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Detalhes da música
Música: Parapeito
Compositor: Alan Sampaio
Intérprete: Grupo Terra (Ensaio)
Gravada durante os ensaios do Grupo Terra, de Iaçu.
Veja mais em:
Que tal compor a sua obra de arte? ‣ Jeito de ver
GTM-N822XKJQ
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Música: Parapeito
Compositor: Alan Sampaio
Intérprete: Grupo Terra (Ensaio)
Gravada durante os ensaios do Grupo Terra, de Iaçu.
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Que tal compor a sua obra de arte? ‣ Jeito de ver
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Sabe aquelas canções de ritmo pulsante, repetitivo e que muitas vezes choca pela agressividade e obscenidade das letras?*
Calminha, eu não estou falando de alguns pagodes da Bahia. – Não neste Post.
Falaremos um pouco sobre o Funk no Brasil, suas origens e influências.
Se no Brasil, a Bossa Nova crescia no final dos anos 1950 e no início da década seguinte se tornava popular entre jovens de classe média alta, filhos de pais ricos e com cargos influentes na sociedade e nos governos da época…
Nos EUA os jovens negros curtiam algo bem mais politizado, bem mais provocador.
Se por aqui, os jovens que amavam o estilo João Gilberto de sussurrar perfeitamente letras e acordes dissonantes naquela fusão do jazz norte americano com o samba brasileiro, e tinham tempo livre para ver “o barquinho a navegar no macio azul da mar” e viver o romantismo de quem sabia”que iria te amar, por toda a vida…”
Lá, do outro lado, os jovens tinham pressa, queriam mudanças. Passavam a admirar ícones como James Brown e Miles Davis.
Esqueça toda a calma e paz da Bossa Nova – o Funk é bem diferente…
O Funk cresceria em outro solo… a água, porém, viria quase da mesma fonte.
Ambos são influenciados pela música negra americana e entre muitos estilos, compartilham um pouco da vibe do R&B, Soul e do Jazz.
As origens do jazz, que influenciaram a bossa nova, remontam às festas de escravos que parodiavam os estilos dos colonizadores, à mistura de ritmos tribais e também às jams Sessions de Blues ( se é que se pode chamar assim!) .
O Jazz era a fusão de muito estilos.
Negra em suas origens, essa fusão carregava também um pouco de banzo – canção que expressava a tristeza e era cantada melodicamente em repetições de frases e improvisos por escravos em campos de algodão.
O banzo narrava o sofrimento, a ânsia de libertação e a saudade de um mundo que não mais existiria, desde que foram sequestrados e vendidos como mercadorias.
A expressão deste sofrimento é clara nos blues do Delta do Mississipi nas primeiras décadas do século XX.
O Funk foi desenvolvido pela comunidade negra nos Estados Unidos no início da década de 1960, quando a mesma ânsia de libertação ganhava força num país preconceituoso, onde a segregação racial era questão política e os negros lutavam agora pela igualdade.
É notório que em países como o Brasil, após a lei que abolia a escravidão, havia um projeto de lei que indenizava os donos dos escravos com grandes compensações monetárias, face à pressão de antigos” proprietários”, ao passo que os escravos, os maiores prejudicados pelo sistema, foram totalmente esquecidos – sem nenhuma compensação ( e às vezes, sem a própria roupa do corpo!).
Fonte: Indenização aos ex-proprietários de escravos no Brasil – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)
Documentos relativos à escravidão, registros de compras e vendas de escravos, que poderiam atualmente ser úteis ao entendimento da história foram destruídos no início da república, para dificultar as coisas aos donos de escravos que pleitevam uma compensação pelas perdas decorrentes da abolição.
O mesmo Brasil que não ofereceu condições para que os negros tivessem uma estrutura social, objetivando um povoamento maior da região sul, agraciou ( com toda a sorte de incentivos ) a europeus, dando desde casa a ajuda financeira para que estes tivessem condições de se estabelecer na preconceituosa terra brasilis.
700 mil libertos não tiveram acesso a terra e nem à educação.
Foram condenados a viver nas partes menos favorecidas da cidade.
Será que mudou muita coisa por aqui?
Os negros eram vítimas de grupos racistas, eram proibidos de ter acesso à educação igualitária e não podiam sequer usar os mesmos transportes públicos ou os mesmos banheiros que os brancos – muitos foram covardemente assassinados!
Neste ambiente politizado, o blues, o jazz e o Soul ganharam novas abordagens em suas letras.
