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Teus olhos verdes (Menina)

Um poema para alguém cujos olhos não esqueço.

Imagem de StockSnap por Pixabay

Gilson Cruz

São teus olhos verdes, Menina
estranhos universos pra mim
Não sei, por favor, me ensina
Por que tem que ser assim?

O mundo ficou infinito
A partir desse instante
E o céu muito mais bonito
E ao mesmo tempo distante

Teus olhos verdes, Menina
De farol, de mar a luzir
De vulto triste, a neblina
De longe sinto partir

E retornar nas madrugadas
Em sonhos, frios, agitados
Como águas que levaram
O que se tinha esperado….

Teus olhos tristes, Menina
Verdes, folhas de flor…
É a solidão que ilumina
Todos meus sonhos de amor.

De em nuvens poder andar
Cantar a canção que fascina
E pra sempre,  mirar…
Teus olhos verdes…

Menina.

Leia também:  A pequena bailarina (pequenos versos!) – Jeito de ver

Notícias de Guerras – o jogo da informação

 

A manipulação no jogo da informação

Imagem de hosny salah por Pixabay

 

Notícias de Guerras – o jogo da informação

Gilson Cruz

A tragédia

Falar de guerras não é uma tarefa fácil, principalmente sabendo que a versão do vencedor prevalecerá.

Porém, eventos foram desencadeados desde o 7 de outubro de 2023, quando um ataque do grupo terrorista Hamas assassinou mais de 1.400 pessoas que participavam de uma rave no deserto.

A reação de choque foi inevitável. Saber que jovens tiveram suas vidas abreviadas, covardemente, sem nenhuma chance de se defender, abalou o mundo.

Israel – informado sobrea possibilidade do ataque

Por outro lado, informações atualizadas mostram que o governo de Israel já havia sido informado da possibilidade de um ataque iminente.

Infiltrados israelenses informaram que o Hamas, um grupo terrorista, havia intensificado seus treinamentos.

Mesmo sabendo das atividades do grupo inimigo, o Presidente de Israel ignorou os avisos especificados em documentos de mais de 40 páginas, que descreviam exatamente o que estava por vir!
Fonte: Inteligência de Israel descartou alerta detalhado sobre ataque do Hamas – (25/11/2023) – Mundo – Folha (uol.com.br).

A origem do Conflito

Os conflitos entre a Palestina e Israel remontam ao século XX, e, embora haja questões religiosas envolvidas, o principal motivo dos conflitos atuais é político.

A maneira violenta e desprezível com que os palestinos residentes na Faixa de Gaza e na Cisjordânia vêm sendo tratados ao longo dos anos alimenta o desejo de vingança.

Os palestinos buscam a sua autodeterminação, enquanto, sob o pretexto de que o Estado Palestino oficialmente não existe, a nação de Israel os trata como subumanos.

Sem nenhuma comoção da imprensa mundial, os palestinos vêm sendo submetidos a tratamentos degradantes que limitam o seu acesso a itens básicos, como água e remédios, e também a um bloqueio econômico que se estende desde 2007.

Outro motivo alegado por Israel é o combate ao grupo terrorista Hamas.

A imprensa e a informação

Historicamente, o próprio Israel ajudou a criar o Hamas.
Saiba mais: Como Israel ajudou a gerar o grupo Hamas – Revista Focus Brasil | Revista Focus Brasil (fpabramo.org.br).

Conforme matéria anterior deste site, um dos objetivos por trás de atos terroristas é atrair a atenção do mundo, e, infelizmente, a maior parte da imprensa só voltou sua atenção à Palestina após a tragédia no deserto.

Mas ainda o faz com um olhar tendencioso, sem nenhuma isenção. Por exemplo, um portal de notícias no Brasil enfatizava a morte de dois militares no “confronto” com o Hamas, esquecendo dois fatos:

  • Não está sendo um confronto, mas sim um massacre, não contra o Hamas, mas contra pessoas indefesas e inocentes na Palestina. Palestinos e Hamas não são a mesma coisa.
  • Entre os mais de 15.000 mortos em Gaza, cerca de 6.000 são crianças.
    Fonte: Dia 63 da guerra: 2 soldados de Israel e 6 palestinos morrem na Cisjordânia (uol.com.br).
Propostas humanitárias X Interesses comerciais

Outros supostos jornalistas criticaram as onze propostas do Brasil, entre elas, a liberação de todos os reféns, o tratamento humanizado, o direito aos bens básicos dos palestinos, pausas humanitárias para o cuidado das vítimas e profissionais.
Veja: Israel x Hamas: Veja as propostas do Brasil sobre a guerra vetadas no Conselho de Segurança da ONU (globo.com).

