Esse bonde chamado tempo ( Hora de partir )

Um bonde. Em um texto comovente e inspirador.

Imagem de Mazarik por Pixabay

Lamento dizer…

mas o bonde está passando.

Você talvez não se lembre,

mas quando você apareceu por aqui, você chorava.

Não estranhe, por favor,

todos os que pegam a próxima parada

também saem chorando

Enquanto outros ficam a chorar também,

olhando pela janela

os que descem.

Com o tempo você vai entender

que você perdeu uma boa parte da viagem

mas o bom é que a sua viagem começa aqui.

Você conhecerá um monte de gente

boa e má

pois muitos se conheceram nessa linha,

aqui se apaixonaram, amaram, se decepcionaram, amaram novamente

tiveram filhos, construíram uma história

Outros decidiram viajar sozinhos…

e foram felizes, mesmo assim.

Alguns abraçaram

o que outros deixaram partir

Alguns desistiram da viagem no meio do caminho

Outros foram obrigados a sair…

quando isso aconteceu

infelizmente, eu não pude parar.

Esse bonde corre em apenas uma direção

Não para, nem pode voltar.

Você às vezes terá pressa

noutras, você vai querer que o bonde ande bem devagarinho.

Ficará chateado e desapontado uma porção de vezes

noutras, você você vai esquecer estes momentos,

destes acidentes de percurso…

Talvez você veja até mesmo o amor de sua vida

descer no meio do caminho…

ou mudar de assento.

Isso pode acontecer

Mas, não desanime,

o amor sempre acontece nesta viagem

Não deixe que os desastres do caminho te façam desistir de amar

de ser feliz…

A viagem é única… aproveite!

aproveite as experiências

as companhias

o trajeto

Viva a estrada…

Pois,

lamento te dizer, uma hora

você também terá que abandonar a este bonde

E que outros assim como você, entrarão chorando…

os que te amam, ou te odeiam, te verão apenas pelas janelas

e delas chorarão.

E você não saberá, nem mesmo lembrará

desta viagem apressada

assim como não lembra como entrou aqui

Neste bonde

implacável

chamado tempo.

Gilson Cruz

Veja mais em: Presos ( Onde está a tua liberdade?) – Jeito de ver.

O que é a música “brega”? – História

Um disco na vitrola. O que é a música brega e qual a sua importância da música brega na MPB?

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O Termo “Brega”,  para se referir a certas músicas, tornou-se popular na década de 1970, ganhou força nas décadas de 1980 e 1990 e é, hoje, um estilo musical no Pará.

Mas, calma… as coisas não são tão simples assim…

Um pouco de história.

Das décadas de 1940 a 1960, na era de ouro do Rádio, as canções mais populares eram as românticas. As interpretações transmitiam o sentimento por trás das letras nas melodias românticas e o drama em letras bem tristes (é verdade que às vezes, até exageravam um pouquinho  no modo de expressar  – “Tornei-me um ébrio”, Vicente Celestino é um excelente exemplo de interpretação dramática!).

Você consegue imaginar a dor imposta por Silvinho ao cantar: “Essa noite eu queria que o mundo acabasse, e para o inferno o Senhor me mandasse, para pagar todos os pecados meus...”(?)

Ou o Orlando Silva ” Tu és a criatura mais linda que meus olhos já viram, tu tens a boca mais linda, qua a minha boca beijou…” (?)

O estilo de canto nas décadas anteriores eram influenciados pelo modo de cantar italiano e de países latinos, quanto aos arranjos musicais orquestrais eram também simples, as letras eram bem trabalhadas, lindas, poéticas.

Por fim, na década de 1960, o aparecimento de novos estilos como o Rock’n roll, Bossa Nova e a Tropicália (já quase no fim da década) despertou o desejo de partir para novas experiências.

E então, os jovens de classe média e alta passaram a se referir às canções e ao a estilo dos cantores das décadas passadas como sendo cafonas (que vem do italiano cafone, que significa camponês, indivíduo rude, estúpido), que significa de “péssimo gosto, sem elegância, espalhafatoso”.

