A arte como objeto de competição

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Você já percebeu que a arte, em especial a música, tem sido objeto de competição na televisão em programas como o The Voice, Superstar e coisas do gênero?

Por que isso acontece?

Primeiro, precisamos entender que o objetivo primário de programas desse tipo não é descobrir novos talentos ou garantir a manutenção da carreira de novos artistas.

Sim, se você acreditava nisso, é hora de acordar…

Lembre-se: o objetivo da televisão é gerar audiência e, consequentemente, lucros.

Então, que tal examinar os festivais de música e a sua consequente transformação em arenas musicais?

Como surgiram as torcidas musicais? De que modo o público foi infantilizado?

Vamos embarcar nesta jornada de festivais… com muita música! (Mas sem competir… está bem?)


Da celebração à competição: quando a arte virou disputa (e o que isso nos diz sobre nós mesmos)

Woodstock – O festival de celebração

“As futilidades são justamente o que move a humanidade!” – ouvi esta frase em algum lugar!

Mas as pessoas realmente precisam de pequenas coisas para que a vida seja mais significativa.

O problema acontece quando as pequenas coisas ganham grandes proporções…

Como o papo aqui é sobre Festivais de Música, vamos mergulhar nessas fontes.

Em 1969, quando jovens estadunidenses de famílias menos privilegiadas eram enviados para a vergonha da Guerra do Vietnã, um grupo de pacifistas se reuniu para um projeto: oficialmente, “3 Dias de Paz e muita Música”.

O conhecido festival de Woodstock.

Aquele festival histórico reuniu cerca de meio milhão de pessoas em uma fazenda em Bethel, Nova York.

No projeto: três dias de Paz e Música.
Na prática: um grande experimento de utopia, onde jovens celebravam a música, o pacifismo em plena Guerra do Vietnã, a liberdade e a contracultura.

Bem…

Choveu? Choveu, pra caramba! O lamaçal? – De causar inveja a Caranguejo!

Faltou comida? Faltou!

As estradas? Uma bagunça… um caos.

Mas o espírito?

Esse permaneceu firme: voluntários da comunidade Hog Farm distribuíam alimentos, equipes médicas atendiam quem precisava, e o povo dividia o que tinha — barracas, água, cigarros, abraços.

E, pasme: apenas três mortes (algumas fontes dizem duas!) em meio a meio milhão de pessoas.

E naquela festa duas criancinhas vieram ao mundo!

Não é pouca coisa.

Como resumiu Max Yasgur, dono da fazenda:
“Vocês provaram ao mundo que meio milhão de jovens podem viver juntos em paz.”


As lamas no caminho…

Só que… algo mudou no caminho.

Apesar do sonho, os artistas que se apresentaram no Festival estavam lá a trabalho, e eles também precisavam de dinheiro para viver.

É duro saber que a vida não é uma eterna festa, não é verdade?

Com o tempo, novos festivais aconteceram; outros foram remodelados, de modo que o espírito do compartilhamento foi dando lugar ao da competição.

O que era festa virou concurso.
O que era celebração comunitária virou disputa por holofotes.

Woodstock faliu, não no propósito — mas no método.

A entrada acabou liberada quando as multidões romperam as cercas, e o festival se tornou gratuito.

Já os eventos posteriores passaram a buscar lucro — muito lucro.

Daí surgiram os realities musicais como American Idol (2002) e seus derivados. O talento virou produto: patrocinadores, votos pagos, contratos engessados.


A liberdade dos festivais X a prisão dos realities

Em Woodstock, Jimi Hendrix distorceu o hino americano em protesto contra a guerra.

Em muitos realities, o objetivo do participante é apenas cantar direitinho o sucesso do momento e agradar ao júri.

O novo virou cover.

E aquela inclusão toda? Lá na fazenda em Bethel, hippies, famílias, veteranos de guerra se misturavam.

Já nos realities, há filtros: quem tem uma “história comovente”, visual de estrela e disposição para virar personagem de novela.

Os realities viraram uma fábrica — de talentos, sim, mas também de dramas.

A arte cedeu lugar ao entretenimento: cortes emocionantes, conflitos entre jurados, candidatos chorando no palco… tudo isso dá mais audiência do que música autoral.

Estudos mostram que jovens fãs desses programas tendem a valorizar mais a aparência e o drama do que a habilidade artística em si.


E por que essa sede por competição?

Porque vivemos na sociedade do espetáculo.

Nada é tão “reality” assim…

A lógica é simples: em tempos de excesso de informação, o que prende nossa atenção é o conflito.

O reality Big Brother (lançado em 1999) elevou isso ao máximo: provas humilhantes, isolamento, eliminações em praça pública.


E a meritocracia?

