Do começo ao fim… ( Como a vida é )

Um casal feliz numa bicicleta. Um poema sobre a vida.

Imagem de Karen Warfel por Pixabay

 

O amor é o resumo de tudo

mesmo que as palavras não descrevam plenamente a história

do começo ao fim.

O amor

o bercinho

os primeiros esboços de risos

o amor renovado…

A insegurança

os primeiros passos

as primeiras quedinhas

e a preocupação…

As primeiras palavras

e os risos orgulhosos de quem nos ama

A igualdade

as brincadeiras da infância

a primeira escola

A diferença

as dúvidas

as espinhas

o primeiro beijo.

Os erros

o choro

o medo de ficar só

O encanto

os primeiros encontros

o medo de errar novamente

Uma proposta

a certeza

o sim…

Um dia feliz

a festa

um susto.

A barriguinha

um cantar a noite inteira

um chorinho de madrugada

e suas primeiras palavrinhas erradas…

E então

rir com nossas crianças, novamente,

como nossos pais riam

e ver nossos adolescentes.

Novos traços, primeiras rugas

Ver novamente e pela primeira vez

os primeiros fios brancos

e talvez, tentar esconder novamente.

E então, filhos crescidos

e, eternas crianças, ganhando asas…

As velhas preocupações

o cansaço dos anos de serviço

um amor renovado a cada dia.

Ver então,

nossos cabelos totalmente prateados, escassos

resumindo tudo,

e não pouco.

E cabelos como a neve e a pele enrugada

nos mesmos traços, lindos,

coisas que só o amor pode ver.

E então,

abrir os olhos pela ultima vez

e contemplar novamente a mesma pessoa amada

E lembrar, de tudo…

Do começo ao fim

e poder fechar os olhos,

em paz.

 

Leia mais em: Do fim ao começo (a vida ao inverso) ‣ Jeito de ver

 

 

 

O parque de diversões (Recordações de um dia)

Roda gigante. Um texto sobre a chegada dos parques itinerantes nas pequenas cidades.

Imagem de J W. por Pixabay

E o parque chegava na cidade!

Os brinquedos não eram tão sofisticados assim, mas as crianças lá do interior faziam a festa.

As rodas gigantes não eram tão gigantes, eram razoavelmente pequenas, mas que graça teria se anunciassem:

“Ele está de volta, o seu parque de diversões favorito, com muitos brinquedos ( na verdade, se resumiam a apenas sete!) e a incrível, magnífica, espetacular RODA pequena?”

As crianças corriam feito loucas de brinquedo em brinquedo, os pais perdiam a cabeça – mas, era festa.

Crianças tontas no chapéu mexicano, adolescentes tentando impressionar adolescentes e perdendo dinheiro no tiro ao alvo e o sistema de som, com seu locutor, peculiar, tentando dar aquela forcinha àqueles jovens que sonhavam com suas paixões – e que agora, naquele parquinho, poderia ter uma oportunidade a se declarar ( e pagar, alguns trocados…)

E foi lá, que como qualquer outro jovem, calça curta, pedi a música da Júlia…
Ela estava de vermelho, lacinhos brancos, sorriso tímido e amava a valsinha…
E quando lá no alto da roda gigante, ela estava, a sua música tocava

– ela, corada, sorria timidamente, e esperando a hora de parar daquele brinquedo, que se tornara gigante,  lento e provocador…eu fiquei.

E, por eternidades, a fio, aquela roda não queria parar…e quando parou, então, segurei a sua mão…

Julia, sorriu, mas, os seus país a levaram, já era tarde…

Enquanto as crianças gritavam, corriam, destruíam tudo o que não podiam – eu via o adeus da Júlia.

E a música ficou no ar, naquele tempo…
Enquanto as crianças brincavam.
E o parque se preparava para partir.

Gilson Cruz

Veja mais em: O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver.

Num dia de São João (Tragédia)

Um campo de futebol. Um poema sobre uma tragédia.