E agora, um pulsante novo ritmo trazia a alegria, o protesto e a sensualidade ao movimento.
Sensualidade? Isso mesmo, era comum entre os músicos negros americanos na época usar a expressão “Coloca um pouco mais de Funk nisso aí”, quando queriam mais sensualidade, mais ousadia, mais provocação nas interpretações.
No início dos anos 1970 cantores como Tim Maia e Tony Tornado traziam a influência das Soul Music e do R&B americanos para os solos tupiniquins.
Nessa época, eram organizados no Canecão, casa de espetáculos famosa no Río de Janeiro, encontros conhecidos como Bailes da Pesada, onde o Funk era a “Novidade”!
Com o tempo essas festas acabaram e os produtores passaram a promover bailes regados a Rhythm’ Blues, Soul e advinha?
-O Funk!
Apesar da variedade , o termo Baile Funk popularizou esses encontros.
Assim como as antigas canções caipiras eram inspiradas na nostalgia do homem do campo que se mudou para a cidade e a tristeza de quem ficou para lidar com a suscetibilidade do clima, a jovem guarda se inspirava nas paixões juvenis e amores, por vezes, não correspondidos, a bossa nova se inspirava no otimismo de tudo, o Tropicalismo na busca de mudanças e o sertanejo universitário…bem, esse eu não consegui entender a inspiração ainda … (risos) o Funk se inspira nas realidades e nos desejos dos seus compositores.
A expressão de raiva, a desconfiança nas leis e por vezes, o louvor a nomes do crime são reflexos de uma sociedade abandonada pelo estado, em que a ” lei e a segurança” estão a cargo de milícias e outros criminosos.
Uma sociedade que só é lembrada para fins de repressão.
A polêmica das Letras -2
As letras de quaisquer canções refletem a cultura e os valores a que são expostos os compositores.
Isso talvez explique superficialmente, pois há ainda uma grande variedade de estilos dentro do Funk: o Melody, o Pagofunk, o Brega Funk e o Proibidão que se caracteriza por letras pornográficas, a apologia ao tráfico e ao uso de drogas ilícitas.
Música é um reflexo da cultura e uma forma de expressão.
É necessário critério ao se analisar as vertentes musicais.
Aquilo que ouvimos influencia de modo positivo ou negativo as nossas emoções e como em tudo, o mesmo se aplica ao Funk.
Bossa nova e jazz: ‘um caso de influência recíproca’, segundo Tom — Senado Notícias
Como o funk surgiu no Brasil e quais são suas principais polêmicas? | Politize!
* A agressivade e obscenidade nas letras também são usadas com o objetivo de causar impacto, que é um método para gerar engajamento bem usado em nossos dias, nos mais variados estilos.
Leia também
Lamento dizer…
mas o bonde está passando.
Você talvez não se lembre,
mas quando você apareceu por aqui, você chorava.
Não estranhe, por favor,
todos os que pegam a próxima parada
também saem chorando
Enquanto outros ficam a chorar também,
olhando pela janela
os que descem.
Com o tempo você vai entender
que você perdeu uma boa parte da viagem
mas o bom é que a sua viagem começa aqui.
Você conhecerá um monte de gente
boa e má
pois muitos se conheceram nessa linha,
aqui se apaixonaram, amaram, se decepcionaram, amaram novamente
tiveram filhos, construíram uma história
Outros decidiram viajar sozinhos…
e foram felizes, mesmo assim.
Alguns abraçaram
o que outros deixaram partir
Alguns desistiram da viagem no meio do caminho
Outros foram obrigados a sair…
quando isso aconteceu
infelizmente, eu não pude parar.
Esse bonde corre em apenas uma direção
Não para, nem pode voltar.
Você às vezes terá pressa
noutras, você vai querer que o bonde ande bem devagarinho.
Ficará chateado e desapontado uma porção de vezes
noutras, você você vai esquecer estes momentos,
destes acidentes de percurso…
Talvez você veja até mesmo o amor de sua vida
descer no meio do caminho…
ou mudar de assento.
Isso pode acontecer
Mas, não desanime,
o amor sempre acontece nesta viagem
Não deixe que os desastres do caminho te façam desistir de amar
de ser feliz…
A viagem é única… aproveite!
aproveite as experiências
as companhias
o trajeto
Viva a estrada…
Pois,
lamento te dizer, uma hora
você também terá que abandonar a este bonde
E que outros assim como você, entrarão chorando…
os que te amam, ou te odeiam, te verão apenas pelas janelas
e delas chorarão.
