O oitavo dia (Um dia terrível! )

A destruição e a tentativa de golpe de 8 de Janeiro de 2023. O que se via era cidadãos de bem dispostos a destruir tudo o que vissem pela frente…

Imagem de wendy CORNIQUET por Pixabay

Tive um sonho ruim…

Os policiais olhavam perplexos…
Não havia nenhum trabalhador protestando contra a reforma da previdência,
como atirar?

Não havia professores a pedir melhoras salariais
e um tratamento digno,
o que fazer?

Não havia alunos protestando contra a farinata,
a ração para alunos…
como usar a força necessária?

Não havia ninguém pedindo reforma agrária,
nem Herzogs, Jobins,
ou estudantes de medicina lutando por liberdade e dignidade.

Então, como agir?

O que se via era cidadãos de bem
dispostos a destruir tudo o que vissem pela frente…
Tudo o que, a duras penas,
fora construído com luta e impostos.

Dispostos a rasgar leis,
destruir obras de arte
e até mesmo roubar portas.

Eram cidadãos de bem,
desrespeitando aquilo que os humanos civilizados
lutaram por um dia, de 21 anos.

Poucos policiais tentaram cumprir suas missões,
mas foram derrubados de suas montarias
e talvez espancados.
E os outros, o que poderiam fazer,
se eram homens de bem?

E o exército levantou sua voz:
“Não serão presos, são pessoas de bem!”

E no oitavo dia,
passei a temer as pessoas de bem.

Então, assustado, acordei!

Publicado originalmente no blog nojeitodever.
Oitavo dia… – Jeito de ver (wordpress.com)

Vamos brincar de índio? (Informativo)

Pequenos indígenas. Cerca de 3,5 milhões de índios habitavam o Brasil na época do descobrimento.

Imagem de Kátia por Pixabay

A matéria a seguir resume a história e as consequências da exploração gananciosa e  irresponsável durante a colonização, apenas estimular o interesse do leitor.

O Jeito de Ver recomenda a leitura do conteúdo nos links, que certamente acrescentarão conhecimento detalhado e suporte ao estudante. Agora, vamos ao assunto:

Uma velha canção

Este artigo evoca uma canção interpretada por Xuxa, que, se você já foi criança, certamente se lembrará.

A obra, criada por Michael Sullivan e Paulo Massadas em 1988, tem melodia vibrante e a voz suave da cantora, mas a letra traz um contraste: narra o cotidiano numa tribo, seus rituais e a luta pela sobrevivência, enquanto expressa o desejo do indígena de recuperar sua paz.

Ele clama por não ser mais visto como nos antigos filmes de faroeste — um vilão, um selvagem.

Outra velha canção…

Como cantou Edson Gomes:

“Eu vou contar pra vocês, uma certa história do Brasil…”

Vamos focar nos povos indígenas, por ora.


Um pouco de História

Em 22 de abril de 1500, os portugueses chegaram a esta terra “que tudo dava” — e, se não desse, seria tomado à força. Alguns ainda chamam esse evento de “descobrimento do Brasil”.

O contexto europeu

Entre 1383 e 1385, Portugal vivenciou um período de estabilidade política, que favoreceu o crescimento comercial e avanços na navegação. A localização geográfica do país permitia acesso facilitado às correntes marítimas do Atlântico, e Lisboa floresceu como centro comercial.

Após a queda de Constantinopla em 1453, os europeus buscaram novas rotas para o Oriente. Portugal liderava as Grandes Navegações, destacando-se no comércio de especiarias — produtos como pimenta-do-reino, noz-moscada e incensos, altamente valiosos no mercado europeu.

A chegada dos espanhóis à América, em 1492, intensificou a disputa territorial. Foram criados dois acordos importantes: a bula Inter Caetera (1493) e o Tratado de Tordesilhas (1494).


Pedro Álvares Cabral e o início da ocupação

Nesse cenário, Portugal organizou uma nova expedição, liderada por Pedro Álvares Cabral, cavaleiro da Ordem de Cristo desde 1494.