Imagem de brokerx por Pixabay

 

Poderia ter acontecido de qualquer jeito:
Caindo de um muro

Escorregando numa casca de banana
Saltando de um avião
Escorregando lua baixo

Escapando das nuvens ou dando braçadas no oceano

Limpando dinossauros
Brincando com escorpiões ou
desafiando os senhores da guerra… talvez isso fosse muito, é verdade.

Poderia ser em qualquer lugar:

andando nas ruas,  fugindo de espadas

se escondendo das bombas ou buscando férias em Júpiter

Não no céu…

O céu não é pra todos, naquela noite,

o céu era dos fogos de artifício.

Poderia ter sido de qualquer jeito ou em qualquer lugar

Abraçando a noiva, sorrindo ao irmão
dando bom dia ao vizinho
beijando a testa da mãe…

Poderia ser na cama
nas ruas, no trabalho
nos ares, nos mares e até no campo…

Pois é,

morreu num campo!

 

E não joguei mais futebol desde então.

Gilson Cruz

Veja também Flores pobres (Sonhos interrompidos) ‣ Jeito de ver

Confuso ( Carta de um detento )

Por Nilson Miller

(Uma carta)

“Mãe,  bom dia, me desculpe se não preenchi o cabeçalho informando  o dia e a data de hoje; na verdade, é  que estou desorientado… mas… caminhando aqui pela rua ouvi pessoas conversando e prestei atenção no diálogo e um deles falou ao outro que estávamos no ano de 2023.

“Achei que ele estava equivocado, ou brincando.

“Estou escrevendo porque lembrei-me dos  bons velhos tempos, da comida caseira que só você preparava, e todos ficavam na vontade de repetir o prato, não dava, ainda faltavam pessoas para almoçar, enfim… todos,  mostravam-se satisfeitos e após o almoço iriam colocar o papo em dia, enquanto outros preferiam tirar aquela siesta (soneca após almoço).

“Também lembrei do carnaval, onde vestiam-se  trajes cobrindo a cabeça com máscara; os chamados pierrots, era uma época onde podia-se brincar nas ruas sem muita preocupação, este tempo eu tenho certeza.

“Eram os anos 70 e que saudade… ainda lembro que o filme “operação dragão”  estava em cartaz, onde na oportunidade pude comprovar que os comentários positivos referentes ao filme fazem jus, e Bruce lee protagonista principal estava no auge de sua carreira.

“Não consigo assimilar hoje como sendo 2023, como o rapaz disse.

“Tenho a impressão até que não estou nem no nosso planeta , é que está tudo mudado, nada se assemelha ao tempo que está gravado em minhas boas recordações. Não consigo entender, parece que as pessoas regrediram e que somente eu estou em outro tempo.

“Veja porque tenho esta impressão mãe, fiquei sabendo que anos atrás roubaram um cavalo, se não me engano há três ou quatro anos, e hoje após  muitos anos prenderam suposto homem que por  infelicidade tinha seu nome semelhante ao do autor do crime, mesmo seus parentes tentando e consequentemente comprovando sua inocência, afinal seu RG continham informações adversas, o coitado permaneceu preso.

“A justiça por sua vez reconheceu sua falha. E quanto ao homem, preso injustamente, foi solto?  -Não! Só seria liberto após recesso do período junino.

“Creio eu por intermédio de advogado que o mesmo teriá que contratar pagando honorários sem ao menos ter cometido nada de errado.

“As autoridades não deveriam ter um pouco mais de sensibilidade? E os danos causados por esse equívoco quem vai pagar? E se pagar, vai amenizar seus dias conturbados que passou na cadeia? Disso eu também tenho certeza, não!

“Ainda há muita coisa estranha acontecendo por aqui mãe, veja se concorda comigo, policiais estão combatendo o crime e  bandidos também  armados estão cometendo diversos tipos de atrocidades…

“Os homens da lei arriscaram suas vidas, enfrentando seus adversários trocando tiros, sujeito ser alvejado pelo lado oposto, mas… enfim, a operação em curso foi um sucesso e o grupo comemora por todos saírem ilesos, e os meliantes presos.