Apenas os Estados Unidos, um país notoriamente bélico, líder na indústria da guerra, exerceu o seu poder de veto.

E a imprensa permitiu-se mais uma vez intimidar, tratando superficialmente o assunto. Enquanto isso, ao redor do mundo, supostos evangélicos planejam suas próximas e lucrativas excursões às terras bíblicas.

Outros, numa descarada falta de conhecimento, alegam que os filisteus (ou palestinos) são conhecidos inimigos do povo de Deus e esquecem que Deus não é parcial.
Referência bíblica: Atos 10:34-35.

Erros repetidos

Lamentavelmente, o Holocausto ocorrido na Segunda Guerra Mundial vitimou milhões de judeus. Uma das características daquele massacre era a ideia nazista de que os judeus eram humanos inferiores.

Tal erro também vem sendo cometido pelo Estado de Israel, que trata com o mesmo desprezo os palestinos.

Jornalistas comprometidos com os fatos

Jornais e jornalistas independentes, preocupados em relatar os fatos, vêm mostrando com clareza o resultado dos ataques do exército israelense em Gaza:

  • Pais desesperados carregando os corpos de seus filhos mortos, pessoas completamente dilaceradas e o desespero de médicos e jornalistas na incerteza de viver para fazer o seu trabalho.
  • Milhares de corpos sendo enterrados em valas, enquanto outros continuam soterrados em escombros.
  • Famílias sobrevivendo sobre os escombros.

Centenas de jornalistas já foram mortos pelo exército de Israel!

Israel, “num suposto ato de bondade”, deu um prazo de 24 horas para que os palestinos se deslocassem para o sul de Gaza — e os bombardeios nessa área já começaram!

Reflexão final

Cabe a reflexão: o assassinato de milhares de inocentes, inclusive crianças, não seria também uma forma de terrorismo?

Qual deveria ser o papel da imprensa? Continuar investindo nos lucros por anunciar apenas o que convém aos patrocinadores?

O formato dos jornais visa moldar a opinião do espectador conforme o interesse do veículo de comunicação. E podemos resumir tais interesses numa frase: “Maiores audiências, maior divulgação de produtos, maior lucro!”

As imagens do massacre estão acessíveis em algumas plataformas digitais e causam dor ao ver o ser humano sofrendo injustamente e também revolta ao perceber a hipocrisia no país da fé e da liberdade.

Não disponibilizaremos os links das imagens dos massacres; esse não é o objetivo deste site.

Falar de guerras, realmente, não é tarefa fácil.

Há jogo de informações, investimento pesado em propagandas, e estes, na maioria das vezes, surtem o efeito esperado: uma população entorpecida e com preguiça de pensar.

Jamais apoiaremos nenhum ato de violência ou terrorismo.

O objetivo do site Jeitodever.com é que o leitor desenvolva também um jeito próprio de ver e entender o mundo.

 

Saiba mais em:

O papel da imprensa e a História ‣ Jeito de ver

Conflitos entre Israel e Palestina – Brasil Escola (uol.com.br)

 

Cabe a reflexão: O assassinato de milhares de inocentes, inclusive crianças – não seria também uma forma de terrorismo?

Qual deveria ser o papel da Imprensa? Continuar investindo nos lucros, por anunciar apenas o que convém aos patrocinadores ?

O formato dos jornais, visa moldar a opinião do expectador conforme o interesse do veículo de comunicação. E podemos resumir tais interesses, numa frase:

“Maiores audiências, maior divulgação de produtos, maior lucro!”

