A verdade por trás das Privatizações

A verdade por trás das Privatizações


Em tempos de discussões acaloradas sobre o papel do Estado e o avanço das privatizações, torna-se essencial compreender as nuances desse processo e seus reais impactos sobre a sociedade. Este texto apresenta uma análise comparativa entre diferentes países, abordando dados, exemplos e reflexões sobre como a privatização nem sempre significa mais eficiência ou melhor atendimento ao público.

As Privatizações e a Ampliação do Capitalismo na Atualidade

É difícil fornecer números precisos e atualizados para o número de empresas públicas e privadas em cada país, pois estes números podem variar dependendo da fonte e da definição de empresa pública ou privada.

No entanto, é possível oferecer uma visão geral com os dados mais relevantes.

Inglaterra

Empresas Privadas:

A Inglaterra possui uma economia de mercado liberal, caracterizada por um vasto número de empresas privadas.

Empresas Públicas:

Apesar da predominância privada, o Reino Unido mantém importantes empresas públicas, como o National Health Service (NHS), além de empresas de transporte público e outras organizações de serviços essenciais.

Espanha    Barcelona

Empresas Privadas:

A Espanha conta com um setor empresarial privado diversificado e fundamental para a sua economia.

Empresas Públicas:

O país mantém algumas empresas públicas de relevância, como a empresa de telecomunicações estatal Telefónica, além de outras entidades ligadas a setores estratégicos.

Itália

Empresas Privadas:

A Itália abriga um grande número de empresas privadas, incluindo marcas globais renomadas como Ferrari e FIAT.

Empresas Públicas:

O Estado italiano também participa de setores importantes, com empresas como a companhia de energia ENEL, além de outras ligadas a infraestrutura e serviços públicos.

França

Empresas Privadas:

O setor privado francês é vibrante e diversificado, com forte presença em setores como luxo, tecnologia e indústria.

Empresas Públicas:

Ainda assim, a França mantém estatais estratégicas, como a empresa de energia EDF, além de outras importantes para a segurança e o bem-estar nacional.

Japão

Empresas Privadas:

O Japão é reconhecido mundialmente por sua economia altamente competitiva, repleta de empresas privadas que lideram setores como tecnologia, automóveis e eletrônicos.

Empresas Públicas:

Entretanto, o país mantém empresas públicas significativas, sobretudo em áreas como transporte público e energia, assegurando serviços essenciais para a população.

Estados Unidos

Empresas Privadas:


Os EUA concentram um número colossal de empresas privadas, incluindo grandes corporações multinacionais e milhões de pequenas e médias empresas. Estima-se que existam cerca de 33 milhões de empresas no país.

Empresas Públicas:

Apesar de sua imagem de economia liberal, os Estados Unidos possuem aproximadamente 7.000 estatais em níveis federal, estadual e municipal, responsáveis pela oferta de serviços públicos variados.


O Protecionismo dos Países Desenvolvidos

Os países mais desenvolvidos preservam como estatais empresas de importância estratégica.

Mesmo economias marcadas pelo capitalismo e pela livre iniciativa mantêm sob controle público setores essenciais como energia, transporte, saúde e segurança, reconhecendo que tais áreas são fundamentais para a soberania nacional e o bem-estar coletivo.

No Brasil, por exemplo, apesar das pressões privatizantes, existem empresas públicas como a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).

A ECT, que por muitos anos gerou lucro ao governo federal, cumpre sobretudo uma função social e estratégica: conectar pessoas em todo o território nacional, assegurando o transporte de encomendas, correspondências, urnas eletrônicas e prestando auxílio emergencial em casos de tragédias, como ocorreu recentemente no Rio Grande do Sul.

Esse exemplo ilustra como a presença estatal em determinados setores é fundamental, não apenas para garantir eficiência, mas para assegurar direitos sociais, apoio em emergências e a coesão nacional.

Por outro lado, muitos países em desenvolvimento optam por uma estratégia oposta, abrindo suas economias a investimentos estrangeiros e privatizando empresas estatais.

Embora essa abertura seja vista como uma forma de atrair capital e tecnologia, também pode gerar vulnerabilidades, principalmente frente à competição global.

Um exemplo marcante dessas diferenças políticas está na proteção agrícola: a União Europeia e os Estados Unidos impõem barreiras rigorosas para proteger seus produtores, enquanto países como o Brasil têm reduzido restrições comerciais em busca de novos mercados.

Estatísticas recentes mostram que tarifas aplicadas por economias desenvolvidas em produtos agrícolas permanecem significativamente mais altas do que as praticadas por países em desenvolvimento.

Essas políticas refletem uma complexa dinâmica entre proteção e abertura, com impactos não apenas econômicos, mas também sociais e ambientais.


Privatizações: Eficácia ou Lucro?

Um dos argumentos mais frequentemente promovidos na imprensa para defender a privatização é a premissa de que a transferência de serviços públicos para mãos privadas resulta em maior eficiência e qualidade.

Contudo, tal narrativa frequentemente encobre os verdadeiros interesses financeiros envolvidos.

Privatizações em setores como saúde, educação e saneamento básico revelam que, na prática, a busca pelo lucro frequentemente se sobrepõe ao bem-estar social.

Exemplos claros podem ser observados na privatização de empresas de energia, onde a prometida eficiência se confronta com tarifas mais elevadas e redução no acesso.

São Paulo no Brasil sofreu vários apagões elétricos embora o sistema esteja privatizado há alguns anos. Uma possível causa dos apagões e atraso na solução foi a redução do número de trabalhadores de manutenção.

Outro caso emblemático é a privatização de serviços de água e esgoto: em diversos países, essa medida gerou deterioração no atendimento, cortes de custos que comprometeram a segurança sanitária e ampliaram problemas sociais e de saúde pública.

Diante disso, é essencial questionar o discurso que associa privatização à eficácia.

