Palavras de uma Mãe (Poesia no Drama)

O rosto triste, cansado. As palavras reais de uma Mãe após a tragédia.

Imagem de ThuyHaBich por Pixabay

 

Menino, volta pra casa

Por favor, não diz que não te avisei

Menino, cuida das tuas ‘companhia’

 

Menino, não é assim que se enrica

Menino, volta pra casa

 

Menino, a noite chega

tu lembra a tua canção de ninar?

Não era brincadeira

O bicho papão existe…

e pra nós pobres, ele é diferente…

 

Volta pra casa, Menino

Tua pele é marcada

desde que tu nasceu

te olham torto nos mercado e te amarram como se amarra os porco…

Te amarram em poste,

meu coração dói

 

Volta,

pra casa…

Menino, sei que o mundo é injusto

mas trabalha, mesmo que por pouco

com pouco também se vive.

 

Lembra do teu amigo que jogou a pedra,

e a pedra infeliz subiu,

subiu e achou de cair no carro dos dotô, do bicho papão…

que matou ele

e ele é que não volta…

 

Mas, o Dotô vive na paz vive na paz dos bichos, aqui perto

A lei é diferente, pois tu, tu não esquece…

não esquece a pele dele, é igual a tua e ele não volta mais p’ra casa

 

Eu tinha medo quando você brincava a tua bola até tarde da noite

Mas, você tá grande…

E hoje não tenho paz, você não para em casa

Volta pra casa…

 

Um dia aqueles bicho te pega…

não tem advogado pra tu, nem niuma chance

A nós sobreviver é missão, pra não sumir no mundo, na história

 

Não fala daqueles lá que roubaram mais,

que tem carro, fazenda e troça na cara de todo mundo

-Eles também estão errados, mas, pra eles é diferente, sempre será…

 

Menino, está dormindo?

abre os teus olhos…

abre os olhos…

acorda, meu filho…

 

Menino…

eu te avisei…

 

Leia mais em Eterno Menino (Lembranças de um amigo) ‣ Jeito de ver

 

 

 

Estações ( O verão mora aqui)

A foto de um Girassol. Um texto sobre o Nordeste.

Imagem de 1195798 por Pixabay

 

Deste lado do mundo as estações não são bem definidas…
O outono, parece o verão e o inverno se alternando num ritmo frenético…
O inverno convida o verão para participações especiais durante a sua turnê
E na primavera, esqueça as flores.
A primavera traz a estrela maior para o show…
O sol

E você pensa em flores, que cantem as flores
( pra não dizer que não falei de flores)
Aqui primavera, não é prima…é irmã do verão
e traz pólens maravilhosos para a minha alergia…

Ah!  O verão?
Acabei de chegar à conclusão:
-É aqui que ele mora!

Gilson Cruz

Veja mais em As pequenas escolhas ( Reflexão) ‣ Jeito de ver

 

 

 

 

 

Por Luciana ( Versos simples)

O mundo não era tão chato…
Teus risos entravam na sala
Antes mesmo de a professora entrar

Parecias em outro mundo
Calma, serena, pequena
Inocente no olhar

Nada parecia tão difícil,
tão escuro…
Iluminavas

Teus risos, sorrisos
Pezinhos apressados.
Brincavas

Brincavas de escrever
Desenhar
Até de estudar…( mas, estudar é coisa séria, menina!)

E já rias…

da minha cara de tédio,

das chatices das aulas de EMC

Matemática, Filosofia..

Meu Deus, Quanta agonia!

Mas, rias…

E quando estavas calada
Brincavas de sonhar
( sonhar é bom, é bom sonhar, não posso te culpar)

E eu me escondia nas folhas do caderno

entre desenhos de montanhas, casas, borboletas, flores…

me escondia em páginas de velhos livros
das goteiras, na sala, nas chuvas de inverno
Me escondia nas linhas, não é exagero.
(Mas, rimar com livros ainda é terrível!)

Éramos jovens, bem jovens…
E tanto tempo passou
(Mas, teus risos não passam com tempo, são jovens, são eternos…

como um sorriso do tempo!)

E versos simples, eu fiz
Mas, para quê tantos versos?
Para quê tantos versos tão simples? – você diz
Sim… Menininha,

o motivo é tão simples quanto os versos…

Quero te ver feliz.