“Agora a parte que não condiz à minha realidade…

“Não muito tempo atrás das grades, é o que sabemos que vai acontecer, o grupo infrator será solto novamente, e novamente, eles irão cometer os mesmos delitos, nossos policiais serão  chamados, trocarão tiros, sempre arriscando suas vidas, e dessa vez, será que os mesmos terão o mesmo êxito anterior?  Será que alguém será alvejado ou morto? E se for, quem vai se resposabilizar?  Será que autoridades pensam no bem-estar dos seus homens? E por que não evitam a soltura, mantendo  esses bandidos trancafiados?

“São essas coisas mãe, que me fazem pensar que não estou em meu universo de origem, fico me perguntando o  houve com nossa justiça?

“Como eu queria não mais falar de situação igual a essa, mas não há como…

“Ainda tenho mais…

“Nos dias atuais já ouvi através da tv casos em que mãe e padrasto matam menor, será que o menino atrapalhava o romance?    Bem que a mulher poderia deixar a criança com seu genitor, por que agiram assim?  Vai entender mãe o que passa na cabeça do povo desta época.  Mulher esquarteja marido com muita frieza ( aliás bota gelo nisso!)  e qual motivação?

“Jovem ator e seus pais são mortos pelo pai da namorada do ator, simplesmente porque não aprovava o relacionamento dos jovens. Após o ato,  lógico, fugiu até mesmo para outro país, enfim, como sempre,  após anos  o indivíduo foi preso pelos nossos policiais e o mais incrível, apesar de tantas provas inclusive gravada por câmera, ele argumenta sua inocência e nossa justiça ainda acata suas lamúrias, já não podia ser condenado com tantas provas?

Pois é mãe ainda não entendo porque esses homens que estudam direito agem desta desta forma dando margem para que o bandido saia impune para cometer os mesmos crimes.

“Por que então não se mudam as leis? Será que não se importam com tudo o que vem acontecendo diariamente? Atualmente temos nova modalidade de crime, o roubo de celular, infratores subtraem tais objetos, são presos pela polícia, porém em  seguida são soltos pois este tipo de crime é de pequeno porte. Assim, nossa lei permite que esses mal-feitores nos roubem, e nos matem, pois eles têm certeza que sairão impunes.

“Os bandidos estão cada mais audaciosos porque tem certeza que não ficarão presos por muito tempo, pois sabem da fragilidade das  nossas  leis que nossos magistrados persistem em manter. Porém eles, os bandidos, não são tolos, só cometem crime de natureza leve como roubo, assalto, estupro, assassinato, decapitação etc…

“Só não são capazes de cometer o mais atroz e brutal de todos os crimes pois sabem que irão perdurar por muito tempo na cadeia, ou seja… jamais deixarão de pagar suas pensões alimentícias”.

Nota do Jeito de Ver:

Crimes gravíssimos são cometidos e muitas vezes não são tratados com a devida gravidade ou espanto. MIlhões e milhões são desviados por personalidades corruptas do campo dos negócios e da política.

Por exemplo, confira nos links. abaixo:

A corrupção nas verbas da  educação, o crime no sistema econômico e a subtração do patrimônio público, etc. (pesquise Kit robótica – desvios de dinheiro publico, por exemplo Dinheiro em sacola, fraude em kits de robótica: o que se sabe sobre o escândalo envolvendo assessor de Lira (globo.com).

Destinados à saúde (Hospital da turma de Arthur Lira recebeu 1 bilhão de reais em sete anos (uol.com.br), Veja tudo o que aconteceu no rombo da Americanas e saiba o que ainda está por vir (cnnbrasil.com.br).

