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Um pouco de preguiça (um poema)

Despertador. Os momentos de tédio são preguiçosos. Uma poesia sobre aproveitar o tédio.

Imagem de Jan Vašek por Pixabay

 

Momentos para contemplar

Gilson Cruz

Preguiçosa como as Segundas

O Ritmo dos Sentimentos

A ansiedade caminha,
a tristeza senta,
mas a alegria tem pressa,
não quer esperar.

O Tempo Preguiçoso

Preguiçosa
como todas as segundas,
passam as horas de angústia
e o nada se encaixa no vazio,
sem imaginação.

E os pensamentos querem voar,
voar como as horas voam
na presença da pessoa amada
e nos bons momentos.

Voar como o tempo da canção,
das notas.
E também andar,
mas sem pressa.

A Contemplação

Preguiçosamente,
contemplar também o que há de bom…

O nascer de um dia de sol,
as diferentes nuvens
de um dia de chuva.

Um bom livro,
uma boa música,
a melhor companhia,
a noite,
e o dom da vida…

 

Veja mais em A esperança (Poesia de resistência) ‣ Jeito de ver

 

 

 

 

 

 

 

Um dia no museu Paraguaçu (Informativo)

Uma pessoa num banco. Um texto sobre o pequeno Museu da Comunicação em Iaçu - Bahia,

Imagem de Daniel Nebreda por Pixabay

Uma breve visita ao museu  Paraguaçu

“O futuro já se faz presente, mas é o passado que serve de fundamento para o que vemos hoje”.

Essa é a verdade que define um museu: a criação de um amanhã ainda mais esplêndido.

Um sonho trazido à realidade pelo visionário Adalberto de Freitas Guimarães, pensado para que possamos desacelerar e valorizar a vida e a história, peças-chave para entendermos de onde viemos e para onde vamos.

Esse projeto tem atraído a atenção de turistas e moradores da hospitaleira Iaçu, localizada a 279 km de Salvador, a capital da Bahia.

Independente de patrocínios, movido por uma determinação inquebrantável, o Sr. Adalberto segue ampliando sua coleção de objetos que narram a evolução da comunicação e das artes.

E como ele mesmo, com um sorriso no rosto, gosta de dizer: “O futuro se torna mais fascinante quando temos um passado para explorar!

Conheça um pouco do acervo do museu Paraguaçu.

Raridades do Museu da Comunicação e Arte em Iaçu/BA

Relógio antigo.

O tempo…

Relógio em forma de Bicicleta.

O tempo não para…

Primeira bicicleta do Município

Primeira bicicleta do Município

Câmeras Fotográficas e Mídias

Como seus avós ouviam aquele “som-zinho” e as notícias da época?

Conheça o acervo de rádios do Rio Paraguaçu. Você vai ouvir um monte de histórias incríveis!

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Para você que ama uma “selfie”,  já conhece o famoso “lambe-lambe”? Sim, esse é o nome, para saber o por quê visite o museu.

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Câmeras fotográficas.

Cortesia do Museu da Comunicação de Iaçu.

Um antigo rádio de madeira.

Rádio antigo.

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Você talvez se pergunte ao ver este rádio: Meu Deus, de onde é que vem isso?

Onde eu aperto para baixar músicas? – Conheça a história, você vai gostar.

Antiga máquina de escrever.

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Que tal um pouco de digitação? Conheça a incrível máquina de escrever!

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Ou quem sabe fazer aquela ligação?

Você talvez se pergunte: “Como é que faziam pra escrever as mensagem do whatsApp na época?”

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Esse é o “gramophone com ph.

Naquele tempo, se escrevia farmácia com ph.

E hoje como se escreve?

Seção de brinquedos antigos
Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Um máquina ferroviária, do artista: Bugaiau

E para finalizar…
Sede do Museu e Radio Paragauçu

Turista fazendo visita ao Museu.

…  um turista aproveitando a oportunidade.

Um homem e um projeto, você já imaginou o quão longe ainda se pode ir com o apoio de setores públicos e privados?

Apoiar a cultura e a arte é investir no futuro.

Caro leitor, seu apoio é importante.

Visite o Museu Paraguaçu e veja muito mais!

Leia também Uma breve história da Comunicação – Jeito de ver.

Nota:

Adalberto de Freitas Guimarães veio a falecer no dia 18/01/2025, dois anos após esta matéria. Uma grande perda.

O amigo Adalberto de Freitas Guimarães, além de fundador da Rádio Rio Paraguaçu, foi o idealizador do Museu de Iaçu.

Também se destacou como um grande incentivador do nosso site, Jeito de Ver (www.jeitodever.com).

