O Mundo Pequeno de Mundinho – um conto

A comovente história de um menino, o Mundinho e seu pequeno mundo.

Imagem de Charles Nambasi por Pixabay

Sabe aquelas histórias que só acontecem na infância e que você jamais esquece? Muitos anos se passaram e hoje, a minha mente cansada,  se confunde sobre o que foi real e o que foi imaginado, na busca de um sentido.

Lembrei hoje de uma velha amizade… velha como o tempo.

Na minha infância, não conheci ninguém tão arisco quanto o Mundinho.

O moleque era desconfiado.

Ninguém sabia ao certo se era por causa de seus pais que não eram lá muito dados ao diálogo ou devido ao uso inovador do chinelo ou do cipó das folhas de araçá que costumavam soar como os sons dos blocos afros nas pernas e costas do menino ao menor sinal de travessura.

Eles eram pessoas horríveis!

“Ah! mas, naqueles dias, todos os pais eram meio carrascos” – você talvez argumente. – Era comum, mas não precisavam ser assim.

Mas, apesar dos pais, o mundo parecia bom e pequeno para ele. E embora, eu tivesse apenas nove anos de idade ( a mesma idade que ele), eu já sabia que quando ele aparecia lá em casa, pouco depois do almoço, alguma coisa ruim tinha acontecido!

A gente costumava compartilhar o pouco que tinha.

Apesar das dificuldades que a pobreza, a falta de compreensão e a violência dos pais traziam, Mundinho era um bom amigo.

Nas brincadeiras de correr ninguém lhe alcançava. O pobre batedor de latas sabia que advinhar onde se escondia o pequeno arredio era missão quase impossível. Se escondia nos lugares mais improváveis.

Sob os bancos da praça, no topo dos postes ou das árvores mais altas não havia lugar impossível para ele.

E eu, nas minhas limitações, costumava dizer: “Meu irmão, eu queria ser como você. O carinha mais rápido da cidade. Você pode ser atleta, policial, o que quiser ser quando crescer…”

Mundinho ria. Alguém o admirava e isso acalentava a dor de ser chamado de “inútil, de preguiçoso, de erro de Deus” ou coisas assim.

Num daqueles dias, pouco depois da hora do almoço, o Raimundo aparecia novamente lá em casa. Dizia que não mais voltaria pra casa, pois seus pais iriam tirar-lhe a vida.

E naquela tarde, ele parecia mais amedrontado que o normal.

Os pais dele jamais lhe deram presentes, jamais lhe abraçaram.

Não percebiam que as marcas das surras estavam agora gravadas na pele, como tatuagens na alma.

A gente acreditava que naquele tempo não existia lei.  Os policiais pareciam cavalos fardados; eles não hesitavam em dar os chamados cascudos e mandar os pivetes ( termo usado na época) de volta à “proteção” do lar.

E como de costume, conversávamos sobre a dor, a perspectiva de um futuro melhor e ele dizia que um dia casaria com a Cimara, a menina mais dócil da escola; que teria filhos e mostraria ao pais “como se criar uma criança”.

Engraçado que as palavras crianças e criação têm a mesma origem, uma conexão etimológica.

Ambas vêm do latim creare, que significa criar, produzir…

Creantia, latim para criança, significa: criado, produzido e a palavra “criação” , vem do latim Creatio, que significa ato de criar ou produzir.

-Mas, existe algo mais redundante do que as conversas de crianças?

Ele dizia também que o mundo seria pequeno, pois conheceria tudo!

Papo cabeça, pra alguém tão jovem…

E após choros e planos, ele já estava pronto para mais uma de suas artes nas brincadeiras de fim de tarde.

A lata voava para longe, o batedor de latas corria para apanhá-la, enquanto todos se escondiam…

O Tufão pulava o muro da igrejinha, o Pinheiro se escondia atrás das barracas e o Alberto em cima da casa do seu Miguel. É impossível lembrar onde se escondiam todos os amigos naquela noite.

Lembro apenas que o Paulinho, da monareta, encontrou a todos. Exceto um.  – O Mundinho

E a busca pelo moleque se tornou uma peregrinação. Procuramos em todas as árvores e postes possíveis. Vasculhamos todos os bancos da cidade.

Não buscamos nas nuvens, esquecemos de olhar para o céu. Talvez devêssemos procurar mais…

Era tarde, desistimos da procura.