Muitas vezes, o impacto sobre as comunidades é negativo, revelando uma discrepância entre interesses financeiros e necessidades sociais.


Privatização e Subornos: Uma Relação Perigosa

Embora as privatizações devessem ser pautadas pela transparência e pelo interesse público, frequentemente tornam-se palco para práticas corruptas, incluindo o suborno.

A relação entre interesses privados e contratos públicos pode obscurecer processos legítimos, transformando a privatização em vetor de corrupção.

Na América Latina, por exemplo, várias privatizações de serviços públicos foram celebradas sob promessas de eficiência, mas acabaram beneficiando financeiramente apenas um seleto grupo, graças a esquemas de subornos e favorecimentos.

Essa conivência entre empresas e autoridades compromete a integridade das instituições democráticas e gera um ciclo vicioso onde a corrupção se perpetua, tornando a sociedade mais desconfiada das reformas.

É, portanto, imperativo estabelecer regulamentações rigorosas e mecanismos de accountability, para que a privatização não se converta em um instrumento de corrupção, mas em uma ferramenta legítima de desenvolvimento social e econômico.


Reflexões Finais sobre o Futuro das Privatizações

O futuro das privatizações segue como um tema de intensos debates.

Nota-se uma crescente polarização entre os defensores dos modelos privatizantes e aqueles que alertam para seus impactos sociais.

Embora se reconheça que a privatização possa proporcionar eficiência e inovação, ela também pode agravar desigualdades e limitar o acesso a serviços essenciais, especialmente em sociedades já fragilizadas.

Nesse contexto, o papel da sociedade civil é crucial: comunidades precisam estar vigilantes e ativamente engajadas nos processos de privatização, buscando garantir que os interesses coletivos sejam protegidos.

Assim, vislumbra-se um futuro onde as privatizações não sejam apenas instrumentos de capital, mas caminhos que conciliem eficiência econômica com justiça e inclusão social.

O desafio é construir um paradigma que reconheça a necessidade do lucro, mas que, acima de tudo, valorize e proteja o bem comum.

O que a experiência mostra neste respeito? Que na maioria das vezes as privatizações são efetuadas sem consulta pública e que empresas são sucateadas e vendidas por valores abaixo do mercado.

Privatização X Serviço Público

A privatização nem sempre significa melhoria nos serviços ou no atendimento ao público, pois os interesses das empresas privadas geralmente estão voltados ao lucro, e não à garantia de acesso universal e de qualidade.

Muitas vezes, após a privatização, há aumento das tarifas, redução de investimentos em áreas menos lucrativas e precarização das condições de trabalho, afetando diretamente a população mais vulnerável.

Setores essenciais como energia, saneamento e transporte, quando privatizados sem uma regulação eficiente, acabam transformando antigos monopólios públicos em monopólios privados, prejudicando a concorrência e ampliando desigualdades regionais.

A experiência internacional e brasileira demonstra que a eficiência prometida com a privatização depende de vários fatores, como a presença de uma agência reguladora forte, a existência de concorrência real e o compromisso social da empresa.

– O que na maioria das vezes não acontecem em países em desenvolvimento!

Casos como o das ferrovias britânicas, a telefonia no Brasil e o saneamento em algumas cidades revelam que a busca por lucro pode comprometer a qualidade e a acessibilidade dos serviços. Estudos indicam que não há evidência conclusiva de que a privatização, por si só, melhore a eficiência ou beneficie a população.

Assim, a decisão de privatizar deve ser sempre acompanhada de um debate público qualificado, com avaliação dos riscos e garantias de proteção aos direitos coletivos.

Leia também:  Os Riscos da Privatização da Educação ‣ Jeito de ver

Revisão ortográfica e gramatical por IA.

Influencers – Entre Likes e Manipulação

Uma análise crítica sobre a devoção cega a influenciadores digitais

Imagem de Pexels por Pixabay

Estamos emburrecendo ou estamos sendo manipulados? Uma análise crítica sobre a devoção cega a influenciadores digitais

O fenômeno dos influenciadores digitais

Nos últimos anos, a ascensão dos influenciadores digitais tem transformado a dinâmica da comunicação e do consumo de conteúdo.

Com o advento das redes sociais, esses indivíduos conquistaram um espaço significativo na vida cotidiana, atraindo uma audiência ampla e diversificada.

Estima-se que cerca de 90% dos usuários de redes sociais sigam, ao menos, um influenciador, o que evidencia o impacto dessas figuras sobre tendências de comportamento e consumo.

A habilidade de criar conexões emocionais com os seguidores é um dos principais fatores do sucesso dos influenciadores digitais.

Ao compartilharem experiências pessoais e autênticas, constroem uma sensação de comunidade e pertencimento, que frequentemente resulta em interações intensas e leais.

Esse fenômeno é impulsionado pela busca por validação social, na qual indivíduos buscam identificação e aprovação em relação ao conteúdo consumido.

Tais interações não apenas ampliam a visibilidade desses profissionais, mas também consolidam seu status como referências em áreas como moda, beleza, saúde e fitness.

Entretanto, a qualidade do conteúdo oferecido por influenciadores pode variar consideravelmente.

Enquanto muitos compartilham informações valiosas, outros se destacam por postagens superficiais e pouco relevantes. Essa banalização representa um desafio para os seguidores, que correm o risco de serem influenciados por narrativas frágeis.

Num contexto em que a quantidade tende a prevalecer sobre a qualidade, torna-se essencial desenvolver uma postura crítica em relação ao que se consome, distinguindo informações úteis de conteúdos vazios.

O papel da psicologia na adesão a comportamentos de consumo

A psicologia desempenha um papel crucial na compreensão dos comportamentos de consumo mediados pelas redes sociais e pela influência digital.

Três conceitos-chave ajudam a explicar essa dinâmica: identificação, conformidade e manipulação emocional.