A moda agora era a bossa nova, com arranjos marcados pela dissonância dos acordes, num estilo que soava semelhante a uma mistura do samba nacional desacelerado com o jazz americano.

As canções que não se ajustavam aos sofisticados novos arranjos não eram aceitas por essa “nova elite” como sendo música de qualidade.

Enfim, com a chegada da Tropicália, que fundia as influências regionais com o Rock, o declínio do Iê-iê-iê (conhecido hoje como Jovem Guarda) e da Bossa Nova, a música brasileira ganhava agora uma marca pela qual é conhecida até hoje: MPB.

MPB, Música Popular Brasileira, é o termo que define canções com arranjos melódicos um tanto mais complexos e letras bem trabalhadas.

A “elite” amava a MPB (alguns militares nas décadas de 1960 e 1970 não, mas isto é outra história! – Pra não dizer que não falei de flores…) e olhava a música mais popular com um certo desprezo.

Canções com arranjos simples, que falavam de amor de modo simples, canções engraçadas ou que não se ajustassem a determinados gostos perderam a alcunha de “Cafonas” e passaram a ser chamadas “Bregas”.

Mas, por que Brega?

A origem da palavra Brega é controversa, uma das explicações é que ela é derivada de Chumbrega que significa “de má qualidade, ordinário, reles”.

Sentiu um pouco do preconceito? – Pois era isso mesmo!

Mas eram essas canções que vendiam MUITO!

As grandes gravadoras mantinham, às vezes, dois selos, como a Poligram, que tinha a Polidor. Enquanto um  selo era responsável pelas  gravações de cantores da chamada MPB a outra era especializada em gravar músicas mais comerciais.

O interessante da história é que os chamados cantores bregas vendiam muito mais que os cantores MPB e as gravadoras sabiamente usavam o lucro dessas vendas para produzir novas obras de arte, de cantores de vendagens menos expressivas.

A palavra brega como adjetivo é usada de modo depreciativo, mas quando usada como  substantivo designa um ritmo paraense que tem influências nas músicas caribenhas, na lambada e na jovem guarda.

Resumo: O que ficou conhecido pelo nome Música brega não é um estilo ou um ritmo.

A música brega é na verdade um conjunto de canções populares, com arrranjos simples,  que falam de amor de forma simples e que tratam da realidade de pessoas comuns. Por isso são canções bem comerciais.

São canções diferentes – como as canções devem ser.

E quando se trata de gostar… quem se ousa a dizer que um estilo é superior a outro?

Música é música.

– Você pode gostar ou não. Ouvir ou não!

E como dizia o Cazuza: “O amor é brega”.

Então… esqueça o rótulo!

Curta as suas músicas preferidas.

Gilson Cruz

Leia mais em

O drama do músico – As escolhas ‣ Jeito de ver

A música atual está tão pior assim? ‣ Jeito de ver

Ouvir estrelas (Poesia clássica)

Um casal na noite. "Ouvir Estrelas". Uma das mais belas poesias de Olavo Bilac.

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“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”

(Poesias, Via-Láctea, 1888.)

Olavo Bilac

Conheça   O poeta ( Uma poesia simples) – Jeito de ver

Olavo Bilac (Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac), jornalista, poeta, inspetor de ensino, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 16 de dezembro de 1865, e faleceu, na mesma cidade, em 28 de dezembro de 1918. Um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, criou a cadeira nº. 15, que tem como patrono Gonçalves Dias. – Olavo Bilac | Academia Brasileira de Letras

Se pudesse voltar no tempo

Um por de sol e alguém refletindo. Se você pudesse voltar no tempo e dar um conselho a si mesmo, que conselho daria? - Para reletir.

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Se você pudesse voltar no tempo e dar um conselho ao você jovem, que conselho daria?

Se isso acontecesse comigo…

Sei que antes de tudo eu me daria um abraço…
sim, me daria um abraço, pois sinto saudades daquele jovem.
Lembro sua inocência, seus sonhos e até mesmo das besteiras que fez ( ou, que fiz!)

…e como foi difícil para ele (para mim).