“Ele já deve estar em casa e dormindo” – todos diziam.

Quando a gente encontrar, ele vai ver… vamos mudar as regras do jogo. Assim não tem graça!”

Voltamos todos para nossas casas.

Confesso que não dormi em paz naquela noite.

A imagem do Mundinho naquela tarde dizendo que ganharia o mundo, que iria embora, desapareceria, me atormentou em cada segundo daquela  noite.

Enfim, era quase manhã quando consegui adormecer.

Era, então, Sete da manhã do dia seguinte e meu Pai me alertava que não deveria faltar as aulas, se eu quisesse ser alguém no futuro.

Na escola, os colegas estavam alegres como de costume. A professora ainda não havia iniciado a chamada. Cymara e seus pequenos cabelos ruivos me acenavam, Enivan me desafiava mais uma vez para mais uma sabatina, Matemática.

O desgraçadinho gostava de bater nos colegas!

Nunca teve o prazer de me bater.

Zé Luís ria ao lado do Walter contando as mesmas piadas do dia anterior, enquanto Jacinta e Estela se sentavam nas últimas cadeiras, do lado esquerdo.

A sala estava barulhenta naquele dia.

Da porta, não vi o Mundinho entrar na sala vizinha.

Ao  meio dia, enquanto tentava voltar para casa, Juscélio, o cavalão da turma, como era conhecido, ameaçava me bater. Por não ir com a minha cara…

Talvez o “cavalão” se devesse ao fato de todos na sala serem baixinhos e terem em média nove anos e ele ter quinze, nada acontecia a ele, talvez por mera coincidência, ele fosse sobrinho da diretora.

Me desviei das provocações e naquele dia passei em frente à casa do Mundinho.

Tudo estava fechado. A rua estava silenciosa e não havia burburinhos por lá.

“Uma hora ele passa lá em casa” – Pensei.

E naquele dia, o meu amigo não passou.

Minha cabeça infantil jamais pensara tanto! “Ele foi conhecer o mundo”; “Os pais foram embora”; “Ele fugiu dos pais”; “Ele não sofrerá mais…”

Me consolava saber que o amigo teria uma nova chance.

E ninguém falava mais disso!

E numa dessas quintas-feiras, desta vez de Primavera, quando as águas adiantaram o seu curso para chegar ao rio da cidade em chuvas temporãs nas  cidades vizinhas, os pescadores se assustavam com a possibilidade do desastre.

Não como aqueles dos Dezembros, quando as águas invadiam as ruas da cidade levando tudo o que não estava amarrado para o meio do Rio.

Desta vez, parecia que um pequeno animal, um porquinho talvez, estava preso nas pedras, sob as águas turvas.

Se organizaram em grupos até que de repente, o susto, o choro…o grito. Não era um animal.

Era o corpo de um menino. Pequeno, a camisa tinha uma tonalidade abóbora e o short era vermelho.

Poucos o conheciam. E os pais não estavam lá, naquele momento.

Na última Terça, ele vestia roupa com as mesmas cores.

Mas, não podia ser o Mundinho.

Ele era muito esperto para estar ali, preso entre as pedras…

Ele sabia nadar. O lugar dele era o mundo!

Ele era rápido como os  raios nas tempestades. Ninguém alcançava ele!

E enquanto enrolavam o pequeno corpo num leçol branco, a realidade caía certa como a noite em meu início de dia. Era o Mundinho.

As aulas não foram suspensas.

Talvez não soubessem. Meu melhor amigo não mais voltaria.

Para alguns, os dias continuariam iguais.

As aulas em sua turma seguiam sem comoção, talvez para preservar aos coleguinhas – não sei.

Mas, daquelas manhãs não recordo uma palavra sequer das cento e oitenta e sete mil, proferidas pela Auxiliadora, a Professora.

Desde então não vi mais os seus pais.

Mas, recordava as marcas dos cipós e chinelos nas pernas e braços e me atormentava o fato de não tê-lo encontrado”..

Hoje, depois de muito, muito tempo, ainda penso naquela noite e naquele início de dia.

Não sei , se ele brincava de esconder quando desapareceu ou se havia decidido se despedir das torturas e da tristeza. OU se ele se escondeu nas nuvens, e de lá nos olhava…

Mas, o mundo parecia pequeno demais para ele. Tão menino e cheio de ideias, planos…

Talvez o mundo fosse pouco pra ele.