Gilson Cruz

Veja mais em  O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver

Lembrando os velhos seresteiros

Havia uma barraquinha próximo ao muro da igrejinha, na praça que é hoje  conhecida como a Praça dos Ferroviários. Era o ponto de encontro dos velhos seresteiros!

Chegavam aos poucos, cada um trazendo o seu próprio instrumento: violões, pandeiros, cavaquinhos… e enquanto a cidade se preparava para dormir, a melodia ditava o ritmo dos sonhos.

Ser menino era meio complicado.

Ficava à distância.

Sentado à porta da minha casa.

Observava cuidadosamente a entonação e sabia quase que de cor o repertório.

A “Morena bela do Rio Vermelho” se envaidecia, mas não podia ouvir o “Fica comigo esta noite” ou a angústia apaixonada de “Onde estás agora?”…

Seu Julio puxava o coro: “Hoje que a noite  está calma…” e num Sol Maior perfeito as vozes se encaixavam dando à noite, a impressão de harmonia: entre lua, estrelas e apaixonados.

“Maria Helena” era a verbena naquela noite, “Meu grito” era a oportunidade de desabafar entre “Os verdes campos da Minha Terra”…   – às vezes, os músicos cansavam,  seu Júlio amigavelmente trazia água para os amigos.

Prontinhos, agora hidratados, voltavam risonhos e com muita empolgação, e muito, muito mais emoção  para cantar.

Entre  “Negues”, “Rondas” e “Vou sair para buscar você”, chegava a hora de partir. E cantavam “A volta do Boêmio”.

Era uma reunião de amigos.

Era show de amigos para amigos.

Se reuniam apenas nos finais de ano. E a cada ano, o número de velhos amigos, de serenata, diminuía.

Eram quase trinta no início e no último que pude contemplar – eram apenas Seis.

Músicos passam e também morrem.

E por fim, o Seu Júlio também faleceu.

As serenatas acabaram.

A barraca foi demolida e em seu lugar uma linda pracinha, foi construída. Não há marcas ou lembranças daquele terreno, onde a velha barraca resistia entre velhos arames.

Novos e belos músicos nasceram.

Mas, eles jamais saberão o que era sentar entre amigos e poder rir das próprias falhas,  poder cantar no mesmo tom, sem competir. Jamais entenderão como é bom cantar junto, dividir o prestígio, a emoção, o momento – assim como deve ser a arte.

Talvez, a lua não provoque mais a mesma emoção, as pessoas mudam com o tempo e podem pensar  quão tolo seria cantar nas noites enluaradas. E como já disse,  não entendem que não era a lua em si – ali, era a celebração de uma amizade, era a celebração do amor em belas e antigas canções  – os velhos seresteiros sabiam  que um dia tudo aquilo passaria e, por isso, precisavam se encontrar, a lua era, apenas, um pretexto.

Que os novos amigos encontrem sempre um motivo para se reunir, para celebrar. A vida passa.

Hoje, depois de tanto tempo, me pergunto: ” Os velhos incansáveis seresteiros quase não paravam.  O que é que tinha naquela água que o Seu Júlio servia ?

Gilson Cruz

Leia mais em O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver

Caminhos de ferro ( Um conto)

Trilhos. Um texto sobre despedidas.

Imagem de Matthias Lemm por Pixabay

A estação ferroviária ainda é a mesma.

Lembro o misto, aquela composição que nas Quintas-feiras levava pessoas e cargas para o leste, às 13:15. Você lembra?

Partir nunca foi o momento mais alegre da vida, mas aquele momento era especial.

Sandrinha, vestida de verde, acenava e deixava nos lindos lábios o mais belo sorriso.

Então, o trem seguia, rumo ao leste.

Constante.

Trilhos, pedras, paisagens secas às margens de um rio e antigas pequenas cidades às margens da ferrovia.

As pessoas que viam o passar do trem, acenavam ao maquinista que respondia com risos, longos e estrondosos apitos, daquela buzina escandalosa.

Crianças viam heróis. Moças viam paixões e aventuras, mas dentro da composição, as pessoas esqueciam de contemplar o tempo que agora era disponível e também as histórias ao redor, estavam ocupadas com a pressa.

Então decidi voltar novamente a minha atenção ao mundo lá fora.

E vi o por do sol.