Sua frota partiu de Lisboa em 9 de março de 1500, com 13 embarcações e entre 1200 e 1500 homens. Apesar de sua limitada experiência, foi o escolhido, em vez de navegadores renomados como Bartolomeu Dias.

Em 22 de abril, avistaram terras, conforme relatado por Pero Vaz de Caminha:

“Avistamos terra! Primeiro, um grande monte, muito alto e redondo… Monte Pascoal. À terra, o Capitão deu o nome de Terra de Vera Cruz.”


Os primeiros contatos

No dia seguinte, o capitão enviou homens à terra. A primeira expedição foi liderada por Nicolau Coelho, e o contato inicial com os indígenas foi pacífico.

Pero Vaz de Caminha descreveu:

“Eles eram pardos, todos nus, com arcos e flechas. Tinham bons rostos, nariz bem-feito e lábios perfurados com ossos brancos inseridos, que não atrapalhavam a fala nem a alimentação.”

Houve troca de presentes. Alguns indígenas foram levados ao navio, mas rejeitaram a comida e o vinho oferecidos.

Bonitinha a história, não?


A história real

O site Mundo Educação complementa:

A colonização portuguesa no Brasil foi marcada pela submissão e extermínio de milhões de indígenas — algo que também ocorreu em outras colônias europeias.

Durante as Grandes Navegações (séculos XV e XVI), os principais objetivos da Coroa portuguesa eram lucro comercial e obtenção de produtos exóticos para a Europa.

Os indígenas, tratados pejorativamente como “selvagens”, foram forçados a trabalhar. Historiadores tentam suavizar o impacto desse encontro chamando-o de “encontro de culturas”, mas o que houve foi, na verdade, um desencontro de culturas.


O desencontro de culturas

A colonização foi marcada pelo extermínio e subjugação dos nativos, seja por meio de conflitos, seja por doenças trazidas pelos europeus, como gripe, tuberculose e sífilis.

No século XVI, os portugueses estabeleceram feitorias e extraíram pau-brasil, usando mão de obra escravizada indígena.

Mas os indígenas resistiram — muitos fugiram para o interior. Com o fracasso da escravidão indígena, os portugueses passaram a explorar a escravidão africana.

“Os nativos não querem trabalhar…” era o que se dizia.
(Já ouviu algo semelhante sobre os brasileiros? Quem, afinal, quer ser escravizado?)


O extermínio dos povos indígenas

Na época da chegada dos portugueses, cerca de 3,5 milhões de indígenas viviam no Brasil, divididos em quatro grandes grupos linguístico-culturais: tupi, jê, aruaque e caraíba, com predominância tupi.

A tragédia não ficou no passado: a mineração ilegal continua matando. O uso de mercúrio contamina solo e águas, causando desnutrição e morte em terras indígenas.


Tempos de corrupção e desinformação

Vivemos tempos em que desinformação e discursos preconceituosos ganham espaço.

Um ex-jornalista, por exemplo, questionou por que cerca de 18 mil Yanomami vivem em uma área do tamanho de Pernambuco e ainda sofrem de fome — como se a culpa fosse deles.

“Lembra-se da velha narrativa dos nativos preguiçosos?”

Mas o que se omite é que suas terras estão contaminadas, os peixes morreram, e o que se planta não prospera. O que prospera, causa morte.

“Homem branco tem pensamento equivocado!”
(Como diriam os indígenas nos antigos filmes americanos, agora com sotaque brasileiro.)


Reflexão

E quanto aos nossos representantes?

Continuarão emitindo notas de repúdio enquanto enriquecem às custas dos bestializados, que jamais entenderão uma simples canção infantil.


📚 O Jeito de Ver recomenda a leitura dos conteúdos nos links ao longo do texto, que certamente acrescentarão conhecimento detalhado e apoio ao estudante.

 

Fonte:

Escravidão indígena: contexto, causas, resistência – Brasil Escola (uol.com.br)

Portugueses e indígenas: encontro ou desencontro de culturas? (uol.com.br)

As sociedades indígenas brasileiras no século XVI (rio.rj.gov.br)

– Último censo do IBGE registrou quase 900 mil indígenas no país; dados serão atualizados em 2022 — Fundação Nacional dos Povos Indígenas (www.gov.br).