A identificação ocorre quando os seguidores se veem refletidos nas vidas e experiências dos influenciadores, criando uma conexão emocional que frequentemente motiva comportamentos de compra, baseados no desejo de imitação ou associação com essas figuras carismáticas.

A conformidade revela como os indivíduos tendem a adotar comportamentos ou crenças predominantes em seu grupo social.

Influenciadores exploram essa tendência ao promover produtos como “tendências” ou escolhas de estilo de vida desejáveis.

A pressão implícita — “todos estão fazendo isso” — leva muitos a se sentirem compelidos a seguir o exemplo, mecanismo amplamente utilizado no marketing de influência.

a manipulação emocional é uma tática poderosa para manter a atenção e a lealdade dos seguidores.

Por meio de narrativas que evocam emoções como alegria, nostalgia ou insegurança, os influenciadores conectam produtos a sentimentos pessoais, estimulando a ação e fortalecendo o vínculo afetivo com sua audiência.

Exemplo disso são histórias pessoais associadas a produtos, que tornam a experiência de compra mais envolvente e significativa.

Consequências da falta de conteúdo relevante

A crescente valorização de conteúdos superficiais promovidos por influenciadores digitais tem gerado preocupações sociais e culturais.

Um dos principais efeitos é a diminuição das habilidades de pensamento crítico, à medida que muitos consumidores aceitam informações sem questionar sua validade.

Isso favorece uma sociedade mais vulnerável à desinformação e à manipulação, na medida em que a capacidade de avaliação crítica é desvalorizada.

Além disso, a banalização de temas que exigem tratamento sério — como questões sociais, políticas e ambientais — é uma realidade inquietante.

Quando influenciadores priorizam conteúdos voltados apenas para o entretenimento imediato, discussões relevantes são obscurecidas, resultando em menor engajamento cívico e numa população menos informada e atuante.

Outro impacto relevante ocorre na formação da identidade de jovens e adolescentes, frequentemente expostos a padrões de vida irreais e consumistas.

A busca incessante por validação e aceitação nas redes sociais pode provocar crises de identidade, levando à perda de autenticidade e individualidade.

Essa dependência emocional pode comprometer a saúde mental, favorecendo quadros de ansiedade, depressão e insatisfação pessoal. Assim, ao negligenciar conteúdos mais edificantes, corre-se o risco de perpetuar um ciclo prejudicial ao bem-estar social e psicológico.

A necessidade de regulamentação e responsabilidade

A crescente influência dos influenciadores digitais alimenta um debate urgente sobre regulamentação e responsabilidade na publicidade online.

Com mais pessoas, especialmente jovens, dedicando tempo às plataformas digitais, aumenta a preocupação com práticas enganosas e falta de transparência, que podem induzir decisões de consumo pouco informadas.

Diante desse cenário, é imprescindível a implementação de legislações que exijam clareza nas publicidades realizadas por influenciadores.

Marcas e criadores de conteúdo devem ser responsabilizados por divulgações que não deixam evidente seu caráter promocional.

A transparência é fundamental para que os consumidores compreendam a natureza das mensagens que recebem.

Além disso, regulamentações podem estabelecer diretrizes específicas sobre a responsabilidade dos influenciadores quanto ao conteúdo compartilhado, considerando a veracidade das informações e o impacto potencial sobre a saúde e o bem-estar dos seguidores.

É necessária a construção de um código de ética que defina padrões para proteger os consumidores, especialmente os mais vulneráveis, dos riscos da desinformação e das promessas ilusórias.

Somente com a colaboração entre empresas, influenciadores, plataformas digitais e órgãos reguladores será possível criar um ambiente digital mais seguro, transparente e responsável.

Leia também: Qual o preço de uma amizade? ‣ Jeito de ver

Quando o Amor Começa o Dia

Estejam abertos às novidades.

Imagem de Christiane por Pixabay

É mais um novo dia, e as novidades acontecem — mesmo quando nossos olhos estão fechados.

Há sempre algo a ser descoberto. Então, que tal estar atento às pequenas coisas?

Que tal celebrar o momento, os risos, as lembranças, e a chance de abraçar quem se ama?

Num puro gesto de amor, abrace o sol, a chuva, o porvir…
Esqueça o medo, ainda que por um instante: coisas boas acontecem.

É verdade que o mal também existe — e justamente por isso devemos ter ainda mais apreço por aquilo que é bom.

Que os dias, mesmo difíceis, comecem com um amoroso “bom dia” e que a noite se encerre com o sorriso e a lembrança viva daqueles que amamos.

E que nossos corações não se fechem…

Estejam abertos às novidades.

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Reforma Trabalhista e Previdenciária

Os Efeitos Negativos das Reformas Trabalhistas e da Previdência no Brasil: Uma Análise Crítica

Imagem de Carlos CJ por Pixabay

Os Efeitos Negativos das Reformas Trabalhistas e da Previdência no Brasil: Uma Análise Crítica

Entendendo as Reformas  – Promessas

As reformas trabalhistas e da previdência no Brasil, implementadas a partir de 2017, tornaram-se temas recorrentes no debate político e econômico nacional.

Justificadas pelos governos como medidas para modernizar as relações de trabalho, gerar empregos e assegurar a sustentabilidade fiscal, essas reformas promoveram alterações profundas na legislação, com consequências que ainda reverberam na vida dos trabalhadores e na estrutura do mercado de trabalho.

Embora tenham sido amplamente divulgadas como necessárias ao desenvolvimento do país, seus impactos negativos permanecem pouco discutidos na grande imprensa.

A reforma trabalhista, sancionada pela Lei 13.467/2017, alterou de forma significativa a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), introduzindo novas modalidades de contrato, como o trabalho intermitente, flexibilizando a jornada de trabalho, ampliando a terceirização para atividades-fim e promovendo o princípio da prevalência do negociado sobre o legislado.

A realidade – Precarização e favorecimento a empregadores

Essas mudanças foram apresentadas como soluções para tornar o ambiente de negócios mais dinâmico e menos engessado por regras antigas. No entanto, ao flexibilizar direitos, a reforma abriu espaço para a precarização do trabalho.