Diria a ele, (isto é, a mim mesmo) que não tivesse medo de se apaixonar tantas vezes,
E de passar por tolo, várias vezes …

Diria que aquela tristeza seria superada, e que com o tempo ele iria até achar engraçado…

Diria também que não tivesse medo de dançar
De parecer ridículo, e de ser menino várias vezes na vida…

Diria também que ele (eu) chorasse sempre que tivesse vontade, pois os humanos choram
E que aquele papo de homens não choram, é conversa de imbecil insensível.
Que ele se (eu me) permitisse chorar

Ah! Eu diria àquele jovem
Que não tivesse medo do estranho, e que fosse paciente com os carentes…
Pois todos são carentes em alguns momentos

Se eu pudesse voltar no tempo
E me dar um conselho
Diria a mim mesmo, que me permitisse amar e ser amado
Pois, ainda que clichê, amar é um privilégio dos vivos…

E se aquele jovem curioso me indagasse sobre o futuro, eu não o diria.
Diria apenas que não tivesse medo do futuro…
Que não temesse noites sem sono, não falaria a respeito da filha que viria a nascer quando ele menos esperasse…

Não falaria sobre perdas…
As perdas  aconteceriam – mas, ele não precisaria saber,
Isso o permitiria amar espontaneamente…

Que não tivesse medo dizer eu te amo
E que não deixasse passar as oportunidades
Pois, ele ainda teria várias oportunidades, então que amasse…

Não diria que aqueles seus amigos, só estariam até a página 12

e que eles precisariam seguir suas vidas

Também não não falaria dos falsos amigos…

Eles o ensinariam muito sobre a vida…

E  que doenças acontecem.

Que se permitisse chorar
Sorrir…
Mas que não ficasse ansioso
Pois tudo aconteceria em sua vida…
E ele precisaria disso tudo…

E se ele, isto é, eu chorasse
Eu o (me) diria…
Não tenha medo…nem fique triste
Eu vou estar olhando para você,  em seus olhos todos os dias
Todos os dias, esperando para ser quem sou

Todas as vezes que ele  se olhar no espelho.

Veja mais em:  Conselhos a um jovem (pra quê a pressa?) – Jeito de ver

Palavras de 2023 – o ano que passou! ‣ Jeito de ver

O poeta ( Uma poesia simples)

Observando o Por do Sol. Uma poesia sobre a melancolia e o drama do poeta.

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O poeta anda triste…

Mas, será que ele resiste?

Ainda existe…

Tem caminhado em estradas do passado

é por onde tem andado…

por onde anda cansado

Talvez, seja um mero artista

um autista

um equilibrista neste misto de emoções

de mundos particulares reais,

de imaginário de amores irreais

Ficará louco!?

Se não, por pouco…

Mas, ainda existe…

Por que resiste

Em poesias rejeitadas em troças

de risos zombeteiros, de gargalhadas

de compaixão às avessas

de falsas paixões

de doces ciladas.

O poeta anda calado

sumido…

Apenas o vento, o tem ouvido

Mas, resiste…

Ainda existe…

Talvez iludido, não vê sentido.

Ele escreve, fala

quando a tristeza aperta,

quando a saudade aperta,

a inspiração alerta

e do sonho desperta…

Mas, quem ouve o poeta?

Quem ouvirá o poeta?

Que ainda existe…

que ainda resiste?

As perguntas voam nos ventos

em novas poemas, com o tempo.

Leia mais em Ouvir estrelas (Poesia clássica) – Jeito de ver

A música atual está tão pior assim?

Gilson Cruz

Você lembra das frases seguintes nesses clássicos nacionais ?

Meu coração, não sei por quê, bate feliz...”  – Carinhoso, Braguinha (Letra) e Pixinguinha (Melodia)

Eu pensei que todo mundo fosse filho de…”  – Boas Festas, Assis Valente

“Agora eu era o herói e o meu cavalo…”  –  Chico Buarque( letra)  Sivuca (Melodia)

Veja… e não diga que a canção está perdida. Tenha…”  –  Tente Outra Vez, Raul Seixas/Paulo Coelho/Marcelo Motta

O que elas têm em comum? Todas foram compostas antes da década de 1980.

