Uma canção antiga pergunta a um tal de Sr.James: “Te envio esta carta pra saber, seus conselhos…e por que as pessoas brincam e nos chutam como se fôssemos pequenas pedras, eles esquecem que temos um coração…”
– Tradução livre de My Dear, Manchester.
As pessoas realmente esquecem os sentimentos de outros…
Como discutimos anteriormente em um artigo, têm sido comum às pessoas viverem “relacionamentos abertos” ( em que o casal está livre para se relacionar com quem quiser ) e a matéria a seguir não é para estes.
É para aqueles que investem tempo e energia num relacionamento, e são vítimas de traição.
O entusiasmo inicial
O início de um relacionamento é marcado pelo entusiasmo e a ideia de dar início a algo novo, de construir juntos – cria um vínculo, que se fortalece à medida que as coisas acontecem.
A construção de um lar, o ocupar dos espaços e a elaboração de planos para o futuro podem transmitir ao jovem casal a confiança de que lutar vale à pena. Essa confiança faz que ambos vejam sentido no dia a dia.
Há muito tempo, uma jovem senhora de origem humilde me disse as seguintes palavras:” Realmente, às vezes é bom encontrar tudo pronto…
Mas, nada se compara a construir juntos!
E algumas pessoas jamais entenderão o que é isso!”
O construir juntos traz aquela sensação de que tudo valeu a pena!
E acontecem os reveses…
Mas, mesmo relacionamentos aparentemente sólidos, sofrem reveses.
Veja por exemplo, na linda e triste canção, Sonhos, do ano 1977, composição de Peninha.
Observe os versos que expressam bem a sensação de uma vítima de traição:
“Quando uma canção se fez mais forte
E mais sentida
Quando a melodia fez folia em minha vida
Você veio me contar
Dessa paixão inesperada por outra pessoa…”
A péssima surpresa e a perplexidade do eu lírico.
A sensação de ter os sentimentos traídos pode ser extremamente dolorosa.
O fim da confiança, o golpe na auto-estima e a desilusão…são às vezes mortais.
A traição tem sido normalizada.
Vivemos numa sociedade misógina, e não é incomum ouvir alguns homens falarem “Eu sou homem, eu posso trair…Quem não pode é ela, que é mulher!” – Alguns que pensam desta maneira, quando recebem de volta o troco na mesma moeda, recorrem à violência e muitas vezes ao crime “pela honra”.
Do ponto de vista emburrecido pela tradição, os sentimentos do outro não tinham nenhuma importância!
Mas, o ponto a ser estudado é por que as pessoas traem?
Por que as pessoas traem?
É verdade que a falta de um diálogo franco tem sido usado como pretexto para traição. A falta de diálogo apenas mostra a distância que o o casal precisa percorrer para que as coisas se ajustem – não um atalho, para ser infiel.
As pessoas traem, em primeiro lugar, por serem egoístas!
Isso mesmo, egoístas!
O traidor sabe os danos emocionais que causa, mas os seus desejos egoístas estão à frente disso.
Não importa se a vítima de traição sofrerá com a perplexidade de não entender o porquê das coisas – às vezes até desenvolvendo sentimentos de culpa e impotência ou mesmo se esta culpará a si mesma buscando uma possível razão que justifique a culpa do outro.
O traidor em algumas situações, poderá demonstrará uma preocupação aparente genuína, mas, por ser, na maioria das vezes, um narcisista, esta preocupação tem um propósito que não é o bem da vítima .
Não são altruístas!
Como se fosse, pedras pequenas…
A ênfase que se dá atualmente à satisfação dos instintos pessoais atingiu um nível quase animalesco!
As pessoas foram, de certo modo, reduzidas a meros objetos!
Materiais a serem usados e dispensados! – Quase recicláveis!( risos)
O Narcisista
Os narcisistas encaram outros como escravos de suas vontades.
Não há amanhã, os desejos são urgentes!
O traidor, por ser egoísta e muitas vezes narcisista, jogará o seu jogo, com arte, até estar pronto para uma nova partida. Por um tempo, jogará o jogo da manipulação.
Reconquistar a confiança, fingir se importar – e como “mentiras sinceras, me interessam” – pensa a pessoa fragilizada, o maior abandonado, é quase certo que ele conseguirá seus objetivos.
E quanto à vítima? O que fazer?
O primeiro passo é lembrar que cada pessoa tem seu valor, e se alguém não valoriza você, está mostrando seu próprio preço. Não tenha medo de reconhecer seu valor.
A falha não é do traído. Perdoar é pessoal, mas desistir de um relacionamento abusivo pode ser necessário, por mais doloroso que seja.
Não tenha medo!
A falha de caráter não é do traído!
Não tema recomeçar.
A experiência ensina lições valiosas, entre elas a percepção de traços desejáveis em futuros relacionamentos. Um bom relacionamento é construído por duas pessoas dispostas a se adaptar e serem francas uma com a outra.
Apesar dos percalços…amar ainda vale a pena.
Gilson Cruz
Leia mais em: Amar novamente (acreditar sempre) – Jeito de ver