A População Carcerária no Brasil

Um problema crescente

A população carcerária do Brasil atinge cerca de 900 mil pessoas, ultrapassando a população de muitos municípios no país (https://carceraria.org.br).

Uma parcela significativa está detida por crimes considerados leves.

Por exemplo, no município de Iaçu, estado da Bahia, um senhor desesperado com a fome dos filhos invadiu um pequeno mercado e roubou uma lata de leite. Por esse ato, ele passou mais de um ano preso.

Sim, roubar é crime.

Enquanto pessoas cometem crimes de pequeno porte, muitas vezes por fome e desespero, pagam seus pecados em longas penas.

Aqueles que cometem crimes BEM MAIORES, por vezes, conseguem pagar fiança e desfrutar de liberdade com valores obtidos por meios ilegais.

Surgem perguntas…

Mas, o que justificaria manter alguém em cárcere por tanto tempo?

Quantos se encontram em situação semelhante?

Que pena poderia ser aplicada para ajudar a pessoa sem prejudicar aqueles que foram lesados?

O atual sistema parece justo?

A reação de muitos…

Alguns inflamados, com um típico falso senso de justiça, poderiam responder: “Tem que ser preso mesmo! Ninguém mandou roubar!”

Por exemplo, ao testemunhar o desespero de uma mãe que tentava roubar uma lata de leite para seu filho recém-nascido, um senhor tentou negociar com o dono do mercado o valor do produto subtraído, oferecendo-se para pagar pelo produto em troca da liberdade da jovem mãe.

O gerente, no seu desejo de justiça, não aceitou a proposta, pois “lugar de ladrão é na cadeia”.

Muitos falsos moralistas cobram justiça enquanto em suas vidas privadas sonegam impostos, traficam drogas e até planejam outros crimes de maior porte.

O problema da corrupção

Quantos juízes e políticos, que dizem combater a corrupção, são flagrados se corrompendo? Como exemplo: Nicolau dos Santos Neto – Wikipédia, a enciclopédia livre (https://pt.wikipedia.org/wiki/Nicolau_dos_Santos_Neto).

Observe o trecho abaixo, extraído do site Carceraria.org.br:

“Segundo o 14º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que reflete dados de 2018 e 2019, o percentual de pessoas negras (pretas e pardas) no sistema prisional brasileiro é de 66,7%. Não é de hoje que se fala em seletividade penal. Não é de hoje que se vê casos em que ela opera.

“Genivaldo, morto pela polícia rodoviária de Sergipe asfixiado em uma câmara de gás improvisada no camburão, foi abordado porque estava dirigindo sem capacete. O presidente Jair Bolsonaro, nas motociatas realizadas com o aparato financeiro do Estado, era frequentemente fotografado sem o uso do equipamento de proteção ou usando capacetes inadequados.

O Anuário, ao analisar os números, faz o paralelo entre as pessoas que são encarceradas e aquelas que são mortas (pelo Estado ou em situações particulares): “Historicamente, a população prisional do país segue um perfil muito semelhante aos das vítimas de homicídios. Em geral, são homens jovens, negros e com baixa escolaridade” (https://carceraria.org.br).

Conclusão e alternativas

É lamentável observar que a venda nos olhos da justiça tem sido usada para que não se veja a injustiça. Os dados escancaram a diferença na aplicação da justiça entre as raças.

Mas, o que poderia ser feito para reduzir a população carcerária e pelo menos atenuar tal injustiça?

As penitenciárias têm servido ao longo do tempo como depósitos para pessoas indesejáveis ao convívio em sociedade. Por muitos anos, não houve interesse na ressocialização dos detentos.

É verdade que pessoas más existem, SIM, EXISTEM EM TODAS AS ESFERAS!

Uma mudança na aplicação da lei, por exemplo: alguém acusado de roubo ou fraude poderia receber como pena devolver o dinheiro acrescido de juros ou trabalhar para pagar o prejuízo causado.

E que essa mudança fosse aplicada a todos, sem distinção!

Deste modo, haveria justiça e proporcionalidade, pois o valor de restituição seria equivalente ao prejuízo causado.

Mas, como fazer isso?

Em casos de roubo, desvios de dinheiro e crimes semelhantes, a proporcionalidade da pena e a criação de meios para que haja a restituição à vítima seriam uma boa solução.

Daí o tema: O que você sugere?

Pense e envie sugestões.

Informativo

 

Veja mais em  Crimes e responsabilidades na tragédia no RS ‣ Jeito de ver

 

 

 

 

 

O Dia da Consciência Negra (Zumbi)

Conscientização é a palavra.

Imagem de Markus Winkler por Pixabay

“A história pertence ao vivo […] se ela não tem função para além de apagar o passado e impedir o futuro, então a sociedade é governada por mortos.”

Autor, não citado na fonte.

Esquecer o passado é estar condenado a repetir velhos erros.

Direto ao assunto

O clima de fim de verão no Centro Histórico em Salvador, na Bahia, traz entre os muitos sons a harmonia das percussões dos grupos afros, exaltando a luta pela igualdade e o combate ao preconceito histórico.

A nostalgia de canções do Olodum, Reflexus, Bamda Mel e muitas outras ecoa ainda no ar.

No centro, imponente, há uma estátua em homenagem a Zumbi dos Palmares.

Enquanto reflito, recordo-me de que aprendi pouco sobre esse líder negro, pois muitos professores evitavam abordá-lo, e outros afirmavam que era um herói “fabricado” para forjar um identitarismo histórico.

Por muito tempo, aprendemos nas escolas que o Brasil foi “descoberto” e que exploradores e bajuladores do império eram heróis. Sim, a ignorância sobre o líder negro tinha um propósito.

“Quem controla o passado controla o futuro; quem controla o presente controla o passado.”

Orwell aborda como a reescrita da história serve ao controle social, criando uma realidade em que as pessoas perdem a capacidade de questionar o presente. — George Orwell, em 1984.

Conhecendo a História

Quando se trata de história…há sempre mais a ser descoberto, não é verdade?

Bem, Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, é símbolo de resistência contra o colonialismo e a escravidão.

Pouco se sabe sobre sua vida, e algumas histórias são questionadas, como a de que ele teria sido criado por um padre após ser sequestrado.

Uma menção confiável a Zumbi aparece em uma carta de d. Pedro II de Portugal, de que o Rei de Portugal ofereceu perdoá-lo caso ele aceitasse submeter-se.

Outra possibilidade é que “Zumbi” representasse um título de liderança no Quilombo dos Palmares. É possível que ambas as suposições sejam corretas.

