Vestido de Roupa Nova – Uma vida inteira!

O grupo Roupa nova acompanha gerações com belas canções

Roupa Nova

Roupa Nova: Trilha Sonora de uma Vida

“Todos os dias, todas manhã
Sorriso aberto e Roupa Nova…”

— Roupa Nova, Milton Nascimento

Falar sobre o grupo Roupa Nova é como abrir o velho baú das memórias. Não é apenas música — é infância, juventude e afeto embalados em canções.

Talvez eu não seja a melhor pessoa do mundo para contar a biografia do Roupa Nova, pois falar do grupo Roupa Nova é estranho — é como revisitar a minha infância.

Relembrar as dificuldades para ir à escola no início dos anos 1980, quando, infelizmente, muitas instituições de ensino estavam em estado de abandono, reflexo da negligência de um governo autoritário que não valorizava a educação.

A situação era tão crítica que a escola Arquiteto Raul Cajado teve, intencionalmente, uma de suas letras trocadas para formar um trocadilho digno de processos…

Na cidadezinha em que eu morava, todos os prédios escolares estavam arruinados naquele início de década.

Nesse ambiente de descaso, as harmonias perfeitas e as músicas animadas do Roupa Nova acompanhavam meus passos rumo aos prédios que pareciam cenário de filme de guerra.

Em casa, a velha televisão valvulada da marca Colorado — preto e branco — ocupava a sala de estar.

Nos fins de semana, programas musicais e os rádios traziam as novidades.

As canções do grupo davam mais leveza aos novos dias.

Os Famks, os Motokas…

Mas a história deles era bem mais antiga do que eu imaginava.

Tudo tinha começado lá atrás, nos anos 1960, quando ainda não existia o Roupa Nova.

Em 1967, nascia o grupo Os Famks, no Rio de Janeiro.

Animavam festas e bailes, mas ainda não contavam com os integrantes que viriam pra encantar.

Foi só nos anos 1970 que os caminhos desses seis músicos se cruzaram de vez: Paulinho, Serginho Herval, Nando, Kiko, Cleberson Horsth e Ricardo Feghali.

Ainda como Os Famks, lançaram dois discos e, por um tempo, usaram o nome Os Motokas para gravar versões de sucessos internacionais.

Mas a virada veio no final da década.

Surge então o Roupa Nova.

A banda assinou com a gravadora Polygram e decidiu investir num som próprio.

Roupa Nova

O nome Roupa Nova foi inspirado em uma canção de Milton Nascimento e Fernando Brant, que gravaram em 1980.

O rádio tocava Sapato Velho

Minha cabeça de menino não compreendia bem o significado, mas meu coração sentia algo diferente.

O nome Roupa Nova foi inspirado em uma canção de Milton Nascimento e Fernando Brant

Roupa Nova

A música me inspirava a viver grandes coisas, mesmo sem entender direito.

Com o tempo, percebi: ela falava da passagem dos anos, das experiências e de um amor que não envelhece.

Ainda hoje, com cinquenta e poucos, ouço e me emociono.

A Canção de Verão era febre nas rádios.

Tentava seguir o contrabaixo do Nando — meu baixista favorito, mas neste grupo todos eram favoritos!

Na minha meninice, sonhava em assistir a um show daqueles que me acompanhavam nas manhãs escolares.

Aquela trilha sonora deixava tudo mais bonito.

A década de 1980 foi um estouro.

Era difícil escolher uma melhor música: Clarear, Lumiar, Vira de Lado, Voo Livre, Bem Simples, Anjo, Boa Viagem, Fora do Ar, Sensual, Chuva de Prata, Tímida e Não Dá. Whisky a Go Go virou clássico, tema de abertura da novela Um Sonho a Mais, junto com Chuva de Prata, num dueto com Gal Costa.

Lembro que, em todo baile que eu ia, havia uma regra: a banda tinha que tocar Whisky a Go Go.

Anos depois, senti a emoção do público ao tocá-la nas festas em que pude me apresentar.

Mas pra mim, tudo era Lumiar e Voo Livre.

Com o início da adolescência, as harmonias me arrepiavam a espinha.

Meus amigos curtiam as mais agitadas, mas eu… era das baladas românticas.

Em 1985, mais sucessos…

A banda lançou o disco mais vendido da carreira: mais de dois milhões de cópias!

A minha quinta série teve como trilha sonora Dona (tema de Roque Santeiro), Seguindo no Trem Azul, Linda Demais, Sonho, Corações Psicodélicos e Show de Rock’n Roll, que tocavam durante os vinte minutos de intervalo na escola.

As paixões aconteciam, e talvez por isso eu fosse mais chegado às músicas românticas.

Nos anos seguintes, eles continuaram firmes.

Vieram com Um Sonho a Dois (com Joanna), Volta Pra Mim, A Força do Amor, Cristina, De Volta Pro Futuro, Meu Universo É Você e Vício.

Em 1989, ainda com gás, gravaram Eu e Você com José Augusto, tema da novela Tieta, parceria perfeita!

Anos 90 – Adolescência, paixões e músicas

Na década seguinte, os tempos de menino ficaram pra trás.

Gostava de cantar a música Cristina, que foi lançada em 1987… sonhava tocar o projeto de minha banda, mas a vida nem sempre segue o curso desejado.

Aos 22 anos, passei a trabalhar em uma escola — de poucos recursos, mas diferente daquelas do início da década anterior — breve carreira de professor.

Lembro de um aluno de seis anos que me perguntou: “Professor, o senhor gosta do Roupa Nova?”

Mas… a resposta era óbvia demais!

Expliquei ao pequenino que, desde bem menino, colecionava discos e fitas do grupo.

Fui presenteado com a Fita K-7 Frente e Versos.

O álbum trazia sucessos como Coração Pirata, tema de Rainha da Sucata.

Trazia também uma linda versão de Yesterday, dos Beatles, e parcerias ousadas como Esse Tal de Repi Enroll, com o grupo americano The Commodores.

Eu era apaixonado por Cartas.

Em 1991, lançaram o primeiro álbum ao vivo, revisitando clássicos como Lumiar, Anjo, Linda Demais, Volta Pra Mim, Clarear, entre outras. Duas faixas inéditas viraram trilha de novela: Felicidade e Começo, Meio e Fim, que marcaram a novela Felicidade, da Globo.

Aquele ano trouxe também um momento simbólico: a banda subiu ao palco do Rock in Rio!

Releituras

Eles revisitaram seus sucessos e dividiram Todo Azul do Mar com Beto Guedes.

Uma das mais belas canções, numa nova roupagem!

Em 1993, veio De Volta ao Começo, só com releituras de clássicos da MPB.

Tinha Gonzaguinha, Roberto Carlos, Os Mutantes, Milton Nascimento…

Destaques para De Volta ao Começo (tema de Renascer), Ando Meio Desligado (tema de Sonho Meu) e Maria Maria, que só virou trilha de novela anos depois, em 2007 (Caminhos do Coração).

Em 1994, lançaram Vida Vida, com a inesquecível A Viagem, tema da novela de mesmo nome. Ficou meses entre as mais tocadas.

Tinha também Os Corações Não São Iguais (que virou hit com outros artistas), Louca Paixão e Coração Aberto.

Em 1995, lançaram uma coletânea de trilhas de novelas, incluindo Ibiza Dance — tema instrumental de Explode Coração, que até ganhou remix.

Poderia contar ainda mais. Mas seria como tentar resumir o tempo.