Merecia algo melhor. Muito melhor!

Nota.  Pais amem seus filhos! As cicatrizes da infância podem ser eternas…

Leia também  Amizade ao Longo da Vida – definições › Jeito de ver

As mudanças na mente e no corpo.

Já se perguntou alguma vez:- “Por que o passado parece tão melhor que o presente?”

Para responder a esta pergunta, é necessário mergulhar com sinceridade nas memórias e entender que as nossas concepções e perspectivas de mundo se adaptam a novas experiências.

Na infância, a vida se resume a brincadeiras e à proteção de pais e parentes.

Nas memórias da infância não estão os momentos mais difíceis como as quedas, as perdas, doenças e coisas semelhantes. Apenas momentos marcantes, na maioria das vezes, felizes.

Por outro lado, com o tempo, a puberdade traz a ebulição hormonal, instabilidade emocional e as consequentes erupções em atitudes rebeldes que, muitas vezes, resultam em situações que serão motivos de vergonha por muitos e muitos anos…

As mudanças e as transformações no corpo e na mente fazem parte desse processo, que costumamos de chamar de AMADURECIMENTO

Durante essa fase, o vigor da juventude aliado ao entusiamo e ao fogo infância, criam a ilusão de que tudo é possível!

Por isso os exageros: Cada paixão é um amor eterno. Cada erro é um desastre imperdoável. Cada crítica uma punhalada e cada rejeição sofrida uma pecado sem perdão. O engraçado nesta fase é que as paixões são intensas, sofridas e quando acabam, são substituídas por novas paixões – com as mesmas caracteristicas.

A adolescência pode ser um reflexo exagerado do que alguém será ao amadurecer.

Chegará o dia em que talvez o ex-adolescente passe a refletir, como espelhos, aquilo que costumava criticar nos próprios pais:

-A seriedade para com a vida, a preocupação com as contas da casa e com assuntos mais importantes.

Enfim, se aprenderá a perdoar os erros do passado, a aceitar as críticas e enfim, as próprias falhas. E também o fato de que se aprendeu, um pouco tarde.

Talvez não se reconheça mais o brilho no olhar, os traços na face e a energia, que jamais serão os mesmos. Entenderá que rejeições precisam acontecer e devem ser respeitadas, pois todos têm que dizer Não, muitas vezes.

Perdoara paixões infelizes, mas não sentirão mais remorsos ou saudades. – Entenderá ser assim esta VIDA.

Entenderá também que para estar no presente, lembrando e questionando o passado, foi necessário mudar e aceitar as mudanças e amadurecer, mesmo que isso tivesse significado abrir mão de desejos e traços de personalidade.

E quando isso acontecer entenderá que cada tempo trouxe a sua parcela de experiências e que ainda há muito ser vivido.

Viverá, então, a MATURIDADE.

Gilson Cruz

Amizade ao Longo da Vida – definições ‣ Jeito de ver

Onde as flores não florescem

Como podemos ajudar os artistas em início de carreira? O texto aborda as várias maneiras possíveis.

Imagem de AndreasAux por Pixabay

Pra não dizer que não falei de flores, deixe-me tentar:

O ambiente favorável e os cuidados de quem rega tem importância vital  à saúde delas: O crescimento é condicionado à espécie, mas mesmo flores não alcançarão a sua plenitude sem um bom terreno, uma boa irrigação, e principalmente bons cuidados.

Esteticamente um jardim multicor é muito mais belo e atraente do que um jardim monocromático.

Quando rosas vermelhas se encontram entre outras flores, das mais variadas cores, as percepções florescem gerando diferentes sensações.

O CAMPO DA CULTURA

O mesmo acontece quando nos referimos aos jardins da arte, da música.

O ambiente musical que prevalece nas mídias tem se assemelhando cada vez mais a um jardim monocromático.

As estações de rádio ou as playlists sugeridas parecem tentar convencer-nos de que o mundo musical se resume a estilos como o Agronejo, Sertanejo universitário, Funk e aos cantores em destaque na atualidade. – A música como produto e arte – uma história! ‣ Jeito de ver

Conforme abordado anteriormente neste site, empresários gastam milhões para divulgar seus cantores. O objetivo do investimento é acostumar o público à presença daquele artista.