Fonte : Descobrimento do Brasil: contexto, curiosidades – Brasil Escola (uol.com.br)

Saiba mais em Os índios e o velho Oeste (História) – Jeito de ver.

Aqueles olhos – Apenas mais uma poesia

Uma jovem em um jardim. Uma poesia sobre os olhos inesquecíveis.

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Gilson Cruz

Jamais me esquecerei,

aqueles olhos que traziam brilhos de esperança

Não eram  pretos, como a noite

castanhos, ou  azuis como o céu no verão…

eram verdes

Mas, não era um verde qualquer

era um verde que  apaixonava

cada vez que sorria.

Que me fazia esquecer das letras de músicas

dos poemas que escrevia…

e que me fazia tímido…

Ah! não bastavam serem verdes

eram também mágicos…

Falavam milhares de coisas – sem palavras

Traziam melodias prontas – mesmo sem  notas

Fazia que desejasse que os segundos, fossem séculos…

Triste, que até mesmo séculos passam…

Mas, sinto falta daquele olhar

que trazia brilhos de esperança,

melodias, desejos e poesias…

E que não eram pretos, lindos como a noite

ou castanhos como eram seus cabelos…

Eram verdes…

Sim, eram verdes.

Leia mais em  Teus olhos verdes (Menina) – Jeito de ver

Depressão – como ajudar? (Informativo)

A depressão. Como a Depressão Afeta as Pessoas? Como podemos ajudar?

Imagem de Anemone123 por Pixabay

Contrário ao que muitos ainda podem pensar, a depressão não é uma fraqueza pessoal, mas sim uma doença.

Considerada o mal do século, essa enfermidade afeta cerca de 350 milhões de pessoas em todo o mundo, causando impactos significativos nas atividades diárias daqueles que a enfrentam (Fonte: Depressão: saiba mais sobre o mal do século XXI (apsen.com.br)).

Como a Depressão Afeta as Pessoas?

O transtorno depressivo maior pode impactar a vida em diversos aspectos. Os sintomas podem variar, incluindo ansiedade, apatia, desesperança, perda de interesse ou prazer em atividades, falta de concentração, solidão, tristeza, entre outros. Vale ressaltar que a presença de alguns desses sintomas não necessariamente indica a presença da depressão. Um diagnóstico médico é fundamental.

Sintomas e Prejuízos Associados à Depressão

Os prejuízos associados à doença estão intimamente ligados à presença dos sintomas depressivos. Esses sintomas podem afetar diretamente a forma como o indivíduo se relaciona com os outros, fragilizando seus vínculos sociais e comprometendo o engajamento em tarefas essenciais do dia a dia. Isso pode levar a hábitos de vida menos saudáveis, aumentando a vulnerabilidade a outras doenças (Fonte: Depressão: saiba mais sobre o mal do século XXI (apsen.com.br)).

Como Lidar com a Depressão

É crucial compreender que a depressão é uma doença e, portanto, deve ser tratada como tal. Ao lidar com pessoas deprimidas, evitar comentários superficiais e oferecer suporte real é essencial. (Fonte: medley.com.br)

  1. Ouvir e Acolher: Prestar atenção ao que a pessoa tem a dizer, sem desmerecer sua condição, é fundamental. Oferecer suporte com empatia e sem julgamentos é uma das melhores formas de ajudar.
  2. Buscar Ajuda Profissional: Estimular a procura por um profissional de saúde é crucial. Acompanhar e oferecer suporte nesse processo pode ser um passo importante.
  3. Desencorajar o Uso de Álcool e Drogas: Evitar estimular o consumo de substâncias que podem agravar o quadro depressivo.
  4. Incentivar a Atividade Física: A prática de exercícios físicos pode auxiliar no tratamento da depressão, melhorando o humor e a qualidade de vida.
  5. Promover a Socialização: Estimular a pessoa em tratamento a socializar-se gradualmente, apoiando-a nesse processo.
  6. Reforçar a Importância do Tratamento: Transmitir que a depressão é tratável, mesmo que inicialmente pareça desafiadora.
  7. Não Ignorar Comentários Suicidas: Levar a sério e encorajar a busca por ajuda profissional imediata diante de quaisquer indícios de pensamentos suicidas.