Resumo de uma Vida

As canções que me acompanhavam desde a infância receberam novas músicas para a trilha da minha adolescência…

Sim, é verdade, muito mais eu poderia falar sobre discografia, biografias, a sentida perda do Paulinho… muitas coisas, mas, assim como as suas canções, gostaria de deixar algo de bom.

A banda mantém o ritmo com Fábio Nestares, músico experiente e carismático, mantendo aquilo que sempre foi o foco da banda: fazer música de qualidade, boa de ouvir.

Apesar da superficialidade dos streamings, independentemente das constantes mudanças no mercado musical, Roupa Nova sempre está presente. Com músicas de qualidade!

Roupa Nova é isso: trilha da vida de muita gente.

Deu voz às minhas primeiras paixões, me acompanhou nos tempos de escola, virou canção de ninar para minha filha e, hoje, com a minha família, é a trilha sonora dos nossos melhores dias.

Infelizmente, nas mudanças da vida, a minha coleção de vinil ficou no passado, não consegui preservar.

Mas, falar de Roupa Nova é falar de emoção, de vida.

E, pra quem viveu tudo isso — ou está conhecendo agora — é impossível não sentir um aperto no peito e um sorriso no rosto quando toca uma daquelas canções.

Os eternos meninos Paulinho, Serginho Herval, Nando, Kiko, Cleberson Horsth, Ricardo Feghali e Fábio são parte da história.

Roupa Nova é memória viva. É a trilha sonora da minha vida.

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Leia também: A música atual está tão pior assim? ‣ Jeito de ver

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A Síndrome do Vira-Lata: Uma Análise

Uma bela imagem do Brasil.
Introdução

Vivemos em um mundo onde culturas se encontram, se influenciam e, muitas vezes, se confrontam.

No Brasil, esse cenário ganha contornos particulares: por um lado, temos uma rica diversidade cultural; por outro, enfrentamos um sentimento persistente de inferioridade diante do que é estrangeiro.

Este artigo propõe uma reflexão sobre o conceito de superioridade cultural e a chamada “síndrome do vira-lata”, termo consagrado por Nelson Rodrigues.

Ao analisar também a influência do estilo de vida americano e os limites entre apreciação e apropriação cultural, buscamos compreender os mecanismos que moldam a forma como os brasileiros percebem sua própria identidade.

A Superioridade Cultural e a Síndrome do Vira-Lata:

Uma Análise Psicológica

O Conceito de Superioridade Cultural

A ideia de superioridade cultural implica que certos valores e práticas tornam uma cultura intrinsecamente melhor do que outras.

Historicamente, esse pensamento foi reforçado pela colonização, onde culturas dominantes impuseram seus costumes às consideradas “inferiores”.

Este é um trecho da crônica presente no livro
Crônicas do Cotidiano – Um Novo Jeito de Ver
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A Lei da Selva no Mundo Comercial

O mundo financeiro representado por moedas na tela do laptop.
A Lei da Selva no Mundo Comercial

Imagem de Mohamed Hassan por Pixabay

A Lei da Selva no Mundo Comercial: Dumping e Deslealdade nas Relações de Mercado

Não existem bondades ou favores no mundo comercial, existe estratégia.
Muitas vezes, quando uma empresa reduz drasticamente seus preços, ou, por exemplo, trabalha com fretes grátis, há um objetivo implícito: eliminar a concorrência.

O nome dessa prática é dumping.
Trata-se de vender um produto no mercado interno ou externo por um preço inferior ao praticado no mercado interno ou abaixo do custo de produção, com o objetivo de conquistar o mercado, eliminar concorrentes ou prejudicar a indústria local.
Uma verdadeira lei da selva, onde os mais fortes economicamente sobrevivem.


O Conceito de Dumping e Suas Características

Existem dois tipos principais de dumping: ocasional e predatório.
O dumping ocasional ocorre quando uma empresa vende um excesso de estoque ou um produto que não é mais desejado a um preço abaixo do custo.

Este visa recuperar parte do investimento e liberar espaço em seus armazéns.

Já o dumping predatório é uma estratégia mais agressiva.
A empresa reduz seus preços de modo a fazer com que concorrentes menos fortes não consigam sobreviver a essa pressão e saiam do mercado.
Consolidada a posição, a empresa aumenta os preços, prejudicando os consumidores a longo prazo.

As implicações legais variam conforme a jurisdição.
Muitos países possuem legislações antidumping para proteger a concorrência justa e prevenir distorções de mercado.
Essas legislações podem incluir tarifas adicionais sobre produtos considerados como dumping, dificultando sua entrada no mercado nacional e protegendo as indústrias locais.

Do ponto de vista ético, o dumping levanta questões sobre a moralidade das ações empresariais e o impacto no ambiente de negócios.
Ao afetar a concorrência saudável, pode gerar um ciclo de preços baixos e queda na qualidade, comprometendo a integridade do mercado.


Deslealdade Comercial: Como o Dumping Afeta o Mercado

O dumping envolve a venda de produtos a preços abaixo do custo de produção ou inferiores aos praticados em mercados domésticos.
É usado para ganhar participação de mercado rapidamente, mas traz sérias consequências para a concorrência e o comércio local.

A deslealdade comercial do dumping prejudica empresas e ameaça a sustentabilidade de pequenos negócios.
Empresas que praticam dumping eliminam concorrentes e concentram o poder nas mãos de grandes corporações, como assim?

Empresas Grandes que conseguem absorver as perdas financeiras associadas à venda a preços desleais.

Com o tempo, isso reduz a diversidade de ofertas e inibe a inovação.
Um exemplo são marcas internacionais de vestuário que, ao entrarem em novos mercados, usam preços predatórios.
Esses preços tentadores, insustentáveis a longo prazo, levam ao fechamento de lojas locais.

Consequências locais

As consequências incluem perda de empregos, queda na arrecadação de impostos e a erosão do tecido econômico local, prejudicando comunidades vulneráveis.
Na prática, algumas super empresas operam com prejuízos durante anos até eliminarem a concorrência.

No comércio online, por exemplo, muitas empresas tradicionais caíram com a chegada da Shopee, parte do Sea Group.
O Sea Group é um conglomerado que atua em diversas áreas: e-commerce (Shopee), jogos (Garena) e serviços financeiros digitais (Sea Money).

Além disso, o dumping desvaloriza o trabalho de pequenas empresas, que, apesar de oferecerem qualidade e bom atendimento, não conseguem competir com preços artificialmente baixos.

E a Taxa das blusinhas?

No Brasil, o Congresso aprovou uma lei conhecida como “taxa das blusinhas”, que, embora não seja tecnicamente uma medida antidumping clássica, busca proteger a indústria nacional da concorrência desleal.
Por ser impopular, a medida trouxe críticas ao governo.

O Congresso falha ao se limitar a projetos de oposição, cortes midiáticos e à falta de criatividade em projetos para estimular a indústria nacional.
Em última análise, a deslealdade nas relações de mercado gera um ciclo vicioso que ameaça o equilíbrio e a saúde do comércio justo e sustentável.


A Ascensão do Monopólio: Casos de Empresas que Aumentaram Preços Após a Eliminação da Concorrência

Em diversos setores, a ascensão de monopólios é impulsionada por práticas como o dumping.
A empresa reduz preços abaixo do custo para eliminar concorrentes e, depois, aumenta-os significativamente.