Zumbi discordou de Ganga Zumba, então chefe de Palmares, que aceitou um acordo de paz dos portugueses, garantindo liberdade aos nascidos no quilombo, enquanto os fugidos seriam recapturados.

Em 1678, Zumbi tornou-se líder e liderou a resistência até sua morte, em 1695, quando sua cabeça foi exposta em praça pública para aterrorizar os negros que o viam como imortal.

Ainda surgirão novas matérias, novas perspectivas.

O Dia da Consciência Negra

Celebrado em 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra, instituído pela Lei n.º 12.519/2011, homenageia Zumbi e promove a valorização da cultura afro-brasileira.

A data contrasta com o 13 de maio, dia da abolição, que não garantiu aos ex-escravos direitos básicos, perpetuando desigualdades.

Movimentos como o Movimento Negro Unificado (MNU) dos anos 1970, influenciados pela “negritude” de Aimé Césaire, fortaleceram a consciência negra e a luta contra o racismo.

Esse movimento busca conscientizar sobre injustiças e o impacto do racismo estrutural, promovendo o empoderamento da população negra.

Infelizmente, a sociedade brasileira ainda enfrenta o desafio de desmantelar privilégios historicamente concentrados.

A população negra, assim como outras minorias, luta por reconhecimento e igualdade em uma sociedade que foi estruturada de forma desigual.

A data visa inspirar mudanças e combater estereótipos, promover eventos e celebrações que destacam as contribuições afro-brasileiras.

Visa lembrar também a luta contra  o racismo e promover a representatividade.

“Uma civilização que escolhe fechar os olhos aos seus problemas mais cruciais é uma civilização atingida. É uma civilização agonizante.” – Aimé Césaire

Embora Césaire se refira às atrocidades coloniais, sua reflexão alerta para o perigo de distorcer a história, pois isso enfraquece a sociedade e mina a resistência à injustiça.

Conclusão

Muitas batalhas foram vencidas, mas a luta contra o preconceito ainda existe. E resiste!

Haverá ainda tentativas de se apagar o registro de pessoas que lutaram por justiça, por igualdade.

Tentarão matar novamente os heróis, apagar os movimentos…mudar a história.

O dia da Consciência Negra é um lembrete de que sempre haverá espaço para melhorias no relacionamento humano.

Enquanto reflito, o som da bossa nova atravessa suavemente os batuques afros e chega aos meus ouvidos numa harmonia única. Sim, é possivel!

Veja Também: Notícias de paz para a Zona Sul

Fonte: Wikipedia

Zumbi dos Palmares: quem foi, liderança e morte – História do Mundo

Consciência negra: o que é, origem, história, dia – Brasil Escola

Contexto da Proclamação da República

15 de Novembro - Praclamação da República

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A República é um sistema de governo onde o poder reside em representantes eleitos pelo povo, comumente através de eleições.

Neste modelo, o governo busca o bem-estar comum e os governantes possuem mandatos com prazo determinado, o que impede a permanência indefinida no poder.

Este regime é fundamentado em princípios como igualdade perante a lei, divisão dos poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e a prestação de contas dos governantes em relação às suas ações.

Estudar a proclamação da República no Brasil é essencial para compreender as raízes das disparidades sociais e políticas no país.

Vamos entrar no contexto histórico.

Inseridos no contexto…

A fundação do Partido Republicano Paulista

A Proclamação da República no Brasil, ocorrida em 15 de novembro de 1889, foi o resultado de um contexto histórico complexo e multifacetado. A crise da monarquia teve raízes em insatisfações que se intensificaram ao longo das décadas.

No século XIX, a elite agrária exercia grande influência na política, e os interesses regionais frequentemente se chocavam com as diretrizes centralizadoras do governo imperial.

Esse cenário ficou ainda mais tenso com a pressão crescente da oligarquia cafeeira por maior autonomia.

Os movimentos republicanos começaram a ganhar força na década de 1870, pouco depois da Guerra do Paraguai. A vitória na guerra não trouxe prestígio à monarquia; pelo contrário, revelou suas fragilidades.

Nesse período, novos arranjos políticos emergiam, defendendo a modernização do país. A fundação do Partido Republicano Paulista (PRP) e o lançamento do Manifesto Republicano, em 1870, foram fundamentais para fortalecer a ideia de uma república.

O manifesto criticava o centralismo imperial e propunha o federalismo, defendendo que os grandes males do Brasil provinham da monarquia.

O papel dos Militares

Os militares, uma das principais forças insatisfeitas, começaram a se organizar após a Guerra do Paraguai.

O Exército havia se profissionalizado e, como consequência, seus membros exigiam melhores salários, melhorias na carreira e o direito de expressar suas opiniões políticas.

Eles também defendiam o laicismo no país e encontraram no positivismo, ideologia de Augusto Comte, um discurso que justificava a modernização por meio de uma república autoritária.

Muitos oficiais passaram a enxergar-se como guardiões do Estado, acreditando que uma república ditatorial era a solução para o Brasil.

A crise na monarquia se agravou com as elites emergentes nas cidades, que desejavam maior participação política, mas se viam excluídas por um sistema que beneficiava poucos.

Mesmo os liberais, ao tentarem expandir o eleitorado, não foram eficazes, pois a Lei Saraiva, de 1881, reduziu drasticamente o número de eleitores.

No interior do país, províncias como São Paulo, que já tinham grande importância econômica, exigiam uma representação mais justa. A centralização do poder na monarquia e a falta de autonomia para as províncias geraram profundo descontentamento.

Outro ponto crucial foi a questão da abolição da escravatura em 1888, que deixou um vácuo econômico para setores conservadores, especialmente fazendeiros que perderam sua mão de obra gratuita.

Este evento aprofundou a crise, forçando a sociedade a buscar novos modelos de governança. Grupos políticos, cafeicultores e os militares viam na república a solução para os problemas nacionais.

Além disso, a urbanização e a industrialização, embora ainda incipientes, evidenciavam a necessidade de uma reestruturação que atendesse às demandas de um Brasil em transformação.

A insatisfação com a monarquia culminou em um golpe que uniu diferentes setores da sociedade.

O papel das elites urbanas e rurais

O descontentamento das elites urbanas e rurais, somado à crescente mobilização das forças armadas, gerou um ambiente propício para a Proclamação da República.

O evento foi liderado por militares, apoiados por uma parcela da sociedade civil, e resultou na expulsão da família real. Marechal Deodoro da Fonseca proclamou a república e se tornou o primeiro presidente do Brasil.

A nova república trouxe mudanças significativas, como a Constituição de 1891, que implantou o federalismo e descentralizou o poder, favorecendo a autonomia dos estados.

