Poderia ter acontecido de qualquer jeito:
Caindo de um muro,
escorregando numa casca de banana,
saltando de um avião,
deslizando lua abaixo,
escapando das nuvens ou dando braçadas no oceano.
Limpando dinossauros,
brincando com escorpiões,
ou desafiando os senhores da guerra…
Talvez isso fosse exagero, é verdade.
Poderia ser em qualquer lugar:
Andando pelas ruas, fugindo de espadas,
se escondendo das bombas
ou buscando férias em Júpiter.
Não no céu…
O céu não é para todos.
Naquela noite, o céu era dos fogos de artifício.
Poderia ter sido de qualquer jeito ou em qualquer lugar:
Abraçando a noiva, sorrindo ao irmão,
dando bom dia ao vizinho,
beijando a testa da mãe.
Poderia ser na cama,
nas ruas, no trabalho,
nos ares, nos mares, ou até no campo…
Mãe, bom dia.
Me desculpe se não preenchi o cabeçalho com o dia e a data de hoje. Na verdade, estou desorientado… Mas, caminhando pela rua, ouvi pessoas conversando. Prestei atenção no diálogo e um deles disse que estávamos no ano de 2023.
Achei que ele estivesse equivocado ou brincando.
Estou escrevendo porque me lembrei dos bons velhos tempos. Da comida caseira que só você sabia fazer, e todos queriam repetir o prato. Não dava, ainda faltavam pessoas para almoçar. No fim, todos ficavam satisfeitos e, após o almoço, colocavam o papo em dia, enquanto outros preferiam tirar aquela soneca.
Também lembrei do carnaval, quando vestiam trajes cobrindo a cabeça com máscaras, os chamados pierrots. Era um tempo em que podíamos brincar nas ruas sem muita preocupação. Isso eu sei que é verdade.
Eram os anos 70, mãe, e que saudade… Ainda lembro do filme Operação Dragão em cartaz. Pude comprovar que os comentários positivos sobre ele eram merecidos. Bruce Lee, o protagonista, estava no auge de sua carreira.
Não consigo assimilar que estamos em 2023, como o rapaz disse. Parece que não estou nem no nosso planeta. Está tudo mudado; nada se assemelha ao tempo das minhas boas recordações. Parece que as pessoas regrediram, e apenas eu estou preso em outro tempo.
Veja por que tenho essa impressão, mãe: soube que anos atrás roubaram um cavalo. E hoje, após muitos anos, prenderam um homem cujo único crime foi ter um nome semelhante ao do verdadeiro autor. Mesmo seus parentes comprovando sua inocência, ele permaneceu preso.
A justiça reconheceu o erro. E o homem foi solto? Não! Ele só seria liberto após o recesso junino. E, para isso, precisaria contratar um advogado e pagar honorários, sem ter cometido crime algum.
As autoridades não deveriam ter mais sensibilidade? E os danos causados por esse erro, quem vai pagar? Será que algum valor vai aliviar os dias que ele passou na cadeia? Tenho certeza que não.
Ainda há coisas estranhas acontecendo, mãe. Policiais combatem o crime, mas bandidos, também armados, cometem atrocidades. Os homens da lei arriscam suas vidas, trocam tiros, e, mesmo quando a operação é um sucesso, o ciclo recomeça. Os bandidos são soltos e voltam a cometer os mesmos delitos.
E se, em uma próxima operação, um policial morrer? Quem será responsável? Por que as autoridades não evitam a soltura, mantendo os criminosos presos?
Essas coisas me fazem pensar que não estou no meu universo de origem. O que houve com nossa justiça, mãe?
Outro dia, vi casos na TV que me assustaram. Uma mãe e um padrasto mataram uma criança. Será que o menino atrapalhava o romance? E por que não o deixaram com o pai? Vai entender…
Mulheres esquartejam maridos com frieza; jovens e seus pais são mortos pelo pai da namorada. Mesmo com provas contundentes, como câmeras, a justiça ainda escuta as lamúrias desses criminosos. Por que não os condena logo?
Os bandidos sabem que nossas leis são frágeis e persistem em crimes “menores”, como roubo e assalto. Sabem que sairão impunes. E o mais cruel é que eles só têm certeza de cumprir penas longas se deixarem de pagar pensões alimentícias.
Nota do Jeito de Ver:
Crimes gravíssimos muitas vezes não são tratados com a devida gravidade. Enquanto milhões são desviados por figuras corruptas nos negócios e na política, a justiça parece seletiva.
A corrupção condena crianças à morte cultural e física, destrói famílias e destinos, e muitas vezes não é exposta como deveria pela mídia, frequentemente patrocinada pelos próprios corruptos.
A exploração de um personagem fictício, como um detento comum, questiona a severidade da lei com os menos influentes e sua leniência com os poderosos.
“Todo homem precisa passar por uma guerra para crescer…”
Essas palavras ditas por um veterano de guerra parecem fazer sentido. Mas será mesmo?
Qual a razão das guerras?
Quando não há acordo entre dois países, isso é um motivo válido para um conflito?
É importante lembrar que a maioria das guerras foi travada por razões comerciais veladas ou pelo desejo de subjugar nações consideradas inimigas ou inferiores.