Na indústria de telecomunicações, operadoras ofereceram tarifas baixas para conquistar clientes e, depois de consolidar mercado, elevaram os preços, afetando milhões.
Isso prejudica os consumidores e reduz a qualidade dos serviços, pois a competição é enfraquecida.

Na área de medicamentos, empresas subsidiam preços para eliminar concorrentes menores e, depois, aumentam os valores.
Isso limita o acesso a tratamentos e encarece os custos para o consumidor.

Esses casos mostram como o monopólio afeta o mercado e a economia.
As táticas usadas comprometem a concorrência saudável e distorcem os princípios do livre mercado.


A Transformação dos Supermercados: De Lojas de Vizinhança a Galpões Frios

Os supermercados, antes comércios de vizinhança com atendimento personalizado, se transformaram em grandes galpões frios.
A pressão da concorrência e as práticas de dumping mudaram o perfil do setor.

Hoje, os supermercados priorizam a eficiência econômica, sacrificando o relacionamento com o cliente.
Essa mudança reduz a diversidade do mercado e limita as escolhas do consumidor.

O excesso de marcas próprias vendidas a preços inferiores prejudica os pequenos comerciantes.
Para o consumidor, a compra se torna mecânica e distante.
Para os pequenos negócios, o cenário torna-se hostil.


Entenda:

Medidas Antidumping

As medidas antidumping:

  • Exigem investigação administrativa prévia.

  • Aplicam-se apenas com comprovação da prática.

  • Visam corrigir distorções e proteger a indústria local.

REVISÃO POR IA

Veja também: Dia dos Namorados: Amor e… marketing ‣ Jeito de ver

Dia dos Namorados: Amor e… marketing

alt="Fundo romântico para Dia dos Namorados com corações"
Que tal conhecer um pouquinho da história do Dia dos Namorados?

Imagem de Jess Bailey por Pixabay

“Não é só com beijos que se prova o amor”

Que tal começarmos este texto com este slogan bem fofinho?

É verdade que o amor é demonstrado e vivido das mais variadas formas, mas o slogan acima não se referia necessariamente a essas “mais variadas formas…”

Antes de entrarmos neste assunto, que tal conhecer um pouquinho da história do Dia dos Namorados?

Uma história de amor, fé, festa e… muito, muito marketing.


Valentine’s Day e Dia dos Namorados: uma história de amor, fé, festa e… marketing

Todo mês de junho, vitrines se enchem de corações, promoções e promessas de amor.

No hemisfério norte, o clima é parecido — só que acontece em fevereiro.

Mas o que muitos talvez não saibam é que tanto o Valentine’s Day quanto o nosso Dia dos Namorados têm origens bem mais curiosas (e contraditórias) do que parecem.

Entre cabras sacrificadas, santos apaixonados, poetas medievais e publicitários criativos, o amor encontrou muitas formas de se expressar ao longo dos séculos. E vale a pena olhar com carinho essa trajetória.


🌿 Entre rituais e rebeldias

Antes de tudo virar cartão com glitter, havia festa pagã e sangue de bode.
Na Roma Antiga, existia um festival chamado Lupercália, celebrado todo mês de fevereiro.

Os sacerdotes sacrificavam cabras e cães, depois saíam pelas ruas com tiras desses animais, tocando suavemente nas mulheres para garantir fertilidade.

A cena pode parecer estranha hoje, mas era uma mistura de rito de purificação, culto à fertilidade e homenagem a deuses como Juno, ligada ao casamento, e Pan, ligado à natureza e aos instintos.

Mas foi no século III, ainda em Roma, que surgiu o nome que daria origem à celebração moderna: Valentim.

Um padre que desafiou as ordens do imperador Cláudio II, que havia proibido os casamentos achando que soldados solteiros eram melhores guerreiros. Valentim discordava — e seguia celebrando casamentos às escondidas.
Descoberto, foi preso. Na prisão, apaixonou-se pela filha do carcereiro, que era cega.

Diz a lenda que ele curou sua visão e, antes de ser executado (em 14 de fevereiro de 270), escreveu-lhe uma carta com a assinatura que atravessaria séculos: “Do seu Valentim.”


Quando a Igreja entra na dança

A Lupercália incomodava os cristãos.

Em 496, o papa Gelásio I oficializou o Dia de São Valentim, apagando aos poucos os traços pagãos da festa e transformando-a em uma celebração cristã.
Coincidência (ou não): a data foi marcada para 14 de fevereiro, o dia da morte do mártir.

Com o tempo, São Valentim virou o patrono dos apaixonados — embora, em 1969, o Vaticano tenha removido seu nome do calendário oficial, alegando falta de provas sobre sua história.

Mas, a essa altura, o amor popular já estava muito além da burocracia religiosa.


Do canto dos pássaros aos cartões rendados

Na Idade Média, o romantismo ganhou força.

Poetas como Geoffrey Chaucer, na Inglaterra, começaram a associar o 14 de fevereiro ao tempo do acasalamento dos pássaros — uma espécie de primavera emocional.
Era o início do chamado amor cortês, onde nobres trocavam cartas, poemas e pequenas lembranças.

Na França, chegou a existir uma “Corte do Amor”, com concursos poéticos celebrando os encantos da paixão.

Já no século XIX, a revolução foi industrial: nos Estados Unidos, Esther Howland, filha de donos de papelaria, criou os primeiros cartões de Valentine em larga escala.

Em seu primeiro ano, vendeu o equivalente a cinco mil dólares — uma pequena fortuna na época.

Corações, rendas e cupidos viraram padrão. O amor começava a andar de mãos dadas com o comércio.


E no Brasil? Santo Antônio e a jogada de mestre

Enquanto o resto do mundo celebra o amor em fevereiro, aqui no Brasil a data foi plantada com criatividade e estratégia.
Em 1948, o publicitário João Doria (pai do ex-governador de São Paulo) foi chamado para aquecer as vendas de junho — um mês considerado fraco para o comércio.

Inspirado no sucesso do Dia das Mães, criou o Dia dos Namorados, marcado para 12 de junho, véspera do dia de Santo Antônio, o conhecido “santo casamenteiro”.

O slogan da campanha era direto e afetuoso:
“Não é só com beijos que se prova o amor.”

Funcionou. Hoje, o 12 de junho é a terceira data mais lucrativa do varejo brasileiro, atrás apenas do Natal e do Dia das Mães.


🌍 O amor em outras línguas

Em outros cantos do mundo, o amor também encontra jeitos inusitados de se manifestar:

  • Dinamarca: Homens mandam bilhetes anônimos rimados (gaekkebrev). Se a mulher adivinhar quem enviou, ganha um ovo de Páscoa.

  • África do Sul: Mulheres usam corações com o nome do pretendente costurado na manga da roupa.

  • Filipinas: Casamentos coletivos gratuitos são tradição em 14 de fevereiro.

  • Finlândia e Estônia: Comemoram o Dia da Amizade — amor em todas as formas.


💘 Entre o afeto e a vitrine

Pode parecer contraditório: uma história de santos, rituais, amor cortês… terminando em vitrines de shopping.

Mas talvez aí esteja justamente o charme dessas datas: elas se reinventam.

Hoje, 59% dos espanhóis dizem gastar, em média, €95 no Valentine’s Day.

E no Brasil, em 2025, os restaurantes e floriculturas seguem cheios no dia 12 de junho.
O amor pode até não ter preço — mas, no mundo moderno, ele tem data marcada, slogan, embalagem… e lugar garantido no calendário do coração (e do comércio).