No entanto, apesar das expectativas de modernização e inclusão, a elite militar e a classe ilustrada assumiram posições de destaque no novo regime, garantindo que seus interesses fossem preservados.

A estrutura republicana acabou beneficiando poucos, enquanto as camadas populares continuaram enfrentando desigualdades.

A narrativa oficial sobre a Proclamação da República frequentemente simplifica esses eventos, omitindo as complexidades e os conflitos de interesses envolvidos.

A transição não foi consensual nem espontânea; foi marcada por tensões sociais e políticas que continuam a moldar a história brasileira.

Uma análise mais crítica revela a multiplicidade de vozes que influenciaram a queda da monarquia e a importância de questionar a memória histórica dominante.

O papel do Povo

Segundo o livro Os Bestializados, de José Murilo de Carvalho, a reação da população mais humilde, em sua maioria composta por trabalhadores urbanos, escravos recém-libertos e cidadãos de baixa renda, foi marcada pela indiferença e falta de envolvimento com a Proclamação da República.

Carvalho argumenta que, para a maioria das pessoas comuns, o evento passou quase despercebido e não trouxe um significado claro ou um impacto imediato em suas vidas cotidianas.

O autor explica que a mudança de regime, de monarquia para república, foi conduzida por elites políticas e militares sem a participação ativa das massas.

O povo foi espectador de um processo que, para ele, parecia distante e abstrato.

As decisões políticas eram tomadas por um círculo restrito de líderes, e a falta de comunicação e integração entre as elites e a população mais pobre contribuiu para um sentimento de alheamento.

A população, portanto, se sentia desamparada e desconectada do novo regime, sem compreender as implicações da mudança.

Conclusão

A história oficial muitas vezes pinta um quadro de que a população inteira estava engajada na luta pela proclamação da República, mas a realidade é que apenas uma elite buscava preservar e expandir seus privilégios.

Os desfavorecidos do império continuaram a ser os desfavorecidos na república, permanecendo pobres, sem voz ativa, sem acesso à educação adequada por décadas e excluídos da participação em regimes autoritários subsequentes.

Essas consequências e sua continuidade são visíveis no modelo educacional que prevaleceu por décadas no Brasil, perpetuado pelas mesmas elites que dominam desde a agricultura até os meios de comunicação e eventos culturais.

Uma parte da população, assim como naquela época, se contenta com as migalhas oferecidas através de cargos políticos adquiridos por bajulação e traição, sacrificando sua própria dignidade e a de seus descendentes.

Pesquisas:  “O Reino que não era deste Mundo”  por Marcos Costa

“Os bestializados” por José Murilo de Carvalho

Leia também:  Independência do Brasil – Uma História ‣ Jeito de ver

15 de novembro, Proclamação da República: por que historiadores concordam que monarquia sofreu um ‘golpe’ – BBC News Brasil

Independência do Brasil – Uma História

Imagem idealizada do grito do Ipiranga

Pintura de Pedro Américo, 1888.

Independência do Brasil – Uma História Mal Contada

Nos bons tempos de escola, lembro da professora com olhos marejados, apontando o quadro de Pedro Américo, de 1888, narrando com emoção os eventos que levaram até as margens do Rio Ipiranga onde o Grande Dom Pedro I, deu o famoso grito: ” AAAiiiiiiii…”

Bem, não foi bem isso que ela ensinou, ela não poderia.

“Independência ou morte!” – foram as palavras do Imperador.

O segundo grito foi tão verdadeiro quanto o primeiro!

O fato é que as pessoas frequentemente embelezam a história para criar uma identidade própria.

No entanto, a verdadeira história desmistifica certos heróis e auxilia na compreensão mais profunda da estrutura atual da sociedade brasileira.

A Construção dos Heróis na História da Independência

A história da independência do Brasil é comumente contada de forma romantizada, especialmente na maneira como heróis são retratados.

Dom Pedro I é um exemplo clássico, frequentemente idealizado em sua imagem e papel nos eventos de 1822.

A imagem de Dom Pedro como herói nacional, proclamador da independência, ignora muitos aspectos e a complexidade política e social daquele tempo.

Essa visão romântica começou a tomar forma no século XIX, quando historiadores e o governo buscavam forjar uma identidade nacional coesa.

Esses heróis foram criados para influenciar a opinião pública e incentivar o sentimento patriótico numa nação nova e diversa.

Os movimentos políticos e as revoltas

Os aspectos mais obscuros, como conflitos internos e influências externas que afetaram a independência, frequentemente foram deixados de lado ou diminuídos para não ofuscar o relato heroico.

É fundamental reconhecer que Dom Pedro I não atuou sozinho nem sem interesses próprios.

Suas motivações tinham raízes políticas e sociais profundas, tanto no âmbito brasileiro quanto no internacional.

Ao idealizar a história, historiadores daquela época forjaram uma narrativa que enfatiza feitos heroicos individuais em vez de uma visão mais completa dos elementos que conduziram à independência.

Até hoje, essa perspectiva romantizada prevalece, o que impede um entendimento mais integral e crítico dos acontecimentos que culminaram na independência do Brasil.

Compreender as reais motivações e o contexto é vital para uma avaliação mais detalhada e verídica da história do país.

As Negociações Ocultas por Trás da Independência

A independência do Brasil é comumente vista como um evento revolucionário, mas na realidade, foi um processo complexo de negociações políticas e econômicas.

Esse cenário diplomático contou com personagens chave como Dom João VI e a nobreza portuguesa, que tiveram papéis essenciais na transição do Brasil de uma colônia para uma nação independente.

Com a transferência da corte portuguesa para o Brasil em 1808, Dom João VI desencadeou uma série de transformações que prepararam o país para a independência.

Ao elevar o Brasil ao status de Reino Unido a Portugal e Algarves em 1815 e abrir os portos brasileiros ao comércio internacional, ele promoveu relações comerciais vitais para a autossuficiência econômica da colônia.

No cenário internacional, a situação era igualmente complexa, com as Guerras Napoleônicas e a instabilidade na Europa exercendo grande pressão sobre Portugal.

Como um aliado menor no cenário geopolítico controlado pelas grandes potências europeias, Portugal teve que negociar com cautela para manter sua influência no Novo Mundo.

As concessões feitas por Dom João VI visavam proteger interesses portugueses e brasileiros, amenizando o impacto da separação que se aproximava.

Relações ocultas Brasil/Portugal

Um dos aspectos mais significativos das negociações ocultas foi a relação financeira entre o Brasil e Portugal.

Tratados como o “Tratado de Amizade, Navegação e Comércio” assinado em 1810 formalizaram acordos que beneficiavam ambos os países, estabelecendo regras comerciais que perdurariam além da independência.