 

 

 

Um E.T em meu quintal (Um dia estranho)

O bem humorado conto de um encontro com um E.T. Divirta-se.

quinta Imagem de Aliensworld por Pixabay

Gilson Cruz

 

Em meu quintal…

O dia estava meio estranho e confesso que o calor estava fora do normal.

Era quase fim de tarde e lá, escondido entre as pequenas plantas, consegui ouvir um som bem diferente.

Não eram  grilos fazendo a festa costumeira, nem algum morcego bêbado que se chocou novamente contra a minha parede.

Também não eram sapos; estes já haviam migrado para a lagoa mais próxima.

E quando eu digo mais próxima, não significa necessariamente próxima.

Era um serzinho estranho, mas como eu já disse, o dia estava estranho, então não liguei muito pra isso.

A aparência

Não me pergunte se tinha braços grandes que se arrastavam pelo chão – pois à beira das estradas escuras você pode ver um monte dessa espécie, e que não são necessariamente ET’s.

Não posso dizer que era verde, pois a escuridão dificultava a minha percepção.

Ele não era como aquele primo dele, que aconselhava aos terráqueos à busca pelo conhecimento..

Também não era daquele tipo que resolveu se exibir lá em Varginha,  Minas Gerais.

Esse era um pouco mais profundo. E passou a me contar sobre o seu mundo e a dizer as seguintes palavras:
– “Meu caro terráqueo, não sei se as notícias que tenho pra você são boas… Na verdade, são bem ruins!”

 

Recordei  a História…

Bem, eu já estava acostumado “a notícias ruins…” – pensei em voz alta:

Pensei: “Primeira Guerra Mundial,  Gripe espanhola,  Hitler,  nazismo,  fascismo e outros regimes parecidos.

Holocaustos,  massacre em Nanquim…

Continuei: “Segunda Guerra , bombas em Hiroshima e Nagasaki, COVID 19, ataque ao World Trade Center,  guerra no Golfo Pérsico e a eterna ganância pelo petróleo.

Lembrei também: “Golpe militar em 1964,  onda de autoritarismo na América do Sul,  a fome na África e  o We are the world.

Vi o presente…

Daí, lembrei a  invasão Russa à Ucrânia  e  o ataque terrorista a Israel, daí  o  massacre de palestinos pelo exército Israelense,  entre os quais mais de 6000 crianças  foram mortas.

–  “Já estou acostumado” – pensei.

“Estava revoltado, pois depois de incentivar os moradores de Gaza a migrarem para o Sul,  Israel passou a bombardear justamente o sul.

E o número de vítimas inocentes continuava a crescer, enquanto o governo  Israelense investia pesado em propaganda para conquistar a simpatia do mundo…

“Bem, ver um portal de notícias dizer que dois soldados israelenses morreram é triste, mas vê -lo ignorar a morte dos milhares de inocentes palestinos é, no mínimo, imoral…

“Estou acostumado a ver a corrupção mantida no poder por um povo cego, cegado pela  história e pela própria ambição,  e também a ver corrupção nos meios de comunicação”.

Os danos à Terra e à humanidade

“Eu já estava acostumado a ver desastres como Chernobyl, Mariana, Brumadinho, Maceió, Tsunamis e desastres nucleares como o de Fukushima, no Japão…

“Já não me causava espanto ver pastores religiosos tirar proveito de alianças com partidos políticos enquanto seus rebanhos cativos,  deveriam fugir do materialismo, enquanto eles mesmos se enchiam de bens,  desde fazendas até aviões.

E nem mesmo me abalaria mais, ver um monge mostrando um carinho exagerado por um menino…

“Já estava acostumado a ouvir que a água potável estava acabando e que deveríamos economizar, se possível esquecer os banhos e ignorar a sede;

enquanto fábricas de tecidos, de refrigerantes , papel , e até mesmo o agronegócio destroem imensas reservas de águas, e não dão a mínima para o futuro.

“Já estava acostumado com a ideia de não poluir e evitar consumir carne bovina, pela camada de ozônio;

enquanto os mais ricos do mundo poluíam e poluem  mais que toda a humanidade pobre…

“Já estava acostumado com a sensação que os grandes ricos previam o fim da Terra, já esgotada, após a ganância acabar com toda a riqueza .