A introdução do trabalho intermitente, por exemplo, permitiu que empresas contratassem funcionários apenas quando necessário, sem garantia de jornada fixa ou estabilidade financeira.

Ao mesmo tempo, a ampliação da terceirização, antes restrita a atividades-meio, passou a abranger todas as áreas da empresa, o que, na prática, tem resultado em salários menores e em menor acesso a benefícios trabalhistas.

A flexibilização também favoreceu os empregadores na hora de demitir.

A rescisão contratual foi simplificada, resultando em um aumento das demissões sem justa causa. Relatos de trabalhadores da indústria e do setor de serviços apontam a perda de garantias mínimas e o crescimento da insegurança profissional.

As consequências

Dados do IBGE revelam que a informalidade no mercado de trabalho passou de aproximadamente 38% em 2015 para cerca de 41% em 2022, indicando que a promessa de geração de empregos formais não se concretizou — ao contrário, muitos trabalhadores foram empurrados para formas de ocupação desprovidas de proteção legal.

Outro ponto de destaque é o enfraquecimento das entidades sindicais.

A reforma tornou a contribuição sindical opcional, comprometendo o financiamento das instituições responsáveis por defender os direitos da categoria trabalhadora.

A consequência direta foi a perda de poder de negociação coletiva, justamente em um momento em que os empregadores passaram a dispor de maior liberdade para impor condições menos favoráveis nos contratos de trabalho.

A reforma da previdência – A promessa

Paralelamente, a reforma da previdência, aprovada em 2019 por meio da Emenda Constitucional nº 103, também foi promovida sob o argumento de que era preciso garantir a sustentabilidade do sistema frente ao envelhecimento populacional e ao crescente déficit fiscal.

As mudanças incluíram o estabelecimento de uma idade mínima para aposentadoria (65 anos para homens e 62 para mulheres), o aumento do tempo mínimo de contribuição e alterações no cálculo do benefício.

No entanto, seus efeitos práticos apontam para um cenário de exclusão social e agravamento das desigualdades.

A realidade

Trabalhadores mais jovens enfrentam hoje dificuldades adicionais para se inserir no mercado formal.

Com pessoas mais velhas permanecendo ativas por mais tempo, a rotatividade diminuiu, reduzindo as oportunidades para os novos ingressantes.

O resultado é a expansão da informalidade entre os jovens, que buscam alternativas no trabalho precário, sem registro ou proteção previdenciária.

Além disso, o tempo mais longo exigido para a contribuição integral desestimula a regularidade no recolhimento das contribuições, fragilizando ainda mais o financiamento do sistema.

A situação é especialmente crítica no campo.

A reforma previdenciária desconsiderou as especificidades da previdência rural, impondo requisitos que muitos trabalhadores do campo não conseguem cumprir, seja pela informalidade da ocupação, seja pelas dificuldades estruturais de acesso ao INSS.

Isso pode estimular o êxodo rural e reduzir ainda mais a base contributiva do sistema.

Efeitos colaterais

Do ponto de vista fiscal, embora a reforma tenha sido apresentada como ferramenta para equilibrar as contas públicas, seu efeito colateral foi a redução da arrecadação previdenciária, consequência direta da informalidade crescente.

Com menos pessoas contribuindo e mais idosos dependendo dos benefícios, a tendência é de agravamento do déficit no longo prazo — o que, ironicamente, poderá servir de justificativa para novas reformas ainda mais severas.

Enquanto isso, a mídia, que deveria exercer o papel de fiscal crítico das políticas públicas, tem, em muitos casos, adotado uma postura conivente com as reformas.

A imprensa parcial

A maior parte da imprensa atuou como influencers a favor do governo da época.

A cobertura jornalística dos principais veículos de comunicação priorizou as vozes dos empresários e representantes do governo, apresentando as reformas como inevitáveis e positivas para o crescimento econômico.

Ao minimizar ou silenciar os impactos negativos sobre os trabalhadores, a imprensa contribuiu para uma narrativa hegemônica que legitima a flexibilização de direitos e o enfraquecimento das garantias sociais.

Reportagens que destacam os problemas enfrentados por trabalhadores afetados pelas novas regras são pouco visíveis nos grandes meios.

A ausência de um debate mais plural, que envolva especialistas independentes, representantes sindicais e os próprios trabalhadores, cria uma percepção distorcida da realidade.

Essa omissão compromete o direito à informação e, por consequência, a qualidade da democracia.

Retrocessos e desvalorização do trabalhador

Embora as reformas tenham sido apresentadas como medidas de modernização, seus efeitos revelam um quadro de retrocessos.

Trabalhadores perderam direitos, viram sua estabilidade diminuir, e muitos passaram a atuar à margem da legalidade, sem acesso a benefícios essenciais.

Jovens enfrentam um futuro incerto, enquanto o sistema previdenciário continua ameaçado pela baixa arrecadação.

Os benefícios obtidos pelas empresas — como a redução de custos trabalhistas, o aumento do poder de negociação e a diminuição de processos judiciais — contrastam com a crescente vulnerabilidade dos trabalhadores.

A análise crítica das reformas trabalhista e previdenciária mostra que, ao invés de promover o equilíbrio entre crescimento econômico e justiça social, essas medidas aprofundaram a desigualdade e fragilizaram a proteção do trabalho no Brasil.

Ao lado disso, a atuação da mídia como aliada do discurso oficial reforça a necessidade de um jornalismo mais responsável, plural e comprometido com os direitos humanos e sociais.

Em um país marcado por desigualdades históricas, reformas que desconsideram o impacto social não podem ser tratadas com superficialidade ou silêncio.