E você não saberá, nem mesmo lembrará
desta viagem apressada
assim como não lembra como entrou aqui
Neste bonde
implacável
chamado tempo.
Gilson Cruz
Veja mais em: Presos ( Onde está a tua liberdade?) – Jeito de ver.
O Termo “Brega”, para se referir a certas músicas, tornou-se popular na década de 1970, ganhou força nas décadas de 1980 e 1990 e é, hoje, um estilo musical no Pará.
Mas, calma… as coisas não são tão simples assim…
Um pouco de história.
Das décadas de 1940 a 1960, na era de ouro do Rádio, as canções mais populares eram as românticas. As interpretações transmitiam o sentimento por trás das letras nas melodias românticas e o drama em letras bem tristes (é verdade que às vezes, até exageravam um pouquinho no modo de expressar – “Tornei-me um ébrio”, Vicente Celestino é um excelente exemplo de interpretação dramática!).
Você consegue imaginar a dor imposta por Silvinho ao cantar: “Essa noite eu queria que o mundo acabasse, e para o inferno o Senhor me mandasse, para pagar todos os pecados meus...”(?)
Ou o Orlando Silva ” Tu és a criatura mais linda que meus olhos já viram, tu tens a boca mais linda, qua a minha boca beijou…” (?)
O estilo de canto nas décadas anteriores eram influenciados pelo modo de cantar italiano e de países latinos, quanto aos arranjos musicais orquestrais eram também simples, as letras eram bem trabalhadas, lindas, poéticas.
Por fim, na década de 1960, o aparecimento de novos estilos como o Rock’n roll, Bossa Nova e a Tropicália (já quase no fim da década) despertou o desejo de partir para novas experiências.
E então, os jovens de classe média e alta passaram a se referir às canções e ao a estilo dos cantores das décadas passadas como sendo cafonas (que vem do italiano cafone, que significa camponês, indivíduo rude, estúpido), que significa de “péssimo gosto, sem elegância, espalhafatoso”.
A moda agora era a bossa nova, com arranjos marcados pela dissonância dos acordes, num estilo que soava semelhante a uma mistura do samba nacional desacelerado com o jazz americano.
As canções que não se ajustavam aos sofisticados novos arranjos não eram aceitas por essa “nova elite” como sendo música de qualidade.
Enfim, com a chegada da Tropicália, que fundia as influências regionais com o Rock, o declínio do Iê-iê-iê (conhecido hoje como Jovem Guarda) e da Bossa Nova, a música brasileira ganhava agora uma marca pela qual é conhecida até hoje: MPB.
MPB, Música Popular Brasileira, é o termo que define canções com arranjos melódicos um tanto mais complexos e letras bem trabalhadas.
A “elite” amava a MPB (alguns militares nas décadas de 1960 e 1970 não, mas isto é outra história! – Pra não dizer que não falei de flores…) e olhava a música mais popular com um certo desprezo.
Canções com arranjos simples, que falavam de amor de modo simples, canções engraçadas ou que não se ajustassem a determinados gostos perderam a alcunha de “Cafonas” e passaram a ser chamadas “Bregas”.
A origem da palavra Brega é controversa, uma das explicações é que ela é derivada de Chumbrega que significa “de má qualidade, ordinário, reles”.
Sentiu um pouco do preconceito? – Pois era isso mesmo!
Mas eram essas canções que vendiam MUITO!
As grandes gravadoras mantinham, às vezes, dois selos, como a Poligram, que tinha a Polidor. Enquanto um selo era responsável pelas gravações de cantores da chamada MPB a outra era especializada em gravar músicas mais comerciais.
O interessante da história é que os chamados cantores bregas vendiam muito mais que os cantores MPB e as gravadoras sabiamente usavam o lucro dessas vendas para produzir novas obras de arte, de cantores de vendagens menos expressivas.
A palavra brega como adjetivo é usada de modo depreciativo, mas quando usada como substantivo designa um ritmo paraense que tem influências nas músicas caribenhas, na lambada e na jovem guarda.
Resumo: O que ficou conhecido pelo nome Música brega não é um estilo ou um ritmo.
A música brega é na verdade um conjunto de canções populares, com arrranjos simples, que falam de amor de forma simples e que tratam da realidade de pessoas comuns. Por isso são canções bem comerciais.