Na época de ouro das gravadoras, a equipe de marketing selecionava no disco uma canção para trabalho e se empenhava na divulgação com o objetivo de impulsionar as vendas do álbuns. Isso envolvia muito dinheiro para estações de rádio e canais de Tv – o conhecido “jabá”, uma espécie de Suborno. –  – A qualidade da música piorou? ‣ Jeito de ver

Atualmente, empresários do agronegócio, “tomaram as rédeas” e investiram ainda mais pesado. Compraram fãs clubes, estações de rádio e ainda mais espaço na TV, que por outro lado apresenta cantores medianos como  super estrelas. Controlaram as tendências

Os Titãs já cantavam: “A Televisão me deixou burro …” – numa crítica bem humorada à falta de questionamento.

A música se tornou mero pano de fundo para atividades do dia a dia. Enquanto cuidam de suas atividades diárias as pessoas selecionam uma playlist do seu estilo preferido e no meio dessa playlist está inserida uma canção que não se excaixa exatamente naquilo que ela pretendia  ouvir (o jabá funiconando sutilmente!).

MÚSICA GRÁTIS?

Embora o país esteja repleto dos mais variados estilos e cantores, a população se vê exposta àquilo que o dinheiro pode pagar.

Alguns argumentam que se a pessoa está “ouvindo de graça”, ela não pode reclamar.

Mas, imagine você ninguém se ninguém escutasse a determinadas músicas, estações de rádio e seus comerciais.

O que fatalmente aconteceria? Obviamente, deixariam de existir.  – Porque NADA É DE GRAÇA, e ninguém está disposto a investir sem retorno.

Traduzindo: O preço pago é a atenção, o tempo.

Portanto, há uma troca:  cooperamos com as mídias por vender a nossa atenção e nosso tempo às suas propagandas.

A REVOLUÇÃO

Se mais pessoas escolherem estilos diferentes, aparecerão estilos e cantores diferentes.  Pois “o artista irá onde o povo está” como diz o poeta, ou seja, para manter o negócio vivo o público será atendido.

Repensar e agir são atitudes necessárias.

AS DIFICULDADES

Alcançar a fama envolve trabalho e muito investimento. Muitos talentos se perdem por falta de espaço nas mídias em geral.

Bons cantores não são amplamente divulgados.

Empresários inteligentes investem em propaganda e em personal stylists. As imagens dos artistas são tabalhadas de modo a agradar a um público cada vez menos exigente.

Leis como a Rouanet e Aldir Blanc podem ser bem úteis a esses artistas, mas há um problema, observe: Os empresários tem o valor investido na cultura deduzido no seu imposto de renda, mas são eles próprios que escolhem em que artistas investirão.

Isso explica por que centenas de duplas, patrocinadas pelos próprios empresários do agro, têm tantos eventos.

No final das contas, o valor da dedução fiscal se torna investimento para muito mais lucros dos próprios empresários.

Essa distorção precisa ser corrigida!

Algo mais pode ser feito. Leia atentamente o próximo subtítulo.

“WITH A LITTLE HELP FROM MY FRIENDS” – The Beatles

(Com uma ajudinha dos meus amigos – Tradução livre)

A música dos Beatles citada acima traz em sua melodia algumas frases interessantes, tais como:

“Me empreste suas orelhas

e eu cantarei uma canção para você

Tentarei não cantar fora do tom…

Oh! Eu me viro com uma ajudinha dos meus amigos…” 

Amigos, podem ajudar na divulgação de cantores ainda iniciantes.

Mas, você talvesz se pergunte: – ” Os amigos são obrigados a fazer isso?”

-Não, não são obrigados, mas um dos sentidos da palavra amigo se relaciona ao “apoio por amor”.  O latim amicus significa “aquele que ama” ou “aquele que é amado“.

Já existem serviços de vendas de seguidores profissionais para canais do Youtube, Instagram e mídias desse porte, que seguem a política do quanto maior o número de seguidores mais a relevante o artista e músicos em início de carreira podem ser tentados a investir neste serviço.

Já é possível comprar um número razoável de virtuais seguidores fiéis que darão likes, visualizarão posts e darão mais relevância nas plataformas digitais. Linguagem dos negócios!( BotFanClub – Termo novinho em folha!)

Para entender porque isso acontece observe os dois exemplos a seguir:

Primeiro, um jovem escritor de lindas poesias no Instagram, tem mais de 10 mil amigos nesta plataforma. – Destes, apenas 10 curtiam os seus posts.