Leia também: A Origem do Dia do Trabalho ‣ Jeito de ver

Material adicional:

Reforma trabalhista: maior parte da mídia não aborda o impacto negativo das mudanças – Repórter Brasil

Mídia ignora críticas à Reforma da Previdência – Repórter Brasil

Temer mandou, a imprensa obedeceu: cobertura não fala ou foca na greve – CartaCapital

Rabiscos e memórias (traços do tempo)

Uma breve reflexão poética sobre o tempo

Imagem de Petra por Pixabay

Talvez eu seja apenas um velho

Com pensamentos gastos, sonhos empoeirados e ideias que não foram aproveitadas

Talvez um velho livro de páginas em branco, rabiscos mal sonhados, de velhas memórias apagadas…

Talvez eu seja O velho traço de um sonho que não durou uma noite inteira ou a velha luz de uma estrela que se espalhou como poeira

E na vastidão deste universo Insisto em velhas ideias, velhos sonhos e em velhos versos

E este velho livro, sem palavras, sem verbos, sem frases descansa, na estante do tempo guardando velhos segredos, motivos desbotados e eternos ideais…

No canto da memória de quem ama o que viveu…

Leia também  Voo efêmero – um breve encontro ‣ Jeito de ver

As Piadas Mais Sem Graça que se Tornam Engraçadas

Piadas sem graças podem gerar humor involuntário.

Imagem de Klaus Hausmann por Pixabay

Bem, eu nunca fui um mestre do humor… arrancar risos não depende apenas de habilidade natural: envolve a prática de algumas técnicas.

Abaixo vamos entender a importância das piadas sem graça (não é apenas constranger o ambiente ou os pobres ouvintes…) mas como contá-las para arrancar um risinho pelo menos.

Vamos lá!

O que são piadas sem graça?

Piadas sem graça são aquelas que falham em provocar risos imediatos.

Seu conteúdo é trivial, e sua estrutura raramente segue o modelo de uma piada bem construída.

Em vez de um punchline eficaz, oferecem desfechos fracos ou desconcertantes. Curiosamente, podem gerar humor involuntário.

A psicologia do humor sugere que essas piadas provocam sorrisos justamente por sua falta de sentido, causando surpresa bem-humorada.

Essa capacidade depende muito do contexto: em ambientes descontraídos, onde as expectativas são baixas, o riso surge não pela qualidade da piada, mas pelo contraste entre a expectativa e a realidade decepcionante.

Além disso, rir de uma piada ruim pode ser um mecanismo social.

Muitas vezes, as pessoas se sentem pressionadas a reagir positivamente, mesmo que a piada não faça sentido.

Esse riso é mais um reflexo da interação social do que uma resposta genuína. Também pode expressar solidariedade com quem conta.

Assim, piadas sem graça ocupam um espaço único na tapeçaria do humor humano.

A importância do humor ruim

O humor, mesmo em suas formas mais simples e toscas, desempenha um papel essencial nas interações sociais.

O chamado “humor ruim”, feito de piadas sem graça e trocadilhos forçados, pode parecer desprezível, mas é uma forma legítima de aliviar o estresse e criar ambientes mais leves.

No cotidiano, ele serve como catalisador de união entre amigos e familiares.

Muitas vezes, a reação à piada, mais do que a piada em si, torna-se a verdadeira fonte de riso.

Rir do banal proporciona pausas nas tensões diárias. Num mundo sobrecarregado e sério, o humor ruim é um respiro necessário.

Ele também brilha em festas e encontros informais, onde todos estão abertos a compartilhar risadas, independentemente da qualidade das piadas. Funciona como uma atividade coletiva, fortalecendo laços e criando memórias duradouras.

Portanto, ainda que trivial, o humor ruim tem valor: alivia tensões e aproxima pessoas, oferecendo leveza num ambiente muitas vezes pesado.

Quatro exemplos de piadas sem graça

O humor é cheio de nuances. Mesmo piadas sem graça podem provocar risos inesperados. Veja quatro exemplos com uma breve análise:

  1. Por que o leitor de livro não conseguiu entrar no banheiro?
    Porque ele não encontrou a saída!
    Um jogo de palavras trivial, mas a quebra da expectativa arranca um sorriso.

  2. O que o zero disse ao oito?
    “Belo cinto!”
    A graça está na absurda conexão visual, gerando um humor nonsense.

  3. Como o oceano diz olá?
    Ele acena.
    A simplicidade extrema e a personificação provocam riso pela falta de pretensão.

  4. Por que a vaca foi ao espaço?
    Para ver a Via Láctea.
    O trocadilho inusitado quebra a lógica, causando um humor involuntário.

Todas desafiam as expectativas e, mesmo sem graça, divertem pela leveza.

Como contar piadas sem graça com estilo

Contar piadas sem graça exige técnica. O tom de voz é fundamental: descontraído e confiante, prende a atenção e cria clima cômico.

Evite monotonia; variações de ritmo e ênfase aumentam a antecipação e tornam a experiência mais divertida.

A linguagem corporal também é decisiva. Gestos e expressões complementam a fala, dando vida à piada. Um olhar surpreso ou um gesto exagerado pode transformar um trocadilho fraco em algo memorável.

O contexto é crucial: piadas mal colocadas falham facilmente. Ambientes informais e públicos receptivos são ideais.

Saber escolher o momento é tão importante quanto saber contar.

Por fim, a entrega é o toque final.

Entonação e timing podem transformar um trocadilho sem sentido num momento inesquecível.

Vale experimentar com amigos e, aos poucos, desenvolver um estilo próprio. Contar piadas sem graça, quando bem feito, é uma arte divertida e instigante.

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A História do Blues: Da Dor à Emoção Profunda

Apresentação:

Antes de ser um gênero musical, o blues é um grito — um lamento que ecoa da alma ferida, atravessa o tempo e encontra abrigo nas cordas de um violão, no sopro de uma harmônica, na voz rouca que canta sem pressa.

Nascido do sofrimento, moldado nas plantações do sul dos Estados Unidos e forjado na resistência de um povo, o blues não pede licença: ele invade, emociona, transforma.