P.S. É verdade que, em tempos de algoritmos (Tinder, Bumble), o clima de romance perdeu um tanto de seu encanto, e as pessoas, como num “capitalismo emocional tecnológico”, consomem seus afetos, assistem até enjoar e clicam no próximo… não se permitindo viver um pouco mais uma história.

Uma velha frase, talvez distorcida em minha memória — acredito que seja do Ailton Krenak, embora me lembre muito as citações do Goulart — dizia mais ou menos assim:
“A vida não é útil, não se come. Mas, sem ela, a gente não come, não ama.”

É estranho como, mesmo em tempos tecnológicos, geramos bilhões de curtidas românticas por dia e tudo o que, às vezes, sonhamos é com um olhar sincero, diferente, que dure mais de 30 segundos.

Pois é…apesar de tudo…precisamos de amor!

Veja também Romântico (Uma poesia simples) ‣ Jeito de ver

Texto revisado por I.A.

Luiz Gonzaga – O Rei do Baião

alt="Disco de vinil de Luiz Gonzaga"

Por muito tempo, as praças das pequenas cidades do interior nordestino ficavam lotadas de homens que se aventuravam em caminhões desconfortáveis ou ônibus em péssimas condições para o trabalho nas fazendas de corte de cana no Sudeste do Brasil.

Se expunham ao trabalho pesado, alguns morriam picados por cobras venenosas, outros penavam de saudade.

A bebida alcoólica fazia companhia ao sofrimento de muitos.

O Sudeste era símbolo de progresso, e o Norte e Nordeste eram vistos como símbolos de abandono e atraso.

Mas, como se deu isso?

A herança colonial

Esta é uma das heranças do período colonial, em que a exploração do território brasileiro foi feita de forma predatória e concentrada em ciclos econômicos regionais (a cana-de-açúcar no Nordeste, o ouro em Minas, o café no Sudeste).

À medida que o ciclo do café cresceu, especialmente no século XIX, o Sudeste passou a ter maior influência política e econômica.

Era onde estavam as elites econômicas e políticas…

Este é um trecho do texto presente no livro
Crônicas do Cotidiano – Um Novo Jeito de Ver
Disponível na Amazon e Clube dos Autores

Leia também: A Evolução da Música Caipira no Brasil ‣ Jeito de ver

Baião: A Dança Nordestina de Raiz

Fonte: Wikipedia

Biografia de Luiz Gonzaga – eBiografia

São João e a Erosão das Tradições

alt="Celebração da Festa de São João com fogueira"

“A tradição sobrevive não pela nostalgia, mas pela reinvenção com respeito.”

Quando o arraial vira shopping a céu aberto:

Como o lucro secou as raízes do São João nordestino

As ruas do interior ainda exibem bandeirolas tremulantes e balões enfeitam o céu. Contudo, há uma sensação difusa de vazio e artificialidade nessas cores.

As apresentações juninas converteram-se em cópias reduzidas dos grandes eventos televisionados, distantes do cheiro do milho assado, do improviso dos sanfoneiros e do burburinho comunitário em torno da fogueira.

Ainda que tais eventos mantenham alguma importância cultural, observa-se uma preocupante tendência: as tradições estão perdendo sua forma original, cedendo espaço à lógica do lucro.

Canções juninas tornaram-se as mesmas que predominam nos demais meses, o forró perdeu centralidade, enquanto empresários, algoritmos e patrocinadores passaram a ditar as preferências culturais.

Essa constatação impõe uma questão:
Visto que os interesses comerciais possuem o poder de transformar ou mesmo extinguir tradições, impondo o que se deve consumir, quais as consequências disso?

A erosão da autenticidade

Tradições, assim como plantas, necessitam de raízes e tempo para se consolidarem. Quando são descontextualizadas e arrancadas de seu chão, não resistem.

Há uma erosão silenciosa da autenticidade:

As tradições perdem a forma, dando lugar à busca do lucro.

As canções juninas passaram a ser as mesmas que predominam nos demais meses, o forró perdeu a importância e os empresários ditam as preferências.

“Um povo que canta a mesma canção o ano inteiro está à beira da asfixia.”

Não se trata apenas de uma perda estética, mas simbólica e afetiva.

O ciclo agrícola que inspirava o São João, as histórias compartilhadas, as quadrilhas, as comidas típicas e os ritmos regionais foram substituídos por espetáculos genéricos, embalados pela trilha sonora homogênea do arrocha.

A homogeneização cultural: monocromia em lugar de policromia

“Um povo que canta a mesma canção o ano inteiro está à beira da asfixia”

A diversidade cultural, que antes estimulava a aprendizagem e fortalecia a convivência, foi gradativamente substituída por uma monocromia sonora e estética:

Na atualidade, há monocromia e apenas uma distorção de forró; um único ritmo predomina ao longo de todo o ano.

A falta de diversificação cultural empobreceu até mesmo a educação, pois a variedade estimula a aprendizagem.

Não se trata de um embate simplista entre o “tradicional” e o “moderno”, mas da percepção de que a cultura está se tornando refém de imposições externas.

“Além de enfraquecer a cultura em si, isso também promove o isolamento cultural, pois gerações mais novas abraçarão aquilo que recebem.”

Como resultado, muitas gerações crescem alheias à tradição musical nordestina e aos mestres que transmitiam não apenas melodias, mas também gestos de pertencimento e identidade.

O espetáculo que substitui o rito

As festas juninas, outrora comunais e espontâneas, transformaram-se em espetáculos inspirados nos grandes centros urbanos. O arraial se converteu em um shopping a céu aberto:

“Andando ontem pelas ruas da cidade, pude perceber que a estética interiorana tradicional se perdeu. Até mesmo as apresentações juninas se tornaram ‘cópias’… em miniaturas dos grandes eventos e de shows de grandes cidades, exibidos na TV” — disse um morador local.

Com essa transformação, perde-se a escala humana e comunitária.

A quadrilha, antes dançada entre vizinhos e familiares, cede espaço a palcos monumentais, mega shows, camarotes e artistas que atraem um público cada vez mais espectador e menos participante.

Um público cada vez mais espectador e menos participante.

O Dia dos Namorados: outro sintoma da compressão cultural

A celebração brasileira do Dia dos Namorados, em 12 de junho, ilustra um fenômeno semelhante. Apesar de ser uma data importada, mantinha uma camada cultural local:

“Uma remota lembrança de minha infância e adolescência é que, mesmo sendo no mês de junho, as rádios e a cidade reservavam espaços para músicas e atitudes românticas.” – lembra outro morador.

Hoje, até mesmo essa expressão cultural foi engolida pela uniformização das celebrações, embaladas pela onipresença do arrocha, inclusive nas campanhas publicitárias:

“O mercado comprime todas as datas num mesmo loop de consumo sonoro/comportamental.”

A ilusão de que tradição pode ser recuperada por decreto

Diante desse processo de diluição, surge uma pergunta inevitável: é possível resgatar o que se perdeu?

A ressurreição cultural não pareceria autêntica, mas um resgate forçado. Isso talvez soe fatalista, mas, como as tradições são elementos orgânicos, a recuperação deveria ser igualmente orgânica. Estou equivocado?

A cultura, como a natureza, não se recupera por força ou decreto. Ela floresce quando há afeto, desejo e compromisso comunitário.

Alguns locais ainda resistem:

Resistem por amor à cultura e a elementos que denominamos culturais — apego histórico. Outros lugares não têm a mesma raiz cultural e o mesmo amor à história.