O segundo exemplo, numa cidade do interior um jovem cantor tem aproximadamente 3 mil seguidores, dos quais apenas 5 ouviam suas músicas no Spotify.

O CAMPO PODE  MELHORAR – DEPENDERÁ DE TODOS!

A arte está cada vez mais monocromática, escritores novos continuam sendo pouco divulgados, em cidades pequenas cantores novatos com novas abordagens, são encarados como potenciais concorrentes aos mais experientes.

É notável conforme os dois exemplos citados não há divulgação espontânea.

É preciso admitir que o mercado da música sofreu mudanças.

Como mudar tal cenário?

Prefeituras municipais podem criar e divulgar festivais em diferentes estações, para que haja plena exposição dos mais variados estilos de arte: Semana da Poesia, Semana da Música, Semana de exposição de arte e assim por diante e por fim, O encontro das artes.

Mais festivais significam mais visitantes, maior movimento no comércio local, aumento da arrecadação de impostos e, consequentemente, mais oportunidades de emprego.

Por outro lado, quando não há este pensamento e a divulgação dos talentos municipais ficam nas mãos de iniciativas privadas, como de esforçados donos de bares e lanchonetes, que é louvável, mas tem alcance limitado.

Como explicamos na introdução desta matéria o ambiente favorável e os cuidados, possibilitarão o crescimento desta beleza chamada Cultura.

Com um  trabalho mais amplo nesta área, a cidade ganhará novavida e novas cores, essenciais ao crescimento da cidade.

Gilson Cruz

O Músico e a Estrela (um breve momento)

Um texto inspirador, o romance do Músico e a Estrela.

Imagem de 1866946 por Pixabay

O músico e a estrela 🌟

Não tinha jeito, faltava algo.
As suas canções soavam sempre vazias.
Parece que nada brotava de sua mente, já exausta de tanto tentar.
Já cogitava desistir, até que num desses acidentes que só acontecem aos músicos, uma vez na vida, algo brilhante cai ao seu lado.
Ela era de fato, brilhante em todos os seus aspectos.
O sorriso lindo, a delicadeza e a inspiração que emanava de cada gesto dava a certeza de que uma estrela de verdade, caíra, bem ali.
Ele não entendia muito do que ela dizia, falava da distância, das saudades e de outros brilhos. – Aquilo o encantava!
Tudo que emanava da bela estrela se materializava em versos perfeitos e se encaixava milimetricamente em suas melodias.
Suas canções se tornaram alegres, cativantes!
Ele tinha então novidades para contar e cantar!
Delicadeza, amor, distância, inspiração – todos os temas fluíam livremente sem muito esforço!
E enquanto andavam pela noite, de perninhas machucadas, a estrelinha aproveitava cada momento em que se sentia amada e contava histórias, não se importava com o tempo. Queria mais era estender ao máximo aquele momento.

Confessava que também, lá de cima, amava as músicas e os versos do cantor…

E a luz do dia se aproximava lentamente…e eles não sabiam, tampouco se importavam, por isso, não percebiam
que as estrelas não são visíveis à luz do dia – e ela também desapareceu!
Desapareceu, e não conseguiu mais voltar!
E desde então, as músicas daquele compositor falam apenas da saudade.

Gilson Cruz

Para mais contos, leia também:

 Um romance de sol e lua ( Um conto) ‣ Jeito de ver

Que tal compor a sua obra de arte? ‣ Jeito de ver

Palavras de 2023 – o ano que passou!

O ano de 2023 se personificou e contou a sua história. Leia o resumo.

Imagem de PlusCalidad Importaciones por Pixabay

Gilson Cruz

“É sempre assim! Você fez isso com todos antes de mim!

É um tal de Feliz Ano Novo pra cá, Feliz Ano Novo pra lá… e eu, como é que vou ficar?

Será que vale à pena me esquecer? Vou te mostrar que não…

Bem, você lembra que o Brasil iniciou o ano, com um novo Presidente, como País polarizado, em que armas se tornaram mais importantes que livros?

O ex-presidente abusou do poder político e dos meios de comunicação e foi condenado por abusos. Estará inelegível até 2030. Lembra dos escândalos da joalheria? Calma, eu te lembro: Ele supostamente “agiu para tomar posse ” dos presentes de luxo que deveriam ser destinados ao acervo da União.