“Carinhoso” teve sua primeira gravação instrumental em 1928 e a versão cantada foi gravada pela primeira vez em 1937 por Orlando Silva. –  Carinhoso – Pixinguinha

Boas Festas, de Assis Valente, retrata a injustiça social do ponto de vista de uma inocente criança e foi composta em 1932. –  Posts | Discografia Brasileira

A melodia de “João e Maria“, criada por Sivuca na década de 1940, ganhou letra de Chico Buarque em 1976, narrando uma história de amor juvenil que não teve final feliz. –  João e Maria (canção) – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

A mensagem otimista de “Tente Outra Vez”, composta por Raul Seixas, Paulo Coelho e Marcelo Motta, surgiu em 1975.

Essas músicas marcaram época, mas hoje vemos um cenário diferente na música popular brasileira.

Atualmente, muitas canções abordam temas superficiais, separações e amores desfeitos com vozes padronizadas ( e às vezes, vozes bem desagradáveis), dificultando a diferenciação entre os artistas.

A falta de inovação, de qualidade e o jabá

Opiniões variadas refletem a preocupação com a qualidade atual da música brasileira. Victor, da dupla Victor e Léo, criticou a pornografia e a sensualidade excessiva nas letras das músicas sertanejas atuais, considerando-as impróprias para crianças.

Estilos como funk, axé e pagode também enfrentam um período desafiador, carecendo de inovação e qualidade. Muitas músicas atuais não refletem uma visão crítica da sociedade, desvalorizando a mulher, incentivando a violência e comercializando atitudes e comportamentos.

Onde estão os novos poetas, escritores, compositores e críticos que movimentavam e motivavam uma geração inteira?

Por décadas, as gravadoras usavam o “jabá” – pagamento para que certas músicas tocassem nas rádios – para promover determinados artistas. Essa prática, deplorável, ainda existe, mas em formas ainda mais obscuras.

Hoje, existe um “jabá 2.0”, onde artistas sertanejos boicotam cantores de outros estilos, como revelou uma ex-empresária da Anitta, expondo o poder do dinheiro do agro na indústria musical. – Ex-empresária de Anitta viraliza ao expor poder do sertanejo e influência do agro na música | Diversão | O Dia (ig.com.br)

Essa influência do agronegócio também se reflete nos empresários de muitos cantores sertanejos universitários, criando uma aliança lucrativa. – Agro, sertanejo e direita: uma aliança antiga e lucrativa (intercept.com.br).

A música de qualidade fica em segundo plano diante dessa manipulação, deixando de ser executada nas principais estações, que perdem sua essência e são substituídas cada vez mais por plataformas de streaming.

Apesar da corrente e da falta de divulgação massiva, boas músicas e excelentes músicos existem e resistem!

Novos e antigos cantores ainda compõem belas músicas, dê uma chance a si mesmo de usufruí-las, estão disponíveis nas mais variadas plataformas.

Leia mais em A música como produto e arte – uma história! ‣ Jeito de ver

 

 

 

Romântico (Uma poesia simples)

Clima de romance. O que é ser Romântico? Veja a Poesia.

Romance

 

 

Ser romântico

é poder sonhar, ao menos um pouco,

e planejar

mesmo sabendo que a realidade não é um sonho.

É acreditar que é possível

 É ter uma razão, para ser otimista

quando as luzes apagam

e acreditar na luz

quando outros se escondem na escuridão

É acreditar…

 Ser romântico é parecer tolo

aos  insensíveis

cegos aos  hedonistas

E irreal, aos vazios de alma…

aos que sobrevivem apenas ao dia.

 É ter no riso uma razão a mais

e nas palavras algo certo a dizer

nas mãos a simplicidade

mas ter algo,

Ter algo sempre…

Ser romântico

é não desejar mais que o possível

é não desprezar o que se tem

Sim…é amar o que se tem

É poder sonhar e lutar, quando outros se escondem

e talvez parecer tolo aos insensíveis

É valorizar o riso da pessoa amada…

e amar tudo, tudo que se pode ter.