Uma questão pessoal
E quando se trata de gostar… quem se ousa a dizer que um estilo é superior a outro?
Música é música.
– Você pode gostar ou não. Ouvir ou não!
E como dizia o Cazuza: “O amor é brega”.
Então… esqueça o rótulo!
Curta as suas músicas preferidas.
Gilson Cruz
Leia mais em
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
(Poesias, Via-Láctea, 1888.)
Olavo Bilac
Esse é um dos sonetos mais belos e conhecidos de Olavo Bilac, extraído do livro Via Láctea (1888).
Este soneto carrega a essência do Parnasianismo na forma impecável e no rigor métrico, mas também transborda lirismo e subjetividade, flertando com o Simbolismo.
Aqui, Bilac constrói uma metáfora poderosa sobre a sensibilidade e a capacidade de perceber a beleza e o mistério do universo.
O eu lírico enfrenta a incredulidade daqueles que não compreendem sua comunhão com as estrelas, representando a oposição entre razão e emoção, lógica e sentimento.
Ao que a resposta final—”Amai para entendê-las!”—é um convite à sensibilidade, sugerindo que só através do amor é possível captar o que é invisível aos olhos e inalcançável pelo intelecto frio.
Sim, essa ideia de que o amor é a chave para compreender o sublime é profundamente tocante.
O poema sugere que há mistérios no mundo—representados pelas estrelas—que a razão sozinha não pode desvendar. Só quem sente profundamente, quem ama, pode realmente “ouvir” e entender essas verdades mais sutis.
Além disso, há algo de melancólico e solitário no eu lírico, que passa a noite em vigília, encantado com as estrelas, mas também enfrentando a incompreensão dos outros. Esse contraste entre a frieza da razão e o calor da emoção torna a mensagem ainda mais envolvente.
A superficialidade e a pressa da vida moderna tornam essa contemplação cada vez mais rara.
Parece haver uma desconexão entre o sentir e o viver, como se as pessoas estivessem sempre correndo atrás de algo—sucesso, status, prazer imediato—mas sem realmente se permitirem sentir com profundidade.
O amor, como Bilac sugere, não é apenas um impulso ou um desejo, mas uma forma de percepção. Ele nos dá um olhar mais sensível sobre o mundo, nos permite “ouvir estrelas”, ver a beleza onde outros veem apenas o banal.
Cabe a seguinte reflexão: “Será que ainda há espaço para esse tipo de sensibilidade no mundo de hoje? “
Conheça O poeta ( Uma poesia simples) – Jeito de ver
Olavo Bilac (Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac -1865-1918 ), foi um dos maiores poetas do Brasil, principal nome do parnasianismo, e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, criou a cadeira nº. 15, que tem como patrono Gonçalves Dias. – Olavo Bilac | Academia Brasileira de Letras
Sua atuação não se restringiu à literatura, destacando-se também pelo forte engajamento cívico e político. Defensor do serviço militar obrigatório, escreveu a letra do Hino à Bandeira e fez oposição ferrenha ao governo de Floriano Peixoto, chegando a ser preso em 1891.
Desde jovem, Bilac mostrou talento para as letras. Ingressou na faculdade de Medicina por influência do pai, mas abandonou o curso para se dedicar ao jornalismo e à literatura. Trabalhou em diversos periódicos e publicou seu primeiro soneto, Sesta de Nero, em 1884, recebendo elogios de Artur Azevedo.
Wikipedia
Em 1907, foi eleito “Príncipe dos Poetas Brasileiros” pela revista Fon-Fon.
Frequentador de rodas literárias e boêmias no Rio de Janeiro, Bilac teve uma vida social intensa. Ocupou cargos públicos e dedicou-se à produção de poemas, crônicas, livros escolares e até textos publicitários.
Curiosidade: Em 1897, sofreu o primeiro acidente automobilístico registrado no Brasil.
Bilac viveu sozinho, após dois noivados desfeitos, e faleceu em 1918, vítima de edema pulmonar e insuficiência cardíaca. Sua influência no cenário literário e cívico é eterna, imortalizando-o como um dos grandes nomes da poesia brasileira.
O parnasianismo foi uma escola literária surgida na França, no século XIX, como uma reação ao sentimentalismo e subjetividade do romantismo. Caracterizou-se pelo rigor formal, objetividade e busca da perfeição estética na poesia.
Os parnasianos valorizavam a métrica rígida, as rimas ricas e a linguagem refinada, muitas vezes explorando temas clássicos e mitológicos.