Ademais, a indenização financeira paga pelo Brasil a Portugal em 1825, como parte do reconhecimento formal da independência, reflete o caráter negocial e compensatório da ruptura.

Portanto, a independência do Brasil não pode ser compreendida plenamente sem considerar os acordos políticos e econômicos que antecederam o proclamado Grito do Ipiranga.

Esses arranjos, muitas vezes omitidos nos relatos tradicionais, moldaram a transição de uma colônia governada a uma nação soberana, iluminando uma dimensão frequentemente esquecida da história brasileira.

A Supressão de Revoltas e Movimentos Populares

A narrativa da independência do Brasil não está completa sem considerar as revoltas populares que ocorreram antes e depois de 1822.

Levantes como a Revolução Pernambucana de 1817 simbolizam a insatisfação com o regime colonial e a demanda por reformas substanciais.

A Revolução Pernambucana, um movimento separatista, reivindicou maior autonomia, liberdade comercial e o fim das arbitrariedades do poder central.

Apesar de sua rápida supressão, deixou um legado de resistência e luta por direitos.

Outras revoltas, temidas pelo poder dominante por ameaçarem a unidade e o controle sobre a colônia, também foram reprimidas.

Antes da independência, movimentos como a Inconfidência Mineira em 1789 e a Conjuração Baiana em 1798 enfrentaram repressão severa.

A luta persistiu mesmo após 1822, com a Cabanagem (1835-1840) e a Farroupilha (1835-1845), que desafiaram o poder estabelecido em busca de autonomia regional e reformas sociais e econômicas.

Esses movimentos refletem a contínua insatisfação popular e a complexidade da formação do estado brasileiro.

Assim, para compreender plenamente a independência do Brasil, é essencial reconhecer e estudar essas revoltas, valorizando a memória das lutas e daqueles que desafiaram a ordem vigente.

Entendendo os bastidores

Frequentemente, a versão oficial simplifica ou omite complexidades cruciais que influenciaram o curso dos eventos.

O livro “O Reino que Não Fazia Parte Deste Mundo” traz uma análise aprofundada dos fatores políticos, sociais e econômicos que levaram à separação de Portugal, evidenciando como narrativas oficiais podem ser construídas por interesses particulares.

A obra critica a idealização de Dom Pedro I, argumentando que a imagem do príncipe regente proclamando a independência às margens do Ipiranga, com um brado retumbante, não reflete as complexas negociações e tensões políticas que ocorreram antes desse ato.

A ênfase em um único herói desconsidera a rede de influências, incluindo a pressão das elites econômicas e intelectuais, que realmente delinearam a decisão de se desvincular de Portugal.

Independência

Além disso, os padrões de exploração e a desigualdade social, heranças do período colonial, não se resolveram automaticamente com a independência.

Ao contrário, muitos problemas persistiram, como a escravidão, que continuou legal e vital para a economia no século XIX.

A historiografia tradicional frequentemente atenua essa continuidade, sugerindo uma transição mais progressista e liberal do que realmente ocorreu.

É essencial reconhecer essas sutilezas para entender completamente os eventos históricos.

Portanto, reavaliar os fatos históricos é uma necessidade educacional.

Incluir perspectivas variadas, especialmente as que são frequentemente ignoradas, como as dos escravizados, indígenas e mulheres, amplia a compreensão do processo de independência.

Entender os eventos não tira a importância dos personagens históricos, mas destaca aspectos da cultura nacional, como o clientelismo, o protecionismo e as desigualdades sociais — elementos que Pedro Américo não representaria em uma pintura.

Poucos, muito poucos, ouviram o grito da Independência.

Leia também:

Setembro – História e curiosidades ‣ Jeito de ver

Nos 200 anos da independência do Brasil, conheça mitos e verdades sobre o 7 de setembro | National Geographic (nationalgeographicbrasil.com)

Link para o livro “O Reino que não fazia parte deste Mundo”.

Corrupção e Desvio de Verbas – Grandes Shows

Grandes eventos podem também esconder mau uso de verbas públicas.

Grandes eventos

A Estratégia de “Pão e Circo”

Entretenimento em Detrimento de Prioridades Essenciais

A estratégia de “Pão e Circo” era utilizada antigamente para atender às necessidades básicas e oferecer entretenimento ao povo. No entanto, existem mais aspirações a serem alcançadas.

Além de alimentação e lazer, é fundamental não negligenciar outras necessidades humanas essenciais, como educação, saneamento e saúde. Frequentemente, governantes optam por investir em eventos suntuosos e espetáculos para obter popularidade rápida, em detrimento de investimentos em melhorias sustentáveis para a comunidade.

É comum observarmos o gasto questionável do dinheiro público, como na contratação de artistas renomados por valores exorbitantes para apresentações em pequenas cidades, onde o benefício é duvidoso. Isso suscita preocupações acerca da corrupção e da má administração de fundos que poderiam ser destinados a áreas mais críticas, como a educação e a saúde.

Recentemente, houve casos notórios de uso impróprio de fundos públicos em eventos musicais. Um exemplo é o cantor Gusttavo Lima, que recebeu um cachê significativo para realizar shows em municípios de pequena população, suscitando debates acerca da transparência e equidade desses acordos.

É essencial garantir transparência e fiscalização para que o dinheiro público seja usado de forma responsável.

Valorizando o Desenvolvimento Sustentável

Além disso, é importante valorizar talentos locais e investir na cultura das comunidades, promovendo o desenvolvimento local e fortalecendo os laços entre as pessoas.

A política é considerada a arte da negociação, e os políticos estão cientes de que é mais fácil serem lembrados por trazerem um artista famoso do que por investirem em educação e saúde.

Por isso, os administradores públicos devem agir com responsabilidade e priorizar o bem-estar dos cidadãos, investindo em áreas que tragam benefícios reais e duradouros para a sociedade como um todo.

Mas o que esperar quando vários políticos recorrem, inclusive, a notícias falsas para manterem seus cargos?

 

Leia mais: A importancia de Investir em talentos locais ‣ Jeito de ver

Veja mais:  Cidades sem saneamento, asfalto e emprego gastam milhões em shows (terra.com.br)

 

A tragédia e a espetacularização da ajuda

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Imagem de Jossiano Leal por Pixabay

Tragédia e Espetacularização das Enchentes no Rio Grande do Sul

Solidariedade ou Autopromoção?

As enchentes no Rio Grande do Sul, que desabrigaram milhares e causaram centenas de mortes, geraram não só comoção, mas também a triste realidade da espetacularização da ajuda.