E quando você acreditou que estava na hora de pacificar, a democracia foi testada. Um bando de baderneiros, patrocinados por políticos e empresários, decidiu depredar prédios públicos, obras de arte e monumentos históricos.

Daí vieram as CPI’s e CPMI’s que investigavam o golpe de 8 de Janeiro, a atuação do Movimento Sem Terra e o rombo bilionário das Lojas Americanas…

Dessas comissões concluiu-se que o MST não é um movimento criminoso, que havia empresários e políticos envolvidos na tentativa do golpe e que a comissão que avaliou as Americanas estava preocupada em absolver os principais envolvidos…

Crimes? Infelizmente, aconteceram muitos…

Médicos foram assassinados, após um deles ser confundido com miliciano, lá no Rio de Janeiro.

No Rio Grande do Norte, 14 cidades foram aterrorizadas por uma facção criminosa que, em mais de 200 ataques, queimou vários ônibus, destruiu comércios e prédios públicos.

Já em São Paulo, um estudante armado com uma faca feriu cinco alunas e matou uma professora de 71 anos.

Mas, vamos ver como me saí em outras partes do Mundo…

Tragédias.

Um dos mais mortais terremotos, nos últimos 100 anos, de magnitude 7,8, na Turquia e parte da Síria, vitimou 56 mil pessoas.

Em Junho, teve aquele caso do Submersível com milionários que implodiu, lembra?

Em 8 de Setembro, foi a vez de Marrocos sofrer com terremotos de magnitude 6,8 e 7. O tremor mais forte registrado no País, deixando mais de 3.000 mortos e mais de 5.000 feridos.

Em Novembro, os argentinos elegeram um presidente que disse consultar o espírito do cachorro de estimação dele… – Pode vir cachorrada pela frente! Pois é, 2024 promete!

Em 19 de Setembro, O Azerbaijão atacou a região Nagorno-Karabakh, um território separatista de maioria armênia, disputado há mais de três décadas.

O saldo deste conflito até o momento foi o deslocamento de mais de 120 mil habitantes para a Armênia e quase 600 mortos.

Um outro fato marcante foi o sequestro e morte de centenas de israelenses que participavam de uma rave no deserto e a reação do estado de Israel atacando e matando dezenas de milhares de civis palestinos – sendo a maioria composta de crianças, mulheres e homens inocentes. – Uma lástima!

A natureza também andou trabalhando, se você lembrar que Maceió afundou…literalmente!

Em Outubro outros desastres aconteceram.

No Rio Grande do Sul e Santa Catarina, mais de 40 pessoas morreram por causa de um ciclone extratropical.

O mundo bateu recordes mensais de temperatura e provavelmente eu vou superar 2016 como ano mais quente da história.

O mundo pegou fogo, foi incêndio em toda parte: Canadá, Havaí, Grécia, Argélia e outros países… milhares de pessoas tiveram suas vidas afetadas.

As chuvas no litoral de São Paulo, no mês de Fevereiro, vitimaram mais de 50 pessoas.

ESPORTE E ARTE

Falando de esportes, O Santos do Rei Pelé foi rebaixado pela primeira vez à segunda divisão, num campeonato em que o Botafogo proporcionou fortes decepções e a luta para permanecer na elite foi uma das mais emocionantes da história do Brasileirão.

O Palmeiras, pra variar, ganhou mais um título e o Fluminense, de Fernando Diniz, ganhou a Libertadores pela primeira vez.

A Seleção Brasileira Feminina não foi bem no Mundial, mas a Espanha foi Campeã e o presidente da confederação espanhola se “viu no direito de beijar” a atacante Jenni Hermoso sem autorização. – Foi suspenso pela Fifa de todas as atividades ligadas ao Futebol.

Os Artistas de Hollywood fizeram uma grande greve, em apoio aos roteiristas para exigir melhores remunerações e a regulamentação do uso de Inteligência Artificial.

Na arte, a rainha do Rock brasileiro, Rita Lee deixou o grande palco e um incrível legado no dia 9 de Maio!

Na plateia, uma fã da cantora Taylor Swift, faleceu por exaustão, durante um show marcado pelo calor, pela desorganização e pelo desrespeito ao público – tudo pelo lucro.

Não se fala ainda em responsabilidades.