A poesia parnasiana enfatizava a arte pela arte, ou seja, o compromisso maior era com a estética, e não com emoções ou engajamentos sociais.
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Se você pudesse voltar no tempo e dar um conselho ao você jovem, que conselho daria?
Se isso acontecesse comigo…
Sei que antes de tudo eu me daria um abraço…
Sim, me daria um abraço, pois sinto saudades daquele jovem.
Lembro sua inocência, seus sonhos e até mesmo das besteiras que fez (ou, que fiz!).
…e como foi difícil para ele (para mim).
Diria a ele, (isto é, a mim mesmo) que não tivesse medo de se apaixonar tantas vezes,
E de passar por tolo, várias vezes…
Diria que aquela tristeza seria superada, e que com o tempo ele iria até achar engraçado…
Diria também que não tivesse medo de dançar,
De parecer ridículo, e de ser menino várias vezes na vida…
Diria também que ele (eu) chorasse sempre que tivesse vontade, pois os humanos choram.
E que aquele papo de homens não choram, é conversa de imbecil insensível.
Que ele se (eu me) permitisse chorar.
Ah! Eu diria àquele jovem
Que não tivesse medo do estranho, e que fosse paciente com os carentes…
Pois todos são carentes em alguns momentos.
Se eu pudesse voltar no tempo
E me dar um conselho
Diria a mim mesmo, que me permitisse amar e ser amado,
Pois, ainda que clichê, amar é um privilégio dos vivos…
E se aquele jovem curioso me indagasse sobre o futuro, eu não o diria.
Diria apenas que não tivesse medo do futuro…
Que não temesse noites sem sono, não falaria a respeito da filha que viria a nascer quando ele menos esperasse…
Não falaria sobre perdas…
As perdas aconteceriam – mas, ele não precisaria saber,
Isso o permitiria amar espontaneamente…
Que não tivesse medo de dizer “eu te amo”
E que não deixasse passar as oportunidades.
Pois, ele ainda teria várias oportunidades, então que amasse…
Não diria que aqueles seus amigos só estariam até a página 12,
E que eles precisariam seguir suas vidas.
Também não falaria dos falsos amigos…
Eles o ensinariam muito sobre a vida…
E que doenças acontecem.
Que se permitisse chorar.
Sorrir…
Mas que não ficasse ansioso,
Pois tudo aconteceria em sua vida…
E ele precisaria disso tudo…
E se ele, isto é, eu chorasse,
Eu o (me) diria…
Não tenha medo… nem fique triste.
Eu vou estar olhando para você, em seus olhos todos os dias,
Todos os dias, esperando para ser quem sou.
Todas as vezes que ele se olhar no espelho.
Veja mais em: Conselhos a um jovem (pra quê a pressa?) – Jeito de ver
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O poeta anda triste…
Mas, será que ele resiste?
Ainda existe…
Tem caminhado em estradas do passado
é por onde tem andado…
por onde anda cansado
Talvez, seja um mero artista
um autista
um equilibrista neste misto de emoções
de mundos particulares reais,
de imaginário de amores irreais
Ficará louco!?
Se não, por pouco…
Mas, ainda existe…
Por que resiste
Em poesias rejeitadas em troças
de risos zombeteiros, de gargalhadas
de compaixão às avessas
de falsas paixões
de doces ciladas.
O poeta anda calado
sumido…
Apenas o vento, o tem ouvido
Mas, resiste…
Ainda existe…
Talvez iludido, não vê sentido.
Ele escreve, fala
quando a tristeza aperta,
quando a saudade aperta,
a inspiração alerta
e do sonho desperta…
Mas, quem ouve o poeta?
Quem ouvirá o poeta?
Que ainda existe…
que ainda resiste?
As perguntas voam nos ventos
em novas poemas, com o tempo.
Leia mais em Ouvir estrelas (Poesia clássica) – Jeito de ver
Gilson Cruz
Você lembra das frases seguintes nesses clássicos nacionais ?
“Meu coração, não sei por quê, bate feliz...” – Carinhoso, Braguinha (Letra) e Pixinguinha (Melodia)
“Eu pensei que todo mundo fosse filho de…” – Boas Festas, Assis Valente
“Agora eu era o herói e o meu cavalo…” – Chico Buarque( letra) Sivuca (Melodia)
“Veja… e não diga que a canção está perdida. Tenha…” – Tente Outra Vez, Raul Seixas/Paulo Coelho/Marcelo Motta
O que elas têm em comum? Todas foram compostas antes da década de 1980.
