A matéria a seguir resume a história e as consequências da exploração gananciosa e irresponsável durante a colonização, apenas estimular o interesse do leitor.
O Jeito de Ver recomenda a leitura do conteúdo nos links, que certamente acrescentarão conhecimento detalhado e suporte ao estudante. Agora, vamos ao assunto:
Uma velha canção
Este artigo evoca uma canção interpretada por Xuxa, que se você já foi criança, certamente se lembrará.
A obra, uma criação de Michael Sullivan e Paulo Massadas, em 1988, de melodia vibrante e a voz suave da cantora, narra o cotidiano numa tribo: os rituais e a luta pela sobrevivência.
A letra, contudo, não é tão alegre quanto a melodia.
Nela, o índigena retratado expressa o desejo de recuperar sua paz, ansiando não ser tratado como nos antigos filmes de faroeste, onde eram vistos como vilões e selvagens.
Outra velha canção…
Então, como Edson Gomes uma vez cantou…
“Eu vou contar pra vocês, uma certa história do Brasil…” – focando nos povos indígenas, por ora!
Os portugueses chegaram a esta terra “que tudo dava” (e se não desse, seria tomado à força!) no dia 22 de abril de 1500, marcando o início da colonização brasileira. Desde então, a presença portuguesa tornou-se constante no território.
Alguns referem-se a isso como “O descobrimento do Brasil” pelos portugueses.
Agora, vejamos como eles chegaram aqui:
Um pouco de História
Entre 1383 e 1385, Portugal vivenciou uma significativa estabilidade política, propiciando o desenvolvimento comercial e tecnológico, incluindo avanços na navegação.
A posição geográfica de Portugal proporcionava um fácil acesso às correntes marítimas do Atlântico, e o crescimento comercial de Lisboa estabeleceu a cidade como um centro importante.
A necessidade de uma nova rota para o Oriente, após o fechamento do caminho usual por Constantinopla em 1453, impulsionou ainda mais a exploração marítima portuguesa.
Com a chegada dos portugueses ao Brasil, Portugal gozava do sucesso no comércio de especiarias indianas — produtos asiáticos como pimenta-do-reino, noz-moscada, perfumes e incenso, extremamente valiosos no mercado europeu.
A busca por uma nova rota para a Índia visava assegurar o acesso a essas mercadorias.
Após a chegada dos espanhóis à América em 1492, iniciou-se uma disputa territorial entre portugueses e espanhóis.
Essa rivalidade levou à criação de dois acordos: a bula Inter Caetera de 1493 e o Tratado de Tordesilhas de 1494.
Pedro Álvares Cabral e o início da ocupação
Neste cenário de exploração territorial a oeste e comércio na Índia, Portugal organizou uma nova expedição, liderada por Pedro Álvares Cabral, um homem de 1,90m de altura e cavaleiro da Ordem de Cristo desde 1494.
Historiadores ainda especulam sobre a escolha de Cabral como líder, dado que havia outros navegadores mais experientes, como Bartolomeu Dias.
A frota de Cabral era composta por 13 embarcações, incluindo nove naus, três caravelas e um navio de mantimentos, com um total de 1200 a 1500 homens, partindo de Lisboa em 9 de março de 1500.
O relato do avistamento de terras em 22 de abril de 1500 foi feito por Pero Vaz de Caminha, escrivão da expedição.
A carta de Caminha
“No dia seguinte [22 de abril], uma quarta-feira pela manhã, encontramos aves chamadas fura-buchos.
Nesse mesmo dia, no período das vésperas [entre 15h e 18h], avistamos terra! Primeiro, um grande monte, muito alto e redondo; em seguida, outras serras mais baixas ao sul do monte, e além, terras planas com vastos arvoredos.
O monte alto foi nomeado pelo Capitão como Monte Pascoal, e à terra, deu o nome de Terra de Vera Cruz.
Embora a terra tenha sido avistada em 22 de abril, foi apenas no dia seguinte que Cabral enviou homens até ela, e então ocorreram os primeiros contatos entre portugueses e nativos.
Segundo o relato de Pero Vaz de Caminha, “eles eram pardos, todos nus, sem nada que cobrisse suas partes íntimas. Nas mãos, carregavam arcos e flechas”.”
Os primeiros contatos
“A primeira expedição que marcou o início dos contatos entre portugueses e nativos foi liderada por Nicolau Coelho.
Ele e outros homens foram enviados à margem da praia em um bote para iniciar um relacionamento com os indígenas, e esses contatos foram pacíficos.
Em outro trecho sobre os nativos, Pero Vaz de Caminha descreve:
“Eles tinham uma aparência parda, ligeiramente avermelhada, com bons rostos e narizes.
Eram geralmente bem proporcionados. […] Ambos […] tinham o lábio inferior perfurado com um osso branco inserido, realmente um osso, com o comprimento de uma mão aberta e a espessura de um fuso de algodão, afiado na ponta como um punção.
Colocavam-no pelo lado de dentro do lábio, e a parte que ficava entre o lábio e os dentes era esculpida como um tabuleiro de xadrez, encaixada de tal forma que não atrapalhava a fala, nem a alimentação ou a bebida”.
O contato foi calmo, houve troca de presentes entre as duas partes, e alguns dos indígenas foram levados à embarcação onde estava o capitão-mor, Cabral, para que ele os conhecesse.
