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Informativo
“Quem lê tanta notícia?”
Caetano Veloso questionava enquanto admirava a página do jornal O Sol, exposta nas bancas de revista. Talvez se desencorajasse com o calor do sol e as inúmeras novidades daqueles tempos turbulentos — trecho da canção “Alegria, Alegria”, de 1968.
Uma breve análise do que poder estar por trás das notícias.
Tanta notícia…
É fato que, na era digital, o hábito de ler jornais impressos está em declínio.
As notícias agora se condensam em portais online, comentários de entusiastas e analistas, e, com frequência, são distorcidas em redes sociais e outras mídias digitais.
Atualmente, reconhece-se que reportagens e documentários muitas vezes são moldados pelas motivações e afinidades de jornalistas, editoras ou redes de televisão.
Durante a pandemia de Covid-19 no Brasil, por exemplo, quando mais de 700 mil pessoas faleceram, muitas emissoras evitaram mostrar a gravidade da situação, agravada pela inércia do governo da época.
Em outros momentos, omitiu-se a seriedade das denúncias de corrupção na aquisição de vacinas, evidenciadas na CPI da Covid.
Enquanto isso, algumas mídias tratavam com leviandade as imitações do presidente sobre pessoas morrendo por falta de oxigênio.
Anteriormente, algumas emissoras apoiaram a Operação Lava Jato como se ela fosse o bastião da moralidade e da justiça.
Quando os áudios do Vaza Jato vieram à tona, revelando as bases frágeis de um projeto político disfarçado de operação judicial, muitos se chocaram.
Ainda assim, parte da imprensa demonstrou mais indignação com os hackers que revelaram o lawfare por trás da Lava Jato do que com a conduta do juiz que, conspirando com procuradores, promotores e possivelmente políticos, buscou eliminar seus adversários — afastando o principal oponente do presidente eleito e, posteriormente, assumindo o cargo de Ministro da Justiça.
Lawfare
“O termo se refere à junção da palavra law (lei) e do vocábulo warfare (guerra), e, em tradução literal, significa guerra jurídica.
Podemos entender lawfare da seguinte maneira: uso ou manipulação das leis como um instrumento de combate a um oponente, desrespeitando os procedimentos legais e os direitos do indivíduo que se pretende eliminar.
Em termos ainda mais gerais, pode ser entendido como o uso das leis como uma arma para alcançar uma finalidade político-social, que normalmente não seria atingida se não pelo uso do lawfare.”
(Fonte: Lawfare: o que esse termo significa? | Politize!)
Um grupo de jornalistas enfrentou o desafio de expor as falhas por trás da Lava Jato — projeto de poder celebrado na série “Polícia Federal, a lei é para todos”, e enaltecido pela grande mídia.
Eles revelaram como um juiz questionável se tornou a “nova sensação no combate à corrupção”, expondo como os acontecimentos se alinhavam aos interesses de juízes e procuradores da operação, como evidenciado nas mensagens trocadas via Telegram. — Que perspicácia a deles!
Conversas interceptadas entre os promotores revelaram que interesses pessoais se sobrepunham ao senso de justiça. Promotores e juiz criavam factoides para influenciar a opinião pública.
Os canais de TV, ansiosos por alcançar objetivos comerciais, reproduziam essas informações distorcidas sem realizar a devida checagem de fatos. A verificação era completamente negligenciada!
Mesmo diante de provas contundentes, grande parte da mídia continuava promovendo uma narrativa que atenuava a falta de ética na operação.
Assim, muitos cidadãos passaram a questionar a confiabilidade dos noticiários televisivos.
Observe abaixo outro ponto frequentemente omitido ou distorcido pelas mídias:
Sonegação Versus Corrupção
“A economia brasileira perde com a corrupção, todos os anos, algo em torno de 3 a 5% do Produto Interno Bruto (PIB). Isso equivale anualmente, em média, a cerca de R$ 76 bilhões, considerando os dados do IBGE em 2005, que apontavam um PIB na ordem de R$ 1,937 trilhão.”
(Fonte: tcu.gov.br)
Estudos mais recentes indicam que esse valor oscila entre R$ 70 e R$ 200 bilhões por ano.
Mas quanto se perde com a sonegação de impostos?
O site conteudojuridico.com.br responde:
“O Brasil perdeu R$ 417 bilhões por ano com sonegação de impostos, segundo estudo do IBPT. A pesquisa mostra que R$ 2,33 trilhões não são declarados.”
(30/11/2022)
No fim das contas, o país perde mais com sonegação do que com corrupção.
Ambas são desonestas.
Mas por que esse fato raramente é noticiado? Quem são os maiores sonegadores?
É essencial que o leitor, ao receber uma notícia, lembre-se de que, frequentemente, ela serve aos interesses de empresários e patrocinadores que preferem não ser tributados — pois se consideram superiores àqueles que trabalham, não recebem altos salários e se preocupam em declarar seu Imposto de Renda.
Portanto, sempre questione e busque compreender as notícias!
As notícias devem ser claras; insinuações servem para gerar dúvidas.
E quando o assunto é clareza, se já se deve examinar com atenção os jornais tradicionais, mais ainda as notícias sensacionalistas que circulam no WhatsApp. Elas devem ser sempre questionadas — e jamais repassadas sem checagem.
Fake News e Regulação
Durante o período eleitoral de 2018, espalharam-se notícias flagrantemente falsas com o intuito de prejudicar um determinado candidato.
Alegava-se que um partido distribuía mamadeiras com bicos em formato fálico nas creches, que existia um “kit gay”, e que haveria uma ameaça comunista — a mesma retórica usada pelos EUA na década de 1960, durante a Guerra Fria, para manipular países politicamente frágeis.
Milhões de pessoas mal informadas, e pouco dispostas a buscar conhecimento histórico, acreditaram nessas mentiras e passaram a compartilhá-las em correntes pelo WhatsApp.
Nessa brincadeira suja e injusta, até grupos supostamente religiosos se envolveram, prestando um desserviço — espalhando MENTIRAS.
Uma regulamentação que responsabilizasse os meios de comunicação pela divulgação de fake news não eliminaria completamente o problema, mas certamente reduziria os danos causados por essas mentiras.
Não esqueça:
Quando uma notícia falsa e chocante é divulgada, ela alcança muito mais gente do que a verdade ou qualquer retratação posterior!
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Brasil perde R$ 417 bi por ano com sonegação de impostos, diz estudo | Agência Brasil (ebc.com.br)
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