Seu nome estará eternamente associado à história da Cultura e da Comunicação em Iaçu-BA.

Que sua memória continue a inspirar os habitantes desta cidade que ele tanto amou ao longo de sua vida.

Jeitodever.com

Um Professor (os desafios de um educador!)

Um professor. O texto sobre os desafios de ensinar História.

O Professor

Imagem de Pexels por Pixabay

Permita-me contar uma história que vi acontecer e que me ensinou que nem todos estão dispostos a mudar o statuos quo.

Status quo é uma expressão em latim que significa “estado atual” ou “situação atual”.

Refere-se à condição ou circunstância existente em determinado momento, especialmente em contextos sociais, políticos ou culturais.

Geralmente, é usado para descrever a manutenção das coisas como estão, sem mudanças significativas.

Vamos à história…

Era ainda o ano de 2005 e o professor de História, Régis, se preocupava com a falta de interesse político dos alunos na escola onde lecionava.

Era comum aos alunos, velhas frases como:

“Políticos são todos ladrões”, “Já que eles vão roubar mesmo, meu voto não sai de graça”, “Sindicalistas são todos vagabundos” e frases um pouco menos otimistas que estas.

Alguns jargões foram criados durante os anos em que o Brasil esteve sob Regime Militar (Ditadura) 1964-1985 e outros criados por empresários que também estavam muito preocupados com o bem estar geral ( se você acreditar, tudo bem…)

Disposto a mudar o ponto de vista de seus alunos, ele decidiu criar o projeto:

” Construindo Cidadania

Neste projeto, todas as Sextas-feiras um grupo de vinte alunos teria a honra de assistir a Sessões da Câmara Municipal de Vereadores – fazendo observações a respeito da ordem e dos projetos.

Um outro grupo analisaria a história do Município, fazendo breves biografias de Prefeitos e vereadores, entrevistaria também a vereadores em exercício.

Os alunos ficaram empolgados.

O questionário a ser aplicado aos vereadores locais trazia as seguintes perguntas:

. Nome completo e resumo biográfico, como se interessou por política?

. Quando se candidatou pela primeira vez?

. Quantos projetos teve o privilégio de elaborar e quantos foram aplicados no município?

Enfim, chega a manhã de Sexta-Feira, precisamente 10:30, e começaram os ritos na Sessão da Câmara.

O Presidente da casa iniciava com formalidades, as boas-vindas, quando silenciosamente os alunos sentavam e aguardavam com interesse o diálogo entusiástico de vereadores, os debates, o dedo no olho, o tapa na cara…

-“Opa! me empolguei um pouco, deixe-me voltar aos trilhos”...

As cadeiras na câmara, destinadas ao público, estavam novinhas em folha! E agora sentiam a alegria de acomodar pessoas interessadas em política!

– O problema é que os nobres não estavam preparados, e como não havia assunto a ser debatido a reunião foi cancelada, adiada para a semana seguinte.

E na semana posterior, as cadeiras da câmara sentiam-se úteis novamente, novos jovens aguardavam os vereadores que chegavam desconfiados e perguntavam:

-“Quem mandou esses baderneiros aqui?” –  baderneiros que não faziam baderna e que apenas aguardavam a reunião iniciar para entender pra quê raios servia um vereador.

E por falta de assunto e excesso de desconfiança a Sessão foi novamente adiada!

E os alunos ficaram perplexos! – Parte final

Ainda mais perplexo ficava o Professor Régis pois seria chamado e orientado pela coordenadora municipal de educação a encerrar seu projeto, pois os alunos viam causando transtornos às sessões da câmara daquela cidade.

Talvez os vereadores fossem tímidos demais para apresentar as suas propostas ou talvez não tivessem ideia alguma a respeito da utilidade dos seus cargos eletivos.

E o professor humildemente, se calou.

E os velhos jargões se tornaram ainda mais fortes.

ilson Cruz

Leia mais em: O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver

 

 

 

 

O som do silêncio… o fim de um sonho!

Imagem de Miroslav Ivanovic por Pixabay

Sinceramente, estou sem palavras…

Num desses dias quentes, enquanto limpava a área em frente à minha casa, ouvia com atenção as palavras do amigo Marinaldo.

Os dreads grisalhos eram registros de uma longa história de amor à música, a pele escura era o livro que registrava todo o preconceito e injustiça que sofreu na vida, e os passos lentos talvez fossem a única forma de mostrar que não mais se apressava…

Que precisava andar, planejar melhor seus dias.

Sua voz forte e mansa falava pouco do passado, mas se animava ao contar seu histórico como músico.