A depressão não é uma fraqueza nem “vitimismo”. Trata-se de uma doença séria que requer cuidados especializados (Fonte: Jeito de Ver).

É altamente recomendável a leitura completa dos artigos citados nos links fornecidos. Essas fontes oferecem informações detalhadas e cruciais sobre a depressão, uma doença que merece ser compreendida e tratada com seriedade.

O dia a dia (Um poema simples)

O maratonista e sua rotina, em uma poesia.

Imagem de kinkate por Pixabay

Gilson Cruz

A madrugada

os pés

os passos que se alternam

a velocidade

A estrada

O caminho

as curvas

as nuvens

o sol

eu sozinho

O suor

O cansaço

A alegria

O melhor

A meta

Os sonhos

A vida

A seta

Correr

Sentir o vento

Tocar os sonhos

Respirar…

Viver…

Veja mais em O dia a dia (Mais um poema simples) – Jeito de ver.

Críticas -O que Elas Revelam Sobre Nós Mesmos

Críticas...quando criticamos, estamos revelando mais sobre nós mesmos do que fornecendo informações sobre os outros.

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

Gilson Cruz

É comum ouvirmos a expressão “músicos frustrados se tornam críticos tacanhos”, assim como “pessoas não criativas encontram refúgio mental em procurar defeitos na obra de outros”.

Embora essas frases nem sempre se provem verdadeiras, o fato é que muitas pessoas não conseguem viver sem criticar.

Mas, o que pode estar por trás disso?

Às vezes, as críticas surgem apenas para que a pessoa se sinta melhor, superior.

Sim, é uma questão de orgulho.

O site MinhaVida.com.br, na matéria “Criticar demais os outros: orgulho elevado ou falta de confiança disfarçada? – Minha Vida”, aborda o problema por trás desse comportamento.

Devido à sociedade extremamente competitiva em que vivemos, uma pessoa pode ser insegura, carente de atenção ou mesmo orgulhosa. Como destaca o psicanalista Freud em sua teoria, “Quando Pedro me fala de Paulo, sei mais de Pedro do que de Paulo”, ou seja, quando falamos de alguém, estamos na verdade falando de nós mesmos, através de um mecanismo psicológico chamado projeção.

Esse mecanismo tem esse nome porque projetamos no outro conteúdos que são nossos, colocamos no outro frases, emoções ou comportamentos que estão dentro de nós. Quando você diz que sua amiga vai ficar nervosa porque você vai chegar 5 minutos atrasada, pode revelar, na verdade, um comportamento seu de se irritar com atrasos.

Projetamos no outro aquilo que somos.

Assim, quando criticamos, estamos revelando mais sobre nós mesmos do que fornecendo informações sobre os outros.

O mesmo artigo lembra que falar mal dos outros é, na verdade, uma forma de se machucar.

Portanto, por que se machucar? Que tal aprender a conviver com os diferentes gostos e estilos de ser e viver?

Aproveite o talento dos outros, reconheça os seus próprios talentos e sinta-se feliz ao perceber que cada um carrega consigo suas próprias virtudes e falhas. Nos completaremos ao unir nossos dons.

Aproveite a vida.

O Jeito de Ver recomenda a leitura do conteúdo nos links.

Citações e pesquisas: Criticar demais os outros: orgulho elevado ou falta de confiança disfarçada? – Minha Vida

 

Noites de outono (Poema Simples)

Gilson Cruz

O outono chegou,

as folhas ainda não caíram

mas temos chuvas e tempestades neste lado do mundo.

Trovões cantam alto

e os flashes dos raios

me apressam.

Os passos se aceleram

mas não podem correr,

não tenho mais o mesmo ritmo…

Mas o frescor ainda está aí…

Você pode ficar confuso,

não é verão, nem tem cara de inverno

e quando isso acontecer…

Sorria, já é noite e

é outono!