Entenda o esquema de vendas de joias do Bolsonaro em 5 pontos, segundo a PF – Estadão (estadao.com.br)

A corrupção condena crianças à morte cultural e física, ceifa a vida de pais desempregados, destrói destinos e, por ser praticada por pessoas influentes, muitas vezes não recebe a devida atenção dos meios de comunicação de massa, que são frequentemente patrocinados pelos próprios corruptos. (Os links fornecidos são apenas exemplos; encorajamos os leitores a realizar mais pesquisas).

A corrupção resulta em desemprego e agrava os problemas de saúde de um país.

As manchetes frequentemente refletem as consequências da corrupção e a sensação de impunidade que protege os corruptores do sistema.

Ao explorar a mente de um personagem fictício, um detento comum, Miller indaga sobre a severidade da lei para com os menos influentes e como ela é insuficiente quando se trata de figuras proeminentes da política e dos negócios.

Leia mais em  O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver

Esse bonde chamado tempo ( Hora de partir )

Um bonde. Em um texto comovente e inspirador.

Imagem de Mazarik por Pixabay

Lamento dizer…

mas o bonde está passando.

Você talvez não se lembre,

mas quando você apareceu por aqui, você chorava.

Não estranhe, por favor,

todos os que pegam a próxima parada

também saem chorando

Enquanto outros ficam a chorar também,

olhando pela janela

os que descem.

Com o tempo você vai entender

que você perdeu uma boa parte da viagem

mas o bom é que a sua viagem começa aqui.

Você conhecerá um monte de gente

boa e má

pois muitos se conheceram nessa linha,

aqui se apaixonaram, amaram, se decepcionaram, amaram novamente

tiveram filhos, construíram uma história

Outros decidiram viajar sozinhos…

e foram felizes, mesmo assim.

Alguns abraçaram

o que outros deixaram partir

Alguns desistiram da viagem no meio do caminho

Outros foram obrigados a sair…

quando isso aconteceu

infelizmente, eu não pude parar.

Esse bonde corre em apenas uma direção

Não para, nem pode voltar.

Você às vezes terá pressa

noutras, você vai querer que o bonde ande bem devagarinho.

Ficará chateado e desapontado uma porção de vezes

noutras, você você vai esquecer estes momentos,

destes acidentes de percurso…

Talvez você veja até mesmo o amor de sua vida

descer no meio do caminho…

ou mudar de assento.

Isso pode acontecer

Mas, não desanime,

o amor sempre acontece nesta viagem

Não deixe que os desastres do caminho te façam desistir de amar

de ser feliz…

A viagem é única… aproveite!

aproveite as experiências

as companhias

o trajeto

Viva a estrada…

Pois,

lamento te dizer, uma hora

você também terá que abandonar a este bonde

E que outros assim como você, entrarão chorando…

os que te amam, ou te odeiam, te verão apenas pelas janelas

e delas chorarão.

E você não saberá, nem mesmo lembrará

desta viagem apressada

assim como não lembra como entrou aqui

Neste bonde

implacável

chamado tempo.

Gilson Cruz

Veja mais em: Presos ( Onde está a tua liberdade?) – Jeito de ver.

O que é a música “brega”? – História

Um disco na vitrola. O que é a música brega e qual a sua importância da música brega na MPB?

Imagem de Essexweb1 por Pixabay

O Termo “Brega”,  para se referir a certas músicas, tornou-se popular na década de 1970, ganhou força nas décadas de 1980 e 1990 e é, hoje, um estilo musical no Pará.

Mas, calma… as coisas não são tão simples assim…

Um pouco de história.

Das décadas de 1940 a 1960, na era de ouro do Rádio, as canções mais populares eram as românticas. As interpretações transmitiam o sentimento por trás das letras nas melodias românticas e o drama em letras bem tristes (é verdade que às vezes, até exageravam um pouquinho  no modo de expressar  – “Tornei-me um ébrio”, Vicente Celestino é um excelente exemplo de interpretação dramática!).

Você consegue imaginar a dor imposta por Silvinho ao cantar: “Essa noite eu queria que o mundo acabasse, e para o inferno o Senhor me mandasse, para pagar todos os pecados meus...”(?)