Eles sonhavam em partir e habitar (e talvez destruir novamente) um planeta qualquer – quem sabe Marte fosse o azarado! Caso a nave mãe não explodisse no caminho! Tudo é possível!

– Não é um desejo!

 

Nada me surpreendia…

E enquanto pensava estas coisas em voz alta, o pequeno ser respondia indignado:
“Aí é que está o problema…vocês se acostumaram a tudo isso!”

 

A Surpresa

Entendi naquele momento…

E sem que ele soubesse, corri e discretamente apanhei a minha câmera. Excelente resolução -” hoje ele não escapa!”

A primeira foto 4K de um E.T!

Ao chegar discretamente, percebi que ele não estava mais!

Vi naquele momento, que ele não era vaidoso, como os primos,  e que todas as fotos de OVNIS são de péssima qualidade!

Como eu disse, percebi também naquele momento:

– “Era hora de tomar o meu remédio!”

 

 

Veja também:  Notícias de Guerras – o jogo da informação ‣ Jeito de ver

Palavras de 2023 – o ano que passou! ‣ Jeito de ver

 

Versos sem destino ( um conto )

Um belo conto sobre amor platônico. Divirta-se.

Imagem de Tumisu por Pixabay

Gilson Cruz

 

No início, as pernas tremiam

As pernas tremiam quando ela entrava na sala de aula.
Ele não sabia, mas talvez a adolescência ainda existisse, embora disfarçada, atrás das lentes daqueles óculos para corrigir um pouco daquela miopia.

As “quintas-feiras” de Primavera, eram terríveis!
Ele tinha que suportar,  já na aula de entrada a voz doce daquela – que em qualquer outro lugar, seria uma jovem linda, uma paixão e que naquela hora era nada menos que a sua professora.

As aulas eram chatas, a voz dela era doce, mas ela vivia insistindo para que ele desse mais atenção às aulas.

O misto de emoções parecia irreal.

No outono, acontecem as paixões, diziam os colegas em tom de brincadeira entre as aulas de histórias, ciências e biologia.

Mas, não é que havia um pouco de verdade?

Alunos se apaixonarem por professores, não era tão incomum.
Ele era tímido, introvertido, mas para ela, ele criava seus melhores versos, inventava novas canções – e sonhava com o momento de mostrá-las – ainda que sabendo, lá no fundo, que não haveria chance alguma de algo acontecer.

E o fim de mais um ano…

E as aulas continuaram, o inverno passou, as brincadeiras juvenis se tornavam menos intensas e depois de longos meses, chegaria a hora de se despedir daquela turma, daquela escola e dela, a razão dos versos.

Abraços, adeus…todos contentes.

Emanuel, seu melhor amigo,  abraçaria a História, Romualdo se dedicaria a Educação Física, Cida iria para o Sul, Dalva para a França… todos caminhariam em estradas diferentes.

Melhores amigos se despediam e prometiam sempre enviar notícias – mas, a vida prega essas peças.
Alguns foram para longe e o tempo não lhes permitiu enviar as esperadas lembranças, notícias…

Outros se foram, pois os imprevistos acontecem mesmo aos jovens… não tiveram tempo de dar um último abraço, como o Augusto que desistiu de viver, e que jamais fora entendido por alguém.

Mas, naquele momento de despedidas, sentia a falta da jovem Professora.
Estava num misto de alegria e tristeza por se despedir, por ver mais um fim de ano.

 

E ele decide apresentar os versos

Estava livre agora para conversar com aquela que fora a inspiração das músicas e poemas.

E ainda, na última Sexta-feira, de um Dezembro qualquer, ele organizava seus versos…
Ensaiava suas últimas canções.
Se preparava apenas para um muito obrigado, ainda que meramente formal… e poder se desiludir, então.

E naquela noite, logo após a lua brilhante do novo verão iluminar o leste da cidade, apanhou seu violão e se dirigia, caminhando pelos trilhos até o caminho que levavam à porta mais distante do mundo.

Cada passo pesava toneladas e cada segundo eram séculos vividos até a esquina que dava na rua das Rosas.