Montanhas, descidas incrivelmente lindas e assustadoras anunciavam a chegada a Contendas do Sincorá.

Era noite, as pessoas corriam para receber parentes, para vender seus produtos e outras  para embarcar.

As horas passavam e a velha cidade ficava pra trás.

Trilhos, pedras, montanhas e novas paisagens.

Até o bendito trem resolver descarrilar… e longas três se passaram.

As queixas não eram tão interessantes…

Reclamações, queixas, um reggae no toca-fitas do Nilson e a expectativa ansiosa.

E chegamos, madrugada de Sexta. Brumado estava quente.

Dois dias, passaram como segundos e hoje, não lembro absolutamente nada do que aconteceu neste período – são longos 37 anos… mas lembro de querer voltar e ver novamente aquele sorriso, o sorriso de Sandra.

E depois dos trilhos, das pedras, das velhas cidades, eu estava de volta.

E ela estava lá, de blusinha verde, de short vermelho e de riso nos lábios.

Rindo, brincando e a dizer: ” Agora é a minha hora de partir…”

E de longe, vi o carro, estradas para o Sul… montanhas…céus… não consegui sorrir.

Senti falta dos risos.

Ela jamais voltou.

Gilson Cruz

Veja mais em: O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver.

Cachorros abandonados – o que fazer?

Um velho cachorro. Muitos animais morrem durante festividades que envolvem queima de fogos. Veja a história de Duke.

Imagem de Rajesh Balouria por Pixabay

 

Um cão chamado Duke

 

Você consegue imaginar a seguinte cena?

Festejos de virada de ano,  shows de fogos de artifício, clarões, barulho, sim, muito barulho – turistas e moradores locais entusiasmados olhando o céu, extasiados com a coreografia dos fogos, bebendo, cantando, celebrando o fim de ciclo de mais um ano.

Neste exato momento, o Sr. José, sim, o chamaremos de José, morador de rua, está desesperado tentando abafar os sons e acalmar seu companheiro, o Duke* (chamaremos de Duke) seu amiguinho de quatro patas, um SRD de três anos que o acompanha desde o nascimento.

Duke, é um cachorrinho amoroso, brincalhão e a melhor companhia contra o tédio.

Uma lembrança de que mesmo em tempos difíceis, alguém vai estar lá apenas por te amar.

Duke ama o José, mas está desesperado.

E o Zé, também está desesperado.

Ele sabe que os cachorros têm a capacidade auditiva maior que a dos humanos e que, para eles, barulhos acima de 60 decibéis, que equivale a uma conversa em tom alto, pode causar estresse físico e psicológico, pois o ouvido canino é capaz de perceber uma frequência maior de sons, e podem detectar sons quatro vezes mais distantes, se comparado a humanos. -(Fonte: Fogos, bombas e rojões: saiba o risco que isso pode causar nos animais – Voz das Comunidades)

Duke, o pequeno companheiro, infartou naquela noite.

Muitos animais morrem durante festividades que envolvem queima de fogos. Exemplos nos posts abaixo:

Cachorro morre durante queima de fogos, no réveillon | Bom Dia Rio | G1 (globo.com)

Mulher relata morte de cadela após queima de fogos de artifício no revéillon – Nacional – Estado de Minas

A história acima tem o nome dos protagonistas trocados, mas aconteceu no Rio de Janeiro, Brasil.

Caso você tenha um cachorrinho de estimação já percebeu como ele fica agitado com as bombas e sons altos? Nestes casos seria bom deixá-lo pela casa à vontade e tentar minimizar os efeito dos barulhos e treiná-lo para que aos poucos ele se acostume com sons diferentes.  – Fonofobia: seu cachorro tem medo de barulho? – BLOG.Petiko

Mas, quando se trata de cães que vivem nas ruas (sim, eles existem!) seria necessário uma política para conter os danos.

Uma política voltada para o cuidado de animais.

Não como aquelas em que prefeitos mandam recolher os pobres bichinhos para o abate, que além de cruel – é criminosa. Veja um exemplo na matéora do post: -Prefeitura na BA publica decreto que determina abate de animais abandonados em vias públicas | Bahia | G1 (globo.com)

Criar canis, investir em veterinários, criar programas de incentivo a adoção responsável, seria questão de saúde pública, contudo, infelizmente, quando a maioria dos políticos pensam neste problema, que são os cães abandonados, não entendem (ou fingem não entender) que o problema é o ABANDONO, não os cães.