Em outros, contudo, a adesão ao “novo” resulta no apagamento gradual do “antigo”.

Contratar antigos grupos de forró raiz, como “guardiães da cultura”, não dará resultados se estes não forem inseridos no contexto educacional de uma nova sociedade em formação.

A verdadeira educação dará sentido às novas inserções na cultura viva.

Entre resistência e luto

Considerar a situação sob um prisma fatalista pode parecer excessivo, mas expressa também um luto:

Isso, de certo modo, é condenar-se a viver refém das imposições de outros. Fatalismo?

A cultura, quando arrancada de suas raízes, seca.

Submetida ao ruído incessante do mercado, perde seu sentido vital.

Ainda assim, persistem formas de resistência. Em comunidades onde se dança coco de roda, nos saraus de repente, nos pequenos grupos que ainda colhem milho e acendem fogueiras, pulsa a continuidade cultural.

Como sintetizou Frei Betto:

O povo precisa é de pão e de beleza.”

E, como advertido:

– Um povo que canta a mesma canção o ano inteiro está à beira da asfixia.

O desafio: regar as raízes

A degradação das tradições ocorreu de forma paulatina; a reestruturação, se possível, será ainda mais difícil.

Não se trata de campanhas ou projetos oficiais, mas de pequenos gestos cotidianos: valorizar o artesanato local, transmitir às novas gerações os saberes tradicionais, manter vivas as manifestações culturais autênticas.

A cultura evolui, mas sua transformação precisa ser orgânica e não orientada exclusivamente pelas imposições do mercado.

Isso talvez soe fatalista, mas, como as tradições são elementos orgânicos, a recuperação deveria ser orgânica.

Mais do que nostalgia, trata-se de reconhecer que:

“A tradição sobrevive não pela nostalgia, mas pela reinvenção com respeito.”

Regar as raízes é, portanto, um gesto de resistência e esperança, na direção de uma cultura que, mesmo transformada, preserve sua vitalidade e sentido.

Leia também: Varandas vazias e tradições perdidas ‣ Jeito de ver

Texto revisado por I.A.

Explicando a Paixão pelo Bebê Reborn

alt: Foto de pezinhos de bebê.
Explicando a Paixão pelo Bebê Reborn

Imagem de Marjon Besteman por Pixabay

Como Explicar a Paixão pelo Bebê Reborn?

Vários “papais e mamães” de bebês reborn se reúnem em eventos em grandes praças para compartilhar experiências com seus “filhos”. Bonecos que, à primeira vista, parecem crianças de verdade!

Alguns estão lá para expandir os negócios, afinal, vender esses bonecos super realistas virou uma atividade bem lucrativa.

Mas não vamos questionar, neste post, por que — mesmo com tantas crianças precisando de um lar — algumas pessoas escolhem um ser inanimado.

Isso já foi uma tendência lá nos anos 1980, quando muita gente preferia adotar cachorros, apesar do número expressivo de crianças para adoção. Inclusive, essa onda inspirou a música “Rock da Cachorra”, do Eduardo Dusek.

É fato: cuidar de uma vida exige muito mais do que cuidar de um boneco.

Aqui, a ideia é tentar entender as razões, além das comerciais, que alimentam a febre dos bebês reborn.


O que são os Bebês Reborn?

Os bebês reborn são bonecos criados com um nível de realismo impressionante, feitos para parecerem bebês de verdade.

A coisa começou nos anos 1990, quando artistas começaram a customizar bonecos de plástico, transformando-os em réplicas super fiéis de recém-nascidos.

O processo é cheio de técnicas caprichadas: textura de pele, cor dos olhos, detalhes minuciosos como cabelos e unhas. O objetivo é criar um bebê que não só pareça real, mas também desperte sentimentos — aquela vontade de cuidar, de proteger.

A técnica do “reborn” (que significa “renascer”) geralmente começa com a remoção da pintura original do boneco, seguida da aplicação de várias camadas de tinta para imitar a pele humana com perfeição.

Além disso, muitos artistas modelam traços faciais e adicionam peso, movimento… tudo para que, ao ser segurado, o boneco passe a sensação de um bebê de verdade.

Essa atenção aos detalhes é o que encanta colecionadores e apaixonados.

Com o tempo, o mercado de bebês reborn cresceu bastante, formando uma comunidade de colecionadores que compram, vendem e trocam essas peças.

Hoje, há artistas independentes e pequenas empresas oferecendo bebês reborn de vários estilos, tamanhos e preços, agradando gostos bem variados.

Para muitos, não é só um hobby, mas também uma forma de expressão artística.

Uma maneira de lidar com emoções e criar conexões que, mesmo sendo com bonecos, são muito reais e profundas.


Por que tanta gente se apaixona pelos Bebês Reborn?

O fascínio pelos bebês reborn vai muito além da ideia de colecionar bonecos — é uma conexão emocional intensa que muita gente sente.

Um dos motivos principais é o desejo de cuidar, de maternar ou paternar.

Para quem não teve a oportunidade de ter filhos, ou passou por perdas, o bebê reborn pode ser uma forma de viver esse instinto, preenchendo uma lacuna emocional.

Muitas “mamães” e “papais” reborn sentem um forte impulso de nutrir e proteger, como fariam com uma criança de verdade.

Além disso, tem quem encontre nesses bonecos uma espécie de conforto emocional.

O realismo deles ajuda a aliviar a solidão, oferecendo uma sensação de companhia. E para quem enfrenta momentos difíceis, essa interação pode funcionar como uma espécie de terapia.

Cuidar de um bebê reborn pode ser um jeito de dar uma pausa no corre-corre e nas pressões da vida moderna.

Outro aspecto importante é a motivação pessoal, que varia muito.

Tem quem veja o bebê reborn como uma verdadeira obra de arte, valorizando a exclusividade e o talento envolvido na criação. Essas pessoas costumam participar de comunidades, onde trocam experiências e dicas.

Por outro lado, há quem crie uma ligação emocional mais profunda, vivendo a rotina como se realmente cuidasse de um bebê — um espaço seguro e sem riscos para expressar amor e afeto.

Cada experiência é única, e essa diversidade de motivos mostra como essa paixão pode mexer com emoções bem complexas.


Implicações Sociais e Possíveis Transtornos

O fenômeno dos bebês reborn já ganhou espaço em várias esferas sociais, provocando reações diversas — tanto entre o público em geral quanto entre profissionais da saúde.

Tem quem trate esses bonecos como se fossem bebês de verdade.

Embora pareça inofensivo, esse hábito gera algumas polêmicas, especialmente em locais públicos, como hospitais.

Em ambientes onde o cuidado com vidas reais é prioridade, a presença de bebês reborn pode causar desconforto ou confusão, abrindo espaço para um debate: até que ponto isso é aceitável?

É sempre bom lembrar: são bonecos, objetos. Mas, ao mesmo tempo, a interação com eles desperta sentimentos reais, o que acaba provocando reações variadas.

Alguns profissionais de saúde reconhecem que os bebês reborn podem ter um papel terapêutico, ajudando quem está passando por luto ou enfrentando doenças. Outros, porém, temem que esse apego possa desviar a atenção dos cuidados reais.

Além disso, a sociedade nem sempre vê essa prática com bons olhos.

Tem quem ache que tudo não passa de escapismo, enquanto outros defendem como uma alternativa saudável para lidar com as emoções.