Em um momento que exigia solidariedade, houve quem se aproveitasse para espalhar desinformação e políticos que, de olho nas eleições, negligenciaram o papel da assistência federal.
Chocantemente, em meio ao caos, houve tentativas de traficar drogas sob o disfarce de ajuda humanitária.

Apesar do Exército Brasileiro atuar de forma louvável, sua contribuição foi subestimada por aqueles que promovem notícias falsas, sugerindo que somente civis estavam auxiliando. Isso se refletiu nos trends recentes com tags como “civis ajudam civis” ou “exército melancia”.

O comportamento de alguns indivíduos durante tragédias tem sido quase ridículo, como o de políticos em Jet Skis filmados em ações de resgate de crianças, numa encenação com fins eleitorais.
A câmera capta imagens impecáveis enquanto eles circulam com duas crianças, posando como super-heróis e com roupas imaculadas, incompatíveis com quem participou de um resgate.

Certos influenciadores digitais utilizam sua popularidade para arrecadar fundos, enquanto outros a empregam na autopromoção, buscando prolongar sua presença na mídia.
Subcelebridades agem de forma parecida, ao ponto de um site especializado criticar um ex-participante de reality show por seu comportamento inadequado durante uma tragédia, realizando entrevistas com pessoas em choque e posando para fotos com um sorriso largo.

Exemplos de Negligência e Insensibilidade

O fato é que, além de revelar pessoas dispostas a trabalhar, como alguns grupos religiosos que ajudam discretamente fiéis e pessoas ao redor sem buscar atenção, a tragédia também expõe o que há de pior no ser humano: o desejo de autopromoção e a prevalência de diferenças políticas sobre as necessidades alheias. Isso é exemplificado por indivíduos que solicitam depósitos em contas pessoais para supostamente ajudar os desabrigados.

Como exemplo lamentável, um caminhão do MTST transportando milhares de marmitas foi retido por ter documentos vencidos há um mês, devido ao sistema do DETRAN local estar inoperante, impedindo os proprietários de realizar o pagamento.
Em vez de reconhecer o dano que tal atraso poderia causar, uma pessoa insensata celebrou nas redes sociais com a frase: “A lei é para todos!”.

Fake news, arrogância, discursos de ódio, projetos de lei prejudiciais ao meio ambiente e a busca por autopromoção são traços de uma sociedade que parece ansiar pelo caos e pela própria extinção.

Leia também “Brazil”: Fake News em meio à tragédia ‣ Jeito de ver

Veja mais  De Pablo Marçal a Eduardo Bolsonaro: quem o Planalto listou em pedido para investigar fake news sobre o RS – Política – CartaCapital

Clube de Regatas Flamengo – o mais querido

Imagem de Espelho Social por Pixabay

Fundado em 1895, o Flamengo é um dos times mais queridos e de grande sucesso no Brasil, marcando sua história principalmente no futebol. Vestindo vermelho e preto, o clube orgulha-se de vitórias como a Copa Intercontinental e três Libertadores.

A sua base de fãs ultrapassa 40 milhões, o Flamengo também se destaca em modalidades como remo, polo aquático e basquete, afirmando-se como um dos clubes mais emblemáticos do Brasil.

O Início da história

No final do século XIX, o remo era o esporte predominante no Rio de Janeiro, enquanto o futebol começava a ganhar espaço nos clubes locais, apesar de enfrentar resistência.

No famoso Café Lamas, no Largo do Machado, um grupo de jovens apaixonados pelo Flamengo se reuniu para criar um time de remo e desafiar outros clubes. Dentre eles, Nestor de Barros e José Agostinho Pereira da Cunha se sobressaíram ao comprar e restaurar um barco chamado “Pherusa”.

No dia 6 de outubro de 1895, eles zarparam da Ponta do Caju em direção à Praia do Flamengo, mas foram surpreendidos por uma tempestade que virou o barco. Calma, o Flamengo não é conhecido como o time da virada, não por isso!

Um dos jovens nadou até a costa para buscar ajuda, porém o barco e seu conteúdo se perderam. Apesar disso, com determinação, iniciaram o conserto do barco, que mais tarde acabou sendo roubado e jamais recuperado.

Em 17 de novembro de 1895, foi fundado o Grupo de Regatas do Flamengo.

A primeira diretoria do clube foi estabelecida na residência de Nestor de Barros, que também serviu de garagem para o novo barco.

Domingos Marques de Azevedo tornou-se o presidente, com Francisco Lucci Colas como vice-presidente, Nestor de Barros como secretário e Felisberto Cardoso Laport como tesoureiro. Eles, ao lado de outros jovens, foram os membros fundadores do clube.

Em 1898, por sugestão de Nestor de Barros, o Flamengo adotou o vermelho e o preto como suas cores oficiais.

O clube começou a ganhar destaque no remo, conquistando sua primeira competição naquele ano.

Em 1902, o clube passou a se chamar Clube de Regatas do Flamengo. Antes mesmo de estabelecer seu departamento de futebol em 1903, os remadores já haviam disputado uma partida amistosa de futebol contra o Botafogo.

De onde vem o mais querido?

Em 1927, o Flamengo ganhou o título de “o clube mais querido do Brasil” em um concurso da água mineral Salutaris e do Jornal do Brasil, acumulando 254.850 votos e recebendo a Taça Salutaris, que hoje é exibida com orgulho na sala de troféus do clube.

Durante a Segunda Guerra Mundial, antenas americanas em Natal-RN e Belém-PA possibilitaram a transmissão de futebol pelo rádio para o Norte e Nordeste, aumentando a popularidade do Flamengo.

A Ascensão do Futebol

No ano de 1902, o remo e o futebol competiam pela atenção dos espectadores. Membros do Flamengo juntavam-se ao Fluminense para assistir aos jogos de futebol, enquanto o oposto acontecia nas competições de remo.

Alberto Borgerth destacava-se por seu duplo interesse, competindo pelo Flamengo nas regatas da manhã e atuando no futebol pelo Fluminense à tarde. Em 1911, um racha no Fluminense fez com que vários atletas migrassem para o Flamengo.

Em 8 de novembro de 1911, o Flamengo promoveu uma reunião que culminou na formação de um departamento de esportes terrestres, liderado por Borgerth, devido a conflitos entre Oswaldo Gomes e os jogadores do Fluminense.

A ideia de uma fusão inicial com o Botafogo foi abandonada por causa da rivalidade existente. Mais tarde, houve a ideia de fortalecer o Paysandu, mas este clube era estritamente inglês.

Por fim, Borgerth propôs e conseguiu aprovação para criar uma seção de futebol dentro do Flamengo.