Ou o Orlando Silva ” Tu és a criatura mais linda que meus olhos já viram, tu tens a boca mais linda, qua a minha boca beijou…” (?)

O estilo de canto nas décadas anteriores eram influenciados pelo modo de cantar italiano e de países latinos, quanto aos arranjos musicais orquestrais eram também simples, as letras eram bem trabalhadas, lindas, poéticas.

Por fim, na década de 1960, o aparecimento de novos estilos como o Rock’n roll, Bossa Nova e a Tropicália (já quase no fim da década) despertou o desejo de partir para novas experiências.

E então, os jovens de classe média e alta passaram a se referir às canções e ao a estilo dos cantores das décadas passadas como sendo cafonas (que vem do italiano cafone, que significa camponês, indivíduo rude, estúpido), que significa de “péssimo gosto, sem elegância, espalhafatoso”.

A moda agora era a bossa nova, com arranjos marcados pela dissonância dos acordes, num estilo que soava semelhante a uma mistura do samba nacional desacelerado com o jazz americano.

As canções que não se ajustavam aos sofisticados novos arranjos não eram aceitas por essa “nova elite” como sendo música de qualidade.

Enfim, com a chegada da Tropicália, que fundia as influências regionais com o Rock, o declínio do Iê-iê-iê (conhecido hoje como Jovem Guarda) e da Bossa Nova, a música brasileira ganhava agora uma marca pela qual é conhecida até hoje: MPB.

MPB, Música Popular Brasileira, é o termo que define canções com arranjos melódicos um tanto mais complexos e letras bem trabalhadas.

A “elite” amava a MPB (alguns militares nas décadas de 1960 e 1970 não, mas isto é outra história! – Pra não dizer que não falei de flores…) e olhava a música mais popular com um certo desprezo.

Canções com arranjos simples, que falavam de amor de modo simples, canções engraçadas ou que não se ajustassem a determinados gostos perderam a alcunha de “Cafonas” e passaram a ser chamadas “Bregas”.

Mas, por que Brega?

A origem da palavra Brega é controversa, uma das explicações é que ela é derivada de Chumbrega que significa “de má qualidade, ordinário, reles”.

Sentiu um pouco do preconceito? – Pois era isso mesmo!

Mas eram essas canções que vendiam MUITO!

As grandes gravadoras mantinham, às vezes, dois selos, como a Poligram, que tinha a Polidor. Enquanto um  selo era responsável pelas  gravações de cantores da chamada MPB a outra era especializada em gravar músicas mais comerciais.

O interessante da história é que os chamados cantores bregas vendiam muito mais que os cantores MPB e as gravadoras sabiamente usavam o lucro dessas vendas para produzir novas obras de arte, de cantores de vendagens menos expressivas.

A palavra brega como adjetivo é usada de modo depreciativo, mas quando usada como  substantivo designa um ritmo paraense que tem influências nas músicas caribenhas, na lambada e na jovem guarda.

Resumo: O que ficou conhecido pelo nome Música brega não é um estilo ou um ritmo.

A música brega é na verdade um conjunto de canções populares, com arrranjos simples,  que falam de amor de forma simples e que tratam da realidade de pessoas comuns. Por isso são canções bem comerciais.

São canções diferentes – como as canções devem ser.

E quando se trata de gostar… quem se ousa a dizer que um estilo é superior a outro?

Música é música.

– Você pode gostar ou não. Ouvir ou não!

E como dizia o Cazuza: “O amor é brega”.

Então… esqueça o rótulo!

Curta as suas músicas preferidas.

Gilson Cruz

Leia mais em

O drama do músico – As escolhas ‣ Jeito de ver

A música atual está tão pior assim? ‣ Jeito de ver

É preciso… (Saber aceitar)

Um homem e seu cão. Resiliência. Um poema sobre aceitar.

Imagem de Gloria Kaye por Pixabay

É preciso admitir que nem sempre as palavras certas virão

quando precisarmos falar,

nem as atitudes corretas

nos momentos delicados e precisos.