A linha entre um hobby que faz bem e um comportamento preocupante é bem tênue.

Psicólogos e pesquisadores ainda discutem se essa atração pode estar ligada a questões como o Transtorno de Apego Inseguro ou até Transtornos de Personalidade.

O desafio está em separar o que é saudável do que pode prejudicar a saúde mental.

Casos curiosos (ou preocupantes?) já aconteceram: “mamães reborn” que levaram seus bonecos a postos médicos achando que estavam com febre, outras que tentaram vacinar os bebês… e até quem pediu licença-maternidade!

Por isso, é fundamental que esse tema seja mais estudado, para que se encontre o melhor jeito de lidar com essa tendência que só cresce.


O que diz a Psicologia sobre essa mania?

O universo dos bebês reborn está cada vez mais popular, envolvendo pessoas de todas as idades.

E a psicologia tem várias explicações para esse apego.

Especialistas dizem que esse vínculo pode estar relacionado a necessidades emocionais não atendidas: carinho, afeto, a vontade de cuidar.

Para quem viveu perdas, solidão ou não conseguiu realizar o sonho de ser mãe ou pai, o bebê reborn surge como uma espécie de resposta, de alívio.

Interagir com esses bonecos pode ajudar a suavizar dores emocionais, permitindo projetar sentimentos e desejos sem as responsabilidades (e os desafios) que um bebê real exige.

Essa dinâmica pode ser essencial para quem, por motivos pessoais ou sociais, não conseguiu viver essa experiência de maneira tradicional.

Além disso, o carinho por bebês reborn também pode ser visto como uma forma de autocuidado e proteção.

A participação em comunidades ajuda bastante: oferece um espaço seguro, livre de julgamentos, onde dá para trocar experiências, aprender e, principalmente, se sentir acolhido.

Mas é importante: quem sentir que está sobrecarregado emocionalmente, deve buscar apoio — seja com terapia ou grupos de suporte.

Entender as raízes desse comportamento é essencial para garantir que ele traga bem-estar, sem se transformar em algo que prejudique a saúde emocional.

Revisado por IA.

Leia também: A Importância do Amor Próprio e da Aceitação ‣ Jeito de ver

Dançando a mesma música (No ritmo do coração)

Percebo que viver é aprender a seguir o ritmo.

Imagem de Michelle Pitzel por Pixabay

Ao meu mano e amigo, Anderson
Dançando a mesma música

Talvez alguém já tenha comparado alguma vez a vida a uma dança, num baile, não sei. Mas, a cada dia, percebo que viver é aprender a seguir o ritmo.

Às vezes, somos aqueles desengonçados que atrapalham a dança, que envergonham os nossos pares no salão. A natureza é cruel… pois não há pares perfeitos!

E, quando percebemos que não estamos indo bem na dança, mesmo tristes, abrimos caminho…

e dançamos sozinhos ao som dos ventos.

Balançamos, rodopiamos, e muitas vezes a dança parece muito mais fácil quando estamos dançando sozinhos.

Mas, daí… encontramos um par!

Alguém que talvez dance tão mal quanto a gente ou que esteja disposto a aprender os passos para seguir na mesma dança.

Pisamos os pés e somos pisados muitas vezes — mas desistir na metade da música, sem ao menos aprender a sentir a melodia, é se deixar desperdiçar.

Por isso, a gente tenta…

Mesmo sabendo que as palavras que ouvimos não têm o mesmo significado para outros ouvidos.

Sabendo que, mesmo os corações, pulsam em sentidos distintos, reagindo à mesma melodia.

Daí, aprendemos a seguir o ritmo.

E, enquanto a dança continua, haverá lindos momentos, como se dançássemos ao longo do salão, no mesmo baile… sentindo, em nossas costas, o toque suave daquele par que fará a dança ganhar sentido.

E, mesmo assim, quando pensamos que entendemos a música, há variações rítmicas que nos forçam a ajustar o passo… improvisos artísticos tornam mais belas as apresentações.

É triste saber que muitos que iniciaram o mesmo baile soltaram as mãos dos seus pares… que não souberam aceitar as diferenças, seguir o ritmo. Por isso, percebemos o esvaziar da festa e nos questionamos: vale a pena continuar a dança?

Durante a dança, permita-se abrir os olhos, observar o brilho no piso do salão e contemplar o riso de quem acompanha você.

Ouça a música, escute o coração do parceiro e fale no tom que você gostaria de ouvir.

Ouça o silêncio…

E, no fim do baile, contemple o quanto você evoluiu… desistir é muito fácil.

Aprender o ritmo é uma questão de amor.

Leia também Trem da vida (uma mensagem simples) ‣ Jeito de ver

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A Importância do Amor Próprio e da Aceitação

A Importância do Amor Próprio e da Aceitação

Imagem de Tumisu por Pixabay

Neste artigo, abordaremos um pouco mais a questão da autoestima: por que ela é necessária e como o ambiente ao nosso redor impacta nosso conceito a respeito.

Vamos trabalhar juntos na importância do amor-próprio e da autoaceitação.

Entendendo a Autoestima: A Importância do Amor-Próprio e da Aceitação

O que é autoestima e por que é necessária?

A autoestima pode ser definida como a avaliação subjetiva que uma pessoa faz de si mesma, composta por sentimentos, pensamentos e percepções sobre seu valor e competência.

Esse conceito é fundamental para o bem-estar emocional e psicológico, pois influencia a maneira como os indivíduos se relacionam consigo mesmos e com os outros.

A autoestima não é um atributo fixo; ela pode flutuar ao longo do tempo, sendo moldada por diversas experiências de vida e interações sociais.

Os fatores que influenciam sua formação são variados e incluem o ambiente familiar, as experiências escolares, as relações de amizade e as expectativas sociais.

Por exemplo, um ambiente familiar positivo, onde as crianças se sentem apoiadas e valorizadas, tende a promover uma autoestima saudável.

Por outro lado, críticas constantes ou a falta de apoio podem impactar negativamente a percepção que o indivíduo tem de si mesmo, levando a uma autoestima mais baixa.

Assim, a formação da autoestima é um processo dinâmico, que pode ser influenciado ao longo da vida.

A importância da autoestima vai além da percepção pessoal.

Pesquisas em psicologia revelam que uma autoestima saudável está frequentemente associada a melhores relações interpessoais, maior resiliência emocional e maior satisfação com a vida.

Indivíduos com autoestima adequada tendem a estabelecer limites mais saudáveis, a comunicar-se de forma mais eficaz e a enfrentar adversidades com maior confiança.

Além disso, a autoestima impacta diretamente a saúde mental, estando ligada a uma menor incidência de transtornos como ansiedade e depressão.

Em resumo, a autoestima é um componente crucial do bem-estar humano, influenciando não apenas a forma como nos vemos, mas também nossas interações diárias e a qualidade das nossas relações.

Compreender sua importância é fundamental para promover um desenvolvimento pessoal saudável e construir uma vida equilibrada.

Fatores que Levam à Crítica Excessiva e Como a Aceitação das Diferenças Contribui para a Completude Humana

A crítica excessiva pode ser um reflexo direto de inseguranças pessoais e de uma autoestima fragilizada.

Muitas pessoas que se sentem insatisfeitas consigo mesmas frequentemente projetam suas inseguranças e frustrações nos outros, buscando, de maneira equivocada, um senso de controle ou superioridade.

Essa dinâmica ocorre porque, ao criticar os outros, elas podem temporariamente desviar a atenção de suas próprias vulnerabilidades.