Foram-lhes dados alimentos e vinho, mas eles rejeitaram a comida e não gostaram do que experimentaram, segundo o relato de Caminha”
Bonitinha a história, não?
A história real
O site MUNDOEDUCAÇÃO.UOL.COM.BR traz informações adicionais:
A colonização portuguesa no Brasil foi marcada pela submissão e extermínio de milhões de indígenas.
Um padrão similar ao de outras colonizações europeias, como a espanhola, que também subjugou e dizimou povos nativos.
Durante as Grandes Navegações (séculos XV e XVI), os objetivos principais da Coroa portuguesa eram a expansão comercial e a aquisição de produtos para o comércio europeu, visando lucro.
Outros motivos existiam, mas estes dois serão o foco.
Em 1500, os portugueses que chegaram ao “Novo Mundo” (América) reivindicaram as terras e logo entraram em contato com os indígenas, chamados pejorativamente de “selvagens”.
Alguns historiadores referem-se a esse primeiro contato como um “encontro de culturas”, numa tentativa de suavizar as tensas relações estabelecidas.
O desencontro de culturas
No entanto, o início da colonização portuguesa representou um “desencontro de culturas”, caracterizado pelo extermínio e subjugação dos nativos, seja através de conflitos ou doenças trazidas pelos europeus, como gripe, tuberculose e sífilis.
No século XVI, foram poucos os empreendimentos realizados no território colonial.
As principais ações portuguesas, empregando trabalho escravo indígena, incluíram a nomeação de localidades costeiras, a confirmação da existência do pau-brasil e a construção de algumas feitorias.
A submissão e o extermínio dos indígenas pelos europeus estavam apenas começando na história do Brasil, entretanto não devemos esquecer a resistência que os povos indígenas empreenderam.
Os indígenas foram escravizados
As causas da escravidão indígena no Brasil estão intimamente ligadas aos objetivos dos portugueses na colonização do território.
Diferentemente do ocorrido na América do Norte, os colonizadores portugueses não se estabeleceram permanentemente, mas vieram com o intuito de explorar as riquezas naturais.
A mão de obra indígena era a única disponível; contudo, os índios não estavam acostumados ao trabalho escravo em larga escala.
Para forçar os indígenas ao trabalho, os colonizadores recorreram a ameaças, uso de força física e disseminação de doenças.
Muitas tribos foram exterminadas devido aos conflitos gerados pela resistência ao trabalho forçado.
Inúmeros indígenas fugiram para o interior do país para escapar da escravidão.
Com o insucesso da escravização dos povos nativos, os portugueses voltaram-se para a escravidão africana.
Os índios frequentemente resistiam à escravidão, e os portugueses, vendo a expansão como sua guerra santa, decidiram investir na escravidão africana, iniciando outro período sombrio.
“Os nativos não querem trabalhar…” era o que se dizia! (Já ouviu algo semelhante sobre os brasileiros? Quem, afinal, desejaria ser escravizado?)
O extermínio dos Povos Indígenas
A tragédia do extermínio indígena no Brasil pode ser quantificada nos números a seguir:
Cerca de 3,5 milhões de índios habitavam o Brasil na época do descobrimento. Dividiam-se em quatro grupos linguístico-culturais: tupi, jê, aruaque e caraíba. Com predominância Tupi.
Os esforços de extermínio persistem, embora de maneira dissimulada.
A mineração ilegal em territórios indígenas contamina o solo e as águas com mercúrio, resultando em desnutrição e mortes.
Tempos de corrupção e desinformação
Em tempos de desinformação, alguns podem ser persuadidos pelo argumento de um ex-jornalista que sugere erroneamente que aproximadamente 18 mil indígenas Yanomami vivem em uma área do tamanho de Pernambuco, mas sofrem de fome por não quererem trabalhar.
– “Lembra-se da velha narrativa dos nativos preguiçosos?”
Como diriam os indígenas nos antigos filmes americanos, mas com um sotaque brasileiro: “Homem branco tem pensamento equivocado!”
Descobrir quem financia esse tipo de desinformação não seria surpreendente.
O que não foi mencionado, seja por esquecimento ou má intenção, é que as terras onde vivem esses indígenas e as águas dos rios próximos estão desprovidas de vida, contaminadas pelo mercúrio utilizado pelos garimpeiros ilegais.
O que se cultiva não prospera… ou prospera apenas para causar morte!
É triste reconhecer, mas a avidez e a corrupção predatória dos “civilizados” também contribuem para o extermínio dos povos indígenas no Brasil.
Reflexão
E o que se esperar dos representantes eleitos?
Como representantes de si mesmos e de donos do poder ( pesquise lobby – o que é isso? –Você sabe o que é lobby político? | Politize!), continuarão emitindo notas de repúdio… continuando ricos – às custas dos bestializados.
Que jamais entenderão sequer uma simples canção infantil .
Fonte:
Escravidão indígena: contexto, causas, resistência – Brasil Escola (uol.com.br)
Portugueses e indígenas: encontro ou desencontro de culturas? (uol.com.br)
As sociedades indígenas brasileiras no século XVI (rio.rj.gov.br)
– Último censo do IBGE registrou quase 900 mil indígenas no país; dados serão atualizados em 2022 — Fundação Nacional dos Povos Indígenas (www.gov.br).
Fonte : Descobrimento do Brasil: contexto, curiosidades – Brasil Escola (uol.com.br)
Saiba mais em Os índios e o velho Oeste (História) – Jeito de ver.