O Mundo Era um Pouco Menos Estranho
As Canções de Setembro
Não tínhamos tanto medo, não desconfiávamos do escuro.
A velha praça era mal iluminada,
podíamos ver estrelas
e ouvir as meninas cantando.
Elas ensaiavam uma canção de setembro.
Era lindo ouvi-las cantar…
Os casais caminhavam de mãos dadas e havia tanta vida pra viver.
O tempo parecia parar, para que eles passassem
e para que também ouvissem as meninas naquela canção de setembro.
Os bares desligavam seus aparelhos sonoros
para que as vozes tomassem o ambiente.
As pessoas sabiam que seria apenas uma música,
um instante na hora, na história.
Por isso, não tinham pressa…
e por coincidência, era setembro.
O Maldito Tempo
Maldito tempo,
por que tinha que passar, ainda que devagar? Maldito tempo!
Quem dera aquele momento fosse eterno
e as pessoas não vivessem como vivem hoje, com essa pressa,
trancadas em telas de aparelhos, escravas da pressa e dessa impaciência…
Quem dera aquele tempo lançasse uma semente no vento,
e as pessoas aprendessem um novo instrumento
e cantassem juntas.
Quem dera não vivessem isoladas nesta multidão, como vivem hoje.
Quem dera os músicos pudessem cantar nas ruas
e que poesias pudessem ser decantadas…
Sem pressa, no devido tempo.
E que as belas meninas, sentassem novamente, naquele mesmo lugar,
na velha praça, e cantassem novamente
e semeassem no ar as velhas canções de setembro.
Gilson Cruz
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Comentário (1)
Márcia Chaves| 3 de dezembro de 2024
Feliz de quem viveu este tempo. Só quem viveu consegue viajar nessa história. Ler a história me vez ver cores, sentir cheiros e sabores de um tempo em que éramos realmente felizes, e sabíamos .
Realmente, “Quem dera aquele momento fosse eterno”
“Quem dera aquele tempo lançasse uma semente no vento…”
QUEM DERA!