É verdade que eu poderia falar da migração de pessoas que fogem da opressão e fome em seus países tentando uma vida uma melhor em outros, e que morrem nos oceanos da vida.

Ou falar da onda de preconceito e xenofobia que ganhou espaço no mundo inteiro…

Você talvez diga: “Já vi isso em 2022!”

Mas, é justamente por isso que insisto, NÃO ME ESQUEÇA! Em vez disso, APRENDA COMIGO! Lembre dos acertos… mas, não esqueça os erros, os problemas. Cada vez que vocês esquecem, eles se repetem.

E se repetirão até que vocês tenham aprendido!

Com licença, devo me retirar…

2024, já chegou!

Se comportem, está bem?

Adeus.

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2023″

Veja mais no link  E esquecemos as Guerras … › Jeito de ver

“É sempre assim! Você fez isso com todos antes de mim!

É um tal de Feliz Ano Novo pra cá, Feliz Ano Novo pra lá… e eu, como é que vou ficar?

Será que vale à pena me esquecer? Vou te mostrar que não…

O drama do músico – As escolhas

 

Gilson Cruz

 

Compor uma música é como trazer algo à vida.

A inspiração, as horas de planejamento e enfim, a hora da execução.

Trazer uma obra ao público pode ser uma experiência traumatizante.

Imagine, as dúvidas que pairam sobre a mente de um  artista quanto à aceitação de sua obra, daquilo que envolve tanto de sua personalidade!

No Festival de Música de 1967, Sérgio Ricardo, intérprete de ‘Beto bom de bola’, enfrentou uma situação ilustrativa.

Desapontado por não ouvir o retorno do som da banda de apoio devido às vaias incessantes da plateia, o cantor teve um ataque de ira. Em um ato de descontentamento, proferiu as seguintes palavras: – ‘Vocês ganharam, vocês ganharam!’, quebrou seu violão em um banco e o atirou para a multidão.

Nas competições disfarçadas de festivais, os sentimentos de rivalidade e competição superavam o que deveria ser a razão da arte: a apreciação. Muitas belas canções foram vaiadas, refletindo como a reação intempestiva do público resultou no mesmo comportamento do artista.

Essa dinâmica também ecoa nos desafios enfrentados pelos músicos consagrados. Mesmo com o sucesso de suas primeiras canções, surge o anseio de apresentar trabalhos mais recentes. No entanto, a introdução dessas novas músicas no repertório pode se tornar um desafio. Muitos artistas, após obterem sucesso com seus primeiros discos, podem se distanciar dessas músicas, ignorando o desejo do público por elas.

Essa desconexão entre artistas e fãs pode criar uma tensão, levando alguns a encarar tal atitude como desrespeito ao público.

Pode haver uma certa resistência do público às novas canções por causa dos vínculos sentimentais gerados pelas antigas. Por isso, o artista consciente, introduz sutilmente o novo repertório, revezando novos e velhos sucessos. De modo a não causar estranheza.

O drama dos músicos anônimos

Músicos anônimos vivem cada apresentação como sendo uma última oportunidade.

Não sabem onde estarão no dia seguinte, por isso, cada show se torna uma mistura dos mais variados estilos, na busca de encontrar um que seja a sua marca. Sonham, muitas vezes, em serem descobertos por empresários que os ajude na busca desses sonhos.

A plateia, por outro lado, se divide em três: Uma que preza as habilidades do artista, outra que está lá pela música e a outra que busca um significado nas coisas.

Cabe ao artista dar aquilo que se precisa e se espera.

Àqueles que estão pelo artista:  a arte – o que há de melhor.

Àqueles que estão apenas pela música:  – a melhor música.

Àqueles que buscam um significado: – o momento inesquecível.

O público é a vida da arte, é quem se encarregará de não esquecê-la.

Por isso, a relação artista-arte encontra a sua finalidade quando alcança o coração do público que a manterá viva, através dos tempos.

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Veja também: Que tal compor a sua obra de arte? ‣ Jeito de ver

 

 

 

Músicos anônimos vivem cada apresentação como sendo uma última oportunidade.

Não sabem onde estarão no dia seguinte, por isso, cada show se torna uma mistura dos mais variados estilos, na busca de encontrar um que seja a sua marca. Sonham, muitas vezes, em serem descobertos por empresários que os ajude na busca desses sonhos.

 

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