Por isso, pensam apenas matá-los. Termo mais sincero para o comum “abatê-los”.

Buscam a solução mais fácil, pois se até mesmo a humanos em necessidade muitos políticos tratam como nada além de votos necessários, ou escadas necessárias,  que pensar das criaturinhas que não votam?

Lamentavelmente, esse tem sido o cenário.

Respeitar a vida está entre as principais virtudes de um ser humano.

Quanto ao dono do Duke, anda pelas ruas, sozinho e as pessoas não o notam.

Estão ocupadas demais olhando para cima. Não se importam, também com os HUMANOS.

 

Nota> O nome Duke foi escolhido por causa de um cachorro que foi espancado a pauladas, numa praça pública na cidade de Seabra, Bahia. Espancado, por animais sem raça definida, não deviam ser humanos, apesar de parecerem.  Até o momento ninguém foi preso, até o dia da reportagem.  O verdadeiro Duke morreu, em consequência dos espancamentos. – Cachorro é espancado a pauladas em praça na Bahia; animal foi atingido com pelo menos 8 golpes | Bahia | G1 (globo.com)

 

Leia também:  Os meios de comunicação e a política ‣ Jeito de ver

 

 

 

O maratonista ( uma poesia curta)

A vida de um Maratonista em uma poesia.

Imagem de kinkate por Pixabay

Ao amigo Tomaz

É madrugada, o sono não vem e ele tenta dormir.

Apesar de tudo que viveu e que aprendeu,

sabe que amanhã será mais um grande dia.

Um lugar diferente…

ruas diferentes, companheiros diferentes

não existem inimigos, nem adversários

A cada metro,

a cada quilômetro

controla a respiração,

o tempo

os passos, a pressa…

Sente o cansaço

Não para

Olha por um instante

e contempla as ruas

e passa num ritmo constante.

E constante passa

A vida ensinou que ele nem sempre será o primeiro

o segundo ou o terceiro…

Mas cada fim, cada chegada é festejada.

Cada participação será uma história para contar

Sim, cada história é uma vitória.

Pra quem correr é a vida

E ele corre pra viver.

Gilson Cruz 

Leia mais em O dia a dia (Um poema simples) – Jeito de ver

O mundo anda bem complicado…

Jornais. As notícias afetam o nosso humor e a nossa saúde.

Imagem de Luisella Planeta LOVE PEACE 💛💙 por Pixabay

O dia não estava bom…

O intestino me lembrou de sua existência e me gritou exigindo atenção, mas o estômago enciumado queria também um pouco de amor – e resolveu protestar.

A otite resolveu me visitar justamente um dia após a vacina.

Meu pobre cérebro não estava lá com muita paciência para administrar os egos – então, depois de medicado, ele resolveu dormir e acordou com uma disposição imensa para ver o que estava acontecendo no mundo.

Então, resolveu me distrair nos portais de notícia, para ver se algo interessante acontecia para me dar aquela moral. “Quem sabe uma boa notícia” – pensou.

E a aventura começou.

O site trazia propostas nada interessantes, como o antes e o hoje de um ator famoso, ou destaques de um outro ator que se declara ecossexual (termo que eu não conhecia).

“-Deve gostar da natureza…” – pensei e quase acertei.

Ecossexualidade é a fusão entre ambientalismo e sexualidade, focar sempre no amor pelo planeta.

E não é que as piadinhas tolas, da Quinta Série fizeram a festa em minha cabeça… – mas, convenhamos, a quem deve interessar este assunto?

Resolveu, então, esquecer as piadas e seguir em frente, e novos quadros falavam de biquini de famosos, feitos de lã, crochê, fios de ouro, couro, cordas de guitarra, contrabaixo, ukulele, fios de cabelos de marcianos… – acho que me empolguei um pouco…não foi bem de tudo isso.

Mas, perguntei:  – “Mas, a quem interessa tudo isso?”