É o outono da vida!

 

Leia mais A pequena bailarina (pequenos versos!) ‣ Jeito de ver

 

Amizade ao Longo da Vida – definições

Amizade. Um texto sobre a amizade e tempo.

Imagem de simple_tunchi0 por Pixabay

AMIZADE: A JORNADA DO AFETO E DA CONEXÃO HUMANA

A amizade é uma rica tapeçaria de afeto entre indivíduos, tecida com carinho, lealdade e proteção. Pode ser descrita como a relação afetiva que preenche nossas vidas com cores únicas.

NA RODA DA VIDA

Desde a infância, encontramos companheiros de jornada que transformam o mundo ao nosso redor. Aquelas risadas enquanto brincávamos, as pequenas frustrações, tudo isso cria laços que dão sentido à nossa existência.

Quantos daqueles amigos de infância ainda estão conosco hoje?

A adolescência nos traz cumplicidade, segredos compartilhados e planos grandiosos que talvez nunca se realizem. É uma época onde as amizades são vitais, mesmo que os adultos pareçam seres de um mundo distante.

O VALOR DOS CAMINHOS DIVERSOS

Com o tempo, cada um segue seu próprio rumo, trilhando novos caminhos. É a dinâmica da vida, onde novos amigos surgem, trazendo consigo preciosas lições.

Nessa jornada, aprendemos que amizades superficiais também existem, muitas vezes mascaradas por desejos egoístas. A verdadeira amizade não impõe, não abusa, mas respeita e compartilha de maneira genuína.

A ESSÊNCIA DA GENEROSIDADE

É comum pensar que um amigo deve ser como desejamos, mas a verdadeira essência está em compreender o que estamos dispostos a oferecer. Amizades verdadeiras não exigem trocas constantes, pois a lealdade não se baseia em barganhas.

Pergunte-se: Que tipo de amigo tenho sido? E, mais importante ainda, que tipo de amigo desejo ser?

As amizades verdadeiras transcendem distâncias e resistem ao teste do tempo. São tesouros preciosos que nos lembram que nunca estamos sozinhos neste mundo.

Então, por que não ser o amigo que tanto desejamos ter ao nosso lado?

UM NOVO OLHAR

A amizade é uma jornada enriquecedora, repleta de altos e baixos, mas é no valorizar e no cuidar do outro que encontramos seu verdadeiro significado.

Que cada passo nessa jornada seja um testemunho do nosso compromisso em ser um amigo verdadeiro, alguém que ilumina a vida do outro com a luz da empatia e da compreensão.

Essa é outra maneira de ver a amizade.

Veja mais em  Inventando passados (O Criador de histórias) – Jeito de ver

Uma breve história de Comunicação

Bugaiau é conhecido por sua luta e tem seu nome ligado à comunicação.

Bugaiau é conhecido por sua luta e tem seu nome ligado à comunicação.

ENTREVISTA

O senhor Adalberto de Freitas é um senhor de características tímidas, de poucas palavras e riso fácil, uma pessoa de alma inquieta. Bem conhecido por seu apelido “Bugaiau”, tem seu nome intimamente ligado à história da Comunicação no município de Iaçu, pequena cidade no interior da Bahia.

Incentivador da arte, colecionador de histórias, criador da Rádio Rio Paraguaçu e idealizador do museu na cidade em que vive.

O site Jeito de ver teve o prazer de realizar a seguinte entrevista:

Jeito de ver.  – Adalberto de Freitas Guimarães por ele mesmo.

Adalberto de Freitas. – “Sou Iaçuense, iniciei a minha carreira profissional como eletricista, Pai, avô e marido de uma incrível mulher, Rosângela Aragão, artista e amante da arte.

Sempre me interessei pela comunicação, as ideais saíram do papel a partir de 1984, com a criação do Som da Cidade”.

Jeito de Ver. – Poderia nos contar um pouco sobre o início? Por exemplo, quem foram os primeiros locutores? Qual a programação naquele início?