Os distintivos do Flamengo

A história do Flamengo é notável pelas transformações de seu escudo, destacando-se a evolução do design do monograma entrelaçado.

Escudo do Flamengo

Escudo do CR Flamengo.

A versão mais recente foi revelada em 2018.

O clube adota três emblemas para fins distintos: o escudo completo como logotipo oficial, o escudo de remo para os uniformes dessa modalidade, e o monograma “CRF” branco, típico nos uniformes de futebol.

A partir de 1980, três estrelas brancas simbolizam os tricampeonatos estaduais junto ao monograma. Em 2000, a Nike introduziu o escudo completo com estrelas. Após o tetracampeonato de 2001, uma quarta estrela branca e uma dourada foram acrescentadas, comemorando os 20 anos dos títulos da Copa Libertadores e da Copa Intercontinental de 1981.

Desde 2005, apenas a estrela dourada é posicionada acima do “CRF” nas camisetas.

As cores

Quanto aos uniformes, o Flamengo viu várias alterações desde sua fundação.

Em 1895, as cores eram azul e dourado, mas foram trocadas por vermelho e preto devido ao azar e ao custo do tecido inglês.

Em 1912, o time de remo rejeitou compartilhar o uniforme com o futebol, resultando na camisa em quarteirões vermelho e preto, conhecida como “Papagaio de Vintém”.

Porém, por ser considerada azarenta, foi substituída em 1913 pelo modelo listrado “cobra coral”.

Flamengo, 1914

Uniforme cobra coral

Em 1916, as listras brancas foram retiradas para evitar associação com a bandeira alemã, aliada do Brasil na Primeira Guerra.

Surgiu então o icônico uniforme do Flamengo: camisa listrada em vermelho e preto, shorts brancos e meias rubro-negras.

Em 1938, o Flamengo introduziu um uniforme branco secundário para aumentar a visibilidade durante jogos noturnos. Este uniforme apresentava duas listras vermelhas e pretas no peito, que em 1979 foram substituídas por um design branco liso com listras nas mangas.

Nota: Foi com esse uniforme que o time ganhou a Copa Intercontinental de 1981. Desde os anos 90, o clube passou a inovar com segundos e terceiros uniformes, algumas vezes optando por camisas pretas ou vermelhas.

As cores do uniforme atual do Flamengo.

Imagem de Espelho Social por Pixabay

Por que urubu?

O urubu foi adotado como mascote do Flamengo nos anos 60, depois que torcedores rivais começaram a chamar o time pejorativamente de “urubus”.

A popularidade do mascote cresceu quando um torcedor soltou um urubu no Maracanã em 1969, num jogo contra o Botafogo.

Desde então, o urubu “Samuca” se tornou o símbolo oficial do clube. Em 2008, “Uruba” e “Urubinha” foram apresentados no Maracanã e passaram a marcar presença em vários jogos e eventos.

Sede e CT’s

A sede social do Flamengo, a “Sede da Gávea”, dispõe de diversas instalações esportivas e de lazer para os sócios, incluindo um parque aquático, quadras de tênis e ginásios de basquete e vôlei.

O clube também tem o CT Ninho do Urubu, onde o time de futebol treina.

O Maracanã é o estádio principal para os jogos do Flamengo, enquanto o Estádio da Gávea é usado para treinos e outras atividades esportivas. Em 2019, Flamengo e Fluminense assumiram a gestão do Maracanã por seis meses, formando a “Fla-Flu S.A.” para gerir o estádio.

Principais adversários

O Flamengo possui rivalidades históricas com Botafogo, Fluminense, Vasco da Gama e Atlético Mineiro:

Botafogo: O embate inicial foi em 1913. A rivalidade é conhecida como “Clássico da Rivalidade”, e o mascote do urubu foi criado durante um jogo em 1969.

Fluminense: A rivalidade começou em 1911, após jogadores do Fluminense se transferirem para o Flamengo. É considerado um dos clássicos mais importantes do futebol mundial, e ambos dominam o Campeonato Carioca.

Vasco da Gama: O “Clássico dos Milhões” teve início na década de 1920. Foi a principal rivalidade do Flamengo de 1972 a 2001, marcada por figuras lendárias como Zico e Roberto Dinamite.

Atlético Mineiro: Uma rivalidade interestadual que se acirrou nos anos 1980, com jogos controversos no Campeonato Brasileiro e na Libertadores. É uma das rivalidades interestaduais mais significativas do país.

Tragédia no Ninho do Urubu

Em fevereiro de 2019, um incêndio devastador no Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo, resultou na morte de 10 jovens e feriu outros três.

O incidente foi atribuído a um curto-circuito no sistema de ar condicionado do alojamento das categorias de base, operando sem alvará de funcionamento devido à planejada transformação da área em estacionamento.

O clube, ciente dos problemas estruturais, enfrenta processos judiciais movidos por famílias das vítimas, enquanto o Ministério Público indiciou oito pessoas por “incêndio culposo”.

A Justiça do Rio de Janeiro manteve a condenação do Flamengo ao pagamento de cerca de R$ 3 milhões aos pais e ao irmão de Christian Esmério, uma das vítimas fatais do incêndio no CT Ninho do Urubu.

O juiz Andre Aiex Baptista Martins, titular da 33ª Vara Cível do Rio, determinou que o clube deve pagar R$ 2,824 milhões aos pais (R$ 1,412 milhão cada) e uma pensão mensal de aproximadamente R$ 7 mil.

Além disso, o irmão de Christian, Cristiano Júnior, tem direito a R$ 120 mil.

Vale ressaltar que a família de Christian Esmério foi a única que não fechou acordo com o Flamengo; as outras nove famílias já entraram em acordo com o clube. A decisão é em primeira instância, e ainda cabe recurso.

A tragédia do Ninho Urubu causou um  impacto negativo na imagem do Flamengo que, apesar de tudo, ainda é o time com maior número de torcedores no Brasil.

Títulos

Principais títulos conquistados:

Campeonato Brasileiro (8 vezes): 1980, 1982, 1983, 1987, 1992, 2009, 2019 e 2020.

Copa do Brasil (4 vezes): 1990, 2006, 2013 e 2022.

Mundial Interclubes: 1981.

Taça Libertadores da América: 1981, 2019 e 2022 (invicto).

Copa Mercosul: 1999.

Copa Ouro Sul-Americana: 1996 (invicto).

Recopa Sul-Americana: 2020.

Títulos estaduais e torneios internacionais não estão inclusos nesta lista.

Maior ídolo da História do Flamengo e melhor equipe de todos os tempos

Arthur Antunes Coimbra, o Zico.