É preciso aceitar que nem sempre

seremos os primeiros a chegar

e que às vezes, sequer, chegaremos…

É preciso aceitar que nem sempre

nos equilibraremos quando soltarem as nossas mãos

e certamente daremos com a face na terra…

É preciso também aceitar que nem sempre

seremos amados ou odiados

e nem sempre conseguiremos retribuir o amor

a quem merece

e que mostrou sem hesitar

É preciso…

É preciso admitir

que, às vezes, fomos e pareceremos tolos

que erramos ao julgar

e que fomos mal julgados

Que não éramos tão necessários quanto queríamos

em algumas ocasiões.

É preciso…

é preciso admitir, aceitar que erramos…

e que ainda é tempo de fazer melhor.

E fazer.

É preciso.

Veja mais em  Do fim ao começo (a vida ao inverso) – Jeito de ver

Qual o sentido nas guerras – Uma Análise

 

Homens em guerra. Há algum sentido nas guerras?

Imagem de Defence-Imagery por Pixabay

 

 

“Todo homem precisa passar por uma guerra para crescer…”

Essas palavras ditas por um veterano de guerra parecem fazer sentido.

Mas, pense bem?

Qual a razão das guerras?

Quando não há acordo entre dois países é um motivo válido para um conflito?

É importante saber que a maioria das guerras foi travada por motivos comerciais velados ou pelo desejo de subjugar nações consideradas inimigas ou inferiores.

Quando dois países se confrontam em uma batalha, será que pode se dizer aos pais e mães que perderam filhos e filhas nos campos de guerra, vencemos a batalha?

Ou será que dizer: “Seu filho foi um herói” consola aquele que o perdeu?

Será que as medalhas póstumas orgulham ou machucam os pais?

Quanto aos que sobrevivem, conseguem viver normalmente no pós guerra?

A experiência mostra que a maioria dos que sobrevivem a uma guerra sofre de transtornos psicológicos e dentre estes muitos se tornam dependentes químicos. – https://jeitodever.com/2023/04/19/quem-vence-uma-guerra-e-quem-sai-ganhando/

Contrário ao que muitos podem pensar a participação numa guerra não preenche o vazio ou o tédio na vida de alguém. As experiências são amargas. Vidas são sacrificadas, interrompidas, em vão! Serão nomes, estatísticas!

Uma breve pesquisa no google mostra o modo humilhante como soldados americanos tratavam adversários (ou inimigos de guerra) no Iraque. Desrespeitando, toda e qualquer convenção. – Arquivos militares vazados mostram abusos dos EUA na guerra do Iraque – 22/10/2010 – UOL Notícias. A pesquisa reporta a 201.000 resultados em  0,22 segundos.

Imagens de Soldados já sem alma, humilhando e sendo humilhados, em defesa daquilo que não pediram e muitas vezes nem concordavam – mas, que seriam punidos com a mesma humilhação caso recusassem ou recuasssem!

As guerras apagam aquilo que nós humanos lutamos tanto para ser – apenas humanos, sem características animalescas. Capazes de mostrar amor, compaixão, empatia e compartilhar aquilo que há de bom. Sem fronteiras, sem complexos e com a capacidade de lutar pela vida, não de um grupo, mas de todos os grupos.

E enquanto fronteiras marcam e dividem os espaços, as pessoas não podem permitir que barreiras virtuais apaguem de suas mentes que o mesmo drama acontece além dos olhos.

Que crianças ainda brincam nas ruas e que os pais, em qualquer idioma e lugar, esperam abraçá-los no retorno do trabalho e no portão das  escolas, que namorados esperam o riso dos seus amados ao fim de cada tarde.

E que quando alguém é chamado – este ciclo se interrompe. A vida muda, muitas vezes acaba!

E que a vida continue! E que o amor cresça!

E que o homem, aprenda!

Ninguém precisa passar por isso para crescer.