Sim, o Marinaldo fora músico por muito tempo. Excelente contrabaixista, baterista, já bancou o vocalista em algumas ocasiões, como ele costumava dizer. Ele era mais conhecido como “Alô Bahia”.

Vivia sozinho numa casa branca na Rua do Chaveiro e criava um valente cachorrinho branco, que obedecia prontamente às suas ordens.

As noites de sexta e sábado eram regadas por belas músicas que ele cultivava em sua coleção, pérolas que iam desde os anos 1960 até os dias atuais.

Às vezes, sentava-se à sua porta com um violão mogno, acompanhando as canções que saíam das caixas de seu velho MP3.

Costumava reclamar da qualidade das músicas atuais, dizia serem canções preguiçosas, repetitivas, monótonas… E ria ao lembrar dos variados estilos que lutavam por espaço em décadas passadas, quando, junto aos velhos companheiros de banda, buscava algo novo para ensaiar.

Lembrava com saudade de algumas bandas que teve o prazer de integrar.

As memórias

Falar do talento da Banda Legenda trazia risos e histórias de viagens, plateias dançantes e pouco dinheiro… Ser músico não dava dinheiro. Era muita estrada, muito estresse acumulado, muitos contratos malfeitos e, por fim, muita confusão.

Falar dos problemas da estrada era uma maneira de fazer as pazes com o passado.

Ele ria ao contar que, em uma das bandas que participou, havia um músico que era “muito estrela”. A banda era boa: bons guitarristas, tecladistas, bateristas, backing vocals, aparelhagem… Mas o problema era “o estrela”.

Num dos episódios, o lead singer se empolgou tanto com a própria interpretação que saiu recolhendo os microfones dos cantores de apoio, terminando a música cantando em quatro microfones ao mesmo tempo. Ele ria ao dizer que o baterista queria arremessar as baquetas na cabeça do cantor!

Falava com imenso carinho da Banda Doce Magia, onde também teve o prazer de tocar. Contava sobre companheiros que se divertiam com a música e sobre as viagens e shows que fizeram.

Desse tempo, lamentava apenas não ter nenhuma gravação ou fotografia da época, especialmente do dia em que se apresentaram no antigo clube dos ferroviários. Isso apenas!

Lembrava não mais com tanta saudade de outras bandas que integrou.

Talvez percebesse tardiamente que as pessoas não eram tão amigas ou legais quanto ele acreditava no início.

Para exemplificar, contou que uma nova banda em formação o convidara para participar do projeto. Animado com o espírito da banda, abraçou o projeto, mas a competitividade entre os membros era tão grande que ele perdeu o entusiasmo.

Noutra ocasião, enfrentava problemas pessoais e tomou um porre antes do ensaio. A banda o dispensou.

Para narrar suas histórias, costumava usar seu vocabulário próprio: “Por causa de mauriçagem é que essas coisas acontecem…

O novo projeto

Entre risos e casos, me contou seu mais recente projeto:
– Irmão, não vou mais tocar numa banda. Hoje eu quero é contratar um monte de meninos bons pra tocar e me concentrar nos contatos…

Sua nova e boa ideia era cuidar da carreira de novos talentos, ser algo que faltava nos seus dias.

Nutria seus sonhos ouvindo as velhas músicas, reformando instrumentos antigos e aparelhagens, enquanto ganhava a vida fazendo pequenos consertos e serviços de pedreiro na vizinhança.

Era imparável!

Sim, era imparável, mas seu coração não teve o privilégio de realizar aquele que seria talvez o seu maior sonho: viver de música.

Depois de tantas histórias, percebi que ele não me contara sobre seus filhos, sua família… E a entrevista agendada jamais será realizada.

Talvez a imaginação da fotografia da apresentação no antigo clube dos ferroviários fosse sua melhor recordação, o sonho de tocar naquele que era o melhor lugar da cidade, na era dos bailes. A sua realização!

Mas o silêncio deste dia, a falta de palavras, talvez mostre que as histórias se calam, que somente aqueles que viveram podem descrever de fato o que sentiram em suas aventuras.

E ele sentia felicidade!

Sim, felicidade.

Leia também:  Banda Acordes – a Banda que não aconteceu ‣

A soma dos dois (o abraço dos números)

Imagem de skalekar1992 por Pixabay

Um, dois
Três não é demais
Quando o coração está aberto
Quatro, cinco,seis
Sete e mais três…dez
O que mais quero por perto?

Dez, na completude
nos dias, nos anos alegres
da eterna juventude…

Dez, como os dedos que se fecham
como num abraço
Fechado, apertado
como num laço

Se há mais um no ninho
Nunca se estará sozinho…

Veja também Conselhos a um jovem – pra quê a pressa? ‣ Jeito de ver

Os sonhos de Lay ( Novas histórias a contar)

Para lembrar a infancia.