Adalberto de Freitas. – “Em 1984, lá início, o Som da cidade tinha três locutores. Eu, Ronaldo Ramos e meu filho Fábio. A programação tinha início às oito da manhã e se estendia até as onze horas, no primeiro turno.

À tarde, a programação tinha início a partir das 17 indo até as 19 horas.

Consistia  de Músicas variadas, nacionais, regionais – dávamos também espaço para que músicos da terra divulgassem seus trabalhos. Era um prazer!  Às vezes,  também noticiávamos fatos urgentes e extras”.

Jeito de Ver. Como surgiu o som da cidade?

Adalberto de Freitas. “O som da Cidade surgiu por iniciativa própria.  O nome original seria Serviço de Som – Som da Cidade.

Surgiu da necessidade, de uma grande carência de comunicação em nossa cidade. Daí nasceu a ideia de buscar patrocínio para que o serviço de som da cidade permanecesse em funcionamento. Deste modo, o som da cidade continuaria a levar informação ao povo carente.

O povo teria em sua cidade um veículo informativo”.

Jeito de ver. – Por quanto tempo o Som da Cidade esteve em atividade?

Adalberto de Freitas.“Olha, o Som foi implantado em 20 de Dezembro de 1984 e teve suas atividades encerradas em 31 de Dezembro de 2005”.

Jeito de ver. – Gostaria de destacar o seu incentivo a arte.
No ano de 1991, Eu e quatro amigos ( Dilson, Valdomir, Pedrinho e Juarez) tentávamos gravar uma demo para a Banda Acordes, banda que se perdeu no tempo, como tantas outras. Lembro-me bem do estúdio gentilmente cedido.

Adalberto de Freitas. – “Como sempre atendia a outros grupos e pessoas, não iria me furtar em ajudar aos amigos da Banda Acordes. Ainda lembro”.

Jeito de Ver. – Realmente, era difícil esquecer de como a gente tocava mal, mal pra caramba!

Adalberto de Freitas. – ( Risos )

Jeito de ver. – Com o fim do Som da Cidade, mais uma vez, o senhor se inovou criando agora a rádio Rio Paraguaçu FM.
Como é que foi esse novo projeto?

Adalberto de Freitas.“Bem, foi criada uma associação denominada Associação Comunitária Ação e Cidadania em 30 de Junho de 1998. Os primeiros locutores neste novo desafio seria o experiente Ronaldo Ramos, meus filhos Fábio e Rafael Guimarães.

A programação consistia em divulgações, entrevistas, ações culturais, religiosas e esportivas.

O patrocínio contava com a participação do comércio e apoio do Poder Público, havendo uma expansão na programação e variação de conteúdo que se entendia das seis da manhã até as 21 horas.

Por exemplo, aos sãbados,  trazíamos uma programação especial, dedicada a uma parte muitas vezes negligenciada pelas rádios tradicionais, os idosos. O programa “Canções da Velha Guarda” que  trazia os grandes cantores da Era do Rádio e era muito elogiado. Aos Domingos ,às seis, um pouco de música italiana e logo depois, a Jovem Guarda – num  programa pra cima.

Procurávamos atender todos os gostos”.

Jeito de Ver. – De fato, costumava escutar com meu Pai o programa dos sábados e, como apaixonado pela Jovem Guarda, a programação das manhãs de domingo.
Por quanto tempo a rádio vem exercendo suas atividades?
Adalberto de Freitas. – “De 14 de Agosto de 2001 até hoje” (Janeiro, 2023 – Mês da entrevista).
Sede da Rádio e Museu Paraguaçu.

A Rádio e Museu Rio Paraguaçu ficam situados no mesmo prédio. Localizados à Praça XV de Novembro 58, 
em Iaçu. Telefone (75)3325-2431.

Jeito de Ver.: Infelizmente, a cultura e arte não são tratados como prioridades em municípios pequenos.
Como se dá a manutenção e patrocínio da Rádio Rio Paraguaçu FM?

Adalberto de Freitas. – “Atualmente, infelizmente, estamos sem patrocínio…”

(Um silêncio!)