Neste texto, você vai viajar pelas origens do blues, suas metamorfoses ao longo das décadas e as figuras lendárias que o eternizaram.

Vai entender como esse som, que brotou do chão batido e da dor ancestral, cruzou fronteiras, inspirou revoluções musicais e continua pulsando no coração de artistas modernos.

E, sobretudo, vai sentir — porque o blues, mais do que se explicar, se vive.

Prepare-se para caminhar por essas estradas sonoras que nos levam ao passado, mas falam, com surpreendente clareza, do presente.

As Raízes do Blues: Um Grito de Sofrimento

O blues surgiu nas comunidades afro-americanas do sul dos Estados Unidos, no fim do século XIX e início do XX.

Suas origens estão profundamente ligadas às dores da escravidão e às lutas diárias dos seus descendentes.

Os primeiros músicos, muitos deles trabalhadores rurais, transformaram o sofrimento em canção — narrando perdas, opressão e a persistência em sobreviver.

Mais do que um gênero musical, o blues nasceu como um reflexo visceral da condição humana, transmitido pela emoção crua e pelo som carregado de verdade.

Suas raízes fincaram-se nos cantos de trabalho, nas canções de campo e nos hinos entoados nas plantações.

Esses elementos moldaram sua estrutura melódica e rítmica, trazendo à tona um novo estilo, marcado pela improvisação e pela comunicação direta da dor e da esperança.

Instrumentos como o violão e a harmônica serviram de ponte entre as histórias de vida e o coração do ouvinte — traduzindo a realidade em arte.

O blues não se formou isolado.

Absorveu influências e dialogou com outros gêneros, criando um painel rico e em constante movimento.

A liberdade do jazz, o apelo espiritual do gospel e a energia crua do rhythm and blues coexistiram em seu universo, dando origem a novos caminhos — como o rock and roll.

Assim, o blues continua a ecoar, reinventando-se sem perder seu centro: a expressão sincera das emoções humanas.


Transformações do Blues: Evolução e Inovações

Desde seu nascimento nas margens do delta do Mississippi, o blues tem sido um organismo vivo, em constante reinvenção.

Inicialmente marcado por estruturas simples e intensas, logo começou a dialogar com novos estilos, sem trair sua alma.

Na década de 1940, essa fusão deu origem ao rhythm and blues, catalisando o surgimento do rock and roll.

Nomes como Muddy Waters e Howlin’ Wolf foram fundamentais nesse processo, trazendo o blues do campo para a cidade e para novos públicos.

Suas sonoridades, já elétricas, prepararam o terreno para um renascimento do gênero, mantendo vivo o grito que está na sua essência.

Com o tempo, o blues incorporou instrumentos elétricos, arranjos mais elaborados e uma produção moderna.

Artistas como Gary Clark Jr. e Joe Bonamassa são exemplos de como a tradição pode conviver com a inovação. Eles misturam o blues com elementos de rock e jazz, preservando sua profundidade emocional enquanto abrem novas trilhas.

O blues é, portanto, um gênero dinâmico, que absorve sem se perder, que evolui sem se apagar. Sua transformação é uma celebração de sua resiliência — um testemunho de que dor, quando transformada em arte, atravessa gerações.


Pioneiros do Blues: As Lendas que Moldaram o Gênero

A história do blues não pode ser contada sem mencionar os gigantes que o moldaram.

Robert Johnson, o lendário “rei do blues do Delta”, nasceu em 1911 e deixou um legado imortal com canções como Cross Road Blues e Sweet Home Chicago. Sua habilidade em mesclar melodia e lirismo pungente criou uma base que ecoa até hoje.

B.B. King, por sua vez, elevou o blues a novas alturas. Conhecido como “O Rei do Blues”, deu à guitarra elétrica um novo papel: o de voz da alma. Com faixas marcantes como The Thrill is Gone, levou o blues a plateias ao redor do mundo, tornando-se um símbolo de expressividade e resistência.

Muddy Waters foi quem trouxe o blues do campo para a cidade.

Em Chicago, nos anos 1950, com músicas como Hoochie Coochie Man, ajudou a criar um estilo urbano, poderoso e eletrificado. Seu trabalho não só redefiniu o gênero, como influenciou profundamente o rock e o jazz.

Esses artistas não foram apenas músicos; foram mensageiros de uma época.

Suas canções, além de emocionantes, refletiram as tensões sociais e raciais do século XX. Eles não apenas tocaram instrumentos — tocaram consciências.


Os Melhores Blues da História: Clássicos Incontornáveis

A força do blues também está em suas canções inesquecíveis.

The Thrill is Gone, de B.B. King, é um desses marcos. Sua melodia carregada de melancolia e sua letra profunda sintetizam a alma do blues e inspiram gerações de músicos.

Cross Road Blues, de Robert Johnson, é outro pilar. Composta nos anos 1930, evoca conflitos internos e espirituais, e se tornou símbolo de uma era.

Sua influência perdura, atravessando décadas e gêneros.

Hoochie Coochie Man, de Muddy Waters, representa a virada do blues rural para o urbano.

Com sua energia e ousadia, a canção ajudou a definir o estilo de Chicago e pavimentou o caminho para o blues moderno.

Essas obras não apenas marcaram época; elas continuam a dialogar com o presente. São testemunhos vivos de como dor e emoção podem se tornar arte, tocando o que há de mais humano em nós.

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Géssica ( Como num dia de Domingo)

Um poema para Géssica

Imagem de Kev por Pixabay

Dedicado a Géssica —
com amor, para que ela saiba
que há um sol por trás das nuvens
e um tio que a vê, sempre,
como no primeiro domingo.

Gel,

o que te falar dos dias de domingo?
Que as flores nos jardins sorriem
nas suaves chuvas de primavera?
Ou que crianças
ainda brincam nos velhos parques?