Quem viu o Flamengo do Zico jogar, viu o Futebol arte em sua forma plena…

A melhor equipe do Flamengo de todos os tempos:

Historiadores, especialistas e amantes do Futebol descrevem o Flamengo de 1981, como estando entre as melhores equipes de todos os tempos.

A formação:

Dirigido por Paulo César Carpegiani, eis a escalação: Raul; Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico.

Havia craques por todos os lados, vencê-los era tarefa quase impossível.

Desde então o Flamengo vem repetindo grandes equipes, conquistando novos torcedores e títulos, mas o encanto daquela equipe jamais será apagado ou repetido.

Fonte: Wikipedia

Leia também

Vamos falar do Corinthians! – O Time da Fiel. ‣ Jeito de ver

Incêndio no Ninho do Urubu: O que aconteceu com as vítimas e os responsáveis? (uol.com.br)

Amigos desaparecidos – a dor que não fecha

O Regime Militar que governou o brasil de 1964 a 1985 torturou e assassinou centenas de pessoas.

Desaparecidos pelos órgãos de repressão.

“Amigos presos…amigos sumindo assim…pra nunca mais…”

– Não chores mais, Gilberto Gil

Um quadro na Parede

Em Argoim, no município de Rafael Jambeiro, Bahia, um quadro na sala de uma senhora gentil se destacava entre as recordações. Nele, fotos de pessoas desaparecidas durante o regime militar brasileiro, que durou de 1964 a 1985, evocavam memórias dolorosas.

Naqueles anos, desaparecer tornou-se o destino daqueles que desafiavam o status quo ou mesmo daqueles que ousavam pensar.

Com um dedo trêmulo, ela apontou para uma das imagens e disse: “Esta é minha filha!”

O orgulho em sua voz logo deu lugar às lágrimas:

Ela foi torturada e morta pelo governo da época, segundo dizem. Foi para o Rio, formou-se em Enfermagem, mas era contra a ditadura…”

O silêncio tomou conta do ambiente, quebrado apenas quando ela, com lágrimas, conseguiu dizer: “Ela era uma pessoa boa. Hoje, não sei se está viva ou se já morreu, mas, meu Deus, eu queria poder enterrar minha filha. Acabar com essa dor que parece não ter fim.”

– “A sentimento de dor por encerrar um ciclo não é tão angustiante quanto viver na incerteza”

Lidar com o desaparecimento de um parente é uma das experiências mais angustiantes que alguém pode enfrentar.

Exemplos e Experiências

Em todo o mundo, famílias lidam com essa dor. Por exemplo, após o desaparecimento de uma criança em uma pequena cidade, a comunidade se uniu em busca e apoio. Anos depois, mesmo sem respostas, eles mantêm a esperança acesa através de vigílias anuais e campanhas de conscientização.

Outro caso é de um jovem que desapareceu durante uma viagem. Sua família, determinada a encontrá-lo, criou uma rede de comunicação que se estendeu por vários países, utilizando as redes sociais para compartilhar informações e manter sua história viva.

 

Lidando com a ausência

Enfrentando a Ausência:

Quando um ente querido desaparece sem deixar vestígios, independentemente das circunstâncias, parece que o mundo inteiro se detém, e viver sem respostas torna-se uma experiência angustiante.

Lidar com essa realidade é um processo contínuo, um caminho que cada pessoa percorre de maneira única.

A vida após o desaparecimento de um parente é marcada pela resiliência.

Lidando com a situação

Algumas sugestões de como lidar com a incerteza:

Aceitação: Reconhecer que se está passando por uma situação atípica e aceitar que sentimentos intensos são uma reação natural pode ser o primeiro passo para aprender a lidar com a incerteza.
Apoio: Procurar apoio em amigos, familiares e grupos de suporte pode oferecer conforto e entendimento. Compartilhar experiências com pessoas que enfrentam situações similares pode ser benéfico e terapêutico.
Rituais: Estabelecer rituais ou envolver-se em eventos comunitários pode ser uma forma de manter viva a memória de um ente querido e proporcionar oportunidades para a cura.
Ativismo: Muitos encontram sentido no ativismo, esforçando-se para aprimorar leis e sistemas de busca, além de auxiliar outras famílias em circunstâncias parecidas.

Quando pais e familiares buscam compreender o destino dos desaparecidos durante o regime militar, eles também procuram por cura e encerramento.

A negação dessas informações perpetua os efeitos danosos da ditadura e reacende em alguns a falsa noção de que existia ordem, paz e democracia naquela era.

Cuidado Pessoal

Cuidar da saúde mental e física é fundamental. Terapias, atividades físicas e passatempos podem proporcionar alívio e servir como um meio para direcionar energia e estresse..

Esperança e dor andam juntas, contudo, a capacidade humana de superar adversidades é impressionante. Com apoio recíproco e em busca de um propósito, pode-se descobrir um raio de luz até nos tempos mais escuros.

Infelizmente, alguns casos de desaparecimento podem permanecer sem solução. Contudo, é crucial reconhecer os erros de um governo corrupto e antidemocrático, permitindo que as famílias exerçam seu direito ao luto e assegurando que atos de tortura e assassinato não se repitam sob a égide de uma democracia ilusória.

 

Diferente de muitos países, o Brasil não puniu os torturadores e assassinos do período, pois a anistia ampla, concedida pelo mesmo regime militar, perdoou tanto os perseguidos quanto os perseguidores. Essa lacuna nunca será preenchida!

 

Veja também:  O domínio pela cultura e pelo medo ‣ Jeito de ver

Veja mais em: Comissão da verdade da PUC-SP | PUC-SP (pucsp.br);

Em foco na Comissão Nacional da Verdade a repressão à Guerrilha do Araguaia (josecarlosalexandre.blogspot.com)

 

“Brazil”: Fake News em meio à tragédia

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Imagem de Jossiano Leal por Pixabay

Fake News e a Legislação Brasileira

Conforme a legislação do Brasil, criar e disseminar notícias falsas pode ser classificado como crime. A Lei nº 13.834/2019, também referida como Lei das Fake News, impõe penalidades àqueles que fabricam ou propagam informações inverídicas com a intenção de atingir a reputação ou o conceito de indivíduos ou entidades.

O Código Penal do Brasil abrange crimes como difamação, injúria e calúnia, todos relacionados à propagação de informações falsas. Mesmo sem uma legislação específica contra a disseminação de notícias falsas, é possível recorrer às leis civis e criminais existentes, particularmente se houver danos à reputação ou outros prejuízos resultantes.

Assim, é essencial ser prudente ao divulgar informações e priorizar sempre fontes confiáveis.