Imagem de cynthia_groth por Pixabay

Meu Deus,
Lay está de “catapóia”
Ela se coça e ri…
E mostra as marquinhas na pele
E, se coça novamente….

Enquanto,
o tempo ri
e as horas passam…
Enquanto,
ainda hoje há abraços
ela exibe a sua mais nova historinha… simplesmente!

E quanta história há de contar a Layssa?
Quantos sonhos viverá a Lay?

E o tempo chegará
E passará,
como tudo mais que existe
E Lay há de sonhar
e acordar dos seus sonhos
E terá novas marcas…
Novas histórias pra contar…

Mas, em meus sonhos, ela ri

E sorrindo aponta as marquinhas no braço

Numa língua ainda a aprender

E ainda sorrindo,

continua a dizer:

“É tudo catapóia”…

Veja também Poema para Aline (Carinha amarrada) ‣ Jeito de ver

Varandas vazias e tradições perdidas

Imagem de Myriams-Fotos por Pixabay

Talvez seja apenas um saudosismo barato, daqueles que costumamos romantizar quando lembramos. Mas percebo hoje como as tradições perdem a força com o passar do tempo.

Na minha meninice, costumava achar estranho quando os vizinhos se sentavam nas varandas de suas casas e conversavam por horas a fio, enquanto nós, crianças da época, brincávamos de um monte de coisas…

Eram amarelinhas, bate-latas (em outros lugares, lateiro), esconde-esconde, futebol e outras brincadeiras que esgotavam nossas energias para que pudéssemos dormir!

Era possível ouvir os velhos conversando e, muitas vezes, gargalhando das velhas histórias… Bem, quando você tem dez anos, todos são velhos!

O fim de junho se aproximava, e não lembro se o tempo era frio ou se eu vivia “pegando fogo”…

O inverno talvez fosse diferente!

As festas juninas também…

Os ritmos predominantes nas rádios eram, religiosamente, o forró e o baião.

Destacavam-se nas rádios Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Sivuca, Jackson do Pandeiro, Trio Nordestino, Marinês e Sua Gente, Genival Lacerda, que me trazia risos por causa de sua dança exótica, entre muitos outros…

Grupos de meninos saíam pelas casas perguntando: “São João passou por aqui?” Os moradores, seguindo a tradição, os presenteavam com os frutos da época, que iam desde amendoins, canjicas e laranjas até bolos de milho!

Com exceção do senhor Jailson, que, ao receber os meninos, levava-os até o portão e apontava para a esquina, dizendo: “Passou sim, e pelo tempo acabou de subir a esquina… Corram que vocês o alcançam!”

Normalmente, os meninos inocentes soltavam palavrões nada infantis! Pareciam monstrinhos no Halloween!

Mas tudo era encarado com bom humor!

Novos cantores entraram em cena, trazendo inovações e acrescentando novos instrumentos ao forró, e, aos poucos, o velho forró foi perdendo suas características.

Mas me emocionava ainda o modo como os novos cantores reverenciavam os pioneiros do baião e do forró…

E, com o tempo, tudo mudou!

Canções tradicionais foram perdidas no tempo, e hoje não se vive o momento. Lamento dizer, o momento é extremamente pobre!

As canções foram feitas para serem descartáveis e as pessoas se habituaram a isso, não por serem vítimas, mas para não serem diferentes!

As pessoas, assim como as músicas atuais, conservam a mesma essência.

Vivem apenas para exibir felicidades fabricadas em redes sociais e vender imagens… Não importa o passado ou o futuro – “consuma o presente”, e isso é diferente de “viva o presente”!

Viver o presente é saber usufruir um show, em vez de gravar no celular para assistir mais tarde em casa ou postar nos status!

Ou mesmo fazer selfies em frente a palcos apenas para mostrar que também esteve lá… Quando nada de especial fica gravado na memória para recordar um dia.

Ou até mesmo passar dias tentando memorizar letras de uma música que será esquecida nas manhãs seguintes, apenas para não se sentir fora do contexto!

E as varandas vazias esperam por pessoas que tenham o que conversar, enquanto seus filhos poderiam brincar juntos na varanda…

Muito tempo se passou desde aqueles antigos forrós e das conversas animadas entre vizinhos…

A comunicação atual se resume a breves conversas em aplicativos, à exibição da vida perfeita nas redes sociais e a pessoas idênticas cada vez mais solitárias, no meio da multidão…

O forró, assim como tudo o que chamam de velho, vai perdendo espaço para novos e pobres estilos, pois um dia algum bom publicitário disse: “O mundo é dos jovens…” e passou a ditar o que os jovens devem ouvir, para não serem taxados de ultrapassados!