Ah, Gel,
se eu puder te contar,
te contaria que, nos mesmos velhos jardins,
novas crianças cantam,
assim como você costumava fazer,

e se encantam com novos “tulílis” —
como você chamava os arco-íris,
quando “arco-íris” era impronunciável…

E que os dias vão e vêm,
e a infância, como os dias inconstantes,
vai e volta em momentos
— apenas para nos lembrar que não podemos parar.

Que não se pode desistir dos sonhos.
Que as descobertas alegram, entristecem…
mas jamais nos deixam indiferentes.

Géssica,
eu te diria
que, mesmo por detrás das nuvens, há um sol
brilhando, orgulhoso, dizendo sem palavras:

Neste meu dia, ela nasceu…

É domingo.

Domingo.

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Banda Toto – Seus Sucessos e Dramas

A banda Toto foi formada em 1977, em Los Angeles, Califórnia
Sabe aquelas frases em uma música que você ouve uma vez e ficam gravadas na memória por um bom motivo?

Em uma dessas muitas viagens, escutei no rádio uma canção que dizia: “Assim que a eternidade for alcançada… terei esquecido você!”

Não sei se a frase se tornou especial por eu estar longe da minha família ou por causa da tristeza recente de ter perdido alguém querido. Só sei que ela permanece entre as mais belas que já ouvi.

A frase (em tradução livre) é da música I’ll Be Over You, da banda Toto.

Se você ainda não conhece o Toto, permita-me compartilhar um pouco da história deles.


A Formação e os Primeiros Anos

A banda Toto foi formada em 1977, em Los Angeles, Califórnia, por um grupo de músicos talentosos que já desfrutavam de carreiras bem-sucedidas como músicos de estúdio.

O núcleo era composto por David Paich (tecladista) e Jeff Porcaro (baterista), amigos desde a época do colégio e parceiros em diversos projetos musicais.

A formação inicial também incluía Steve Lukather (guitarrista), David Hungate (baixista), Steve Porcaro (tecladista) e Bobby Kimball (vocalista).

Esses músicos compartilhavam não apenas um profundo respeito mútuo por suas habilidades, mas também uma paixão por diversos gêneros, do rock ao jazz, passando pelo R&B e o soul.

A ideia de formar uma banda surgiu naturalmente, como uma necessidade de expressar o talento de uma forma que os estúdios não permitiam plenamente.

Desde o início, o Toto buscou um som acessível, mas que também refletisse suas ambições artísticas. Em uma cena dominada pelo rock progressivo e pela disco music, a banda encontrou um espaço próprio ao combinar elementos desses estilos.

Com composições elaboradas, arranjos criativos e um elevado nível técnico, suas primeiras músicas logo chamaram atenção.

Os primeiros shows foram bem recebidos, e a banda conseguiu rapidamente um contrato com a Columbia Records.

Seu álbum de estreia, Toto (1978), trouxe clássicos instantâneos como Hold the Line e I’ll Supply the Love, recebendo elogios da crítica e conquistando um público fiel.

A combinação de baladas marcantes e faixas mais enérgicas revelou a versatilidade do grupo, que já se apresentava como uma força promissora no cenário musical.

Os primeiros anos do Toto foram marcados por intensa criatividade e crescente sucesso, moldando um estilo que evoluiria ao longo das décadas.

A soma do talento individual e da busca por inovação estabeleceu as bases de uma carreira duradoura e significativa.


O Sucesso Avassalador de ‘Toto IV’

Lançado em 1982, o quarto álbum de estúdio do Toto, Toto IV, representou um marco na trajetória da banda.A banda Toto foi formada em 1977, em Los Angeles, Califórnia

Após recepções mistas dos álbuns anteriores, o grupo se dedicou à criação de um trabalho ambicioso e meticuloso.

O processo de gravação foi exaustivo, mas o esforço coletivo resultou em um disco que mesclava, com maestria, rock, pop e elementos da música clássica.

O álbum trouxe algumas das faixas mais icônicas do Toto, como Africa e Rosanna.

Com letras envolventes, harmonias ricas e arranjos precisos, essas canções cativaram público e crítica. Africa, com sua batida hipnótica e melodia inconfundível, rapidamente se tornou um clássico atemporal.

O impacto de Toto IV foi imenso: o álbum vendeu milhões de cópias no mundo todo e recebeu certificações de ouro e platina em diversos países.

Aclamado por sua excelência técnica e criatividade, conquistou seis prêmios Grammy, incluindo Álbum do Ano e Gravação do Ano por Rosanna.

Essas conquistas não apenas celebraram a habilidade dos músicos, mas também elevaram o Toto ao patamar de lenda da música internacional.

O sucesso estrondoso de Toto IV consolidou a banda no estrelato e garantiu seu lugar na história, tanto pela técnica quanto pela capacidade de emocionar e cruzar fronteiras musicais.


Mudanças na Formação e Desafios

Ao longo das décadas, o Toto passou por várias mudanças de formação, enfrentando desafios que, por vezes, ameaçaram a continuidade da banda, mas também abriram caminho para novas possibilidades.

Uma das primeiras mudanças marcantes ocorreu em 1982, com a saída do vocalista Bobby Kimball, cuja voz havia contribuído de forma decisiva para o som característico do grupo.

Apesar disso, a entrada de Joseph Williams em 1986 trouxe uma nova identidade sonora, ajudando a manter a relevância da banda.A banda Toto foi formada originalmente em 1977, em Los Angeles, Califórnia

Além das trocas de integrantes, o grupo enfrentou questões pessoais e profissionais que testaram sua união.

Problemas com drogas e tensões internas dificultaram a produção de álbuns e a realização de turnês.

Steve Lukather, guitarrista e membro fundador, assumiu frequentemente a responsabilidade de manter o grupo coeso.

A perda do baixista Mike Porcaro, em 2015, vítima de esclerose lateral amiotrófica, foi um golpe doloroso, que afetou profundamente a banda.