 

Leia mais Versos sem destino ( um conto ) ‣ Jeito de ver

 

Rosa Negra – Ranne Ramos

Um homem, um violão, a arte A canção "Rosa Negra" é uma bela composição de Ranne Ramos. Divulgue a sua obra.

Imagem de Firmbee por Pixabay

 

 

 

Segue informações sobre a faixa:

ROSA NEGRA

Autor: Ranne Ramos

Ano : 2010-2011

Intérprete: Grupo Terra

 

 

Rosa Negra

 

A cor do som

na tristeza de um acorde menor

Da inocência, enclausurada ao riso, presa por um nó

 

E a minha dor, o meu amor

andam lado a lado com as estrelas

E ao deserto, fui atrás de uma miragem para que eu te esqueça

Rosa Negra

 

Te ver sorrir é melhor que contemplar o mar

E um universo sem razão

ri, como o seu olhar

E a vida flui como um Jazz, meio desconexo

E eu encontro a paz, que me traz enfim

um sentimento, complexo…

 

Rosa Negra…

Veja mais Veja mais em

 

Veja também Rosa Negra – Videoclipe da canção ‣ Jeito de ver

 

 

 

Vamos brincar de índio? (Informativo)

Pequenos indígenas. Cerca de 3,5 milhões de índios habitavam o Brasil na época do descobrimento.

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A matéria a seguir resume a história e as consequências da exploração gananciosa e  irresponsável durante a colonização, apenas estimular o interesse do leitor.

O Jeito de Ver recomenda a leitura do conteúdo nos links, que certamente acrescentarão conhecimento detalhado e suporte ao estudante. Agora, vamos ao assunto:

Uma velha canção

Este artigo evoca uma canção interpretada por Xuxa, que se você já foi criança, certamente se lembrará.

A obra, uma criação de Michael Sullivan e Paulo Massadas, em 1988, de melodia vibrante e a voz suave da cantora, narra o cotidiano numa tribo: os rituais e a luta pela sobrevivência.

A letra, contudo, não é tão alegre quanto a melodia.

Nela, o índigena retratado expressa o desejo de recuperar sua paz, ansiando não ser tratado como nos antigos filmes de faroeste, onde eram vistos como vilões e selvagens.

Outra velha canção…

Então, como Edson Gomes uma vez cantou…

“Eu vou contar pra vocês, uma certa história do Brasil…” – focando nos povos indígenas, por ora!

Os portugueses chegaram a esta terra “que tudo dava” (e se não desse, seria tomado à força!) no dia 22 de abril de 1500, marcando o início da colonização brasileira. Desde então, a presença portuguesa tornou-se constante no território.

Alguns referem-se a isso como “O descobrimento do Brasil” pelos portugueses.

Agora, vejamos como eles chegaram aqui:

Um pouco de História

Entre 1383 e 1385, Portugal vivenciou uma significativa estabilidade política, propiciando o desenvolvimento comercial e tecnológico, incluindo avanços na navegação.

A posição geográfica de Portugal proporcionava um fácil acesso às correntes marítimas do Atlântico, e o crescimento comercial de Lisboa estabeleceu a cidade como um centro importante.

A necessidade de uma nova rota para o Oriente, após o fechamento do caminho usual por Constantinopla em 1453, impulsionou ainda mais a exploração marítima portuguesa.

Com a chegada dos portugueses ao Brasil, Portugal gozava do sucesso no comércio de especiarias indianas — produtos asiáticos como pimenta-do-reino, noz-moscada, perfumes e incenso, extremamente valiosos no mercado europeu.

A busca por uma nova rota para a Índia visava assegurar o acesso a essas mercadorias.

Após a chegada dos espanhóis à América em 1492, iniciou-se uma disputa territorial entre portugueses e espanhóis.

Essa rivalidade levou à criação de dois acordos: a bula Inter Caetera de 1493 e o Tratado de Tordesilhas de 1494.