E cruzando a esquina, vira de longe um carro.
E do carro descia aquele que falava as palavras que ele desejava falar, e planejar o futuro que ele sonhou por todo um ano…

No momento em que ele chegava, seus olhinhos verdes brilhavam e seus lábios riam enquanto andava alegremente para abraçá-lo.

Abraçar aquele a quem ela amava e de quem certamente ouviria as palavras, que ela desejava ouvir.

Olhando à distância, ele desiludido, via a razão dos seus versos também entrar no carro e saírem.

Não houve lágrimas. E o caminho de volta se tornara longo…

A lua agora iluminava as suas costas e o velho Di Giorgio tinha o peso do mundo.

Naquela noite não haveria músicas ou poemas, até porque num tropeço, o braço do seu violão favorito, se quebrava em dois.
Desempregado, não podia comprar outro…ser jovem, era outro nível!

As músicas cessaram naqueles dias.

E um novo ano se aproximava.
Haveria novas turmas, novos professores e diferentes paixões.
E a vida continuaria. Ele certamente encontraria alguém e amaria, e quem sabe voltaria a escrever novos versos…

Mas, ainda lembraria daquele violão, que o acompanhava nas madrugadas de composições para a sua paixão adolescente, e daqueles meses e sentimentos, que findariam também.  No fim das aulas – num verão.

 

Veja também Caminhos de ferro ( Um conto) ‣ Jeito de ver

 

Fim de uma paixão (e o céu continuava azul)

Imagem de Hans por Pixabay

Gilson Cruz

Não sei o que ardia
naquele momento
Se a ansiedade de continuar tentando
ou o medo…
de aceitar que sonhos,
na maioria das vezes não se realizam.
E naquele momento,
que precisava acordar, acordei.
E o céu continuava azul.

Gilson Cruz

Leia também:  O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver

Ao mesmo lugar (onde eu possa voltar)

Criança corre nos campos. Uma poesia de nostalgia e saudade. Se emocione também.

Imagem de andreas160578 por Pixabay

Gilson

Quero voltar ao lugar

onde as crianças brincam, e esquecer a minha pressa…

Contemplar os risos, esquecer dos riscos e da dor que me atravessa.

Lembrar que um dia naquele mesmo lugar ouvi os acordes suaves de um violão ressoar.

O balançar dos cabelos, o amor a sorrir, a inspiração, os apelos… que não voltasse a partir.

Quero voltar ao lugar

E reviver o medo de não acertar, de não merecer… Reviver a voz suave, poder viver…

Quero voltar ao lugar onde as crianças brincam e trazer de volta as memórias e fazer as pazes comigo…

E lembrar aquele dia, marcado, riscado no tempo… da menina que sorria, linda, livre, lindo firmamento.

Lembrar dos céus de primavera que nascera em outra estação, do amor que se espera, o infinito, a liberdade, a mão…

Outras crianças hoje brincam. Sim, no mesmo lugar… Venham, ouçam os risos… esqueçam os riscos… É onde quero voltar e ficar.

E recordar aqueles risos… De quem vivo a sonhar.

Leia também : O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver

Amar novamente (acreditar sempre)

Investir num relacionamento é valorizar o humano. Como amar e amar sempre?

Imagem de Karen Warfel por Pixabay

Investir num Relacionamento Duradouro Tem Seus Desafios

O que, no começo, parece ser uma eterna primavera, toma contornos de cinza quando se percebe que a pessoa ao nosso lado também é cheia de defeitos! O fato é que todos nós temos nossos próprios vícios e virtudes, e alguns desses vícios podem ser estranhos a quem não tem a mesma formação, cultura e objetivos.

Por exemplo, algumas pessoas amam mostrar para toda a vizinhança a música que estão curtindo (mesmo quando não são solicitados), ao passo que outras preferem algo mais intimista e se irritam com volumes altos. Pode ser um desafio chegar a um ponto em comum, mesmo em algo tão simples.

Outro desafio comum é apaixonar-se pela aparência física de alguém e viver na ilusão de que a pessoa será assim para sempre. O fato, mais uma vez, é que com o tempo as pessoas mudam. Os traços da juventude amadurecem e aquele frescor de beleza toma agora contornos de uma beleza mais madura, realçada pela experiência vivida.