Ainda era começo da busca por alguma coisa,  e algumas tragédias estavam lá, perdidas e encaixadas entre um monte de futilidades…

“Corpo de criança de dois anos, desaparecida, é encontrado no Paraná”, “CPI’s e CPMIs”, “Mísseis da Coréia do Norte caem no Japão”, “Grampo telefônico confirma participação de jogador brasileiro em estupro”, “Ciclista cai em curva, durante corrida e morre”, “Congresso faz pressão por mais recursos e cargos e reclama na imprensa que o governo não sabe dialogar”… Isso cansa!

“Seleção fará partida amistosa e usará uniforme preto contra o racismo” – Pensa : “Exibirão aquela faixa: Diga Não ao Racismo ou COM RACISMO NÃO TEM JOGO  e não farão nada além disso. Hipocrisia, não consigo acreditar que haja algum interesse maior que dinheiro nestas instituições…” – Mas, meu cérebro me corrige imediatamente, me colocando no caminho. O objetivo é distrair, não me estressar.

E as notícias continuam: “Goleiro se machuca, será substituído”, “Governo faz incentivos para aumento na venda de carros”  (“e com o meu salário não dá nem pra imaginar a compra” – reclama o cérebro), “Ciclones no Sul”, “Uma MC, cujo nome que me lembra os palhacinhos da minha infância, tem show cancelado novamente”,  “Modelo tem galinheiro com piscina, poleiro e iluminação”- “Mudou a minha vida” – se irrita o meu cérebro.

O mundo anda complicado.

Informações sérias e banais lutam pelo  mesmo espaço – e eu me sinto cansado.

Clickbaits, anúncios sem sentido e muitas notícias que não fazem jus ao termo (a palavra notícia vem do latim notitia que significa algo que merece notoriedade, conhecimento de alguém, noção etc. – O que é notícia? – Significados )

“Informam, mas não acrescentam em nada. Não precisavam estar lá” – reclama o meu cérebro, que já soa meio impaciente.

Mas, portais precisam sobreviver e por isso notícias sensacionalistas estão lá, sempre de mãos dadas com algum anúncio.

Depois de perder meia hora de sua vida buscando distrações o cérebro descobriu: Dormir é um excelente remédio!

E no que ainda restava de dia, ele me entregou aos sonhos – pois nem sempre viver é melhor que sonhar.

Gilson Cruz

Leia mais em  Perigo nas redes sociais – como o se proteger – Jeito de ver

RECORDAÇÕES ( Um momento de reflexão)

Um pai e um filho caminham nos trilhos. Recordações por Gilmar Chaves.

Recordar… é viver ou sofrer na saudade.

Imagem de Nato Pereira por Pixabay

Estação ferroviária de Queimadas, Bahia.

GChaves

Recordar… é viver ou sofrer na saudade.
Às vezes nos encontramos em pensamentos perdidos, também conhecidos como lembranças. Pensamentos esses que nos levam a lugares distantes, tão distantes que nos remetem ao passado.
E desse passado, memórias de momentos bons e ruins da vida (ruins porque certas lembranças doem, certas saudades doem, doem muito!). Pelo menos é sempre assim comigo. Ainda mais quando se trata de momentos vividos, da infância. Até pequenas mensagens tocam fortemente no peito, e a sensação de aperto me traz quase sempre lágrimas nos olhos.
Parte de uma mensagem poética, da qual não conhecia o autor, mas conhecia a pessoa que com carinho me enviou por saber da minha sensibilidade a bons textos, diz assim:
“Como era belo esse tempo
De tão doces ilusões,
De tardes belas, amenas,
De noites sempre serenas,
De estrelas vivas e puras;
Quadra de riso e de flores
Em que eu sonhava venturas,
Em que eu cuidava de amores”. (Casemiro de Abreu)