“Carinhoso” teve sua primeira gravação instrumental em 1928 e a versão cantada foi gravada pela primeira vez em 1937 por Orlando Silva. – Carinhoso – Pixinguinha
“Boas Festas“, de Assis Valente, retrata a injustiça social do ponto de vista de uma inocente criança e foi composta em 1932. – Posts | Discografia Brasileira
A melodia de “João e Maria“, criada por Sivuca na década de 1940, ganhou letra de Chico Buarque em 1976, narrando uma história de amor juvenil que não teve final feliz. – João e Maria (canção) – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)
A mensagem otimista de “Tente Outra Vez”, composta por Raul Seixas, Paulo Coelho e Marcelo Motta, surgiu em 1975.
Essas músicas marcaram época, mas hoje vemos um cenário diferente na música popular brasileira.
Atualmente, muitas canções abordam temas superficiais, separações e amores desfeitos com vozes padronizadas ( e às vezes, vozes bem desagradáveis), dificultando a diferenciação entre os artistas.
Opiniões variadas refletem a preocupação com a qualidade atual da música brasileira. Victor, da dupla Victor e Léo, criticou a pornografia e a sensualidade excessiva nas letras das músicas sertanejas atuais, considerando-as impróprias para crianças.
Estilos como funk, axé e pagode também enfrentam um período desafiador, carecendo de inovação e qualidade. Muitas músicas atuais não refletem uma visão crítica da sociedade, desvalorizando a mulher, incentivando a violência e comercializando atitudes e comportamentos.
Onde estão os novos poetas, escritores, compositores e críticos que movimentavam e motivavam uma geração inteira?
Por décadas, as gravadoras usavam o “jabá” – pagamento para que certas músicas tocassem nas rádios – para promover determinados artistas. Essa prática, deplorável, ainda existe, mas em formas ainda mais obscuras.
Hoje, existe um “jabá 2.0”, onde artistas sertanejos boicotam cantores de outros estilos, como revelou uma ex-empresária da Anitta, expondo o poder do dinheiro do agro na indústria musical. – Ex-empresária de Anitta viraliza ao expor poder do sertanejo e influência do agro na música | Diversão | O Dia (ig.com.br)
Essa influência do agronegócio também se reflete nos empresários de muitos cantores sertanejos universitários, criando uma aliança lucrativa. – Agro, sertanejo e direita: uma aliança antiga e lucrativa (intercept.com.br).
A música de qualidade fica em segundo plano diante dessa manipulação, deixando de ser executada nas principais estações, que perdem sua essência e são substituídas cada vez mais por plataformas de streaming.
Apesar da corrente e da falta de divulgação massiva, boas músicas e excelentes músicos existem e resistem!
Novos e antigos cantores ainda compõem belas músicas, dê uma chance a si mesmo de usufruí-las, estão disponíveis nas mais variadas plataformas.
Leia mais em A música como produto e arte – uma história! ‣ Jeito de ver
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Ser romântico
É poder sonhar, ao menos um pouco,
e planejar,
mesmo sabendo que a realidade não é um sonho.
É acreditar que é possível,
é ter uma razão para ser otimista
quando as luzes apagam
e acreditar na luz
quando outros se escondem na escuridão.
É acreditar…
Ser romântico é parecer tolo
aos insensíveis,
cegos aos hedonistas
e irreal aos vazios de alma,
aos que sobrevivem apenas ao dia.
É ter no riso uma razão a mais,
e nas palavras algo certo a dizer,
nas mãos a simplicidade,
mas ter algo,
ter algo sempre…
Ser romântico
é não desejar mais que o possível,
é não desprezar o que se tem.
Sim… é amar o que se tem.
É poder sonhar e lutar
quando outros se escondem,
e talvez parecer tolo aos insensíveis.
É valorizar o riso da pessoa amada…
e amar tudo, tudo que se pode ter.
Leia mais Versos sem destino ( um conto ) ‣ Jeito de ver
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Inspirado na Jovem Guarda e nas melodias românticas dos anos 1970, o compositor Alan Sampaio trabalhou em mais uma de suas belas melodias.
Conheça e prestigie a sua obra.
Tema: Tanto pra falar
De: Alan Sampaio/Gilson Cruz
Intérprete: Grupo Terra
Edição: Jeito de Ver
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