Entender esse ponto nem sempre é fácil, visto que vivemos numa sociedade escrava das aparências. Em especial, as mulheres são, na maioria das vezes, as mais impactadas pelas regras ocultas desta nova/velha sociedade.

Por exemplo, em novelas e filmes, é muito comum ver mulheres jovens contracenando ou fazendo pares românticos com homens bem mais velhos. Algumas atrizes já disseram em entrevistas que, uma vez que ficam mais velhas, perdem protagonismo nesta área da arte. Enquanto homens mais velhos são valorizados pela experiência, as mulheres mais velhas são criticadas por não conservarem a mesma aparência. No filme Top Gun: Maverick, por exemplo, eram comuns os elogios à boa forma física de Tom Cruise, enquanto a atriz Kelly McGillis, com uma aparência mais madura, recebeu comentários críticos e desnecessários.

Triste dizer, mas isso é apenas um reflexo do dia a dia. Isso acontece quando as pessoas deixam de valorizar a personalidade e se concentram apenas na beleza fugaz.

A Sociedade e as Expectativas Sobre a Aparência

A sociedade moderna está profundamente ligada à aparência e muitas vezes não dá espaço para a evolução natural das pessoas. As mudanças físicas, que são naturais e inevitáveis, muitas vezes se tornam um obstáculo para aqueles que esperam ver sempre a mesma pessoa. Isso é especialmente visível no tratamento dado às mulheres, que, à medida que envelhecem, enfrentam uma pressão ainda maior para manter uma imagem juvenil.

A mídia, por meio de filmes e novelas, reforça esses padrões ao valorizar homens mais velhos, associados à experiência e à sabedoria, enquanto as mulheres mais velhas são muitas vezes marginalizadas ou desvalorizadas por não atenderem aos padrões estéticos da juventude. Essa discrepância causa uma pressão desnecessária e contribui para um ciclo de insegurança que afeta a autoestima de muitas mulheres.

Problemas acontecem

Analise a história de alguém que chamaremos de Marta. Seu relacionamento com Carlos começou quando ela tinha aproximadamente 17 anos. Carlos era o homem dos seus sonhos: bonito, educado, paciente e trabalhador. Marta era uma menina cheia de sonhos, linda, alegre e excelente professora.

Ambos sonhavam com filhos, mas infelizmente alguns problemas os impediam. Investiram tempo e dinheiro em um tratamento que finalmente deu resultados, e ela engravidou. As expectativas aumentaram, assim como a ansiedade e a depressão de Marta, que temia que algo pudesse frustrar seus planos.

Enfim, uma linda criança nasceu! Mas Marta agora enfrentava um novo desafio. Seu corpo mudara, ela teve depressão pós-parto e enfrentou comentários que, embora bem-intencionados, aprofundavam ainda mais sua depressão e sentimentos de inutilidade. Até mesmo Carlos deixou de enxergar toda a batalha que haviam travado para alcançar o objetivo de ter um filho.

Observe que as maiores dificuldades estavam nas mãos de Marta. Carlos, ainda que involuntariamente, a maltratava ao dizer que sentia falta da jovem linda que conheceu aos 17 anos, que não era mais a mesma, pois não tinha a mesma aparência. O pobre Carlos não percebia que ele também não tinha mais a mesma aparência — as mudanças físicas acontecem a todos.

E que mais importante, naquele momento, era ver que, além dos lindos traços no rosto de Marta, havia uma mulher linda e agora mais madura.

Alguns talvez pensem: “Ela sabia que era assim. Que ele gostava da aparência física que ela apresentava!” Certo, mas ninguém precisa ser um idiota pra sempre, não é verdade? (Risos)

Valorizar o Humano e os Desafios da Saúde Mental

Investir num relacionamento é valorizar o humano. E quando a pessoa que amamos sofre de depressão, crises de ansiedade e outros males deste século terrível? As pessoas que amam têm essa incrível mania de acreditar que nunca devem desistir!

Em vez disso, farão o possível para tornar mais leves e suportáveis as pressões do dia a dia. Fazem isso porque estão dispostas a ouvir sem tecer julgamentos precipitados, a colocar-se no lugar do outro e, principalmente, a separar os sintomas da doença da verdadeira personalidade da pessoa.