Quando deparei com a linda mensagem, minha mente retrocedeu, obrigou-me a percorrer por lugares vividos, e no espaço entre o meu peito, uma fenda se abriu, sugando a minha resistência de adulto e me aprisionou, fazendo com que sentisse como uma criança insegura, que carece do afago de mãe, aquela atenção que só o amor materno prestaria.
Dentre os caminhos em recordações percorridos, estive na primeira cidade do interior. Anteriormente a minha família residia na capital e por circunstâncias que desconhecia, nos mudamos.
Imagine, na mente e visão infantil a transferência de um lugar agitado para um lugar, onde a viagem de mudança foi feita dentro de um trem de passageiros “que hoje raramente existe”, observando o movimento e o som da estrada de ferro, bem como as admiráveis paisagens naturais, os lugares passados, as novas denominações à cada parada, pois as paradas eram nas cidades onde tinham estações. Alguns lugares até mesmo neblinavam e tornava impossível observar além de alguns poucos metros. Ahhh!!!!…como era gostoso e ao mesmo tempo assustador! Expectativas causam euforia e medo!
Enfim, chegando ao novo destino ‘cidade do interior’, tudo era novo. Novas visões, de um novo lugar: estação, balaustrada, depósito de máquinas e vagões, caixa d’água com a sigla da rede ferroviária “LB-Leste Brasileira”, até o ar, percebia-se, era diferente, mais suave, era saudável. Andorinhas e cardeais sobrevoavam, compartilhando com harmonia do mesmo espaço ao céu.
Adiantando alguns dias na nova morada, uma casa enorme, cheia de quartos, até mesmo no quintal ‘que era imenso! ’, e também muitas árvores frutíferas.
E o rio?! Conheci até mesmo um rio, pois então só tinha noção realística do mar, água salgada. Não mudei da água para o vinho ‘literalmente’, mas mudei da água salgada para a água doce, as águas do Rio Itapicuru. E lá, às margens do rio, encontrava-se um lugar muito bem frequentado a INGAZEIRA, área onde a população frequentava por ter árvores frondosas, que eram muito bem aproveitadas como trampolim.
Realmente, como era belo esse tempo, de tão doces ilusões, de tardes belas, amenas…
Ahhh!!!! Queimadas! De Salvador-Bahia, lugar agitado, onde não se confiava segurança aos filhos na rua, para Queimadas-Bahia, lugar onde o contato com a natureza lhe permitia até mesmo tirar leite de vacas (no meio da rua). Mas, isso fará parte de uma próxima recordação.

Gilmar Chaves 23/05/2023

Leia mais  O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver

Entendendo um pouco de política (Educação)

Três Poderes. Como fuinciona o Sistema Político no Brasil?

Imagem de Nill Matias por Pixabay

 

O que você sabe de Política?

Como funciona o sistema político brasileiro?

Política significa algo relacionado a organização, direção e administração de nações ou estados.

As correntes políticas são as conhecidas direita, esquerda e conservadora, cuja origem se deu ne Revolução Francesa, de 1879, quando os membrosda Assembleia Nacional se dividiam  em partidários do Rei à direita e os simpatizantes da Revolução, que buscava mudanças na distribuição de rendas e no trabalho. No início ainda não havia os Moderadores – que só passaram a existir quando a Assembleia Nacional foi substituída em 1791 por uma Assembleia Legislativa.

Com a mudança a divisão continuou, os inovadores sentavam do lado esquerdo os moderados  reuniam-se ao centro e os defensores da consciência da constituição encontravam-se sentados à direita. – Esquerda e direita (política) – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

É reconhecido que durante um período de fome severa na França os nobres se alimentavam com o que havia de melhor enquanto a fome e a inflação (neste tempo o salário comprava apenas um pão) acabava com os franceses. Cenários assim pavimentaram o desejo de mudança naquele país.

E quanto ao Brasil ?

No Brasil, o Poder Executivo Federal é desempenhado pelo Presidente da República, asssessorado pelos Ministros do Estado.

Existe, porém , um fato que foge à mente da maioria dos brasileiros. O PRESIDENTE NÃO DECIDE SOZINHO. No sistema político brasileiro, a Câmara de Deputados e o Senado – governam (ou desgovernam, conforme a situação) juntos.

Compondo o poder legislativo, a cãmara dos deputados discute e vota propostas referentes a áreas aconômicas e sociais, como educação, saúde, transporte, habitação, entre outras, e taqmbém fiscaliza o emprego, pelos Poderes da União, dos recursos arrecadados da população com o pagamento de tributos.

A Cãmara de Deputados é composta de 513 representantes desde 1993.

Como a Cãmara interfere na política brasileira?

Voltando ao ano de 2016, quando o Presidente da Câmara da época, Eduardo Cunha, com problemas na justiça, pediu a ajuda da então Presidente Dilma Roussef  e não foi atendido, passou a articular junto a partidos do Centrão ( no Brasil não são conservadores, busque a biografia) pautas bombas, que visavam minar a popularidade da Presidente, não aprovando nenhuma proposta do Governo – tornando impossível a então governabilidade.