Além disso, a cultura contemporânea, que muitas vezes exalta padrões inalcançáveis de beleza e sucesso, alimenta esse ciclo de comparação e descontentamento.

A falta de aceitação das diferenças humanas pode, portanto, impactar significativamente o autoconhecimento.

Quando indivíduos não conseguem reconhecer ou respeitar as qualidades diversas que cada pessoa possui, criam um ambiente de crítica que limita suas próprias experiências e compreensão do mundo.

Essa limitação gera um vazio existencial e prejudica o bem-estar coletivo, uma vez que a diversidade de perspectivas é uma das maiores riquezas das interações sociais.

A aceitação das diferenças, por outro lado, propicia um espaço onde cada um é valorizado por suas singularidades.

Ao aceitarmos a diversidade, podemos cultivar um ambiente mais acolhedor e inclusivo, que enriquece as relações interpessoais.

Promover a aceitação e a valorização das particularidades de cada indivíduo não apenas combate a crítica excessiva, mas também fomenta um sentimento de comunidade e empatia.

Quando as pessoas se sentem aceitas e compreendidas, tendem a desenvolver uma autoestima mais forte, emergindo com uma visão mais positiva de si mesmas e dos outros.

Esse processo não apenas contribui para o bem-estar individual, mas também eleva a qualidade das interações sociais, resultando em uma sociedade mais harmoniosa e interconectada.

Assim, reconhecer a beleza da diversidade é fundamental para alcançar a completude humana.

Trabalhando o Amor-Próprio e a Autoestima

A construção de uma autoestima saudável e o cultivo do amor-próprio são processos que demandam tempo, esforço e, principalmente, estratégias práticas.

Um dos primeiros passos nessa jornada é a autoavaliação. É essencial entender como nos vemos e quais são nossos sentimentos sobre nós mesmos.

Trabalhando o Amor-Próprio e a Autoestima

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

Para isso, ferramentas como diários ou questionários reflexivos podem ser extremamente úteis.

Elas auxiliam na identificação de padrões de pensamento negativo, permitindo que possamos desafiá-los e substituí-los por pensamentos mais positivos.

Outro método eficaz é a prática de exercícios de reflexão.

Reservar um tempo diário ou semanal para refletir sobre nossas conquistas, por menores que sejam, e sobre nossos valores pessoais pode criar uma base sólida para o amor-próprio.

Ao focar em realizações e características positivas, a autoconfiança pode ser gradualmente fortalecida.

Além disso, é aconselhável estabelecer metas realistas e alcançáveis, que possibilitem um progresso tangível na autoconsciência e autoaceitação.

Cumprir essas metas traz um senso de realização, vital para a construção de uma autoestima saudável.

A conexão entre autoestima e saúde mental não deve ser subestimada.

Pesquisas indicam que indivíduos com uma autoimagem positiva experimentam níveis mais baixos de estresse e depressão.

Por isso, a prática do autocuidado é fundamental.

Atividades que promovem o bem-estar físico e mental, como exercícios físicos, meditação e hobbies, não apenas proporcionam um espaço para o relaxamento, mas também alimentam a autoestima.

Por fim, a autorreflexão contínua se torna uma ferramenta poderosa para desenvolver uma autopercepção mais saudável, ajudando na luta contra a autocrítica excessiva e melhorando nossa relação conosco mesmos.

Abertura para Novas Experiências e a Influência de Relações Negativas

Estar aberto a novas experiências é essencial para o crescimento pessoal e o fortalecimento da autoestima.

Quando nos permitimos explorar novos ambientes, ideias e interações, ampliamos nossa compreensão do mundo e, consequentemente, nossa percepção sobre nós mesmos.

Vivências enriquecedoras — desde o aprendizado de novas habilidades até a participação em eventos sociais ou culturais — podem proporcionar uma sensação de realização e autoconhecimento.

Essas experiências não só contribuem para uma autoimagem mais positiva, como também fomentam o desenvolvimento de habilidades interpessoais e segurança em nosso próprio valor.

Além disso, a qualidade das relações que cultivamos desempenha um papel crucial na nossa autoaceitação.

É fundamental reconhecer a influência que as pessoas à nossa volta exercem sobre nossa autoestima.

Relações negativas, que geram estresse, desvalorização ou descontentamento, podem corromper nossa capacidade de amar a nós mesmos.

A interação contínua com indivíduos que não apoiam nosso crescimento ou que nos criticam frequentemente pode levar a uma percepção distorcida de nossas capacidades e valor, resultando em um declínio na autoestima.

A autoaceitação e a valorização do amor-próprio são frequentemente comprometidas por essas dinâmicas.

Assim, faz-se necessário não apenas estar aberto a novas experiências, mas também desenvolver a habilidade de identificar e, se necessário, evitar relações que não nos fazem bem.

Ao priorizarmos relações saudáveis e edificantes, criamos um ambiente propício para o florescimento da autoestima e da autoimagem positiva.

A disposição para se afastar de influências negativas é um passo vital para cultivar um espaço onde o amor-próprio possa prosperar, permitindo que novas experiências se tornem oportunidades de crescimento pessoal e realização emocional.

Leia também: Críticas -O que Elas Revelam Sobre Nós Mesmos ‣ Jeito de ver

Revisão ortográfica e gramatical por I.A.

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A verdade por trás das Privatizações

A verdade por trás das Privatizações


Em tempos de discussões acaloradas sobre o papel do Estado e o avanço das privatizações, torna-se essencial compreender as nuances desse processo e seus reais impactos sobre a sociedade. Este texto apresenta uma análise comparativa entre diferentes países, abordando dados, exemplos e reflexões sobre como a privatização nem sempre significa mais eficiência ou melhor atendimento ao público.

As Privatizações e a Ampliação do Capitalismo na Atualidade

É difícil fornecer números precisos e atualizados para o número de empresas públicas e privadas em cada país, pois estes números podem variar dependendo da fonte e da definição de empresa pública ou privada.

No entanto, é possível oferecer uma visão geral com os dados mais relevantes.

Inglaterra

Empresas Privadas:

A Inglaterra possui uma economia de mercado liberal, caracterizada por um vasto número de empresas privadas.

Empresas Públicas:

Apesar da predominância privada, o Reino Unido mantém importantes empresas públicas, como o National Health Service (NHS), além de empresas de transporte público e outras organizações de serviços essenciais.

Espanha Barcelona

Empresas Privadas:

A Espanha conta com um setor empresarial privado diversificado e fundamental para a sua economia.

Empresas Públicas:

O país mantém algumas empresas públicas de relevância, como a empresa de telecomunicações estatal Telefónica, além de outras entidades ligadas a setores estratégicos.

Itália

Empresas Privadas:

A Itália abriga um grande número de empresas privadas, incluindo marcas globais renomadas como Ferrari e FIAT.

Empresas Públicas:

O Estado italiano também participa de setores importantes, com empresas como a companhia de energia ENEL, além de outras ligadas a infraestrutura e serviços públicos.

França

Empresas Privadas:

O setor privado francês é vibrante e diversificado, com forte presença em setores como luxo, tecnologia e indústria.

Empresas Públicas:

Ainda assim, a França mantém estatais estratégicas, como a empresa de energia EDF, além de outras importantes para a segurança e o bem-estar nacional.

Japão

Empresas Privadas:

O Japão é reconhecido mundialmente por sua economia altamente competitiva, repleta de empresas privadas que lideram setores como tecnologia, automóveis e eletrônicos.