Jeito de ver.- Observando nas dependências da Sede da Rádio Rio Paraguaçu, vemos já em andamento o Museu da Cultura em Iaçu. Como surgiu a ideia? Qual o combustível dessa paixão pela arte, pela cultura?

Adalberto de Freitas. – “A ideia surgiu mesmo antes da implantação da rádio.  Apaixonado pela cultura e preservação memória de um povo. Nasceu assim a paixão por também criar um museu aqui em Iaçu”.

Jeito de ver. – É realmente, um belo museu. Já temos uma matéria a respeito.
E aí, temos novos projetos para o futuro?

Adalberto de Freitas. – “Sim, muitos projetos. O principal é o lançamento de um livro, o tema provisório “As histórias de Bugá”.

Neste livro, trago passagens biográficas, trago mais informações a respeito do Som da Cidade e da Rádio Rio Paraguaçu, os desafios, as lutas,  as dificuldades para manter o projeto – muitas vezes nadando contra todas as correntes”.

Jeito de ver. “Dias de luta” define bem a biografia do Sr. Adalberto de Freitas, esse homem que tem seu nome intimamente ligado a comunicação no município.
A ideia de trazer um serviço de informação para a cidade, significaria a inclusão daqueles que moravam nas partes mais distantes.
A divulgação de artistas locais, a transmissão das sessões da Câmara Municipal mostrava o nível político do município, lá naquela época.
Notícias, músicas e acima de tudo, cultura.
O que poderia ser feito aqui em Iaçu para estimular o interesse de pessoas pela história, pela arte – visto que não é comum eventos que valorizem comunicadores, cantores, essa infinidade de artistas locais?
Festivais de arte? Pequenos eventos mensais com artistas locais?

Adalberto de Freitas. – “Tudo que venha ajudar a juventude e a todos no município, será bem vindo“.

Jeito de ver. – Realmente, tudo que possa trazer à juventude mais arte, seja a poesia, seja a música, sejam as danças, atividades esportivas – enfim, nos muitos meios de expressão.

A Rádio e Museu  Rio Paraguaçu FM têm sido exemplos de perseverança de um homem, exemplo de o quanto a cultura luta para se manter .

A Rádio Rio Paraguaçu segue a sua luta sem patrocínios.

Acreditamos numa saída. E você já sabe qual… entrar em contato com a Rádio, pode ser o primeiro passo.

Aguardamos, o lançamento do livro e mais histórias do nosso amigo, Sr. Adalberto de Freitas, o sr. Bugaiau.

O site Jeitodever.com agradece.
Nota:

Adalberto de Freitas Guimarães veio a falecer no dia 18/01/2025, dois anos após esta matéria. Uma grande perda.

O amigo Adalberto de Freitas Guimarães, além de fundador da Rádio Rio Paraguaçu, foi o idealizador do Museu de Iaçu.

Também se destacou como um grande incentivador do nosso site, Jeito de Ver (www.jeitodever.com).

Seu nome estará eternamente associado à história da cultura e da comunicação em Iaçu-BA.

Que sua memória continue a inspirar os habitantes desta cidade que ele tanto amou ao longo de sua vida.

Jeitodever.com

Veja também:Um dia no museu Paraguaçu (Informativo) ‣ Jeito de ver

O compositor (para inspirar)

E a melodia, como a amada,que se sente amada descansa agora em seus braços

Imagem de Pexels por Pixabay

Momentos para contemplar

Gilson Cruz

Sentado

esperando inspiração

o músico senta,

na mesma praça, na grama, junto a antiga árvore

As notas fluem no braço do instrumento

que também é seu braço, e juntos

tentam abraçar a música no ar

A melodia ainda solta, teme ser esquecida

e ele desesperado a repete, como num mantra

e ela fica.

E a melodia, como a amada,

que se sente amada

descansa agora em seus braços,

em seu coração.

Jamais será esquecida!

Veja mais  Que tal compor a sua obra de arte? – Jeito de ver

© Gilson da Cruz Chaves – Jeito de Ver Reprodução permitida com créditos ao autor e ao site.