A acusação argumentou que os decretos autorizaram a suplementação do orçamento em mais de R$  95 bilhões e contribuíram para o descumprimento da meta fiscal. Alegaram que o Governo sabia da irregularidade por que já havia pedido revisão da meta quando editou os decretos e que o Legislativo não tinha sido consultado, como deveria ter sido feito antes da nova meta ser aprovada.

Com o apoio da grande imprensa, que ocupou na maior parte o papel de acusação, deixava no ar a sensação de que um dos maiores episódios de corrupção estava acontecendo naquele momento. O povo mais motivado pelo que entendia das notícias e pelas dancinhas protesto que tomaram as ruas – tiveram o privilégio de aparecer por alguns instantes nos veículos de informações das maiores redes de  Tv do País.

Surgia nas ruas o cidadão comum, instigado por um sentimento patriótico mal orientado, que carregava em seus ombros a placa: ” Eu quero voltar a visitar a Disney…” – Cômico e trágico.

Com o tempo, depois do Impeachment e o afastamento de Dilma Roussef  verificou-se que não houve fraudes, muito menos desvios de dinheiro – e a história mostrou que o que  estava em curso era um projeto iniciado pela Câmara com a adesão de partidos aliados ao executivo e militares um projeto de poder em que os trabalhadores teriam seus direitos suprimidos. – ‘Peço desculpas à ex-presidente Dilma Rousseff’, diz Tony Garcia (correiobraziliense.com.br)

O uso de notícias falsas por meio de aplicativos tornou-se uma arma desde então.

Comparando as situações, no dia 7 de Junho 2023 o Tribunal de Contas da União, emitiu parecer prévio pela aprovação com ressalvas relativas ao mandato do ex-presidente da República, relativas ao exercício de 2022. São 14 ressalvas referentes a distorções que somam R$ 1,28 Trilhão. TCU aprova com ressalvas as contas do governo Bolsonaro de 2022 | Política | G1 (globo.com)

Não houve escândalos, manifestações de deputados na época. A decisão do TCU será enviada ao Congresso ao qual cabe a palavra final. Vale ressaltar que nos quatro anos 2019-2022 o Congresso participou ativamente do governo.

Entendendo melhor, um Presidente é eleito, para administrar um jogo político, em que deputados eleitos também democraticamente, representam os mais variados interesses desde empresários do agro até os seus próprios – e raramente, o da maioria da população.

Quando o representante da Câmara dos Deputados reclama a falta de articulação por parte de um governo, não significa não haver tentativa de diálogo ou coisas assim. Significa apenas que ele exige mais recursos e mais setores importantes em ministérios, onde haja um fluxo maior de dinheiro. Atualmente a pressão é pelo Ministério da Saúde. Ex. Vide os Kits de robótica, e os escândalos em saúde e educação.

Recentemente, o Congresso causou um grande impacto no governo ao mexer nos ministérios relacionados ao meio ambiente, numa tentativa de favorecer aos ruralistas. Querem acelerar a votação da lei do Marco Temporal antes que seja votado pelo STF e para dar uma mãozinha (ao que parece), um dos ministros pediu vista do processo. – Marco temporal das terras indígenas: entenda o que está em jogo no Congresso, no STF e efeitos práticos | Política | G1 (globo.com)

A imagem do Brasil e o projeto de governo serão afetados nacional e internacionalmente.

Em resumo: Qualquer Presidente governará sob a pressão de um Congresso, corrupto ou não, que pode permitir ou não a governabilidade e no fim das contas levará sozinho o ônus de seu governo.

Esse é o sistema político brasileiro e para um pouco de justiça, todos: Presidentes, Deputados e e Senadores, deveriam ser cobrados pelo resultados…

 

O Site Jeito de Ver não é mantido por partidos políticos e nem endossa rivalidades, nem advoga partidos ou ideologias políticas. Recomenda o conhecimento para que o entendimento nos ajude a melhorar aquilo que é possível atualmente. O que não for possível agora, será com o tempo. Por isso procuramos o melhor a cada dia. Recomendamos a leitura da matéria nos links. Elas trazem pormenores interessantes, que enriquecerão o seu conhecimento.

Gilson Cruz

Leia também O papel da imprensa e a História ‣ Jeito de ver

 

 

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