E desde então, velhos tesouros passaram a ser desprezados em prol de latões que brilham sob holofotes.

A música, como arte, deveria ser valorizada ainda mais com o tempo, isso é fato!

Novas canções, como novas obras de arte, deveriam enriquecer o acervo, mas, como produtos descartáveis que são, durarão até o dia seguinte ou, quem sabe, até a próxima semana!

As tradições foram apagadas… Não sei se morreram ou se foram apenas esquecidas.

Enquanto isso, varandas vazias esperam por pessoas que tenham o que conversar, enquanto seus filhos brincam juntos na varanda…

Leia também Contos de Carnaval (uma história com H) ‣ Jeito de ver

E assim foi a minha primeira paixão…

Imagem de Rico por Pixabay

Dizia: ” Menina Feia”

Respondia: “Menino Chato”

Eu pensava: ” Ela é Feia,

apesar dos cabelos lindos e do jeito especial de sorrir

e de reclamar das minhas chatices

“Sim, é Feia,

apesar dos olhos castanhos, do rostinho

e da maneira meiga de falar

“Ela, é Feia,

apesar de lindo, o jeitinho de andar e de fugir de mim

e de dizer que partiria,

Para não mais voltar…”

E  não voltou com as saudades

que senti da antiga praça

e das brincadeiras de criança naquela rua

E negando a tristeza,

escondendo as lágrimas da partida

na ideia de jamais vê-la novamente…”

Repetindo  a mim mesmo: “Ela é feia, feia…feia”

sem jamais conseguir me convencer.

Foi embora, assim

a minha primeira paixão.

Veja mais em Versos sem destino ( um conto ) ‣ Jeito de ver

 

Povoado Duas Irmãs – Um poema

Qual a origem do Povoado Duas Irmãs?

Por GChaves

A serra era e ainda é verde
E havia e ainda há uma estrada
E do outro lado
Havia um pequeno lago
E as pequenas meninas saíam para brincar
Sim, na serra verde
Havia um lago
E as duas irmãs mergulharam
Para não mais voltar…

E para não esquecer
O povoado
Um trágico nome recebeu.

(Conforme narrada por antigos moradores)

Leia também Itaberaba -Uma pedra que brilha! ‣ Jeito de ver

Conheça Itaberaba

Itaberaba-BA – Site institucional do município de Itaberaba

Apenas mais um dia de campanha…

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

É cedo e alguém no fim da rua lembrou que ainda havia um daqueles foguetes da festa da democracia da noite passada.

Bem, meus tímpanos perfurados não ficaram felizes com os picos de 118 decibéis das cornetas dos carros — sim, falei carros — que passaram em frente à minha casa, assim como também minha pobre cachorrinha quase infartou.

Pois é, os cães não suportam sons altos.

Imagine então os pobres cachorrinhos de rua; não tente imaginar, deve ser difícil. São apenas cachorros.

Enquanto isso, uma fala indecifrável e rouca repete comandos que mais irritam do que encorajam!

É estranho como mostrar força numa campanha se relaciona mais com a intimidação (que nos remete aos belos tempos de bullying escolar…) do que com planos de governo. Não amadurecemos muito nesse aspecto!

E de repente, sem querer nem forçar a barra, me sinto de volta aos tempos em que não havia microfones e alto-falantes modernos e os candidatos se esgoelavam de modo a serem alcançados por todos os ouvintes…

E apesar da modernidade, vejo candidatos gritando desesperadamente nos microfones, e antes que você se diga: “Gritar é necessário para estimular os eleitores…” — já imaginou este tipo de estímulo dentro de casa?

Bem, para ser eloquente e entusiástico não é preciso se esgoelar; um pouco de modulação no tom do discurso teria um efeito mais positivo.

Mas, enquanto escrevo, um amigo diz: “Isso é política!”

Não posso concordar. A arte da negociação e dos debates de propostas, sem as baixarias atuais no mundo inteiro, a definiria melhor.

E enquanto tento argumentar, uma bomba explode próximo ao meu ouvido, já doente, enquanto os cachorrinhos acuados se encostam, tremendo, nas paredes como se tentassem atravessá-las.

Minha amiguinha de quatro patas se encolhe na poltrona.

Mas, quem se importa?

Ninguém se importa com os cachorrinhos.

Veja também:

Praça Honesto dos Santos – Uma crônica ‣ Jeito de ver

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