Quando dois países se enfrentam em uma batalha, o que dizer aos pais e mães que perderam seus filhos e filhas nos campos de guerra?
“Vencemos a batalha”?
Ou talvez: “Seu filho foi um herói”?
Será que essas palavras consolam quem perdeu alguém amado? Será que as medalhas póstumas trazem orgulho ou apenas aumentam a dor?
E quanto aos sobreviventes, conseguem realmente viver normalmente após uma guerra? A experiência mostra que muitos sofrem de transtornos psicológicos e, entre esses, muitos acabam se tornando dependentes químicos. (Fonte: Jeito de Ver)
As amargas realidades da guerra
Contrário ao que muitos podem pensar, participar de uma guerra não preenche o vazio ou o tédio na vida de alguém. As experiências são amargas, vidas são sacrificadas e interrompidas em vão. No final, serão apenas nomes, estatísticas.
Uma breve pesquisa no Google revela a humilhação e crueldade. Soldados americanos, por exemplo, tratavam seus adversários de forma desumana durante a guerra no Iraque, desrespeitando qualquer convenção.
Essa pesquisa aponta para mais de 201 mil resultados em apenas 0,22 segundos.
Imagens mostram soldados já sem alma, humilhando e sendo humilhados. Eles defendem algo que muitas vezes não pediram ou nem concordam, mas que seriam igualmente punidos se recusassem ou recuassem.
As guerras apagam o que nós, humanos, lutamos tanto para ser:
Capazes de amar, mostrar compaixão e empatia.
Capazes de compartilhar o que há de bom, sem fronteiras, sem preconceitos.
E, principalmente, capazes de lutar pela vida — não de um grupo, mas de todos os grupos.
Lembre-se do que está além das fronteiras
Enquanto as fronteiras dividem territórios, não podemos permitir que barreiras invisíveis apaguem nossa empatia por aqueles que vivem o mesmo drama além do que nossos olhos alcançam.
Crianças ainda brincam nas ruas. Pais, em qualquer idioma ou lugar, aguardam abraçá-las no portão da escola. Namorados esperam o sorriso dos seus amados ao fim da tarde.
Mas, quando alguém é chamado à guerra, esse ciclo se interrompe. A vida muda. Muitas vezes, acaba.
Que a vida continue. Que o amor cresça.
E que o homem aprenda: ninguém precisa passar por isso para crescer.
Reflexão final
“Enquanto houver a filosofia que sustenta uma raça superior e outra inferior… haverá guerra em todo lugar.” (Parafraseando Bob Marley, “War”, 1976)
Se pudesse contar quantas estradas castiguei com a indelicadeza dos meus passos apressados ou mesmo se tivesse a capacidade de recordar o que estava ao meu redor, seria mais feliz.
Ninguém passa a vida em branco, ainda que muitos se achem inúteis, tristes, fracassados. Cada um leva em si uma história – única, exclusiva!
Ainda que alguém tente, minuciosamente, viver a sua vida, a sua história pertence a você.
São seus caminhos!
A sua importância, vai ser a importância que você dedica aos momentos, às pessoas, ao riso – ao sorriso!
Não esqueça de que a fama é, muitas vezes, um mero acidente – não um sinônimo de sucesso!
Fama não é sinônimo de sucesso
Como assim?
Muitas famosos não vivem, escolhem um caminho de aparências, onde a felicidade está num riso fabricado para ganhar holofotes – seus relacionamentos precisam ser expostos, não há privacidade.
Muitos deles dependem da exposição de que tanto se queixam, para serem felizes. Alguns por não suportarem a pressão de serem ignorados, recorrem ao uso de drogas ilícitas ou se tornam dependentes de remédios.
Ser bem sucedido é amar o que se faz, o que se escolheu fazer.
É lembrar que alguém ama e valoriza cada passo que você dá no caminho, e o melhor, que este alguém está disposta (o) a te acompanhar mesmo quando acontecerem os acidentes no percurso.
Viver é colocar o pé na estrada, sim…
Se pudesse te contar… Não!
Viva a tua história, lembre ninguém passa a vida em branco.
Será notado, quem sabe, por um bilhão, um milhão ou por apenas um – e se esse “apenas” um, te amar, já valerá a pena todo o caminho!
“Não podem nos privar do direito sagrado de ter uma arma”, afirmam alguns.
“Se Jesus vivesse em nossos dias, possuiria uma arma.”
“Como poderia eu concordar com tais palavras?” – indagaria alguém de bom senso.
Tais declarações, embora proferidas por autoridades políticas e religiosas no Brasil em algum momento, não merecem crédito. A Bíblia descreve Deus como “a fonte da vida” (Salmo 36:9), e um dos 10 mandamentos mais conhecidos é “não matarás” (Êxodo 20:13).
Armas são feitas para matar, é claro. Portanto, não há como concordar com as frases destacadas no início deste texto.
Para começar, ter uma arma não é um direito sagrado. E, a propósito, Jesus não andava armado.
Imagine, então, uma história sobre uma arma diferente: uma arma anti-morte.