Apesar de todos esses obstáculos, o Toto conseguiu se reinventar. Cada nova formação trouxe influências diferentes, resultando em variações de estilo ao longo da discografia.

Essa resiliência não apenas garantiu a continuidade do grupo, como também revelou a paixão de seus integrantes pela música e pelos fãs.


Herança Musical e continuação

Desde sua origem nos anos 70, o Toto construiu um legado sólido na música mundial.

Com talento excepcional e uma abordagem eclética, a banda emplacou sucessos como Africa e Hold the Line, destacando-se pela qualidade técnica e pela habilidade de transitar entre gêneros.

Essa fusão de estilos influenciou gerações de músicos, muitos dos quais consideram o Toto uma referência essencial em suas trajetórias.

Mesmo após o auge da fama, a banda manteve-se ativa com novos lançamentos e turnês globais.

Álbuns como Kingdom of Desire e Mindfields, lançados nas décadas de 1990 e 2000, demonstram a capacidade de adaptação e evolução sem perder a essência que os tornou únicos.

As apresentações ao vivo continuam a encantar o público, oferecendo experiências musicais marcadas pela energia e virtuosismo.

Paralelamente ao trabalho com a banda, os integrantes exploraram projetos solo. Steve Lukather, por exemplo, lançou álbuns aclamados que evidenciam sua versatilidade como guitarrista e compositor. David Paich e Joseph Williams também seguiram contribuindo para a música em diversas frentes — como produtores, arranjadores e intérpretes.

Hoje, o Toto segue surpreendendo os fãs com novas músicas e shows. A formação atual, que reúne nomes clássicos e novos talentos, continua a criar e a emocionar.

Rumores sobre futuras formações mantêm vivo o interesse do público, provando que, mesmo diante das mudanças da indústria, o legado do Toto permanece forte, inspirador e profundamente relevante.

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Toto – Wikipédia, a enciclopédia livre

Dia das Mães: Origem e Impacto Cultural

Amor, consideração, confiança…

1. As Origens de um Gesto de Amor

Todos os anos, no segundo domingo de maio, milhões de pessoas ao redor do mundo dedicam um tempo para homenagear suas mães.

Mas o Dia das Mães, mais do que uma data marcada no calendário ou uma ocasião de compras, é uma oportunidade de voltar o olhar para algo essencial: o amor que nos gerou, acolheu e sustentou — mesmo nas fases mais difíceis da vida.

Essa celebração tem raízes profundas. Na Grécia Antiga, já existiam festas dedicadas às mães dos deuses. Mas a origem moderna do Dia das Mães nasceu nos Estados Unidos, no coração de um tempo de conflitos e transformações.

Ann Maria Reeves Jarvis, uma mulher sensível às dores do mundo, criou em 1858 os Mothers’ Day Work Clubs, com o objetivo de melhorar as condições de saúde das famílias operárias. Mais tarde, ela organizaria os Mother’s Friendship Days, tentando curar feridas deixadas pela Guerra de Secessão.

Poucos anos depois, a escritora Julia Ward Howe publicaria o Mother’s Day Proclamation, um manifesto pela paz. Mas foi a filha de Ann, Anna Jarvis, quem conseguiu transformar a ideia em realidade.

Em 1907, dois anos após a morte de sua mãe, Anna realizou um memorial em sua homenagem.

Aquilo que começou como um gesto pessoal se espalhou como um sopro coletivo. Em 1914, o Congresso norte-americano reconheceu oficialmente o segundo domingo de maio como o Dia das Mães.

Curiosamente, Anna Jarvis acabaria se afastando do movimento, desgostosa com a transformação da data em um evento comercial. Seu sonho era que as pessoas expressassem amor com palavras e gestos, e não com presentes obrigatórios.


2. No Brasil e em Países Lusófonos

No Brasil, a comemoração começou em 1918, em Porto Alegre, trazida pela Associação Cristã de Moços.

Em 1932, Getúlio Vargas oficializou o Dia das Mães, impulsionado por feministas que viam na data uma forma de valorizar a mulher e a maternidade em um momento importante da história brasileira — o ano da conquista do voto feminino.

Em 1947, a Igreja Católica incluiu a celebração em seu calendário litúrgico.

Já em Portugal e nos países africanos de língua portuguesa, o Dia da Mãe é celebrado no primeiro domingo de maio, em sintonia com o mês dedicado a Maria, mãe de Jesus.

Antes, a data era associada ao 8 de dezembro, dia da Imaculada Conceição, mas acabou sendo transferida para o mês das flores e da ternura.

A data, embora comum a muitos países, carrega expressões culturais distintas. Em todas essas versões, porém, permanece o mesmo fio condutor: o reconhecimento da maternidade como força essencial da vida.


3. Entre a Emoção e o Apelo Comercial

Hoje, o Dia das Mães é uma das datas mais importantes do comércio, perdendo apenas para o Natal.

Amor, proteção…

Vitrines se enfeitam, propagandas se multiplicam, e a indústria encontra na figura materna um poderoso símbolo de consumo.

A National Retail Federation, por exemplo, estima que só nos Estados Unidos, os gastos com a data ultrapassam dezenas de bilhões de dólares anualmente.

Mas por trás das cifras e campanhas publicitárias, o que realmente conta é a memória. É o colo. É a ausência sentida. É o abraço ainda possível.

Em cada canto do mundo, mães seguem sendo força e abrigo.

Algumas já não estão aqui — mas permanecem. Outras lutam silenciosamente por seus filhos, muitas vezes sem reconhecimento. Celebrar esse dia é lembrar de todas elas. Das que cuidam. Das que educam. Das que resistem.

Mais do que um domingo especial, o Dia das Mães é um lembrete: o amor materno, em suas muitas formas, é uma das grandes forças que sustentam o mundo.

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Fonte:

Dia das Mães – Wikipédia, a enciclopédia livre

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