Enquanto houver a filosofia, que mantenha uma raça superior e outra inferior…

haverá guerra em todo lugar” –    parafraseando Bob Marley, War, 1976.

Gilson Cruz

 

E esquecemos as Guerras … ‣ Jeito de ver

 

 

 

 

Do fim ao começo (a vida ao inverso)

Um casal apaixonado. Um poema sobre os bons momentos, no curso da vida.

Os bons momentos marcam, não importa a ordem da vida.

Imagem de Karen Warfel por Pixabay

E se as coisas acontecessem na ordem inversa?

Os olhos se fechariam,

e os olhos, então, se abririam pela última vez,

para olhar agora com dificuldade os cabelos também brancos da pessoa amada,

A visão fraca, cabelos brancos como a neve e a pele enrugada

Os mesmos traços lindos,

sim, coisas que só o amor pode ver…

E nossos cabelos totalmente prateados, escassos, resumiriam tudo

e não foi pouco…

Veríamos

um amor que foi renovado a cada dia.

O cansaço dos anos de serviço

as velhas preocupações…

Veríamos nossas eternas crianças, ganhando asas…

E então, filhos crescidos…

Talvez tentássemos esconder novamente

os primeiros fios brancos

Veríamos novamente, e pela primeira vez

novos traços, primeiras rugas…

E veríamos nossos adolescentes

riríamos com nossas crianças novamente

e suas primeiras palavrinhas erradas…

Teríamos um chorinho de madrugada

um cantar, a noite inteira…

Recordaríamos

A barriguinha

um susto

a festa

um dia feliz…

O sim…

a certeza

uma proposta

O medo de errar novamente

Os primeiros encontros

o encanto

o medo de ficar só

o choro

Os erros

O primeiro beijo…

as espinhas

as dúvidas

a diferença

a primeira escola

as brincadeiras da infância

A igualdade

Os risos orgulhosos de quem nos ama

as primeiras palavras

o amor e a preocupação…

as primeiras quedinhas

os primeiros passos

A insegurança

O amor renovado…

os primeiros esboços de risos

o bercinho

O amor…

Mesmo que as palavras não descrevam tudo do começo ao fim…

o amor é o resumo de tudo.

Se você gostou do texto…

por favor, leia, do fim ao começo.

Veja mais em:  Esse bonde chamado tempo ( Hora de partir ) – Jeito de ver.

Um romance de sol e lua ( Um conto)

 

Um lindo por de sol. Um romance de lua e sol, num texto simples.

Imagem de Roman Grac por Pixabay

 

O Sol estava ansioso com a chegada da noitinha

ele a viu uma vez, de relance.

Ela linda,

brilhante,

parecia sorrir, lá do outro lado.

Desde então, planejava todos os dias um modo de vê-la.

Mas, Sol e Lua não convivem sob o mesmo teto” – você talvez pense.

Pensava o sol:

“Como passar um dia ao lado dela

sem mudar os ciclos?

sem ofuscar seu brilho?”

E por anos, séculos, milênios

enviava o calor do seu amor em raios que atravessavam a terra

e que refletiam graciosamente na face da lua,

que se animava por instantes

e contava seus sonhos às estrelas…

“Impossível” – diziam algumas

“Loucura!” – diziam outras

Que sonho!” diziam outras algumas

E a cada dia,

estavam contentes de poderem se ver apenas por raros  instantes.

Até que um dia, num ímpeto

apaixonado,

se encontraram

se olharam de perto

e juraram amor eterno

num abraço,

de olhos fechados

num eclipse.

E o impossível talvez exista, é verdade.

Mas vou te contar um segredo, não tão secreto assim…

de vez em quando os dois se encontram

em instantes de abraços

na imensidão de um mesmo céu.

Veja mais em: Do fim ao começo (a vida ao inverso) ‣ Jeito de ver

Palavras de 2023 – o ano que passou! ‣ Jeito de ver

 

 

 

 

 

Optimized by Optimole