Pedro Álvares Cabral e o início da ocupação

Neste cenário de exploração territorial a oeste e comércio na Índia, Portugal organizou uma nova expedição, liderada por Pedro Álvares Cabral, um homem de 1,90m de altura e cavaleiro da Ordem de Cristo desde 1494.

Historiadores ainda especulam sobre a escolha de Cabral como líder, dado que havia outros navegadores mais experientes, como Bartolomeu Dias.

A frota de Cabral era composta por 13 embarcações, incluindo nove naus, três caravelas e um navio de mantimentos, com um total de 1200 a 1500 homens, partindo de Lisboa em 9 de março de 1500.

O relato do avistamento de terras em 22 de abril de 1500 foi feito por Pero Vaz de Caminha, escrivão da expedição.

A carta de Caminha

“No dia seguinte [22 de abril], uma quarta-feira pela manhã, encontramos aves chamadas fura-buchos.

Nesse mesmo dia, no período das vésperas [entre 15h e 18h], avistamos terra! Primeiro, um grande monte, muito alto e redondo; em seguida, outras serras mais baixas ao sul do monte, e além, terras planas com vastos arvoredos.

O monte alto foi nomeado pelo Capitão como Monte Pascoal, e à terra, deu o nome de Terra de Vera Cruz.

Embora a terra tenha sido avistada em 22 de abril, foi apenas no dia seguinte que Cabral enviou homens até ela, e então ocorreram os primeiros contatos entre portugueses e nativos.

Segundo o relato de Pero Vaz de Caminha, “eles eram pardos, todos nus, sem nada que cobrisse suas partes íntimas. Nas mãos, carregavam arcos e flechas”.”

Os primeiros contatos

“A primeira expedição que marcou o início dos contatos entre portugueses e nativos foi liderada por Nicolau Coelho.

Ele e outros homens foram enviados à margem da praia em um bote para iniciar um relacionamento com os indígenas, e esses contatos foram pacíficos.

Em outro trecho sobre os nativos, Pero Vaz de Caminha descreve:

“Eles tinham uma aparência parda, ligeiramente avermelhada, com bons rostos e narizes.

Eram geralmente bem proporcionados. […] Ambos […] tinham o lábio inferior perfurado com um osso branco inserido, realmente um osso, com o comprimento de uma mão aberta e a espessura de um fuso de algodão, afiado na ponta como um punção.

Colocavam-no pelo lado de dentro do lábio, e a parte que ficava entre o lábio e os dentes era esculpida como um tabuleiro de xadrez, encaixada de tal forma que não atrapalhava a fala, nem a alimentação ou a bebida”.

O contato foi calmo, houve troca de presentes entre as duas partes, e alguns dos indígenas foram levados à embarcação onde estava o capitão-mor, Cabral, para que ele os conhecesse.

Foram-lhes dados alimentos e vinho, mas eles rejeitaram a comida e não gostaram do que experimentaram, segundo o relato de Caminha”

Bonitinha a história, não?

A história real

O site MUNDOEDUCAÇÃO.UOL.COM.BR traz informações adicionais:

A colonização portuguesa no Brasil foi marcada pela submissão e extermínio de milhões de indígenas.

Um padrão similar ao de outras colonizações europeias, como a espanhola, que também subjugou e dizimou povos nativos.

Durante as Grandes Navegações (séculos XV e XVI), os objetivos principais da Coroa portuguesa eram a expansão comercial e a aquisição de produtos para o comércio europeu, visando lucro.

Outros motivos existiam, mas estes dois serão o foco.

Em 1500, os portugueses que chegaram ao “Novo Mundo” (América) reivindicaram as terras e logo entraram em contato com os indígenas, chamados pejorativamente de “selvagens”.

Alguns historiadores referem-se a esse primeiro contato como um “encontro de culturas”, numa tentativa de suavizar as tensas relações estabelecidas.

O desencontro de culturas

No entanto, o início da colonização portuguesa representou um “desencontro de culturas”, caracterizado pelo extermínio e subjugação dos nativos, seja através de conflitos ou doenças trazidas pelos europeus, como gripe, tuberculose e sífilis.

No século XVI, foram poucos os empreendimentos realizados no território colonial.