“Cansados das notícias incessantes sobre acidentes, assassinatos e violência, tanto por bandidos quanto pela corrupção policial – onde aqueles que deveriam defender a lei praticavam justiça privada – as pessoas resolveram criar uma arma diferente: a arma anti-morte.
Qual seria o segredo de tal arma?
Todas as pessoas teriam o sagrado direito de possuir essas armas em suas casas, sem restrições. Poderiam montar verdadeiros arsenais, pois essas armas não matariam sob nenhuma hipótese.
As escolas de tiro ao alvo estavam liberadas para crianças, que aprenderam a defender a vida, espalhando mais vida, sem ameaçar a vida de instrutores e seus familiares.
Com o tempo, as pessoas aprenderam a respirar, a esperar o ódio passar – pois manusear a arma anti-morte exigia paciência e tolerância, características que no universo paralelo já não eram tão comuns.
Os tolos arrogantes passaram a não se sentir tão poderosos, pois não podiam matar com tais armas, e as guerras já não ceifavam tantas vidas.
As mães, pais, mulheres, namorados, namoradas e filhos podiam sentir a certeza de que, mesmo com a terrível distância, o amor sempre estaria de volta – cheio de vida.
Os covardes torturadores agora precisavam usar seus preguiçosos cérebros e, pela primeira vez, aprender a dialogar – pois não podiam ameaçar a vida daqueles que tinham o direito legal de discordar de seus métodos…
E então…
O Presidente do país pôde desfilar em carro aberto, sem seguranças correndo ao redor, sem medo de opositores ou de um Lee Harvey Oswald qualquer…
Um cantor pôde voltar das gravações de seus sucessos, abraçar sua amada e autografar o seu último disco para o fã…
Pacifistas puderam abraçar aqueles que lhes prestavam reverência…
Monges budistas não atearam fogo em si mesmos…
Meninas não correram chorando enquanto bombas caíam na aldeia…
Atrizes puderam voltar para casa e abraçar aqueles que amavam…
Meninas foram abraçadas por seus pais, não arremessadas pela janela…
Pais puderam dormir em paz, pois nem filhos, nem cúmplices, fariam qualquer mal…
Meninos não foram torturados e mortos por suas mães (?) e padrastos…
Pessoas aprenderam a conversar…
Em um pequeno bar, onde se praticava sinuca, seis adultos e uma menina de 12 anos voltaram em paz para suas casas e continuaram suas vidas…
E as bombas que caíam produziam flores, as cidades não eram mais destruídas.
Tudo isso porque a arma não matava.
E as pessoas tiveram um tempo a mais para pensar na paz.
O Galo acostumado a anunciar nas madrugadas o nascimento do dia, sabia de suas responsabilidades e por isso pensava:
-“Como é que o Sol vai aparecer sem o meu canto?”
E preparou-se, fazendo o aquecimento costumeiro e… “Coo-cco-ri-cóóóóóóó”…
Foi um cocoricó digno de uma ópera…
Mas, a luz não veio…
Tudo continuava escuro como a noite, as estrelas faziam a festa no infinito, mas o galo insistia…cantava, gritava… suava.
Enquanto isso, os vaga-lumes se divertiam, faziam a festa entre as ruas, jardins… Pareciam reflexos na terra das primas estrelas lá no espaço distante.
A raposa vermelha saiu para um passeio e para um bate papo com a Dona Coruja que já sabia de cor o nome de todas as constelações!
Os Morcegos voavam animados pelos céus e ousados faziam acrobacias incríveis…estavam loucos de alegria.
Até a tímida da Dona Jiboia Constritora resolveu esticar os músculos por umas horas.
Todos agora podiam aproveitar um pouco da escuridão.
Os vigilantes aproveitaram e cochilaram um pouco em serviço – por favor, não conte aos patrões!
Agora o Aye-aye estava de malinhas prontas, preparado para aquela viagem programada há milhares de anos, e a Pantera Nebulosa reunia a família para contar estórias de escuridão.
Desesperado, o galo convidava aos outros galos para acordar o Sol, o dia precisava nascer.
Foi quando o Lêmure de cauda anelada decidiu passear, num desfile sem igual.
Aquela noite parecia não acabar.
Naquele dia as pessoas esqueceram de programar seus despertadores, dormiam em paz.. e enquanto as pessoas dormiam, a vida acontecia.
E quando os galos, esgotados, desistiram de cantar, o Sol que naquele dia estava escondido, encantado, apaixonado pelas criaturinhas da lua, tristemente, teve de cumprir o seu papel, trazendo luz e acordando as pessoas com suas pressas, seus desesperos e desânimos.
As mesmas pessoas que passam pelas ruas e pela vida sem rir ou se encantar com os risos das crianças, sem se alegrar com a alegria dos pequenos cachorros ou mesmo sem se apaixonar no beijo da pessoa amada, as que passam a vida sem dizer “eu te amo” a um amigo e sem agradecer a Deus todas as pequenas coisas que preenchem a vida .
E viu que a vida seguia, de pernas pro ar… num ciclo finito de nascer, crescer e morrer.
E por muitos, muitos dias, o Sol sentiu saudades da noite.