Motivações Por Trás das Notícias Falsas

As pessoas produzem e disseminam notícias falsas por diversas razões. Eis algumas motivações principais identificadas por especialistas:

  • Monetização: Criadores de conteúdo fabricam notícias falsas para atrair engajamento e, por consequência, lucrar com publicidade em redes sociais e websites.
  • Convicções políticas: Indivíduos e grupos espalham desinformação para moldar a opinião pública, apoiar causas políticas ou atacar oponentes.
  • Manipulação: Elas podem ser empregadas para distorcer debates políticos, fomentar ideologias radicais ou incitar conflitos entre comunidades.
  • Preconceito: Notícias falsas são compartilhadas para reforçar preconceitos ou narrativas pessoais, ignorando a verdade para difamar.

É crucial verificar as informações antes de divulgá-las e recorrer a fontes confiáveis para impedir a propagação de notícias falsas.


Fake News Durante Tragédias: Impactos e Exemplos

As notícias falsas têm um impacto considerável durante tragédias, como a recente no Rio Grande do Sul. Elas não só desviam a atenção dos esforços de socorro e assistência, mas também geram confusão e desinformação entre os afetados e aqueles que querem ajudar.

  • O impacto destrutivo das notícias falsas durante tragédias
    Durante crises, como a tragédia provocada pelas inundações no Rio Grande do Sul, a circulação de informações precisas é vital para as ações de resgate e recuperação. Contudo, as notícias falsas são um grande empecilho, prejudicando tanto as operações de auxílio quanto a compreensão pública do ocorrido.
  • Desinformação acerca da assistência do governo federal
    Notícias falsas relativas à assistência do governo federal podem gerar desconfiança e hesitação entre as vítimas e voluntários. Por exemplo, surgiram boatos infundados de que o governo estava penalizando barqueiros que auxiliavam no salvamento das vítimas. Tais narrativas, além de inverídicas, desviam o foco das autoridades, que necessitam empregar tempo e recursos preciosos para refutá-las.
  • A atuação do Exército sob suspeita
    O Exército tem um papel crucial em desastres, salvando vidas e prestando ajuda fundamental. No entanto, as notícias falsas podem pôr em dúvida ou deturpar essas ações. Informações errôneas sobre as missões de resgate podem resultar em uma avaliação injusta do trabalho do Exército, que, conforme relatos, resgatou aproximadamente 20 mil pessoas durante a catástrofe no Rio Grande do Sul.
  • Contas falsas e a exploração da solidariedade
    A solidariedade humana frequentemente se expressa através da generosidade em momentos de crise. Entretanto, pessoas com más intenções se aproveitam dessa disposição para o bem, criando contas fraudulentas com o intuito de coletar fundos sob a alegação de auxiliar os desalojados. Essas fraudes não só subtraem recursos dos verdadeiramente necessitados, mas também maculam o espírito de colaboração, essencial nestas ocasiões.

Muitas notícias falsas são disseminadas por políticos que adotam uma postura de vale-tudo na arena da oposição, buscando manter seu eleitorado leal mal informado para assegurar votos em futuras eleições.

Para combater o crime, é essencial investir na educação e estabelecer penas severas para os criminosos.

mais em: Fake news – seus impactos e como combatê-las ‣ Jeito de ver

Veja também: 30 notícias falsas, golpes e fraudes em andamento no meio | Opinião (brasildefato.com.br)

Projetos de lei que agridem o ambiente

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Imagem de Jossiano Leal por Pixabay

Enchentes no Rio Grande do Sul e a Falta de Preparação

No Brasil, as enchentes devastadoras no Rio Grande do Sul têm causado grande comoção. Milhares de pessoas foram afetadas por residências e vias públicas destruídas, perda de entes queridos e danos às lavouras.

O caos resulta da falta de preparação para os alertas de mudanças climáticas. Apesar da comoção atual, o Brasil, assim como outras nações, enfrenta as consequências dessas mudanças e mantém projetos de lei considerados prejudiciais ao ecossistema.


Projetos de Lei Ambientais Controversos

Vários projetos de lei no Brasil têm sido criticados por ambientalistas e outros grupos devido ao seu potencial impacto negativo no meio ambiente. Entre os mais controversos estão:

  • PL 2159: Propõe que o licenciamento ambiental seja uma exceção, permitindo atividades de alto impacto ambiental sem avaliação adequada.
  • PLs 2633 e 510: Visam conceder anistia à grilagem de terras, promovendo ocupação ilegal e desmatamento.
  • PL 490: Propõe alterações na demarcação de terras indígenas, podendo reduzir áreas protegidas e aumentar o desmatamento.
  • PL 191: Busca autorizar a mineração em terras indígenas, com possíveis danos ambientais significativos.
  • PL 6.299/02 (“Pacote do Veneno”): Pretende revogar a Lei de Agrotóxicos atual, representando riscos para a segurança alimentar e a saúde dos ecossistemas.

Esses projetos, em diferentes estágios legislativos, podem sofrer alterações antes de uma possível aprovação. O engajamento público e o debate são fundamentais para garantir políticas ambientais sustentáveis.


O Papel da Bancada Ruralista e seus Impactos no Meio Ambiente

A bancada ruralista exerce forte influência na Câmara dos Deputados e prioriza:

  • Licenciamento Ambiental: Propõe flexibilizar as regras para fomentar projetos agropecuários.
  • Agroquímicos: Busca modificar normas para aprovação e venda de pesticidas.
  • Conectividade Rural: Visa melhorar a infraestrutura de internet no campo para desenvolvimento tecnológico.
  • Política de Gás Natural: Discute o uso de gás na agricultura e seus benefícios.
  • Reforma Agrária: Enfatiza a titulação de terras em detrimento da redistribuição equitativa.
  • Terras Indígenas: É contra demarcações permanentes, favorecendo atividades agropecuárias.
  • Trabalho Rural: Defende jornadas de trabalho mais longas e a flexibilização das leis trabalhistas.

Essas políticas, ao priorizarem o crescimento econômico, podem gerar impactos ambientais significativos, como desmatamento, perda de biodiversidade e poluição dos recursos naturais. A longo prazo, essas práticas afetam a saúde dos ecossistemas e o bem-estar das comunidades locais.

Diante dessa realidade, é vital buscar um equilíbrio entre desenvolvimento econômico e conservação ambiental, assegurando um futuro sustentável para o Brasil e para o planeta.


Diante da economia, quem pensa em ecologia?
O Progresso, Roberto e Erasmo Carlos

Leia também: O aquecimento global e as tragédias ‣ Jeito de ver

Inundações no Rio Grande do Sul: 20 imagens impactantes da tragédia – BBC News Brasil