Investir num relacionamento tem seus desafios, é verdade. Mas, à medida que cada desafio é superado, maior se torna o vínculo e a sensação de realização — de sucesso! Realmente, amar vale a pena!

Gilson Cruz

Leia mais em :E quando a infidelidade acontece? – Jeito de ver

As pessoas que amam, tem essa incrível mania de acreditar,  não desistem nunca!

E quando a infidelidade acontece?

Imagem de Melk Hagelslag por Pixabay

Uma canção antiga pergunta a um tal de Sr. James: “Te envio esta carta pra saber, seus conselhos… e por que as pessoas brincam e nos chutam como se fôssemos pequenas pedras, eles esquecem que temos um coração…”

Tradução livre de My Dear, Manchester.

As pessoas realmente esquecem os sentimentos de outros…

Como discutimos anteriormente em um artigo, tem sido comum às pessoas viverem “relacionamentos abertos” (em que o casal está livre para se relacionar com quem quiser), e a matéria a seguir não é para estes.

É para aqueles que investem tempo e energia em um relacionamento e são vítimas de traição.

O entusiasmo inicial

O início de um relacionamento é marcado pelo entusiasmo e pela ideia de dar início a algo novo, de construir juntos — cria um vínculo que se fortalece à medida que as coisas acontecem.

A construção de um lar, o ocupar dos espaços e a elaboração de planos para o futuro podem transmitir ao jovem casal a confiança de que lutar vale a pena. Essa confiança faz com que ambos vejam sentido no dia a dia.

Há muito tempo, uma jovem senhora de origem humilde me disse as seguintes palavras: “Realmente, às vezes é bom encontrar tudo pronto… Mas, nada se compara a construir juntos! E algumas pessoas jamais entenderão o que é isso!”

O construir juntos traz aquela sensação de que tudo valeu a pena!

E acontecem os reveses…

Mas, mesmo relacionamentos aparentemente sólidos sofrem reveses.

Veja, por exemplo, na linda e triste canção Sonhos, do ano de 1977, composição de Peninha. Observe os versos que expressam bem a sensação de uma vítima de traição:

“Quando uma canção se fez mais forte E mais sentida Quando a melodia fez folia em minha vida Você veio me contar Dessa paixão inesperada por outra pessoa…”

A péssima surpresa e a perplexidade do eu lírico. A sensação de ter os sentimentos traídos pode ser extremamente dolorosa.

O fim da confiança, o golpe na autoestima e a desilusão… são, às vezes, mortais.

A traição tem sido normalizada

Vivemos numa sociedade misógina, e não é incomum ouvir alguns homens falarem: “Eu sou homem, eu posso trair… Quem não pode é ela, que é mulher!” Alguns que pensam dessa maneira, quando recebem de volta o troco na mesma moeda, recorrem à violência e, muitas vezes, ao crime “pela honra”.

Do ponto de vista emburrecido pela tradição, os sentimentos do outro não têm nenhuma importância!

Mas o ponto a ser estudado é: por que as pessoas traem?

Por que as pessoas traem?

É verdade que a falta de um diálogo franco tem sido usada como pretexto para traição. A falta de diálogo apenas mostra a distância que o casal precisa percorrer para que as coisas se ajustem — não um atalho para ser infiel.

As pessoas traem, em primeiro lugar, por serem egoístas! Isso mesmo, egoístas!

O traidor sabe os danos emocionais que causa, mas os seus desejos egoístas estão à frente disso.

Não importa se a vítima de traição sofrerá com a perplexidade de não entender o porquê das coisas — às vezes até desenvolvendo sentimentos de culpa e impotência, ou mesmo se esta culpará a si mesma buscando uma possível razão que justifique a culpa do outro.

O traidor, em algumas situações, demonstrará uma preocupação aparentemente genuína, mas, por ser, na maioria das vezes, um narcisista, esta preocupação tem um propósito que não é o bem da vítima.

Não são altruístas!

