, costumava achar estranho quando os vizinhos se sentavam nas varandas de suas casas e conversavam por horas a fio, enquanto nós, crianças da época, brincávamos de um monte de coisas…

Eram amarelinhas, bate-latas (em outros lugares, lateiro), esconde-esconde, futebol e outras brincadeiras que esgotavam nossas energias para que pudéssemos dormir!

Era possível ouvir os velhos conversando e, muitas vezes, gargalhando das velhas histórias… Bem, quando você tem dez anos, todos são velhos!

O fim de junho se aproximava, e não lembro se o tempo era frio ou se eu vivia “pegando fogo”…

O inverno talvez fosse diferente!

As festas juninas também…

Os ritmos predominantes nas rádios eram, religiosamente, o forró e o baião.

Destacavam-se nas rádios Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Sivuca, Jackson do Pandeiro, Trio Nordestino, Marinês e Sua Gente, Genival Lacerda, que me trazia risos por causa de sua dança exótica, entre muitos outros…

Grupos de meninos saíam pelas casas perguntando: “São João passou por aqui?” Os moradores, seguindo a tradição, os presenteavam com os frutos da época, que iam desde amendoins, canjicas e laranjas até bolos de milho!

Com exceção do senhor Jailson, que, ao receber os meninos, levava-os até o portão e apontava para a esquina, dizendo: “Passou sim, e pelo tempo acabou de subir a esquina… Corram que vocês o alcançam!”

Normalmente, os meninos inocentes soltavam palavrões nada infantis! Pareciam monstrinhos no Halloween!

Mas tudo era encarado com bom humor!

Novos cantores entraram em cena, trazendo inovações e acrescentando novos instrumentos ao forró, e, aos poucos, o velho forró foi perdendo suas características.

Mas me emocionava ainda o modo como os novos cantores reverenciavam os pioneiros do baião e do forró…

E, com o tempo, tudo mudou!

Canções tradicionais foram perdidas no tempo, e hoje não se vive o momento. Lamento dizer, o momento é extremamente pobre!

As canções foram feitas para serem descartáveis e as pessoas se habituaram a isso, não por serem vítimas, mas para não serem diferentes!

As pessoas, assim como as músicas atuais, conservam a mesma essência.

Vivem apenas para exibir felicidades fabricadas em redes sociais e vender imagens… Não importa o passado ou o futuro – “consuma o presente”, e isso é diferente de “viva o presente”!

Viver o presente é saber usufruir um show, em vez de gravar no celular para assistir mais tarde em casa ou postar nos status!

Ou mesmo fazer selfies em frente a palcos apenas para mostrar que também esteve lá… Quando nada de especial fica gravado na memória para recordar um dia.

Ou até mesmo passar dias tentando memorizar letras de uma música que será esquecida nas manhãs seguintes, apenas para não se sentir fora do contexto!

E as varandas vazias esperam por pessoas que tenham o que conversar, enquanto seus filhos poderiam brincar juntos na varanda…

Muito tempo se passou desde aqueles antigos forrós e das conversas animadas entre vizinhos…

A comunicação atual se resume a breves conversas em aplicativos, à exibição da vida perfeita nas redes sociais e a pessoas idênticas cada vez mais solitárias, no meio da multidão…

O forró, assim como tudo o que chamam de velho, vai perdendo espaço para novos e pobres estilos, pois um dia algum bom publicitário disse: “O mundo é dos jovens…” e passou a ditar o que os jovens devem ouvir, para não serem taxados de ultrapassados!

E desde então, velhos tesouros passaram a ser desprezados em prol de latões que brilham sob holofotes.

A música, como arte, deveria ser valorizada ainda mais com o tempo, isso é fato!

Novas canções, como novas obras de arte, deveriam enriquecer o acervo, mas, como produtos descartáveis que são, durarão até o dia seguinte ou, quem sabe, até a próxima semana!

As tradições foram apagadas… Não sei se morreram ou se foram apenas esquecidas.

Enquanto isso, varandas vazias esperam por pessoas que tenham o que conversar, enquanto seus filhos brincam juntos na varanda…

Leia também Contos de Carnaval (uma história com H) ‣ Jeito de ver