As principais ações portuguesas, empregando trabalho escravo indígena, incluíram a nomeação de localidades costeiras, a confirmação da existência do pau-brasil e a construção de algumas feitorias.

A submissão e o extermínio dos indígenas pelos europeus estavam apenas começando na história do Brasil, entretanto não devemos esquecer a resistência que os povos indígenas empreenderam.

Os indígenas foram escravizados

As causas da escravidão indígena no Brasil estão intimamente ligadas aos objetivos dos portugueses na colonização do território.

Diferentemente do ocorrido na América do Norte, os colonizadores portugueses não se estabeleceram permanentemente, mas vieram com o intuito de explorar as riquezas naturais.

A mão de obra indígena era a única disponível; contudo, os índios não estavam acostumados ao trabalho escravo em larga escala.

Para forçar os indígenas ao trabalho, os colonizadores recorreram a ameaças, uso de força física e disseminação de doenças.

Muitas tribos foram exterminadas devido aos conflitos gerados pela resistência ao trabalho forçado.

Inúmeros indígenas fugiram para o interior do país para escapar da escravidão.

Com o insucesso da escravização dos povos nativos, os portugueses voltaram-se para a escravidão africana.

Os índios frequentemente resistiam à escravidão, e os portugueses, vendo a expansão como sua guerra santa, decidiram investir na escravidão africana, iniciando outro período sombrio.

“Os nativos não querem trabalhar…” era o que se dizia! (Já ouviu algo semelhante sobre os brasileiros? Quem, afinal, desejaria ser escravizado?)

O extermínio dos Povos Indígenas

A tragédia do extermínio indígena no Brasil pode ser quantificada nos números a seguir:

Cerca de 3,5 milhões de índios habitavam o Brasil na época do descobrimento. Dividiam-se em quatro grupos linguístico-culturais: tupi, jê, aruaque e caraíba. Com predominância Tupi.

Os esforços de extermínio persistem, embora de maneira dissimulada.

A mineração ilegal em territórios indígenas contamina o solo e as águas com mercúrio, resultando em desnutrição e mortes.

Tempos de corrupção e desinformação

Em tempos de desinformação, alguns podem ser persuadidos pelo argumento de um ex-jornalista que sugere erroneamente que aproximadamente 18 mil indígenas Yanomami vivem em uma área do tamanho de Pernambuco, mas sofrem de fome por não quererem trabalhar.

– “Lembra-se da velha narrativa dos nativos preguiçosos?”

Como diriam os indígenas nos antigos filmes americanos, mas com um sotaque brasileiro: “Homem branco tem pensamento equivocado!

Descobrir quem financia esse tipo de desinformação não seria surpreendente.

O que não foi mencionado, seja por esquecimento ou má intenção, é que as terras onde vivem esses indígenas e as águas dos rios próximos estão desprovidas de vida, contaminadas pelo mercúrio utilizado pelos garimpeiros ilegais.

O que se cultiva não prospera… ou prospera apenas para causar morte!

É triste reconhecer, mas a avidez e a corrupção predatória dos “civilizados” também contribuem para o extermínio dos povos indígenas no Brasil.

Reflexão

E o que se esperar dos representantes eleitos?

Como representantes de si mesmos e de donos do poder  ( pesquise lobby – o que é isso? –Você sabe o que é lobby político?  | Politize!), continuarão emitindo notas de repúdio… continuando ricos – às custas dos bestializados.

Que jamais entenderão sequer uma simples canção infantil .

 

Fonte:

Escravidão indígena: contexto, causas, resistência – Brasil Escola (uol.com.br)

Portugueses e indígenas: encontro ou desencontro de culturas? (uol.com.br)

As sociedades indígenas brasileiras no século XVI (rio.rj.gov.br)

– Último censo do IBGE registrou quase 900 mil indígenas no país; dados serão atualizados em 2022 — Fundação Nacional dos Povos Indígenas (www.gov.br).

Fonte : Descobrimento do Brasil: contexto, curiosidades – Brasil Escola (uol.com.br)

Saiba mais em Os índios e o velho Oeste (História) – Jeito de ver.

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