Como se fôssemos pequenas pedras…

A ênfase que se dá atualmente à satisfação dos instintos pessoais atingiu um nível quase animalesco! As pessoas foram, de certo modo, reduzidas a meros objetos! Materiais a serem usados e dispensados — quase recicláveis! (risos)

O narcisista

Os narcisistas encaram outros como escravos de suas vontades. Não há amanhã, os desejos são urgentes!

O traidor, por ser egoísta e muitas vezes narcisista, jogará o seu jogo, com arte, até estar pronto para uma nova partida. Por um tempo, jogará o jogo da manipulação. Reconquistar a confiança, fingir se importar — e como “mentiras sinceras me interessam” pensa a pessoa fragilizada, o maior abandonado, é quase certo que ele conseguirá seus objetivos.

E quanto à vítima? O que fazer?

O primeiro passo é lembrar que cada pessoa tem seu valor, e se alguém não valoriza você, está mostrando seu próprio preço. Não tenha medo de reconhecer seu valor.

A falha não é do traído. Perdoar é pessoal, mas desistir de um relacionamento abusivo pode ser necessário, por mais doloroso que seja.

Não tenha medo! A falha de caráter não é do traído!

Não tema recomeçar.

A experiência ensina lições valiosas, entre elas a percepção de traços desejáveis em futuros relacionamentos. Um bom relacionamento é construído por duas pessoas dispostas a se adaptar e serem francas uma com a outra.

Apesar dos percalços… amar ainda vale a pena.

Gilson Cruz

Leia mais em: Amar novamente (acreditar sempre) – Jeito de ver

A menina que falava de Anne Frank.

Lápide de Anne Frank. Como o entusiasmo de uma menina me fez reler um livro?

Imagem de meisterhaui por Pixabay

Uma Conversa

Alguns livros ganham uma profundidade extra quando alguém os conecta à sua própria realidade, revelando nuances que talvez tenham passado despercebidas anteriormente.

Há tempos, voltando tarde das aulas de inglês, no silêncio quase meia-noite do transporte da Prefeitura, uma estudante se sentou ao meu lado e compartilhou seus planos para o futuro. Seu modo cativante e otimismo eram inspiradores.

Ela falava dos sonhos de cursar Direito, de cuidar das pessoas e de outras ambições, e eu me maravilhava: “Como pode haver espaço para tantos sonhos dentro de alguém tão sereno?”

Naquela conversa, redescobri um pedaço de mim mesmo. Na minha juventude, entre poesias e músicas, sonhava com a profissão mais inspiradora: ser professor e ajudar a trilhar caminhos.

Eu estava sem palavras, ciente do esforço daquela pequena cansada para se manter acordada.

E então, ela me disse: “Estou lendo um livro que está mexendo muito comigo, você conhece a história de Anne Frank? Estou lendo O Diário de Anne Frank!”

O entusiasmo dela me fez esquecer o cansaço. Pedi que me contasse mais. Ela descreveu a avançada Anne Frank, sua paixão por filmes, o sonho de ser atriz e sua decisão de registrar sua rotina em “Kitty”, o nome que deu ao seu diário. Falou das experiências da jovem durante o período de confinamento, suas paixões, medos e incertezas sobre o futuro.

Mesmo sem chegar ao fim do diário (a menina temia este momento), ela já conhecia o resumo da história (e eu também!). As luzes da cidade se aproximaram enquanto agradeci por tornar a viagem mais agradável.

Prometemos falar mais sobre o livro, mas eu sabia que, ao concluir meu curso, isso dificilmente aconteceria. Ao chegar em casa, algo me instigava: “Por que não reler O Diário de Anne Frank?”

Redescobrindo Anne Frank e a Natureza Humana

E assim o fiz.

Cada palavra no diário ganhou uma nova vida, cada momento e experiência me ensinaram uma nova lição. Comecei a questionar menos sobre a maldade das pessoas e mais sobre como pequenos atos podem dar significado ao mundo.

Não, não vou contar o que está no diário ou narrar a história de Anne Frank. Recomendo que você mesmo o faça. Leia, pense na natureza humana e no quanto ainda precisamos aprender.

Gilson Cruz

Veja mais em: O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver.

Palavras de 2023 – o ano que passou! ‣ Jeito de ver

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