Empresas Públicas:

Entretanto, o país mantém empresas públicas significativas, sobretudo em áreas como transporte público e energia, assegurando serviços essenciais para a população.

Estados Unidos

Empresas Privadas:


Os EUA concentram um número colossal de empresas privadas, incluindo grandes corporações multinacionais e milhões de pequenas e médias empresas. Estima-se que existam cerca de 33 milhões de empresas no país.

Empresas Públicas:

Apesar de sua imagem de economia liberal, os Estados Unidos possuem aproximadamente 7.000 estatais em níveis federal, estadual e municipal, responsáveis pela oferta de serviços públicos variados.


O Protecionismo dos Países Desenvolvidos

Os países mais desenvolvidos preservam como estatais empresas de importância estratégica.

Mesmo economias marcadas pelo capitalismo e pela livre iniciativa mantêm sob controle público setores essenciais como energia, transporte, saúde e segurança, reconhecendo que tais áreas são fundamentais para a soberania nacional e o bem-estar coletivo.

No Brasil, por exemplo, apesar das pressões privatizantes, existem empresas públicas como a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).

A ECT, que por muitos anos gerou lucro ao governo federal, cumpre sobretudo uma função social e estratégica: conectar pessoas em todo o território nacional, assegurando o transporte de encomendas, correspondências, urnas eletrônicas e prestando auxílio emergencial em casos de tragédias, como ocorreu recentemente no Rio Grande do Sul.

Esse exemplo ilustra como a presença estatal em determinados setores é fundamental, não apenas para garantir eficiência, mas para assegurar direitos sociais, apoio em emergências e a coesão nacional.

Por outro lado, muitos países em desenvolvimento optam por uma estratégia oposta, abrindo suas economias a investimentos estrangeiros e privatizando empresas estatais.

Embora essa abertura seja vista como uma forma de atrair capital e tecnologia, também pode gerar vulnerabilidades, principalmente frente à competição global.

Um exemplo marcante dessas diferenças políticas está na proteção agrícola: a União Europeia e os Estados Unidos impõem barreiras rigorosas para proteger seus produtores, enquanto países como o Brasil têm reduzido restrições comerciais em busca de novos mercados.

Estatísticas recentes mostram que tarifas aplicadas por economias desenvolvidas em produtos agrícolas permanecem significativamente mais altas do que as praticadas por países em desenvolvimento.

Essas políticas refletem uma complexa dinâmica entre proteção e abertura, com impactos não apenas econômicos, mas também sociais e ambientais.


Privatizações: Eficácia ou Lucro?

Um dos argumentos mais frequentemente promovidos na imprensa para defender a privatização é a premissa de que a transferência de serviços públicos para mãos privadas resulta em maior eficiência e qualidade.

Contudo, tal narrativa frequentemente encobre os verdadeiros interesses financeiros envolvidos.

Privatizações em setores como saúde, educação e saneamento básico revelam que, na prática, a busca pelo lucro frequentemente se sobrepõe ao bem-estar social.

Exemplos claros podem ser observados na privatização de empresas de energia, onde a prometida eficiência se confronta com tarifas mais elevadas e redução no acesso.

São Paulo no Brasil sofreu vários apagões elétricos embora o sistema esteja privatizado há alguns anos. Uma possível causa dos apagões e atraso na solução foi a redução do número de trabalhadores de manutenção.

Outro caso emblemático é a privatização de serviços de água e esgoto: em diversos países, essa medida gerou deterioração no atendimento, cortes de custos que comprometeram a segurança sanitária e ampliaram problemas sociais e de saúde pública.

Diante disso, é essencial questionar o discurso que associa privatização à eficácia.

Muitas vezes, o impacto sobre as comunidades é negativo, revelando uma discrepância entre interesses financeiros e necessidades sociais.


Privatização e Subornos: Uma Relação Perigosa

Embora as privatizações devessem ser pautadas pela transparência e pelo interesse público, frequentemente tornam-se palco para práticas corruptas, incluindo o suborno.

A relação entre interesses privados e contratos públicos pode obscurecer processos legítimos, transformando a privatização em vetor de corrupção.

Na América Latina, por exemplo, várias privatizações de serviços públicos foram celebradas sob promessas de eficiência, mas acabaram beneficiando financeiramente apenas um seleto grupo, graças a esquemas de subornos e favorecimentos.

Essa conivência entre empresas e autoridades compromete a integridade das instituições democráticas e gera um ciclo vicioso onde a corrupção se perpetua, tornando a sociedade mais desconfiada das reformas.

É, portanto, imperativo estabelecer regulamentações rigorosas e mecanismos de accountability, para que a privatização não se converta em um instrumento de corrupção, mas em uma ferramenta legítima de desenvolvimento social e econômico.


Reflexões Finais sobre o Futuro das Privatizações

O futuro das privatizações segue como um tema de intensos debates.

Nota-se uma crescente polarização entre os defensores dos modelos privatizantes e aqueles que alertam para seus impactos sociais.

Embora se reconheça que a privatização possa proporcionar eficiência e inovação, ela também pode agravar desigualdades e limitar o acesso a serviços essenciais, especialmente em sociedades já fragilizadas.

Nesse contexto, o papel da sociedade civil é crucial: comunidades precisam estar vigilantes e ativamente engajadas nos processos de privatização, buscando garantir que os interesses coletivos sejam protegidos.

Assim, vislumbra-se um futuro onde as privatizações não sejam apenas instrumentos de capital, mas caminhos que conciliem eficiência econômica com justiça e inclusão social.

O desafio é construir um paradigma que reconheça a necessidade do lucro, mas que, acima de tudo, valorize e proteja o bem comum.

O que a experiência mostra neste respeito? Que na maioria das vezes as privatizações são efetuadas sem consulta pública e que empresas são sucateadas e vendidas por valores abaixo do mercado.

Privatização X Serviço Público

A privatização nem sempre significa melhoria nos serviços ou no atendimento ao público, pois os interesses das empresas privadas geralmente estão voltados ao lucro, e não à garantia de acesso universal e de qualidade.

Muitas vezes, após a privatização, há aumento das tarifas, redução de investimentos em áreas menos lucrativas e precarização das condições de trabalho, afetando diretamente a população mais vulnerável.

Setores essenciais como energia, saneamento e transporte, quando privatizados sem uma regulação eficiente, acabam transformando antigos monopólios públicos em monopólios privados, prejudicando a concorrência e ampliando desigualdades regionais.

A experiência internacional e brasileira demonstra que a eficiência prometida com a privatização depende de vários fatores, como a presença de uma agência reguladora forte, a existência de concorrência real e o compromisso social da empresa.

– O que na maioria das vezes não acontecem em países em desenvolvimento!

Casos como o das ferrovias britânicas, a telefonia no Brasil e o saneamento em algumas cidades revelam que a busca por lucro pode comprometer a qualidade e a acessibilidade dos serviços. Estudos indicam que não há evidência conclusiva de que a privatização, por si só, melhore a eficiência ou beneficie a população.

Assim, a decisão de privatizar deve ser sempre acompanhada de um debate público qualificado, com avaliação dos riscos e garantias de proteção aos direitos coletivos.

Leia também: Os Riscos da Privatização da Educação ‣ Jeito de ver

Revisão ortográfica e gramatical por IA.

© Gilson da Cruz Chaves – Jeito de Ver Reprodução permitida com créditos ao autor e ao site.