Alguns programas vendem a ideia de que “qualquer um pode vencer”.

Só não contam que os candidatos muitas vezes precisam arcar com viagens, roupas caras, abandonar o emprego e estar prontos para contratos que tiram autonomia.

Após vencer o American Idol, Kelly Clarkson assinou com a RCA Records e alcançou sucesso imediato com o single “A Moment Like This”, que liderou a Billboard Hot 100.

Seu álbum de estreia, Thankful (2003), estreou no topo da Billboard 200, e o segundo, Breakaway, tornou-se seu maior sucesso comercial, vendendo mais de 12 milhões de cópias e rendendo dois Grammy Awards.

Em 2007, lançou My December, um álbum mais autoral e criativo, que gerou conflitos com a gravadora por ser considerado menos comercial.

Pois é, Kelly Clarkson precisou brigar para poder escrever suas próprias músicas!

E assim, de Woodstock a William Hung, da distorção do hino por Hendrix ao cover obrigatório dos realities, muita coisa se perdeu na travessia.


Festivais que celebram a arte

Existem vários Festivais de Música.

Um dos destaques é o Festival de Inverno de Lençóis, na Bahia. O evento busca fomentar o turismo local durante a baixa temporada e promover a cultura da região.

O que esperar do Festival de Inverno de Lençóis:

Música:
O festival conta com diversas atrações musicais, com foco em artistas locais e regionais, além de nomes conhecidos do cenário nacional, como divulgado em outras edições.

Natureza:
A localização privilegiada de Lençóis, na Chapada Diamantina, oferece paisagens deslumbrantes e oportunidades para atividades ao ar livre, como trilhas e passeios.

Cultura:
O festival também promove a cultura local, com apresentações de artistas, grupos folclóricos e outras manifestações culturais da região.

Gastronomia:
A parceria com o Sabores da Terra – Festival Gastronômico Itinerante – garante uma experiência que valoriza os produtores locais, com pratos típicos e produtos artesanais.

Turismo:
O festival é uma oportunidade para impulsionar o turismo na região, atraindo visitantes de diversas partes do Brasil e do mundo, que buscam a beleza natural e a cultura de Lençóis.

– Informações extraídas de um informativo sobre a cidade de Lençóis, na Bahia.

Apoiar artistas independentes ou festivais locais pode fomentar novas utopias.

Reinventar a lógica: talvez a resposta esteja em iniciativas como o Tiny Desk Concerts (YouTube) ou Sofar Sounds, onde o foco volta a ser a música – sem jurados, sem votos, apenas compartilhamento.

“Woodstock foi um experimento social utópico, e justamente por isso faliu… mas seu fracasso nos mostrou que a arte pode ser um ato político de rebeldia contra a competição desenfreada.”

A “futilidade” que move a humanidade talvez seja justamente a busca por esses raros momentos em que a arte nos lembra: podemos ser mais que adversários.

As pessoas não iriam mais mostrar talento, iriam agora competir com artistas de gêneros e estilos diferentes… não é verdade?

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O que se dá nos realities musicais.

Realmente, a utopia “Woodstockiana” é o que se pode chamar de sonho impossível em tempos de capitalismo selvagem.

A ideia de haver “um vencedor” esconde o fato de que outras lindas obras, ressalto em diferentes estilos, estavam lá.


A infantilização do público

Citando os grandes festivais de MPB nas décadas de 1960-1980, o público transformou-se em torcida, vaiou e, o mais interessante, não se permitiu ouvir as outras canções.

Ligar a competição musical à perda da escuta ativa e à infantilização do público (transformado em “torcida”) não é um fenômeno novo: os festivais da MPB foram laboratórios disso décadas antes dos realities.


Festivais da MPB (1960-1980): Quando a plateia virou “torcida organizada”

Vaias como arma ideológica

  • Nos Festivais de MPB, durante os anos 60, cantores podiam ser vaiados ou ovacionados ao defender as suas canções. A plateia julgava não a qualidade musical, mas o alinhamento político da canção.

  • Lucinha Lins, Cibele e Cynara, Sérgio Ricardo e muitos outros intérpretes experimentaram as vaias de um público que não sabia aceitar aquilo que era diferente dos seus gostos musicais.

Poderíamos comparar a estética dos programas musicais dos anos 1960.

A rivalidade entre Jovem Guarda (festivais da TV Record) e a MPB engajada (TV Excelsior) refletia a polarização do Brasil pós-64.

Enquanto as canções da Jovem Guarda eram chamadas de “bobinhas” pela elite intelectual, Vandré era tratado como profeta (“Pra Não Dizer que Não Falei das Flores”, 1968).

O mito da “democracia musical”…

Os júris técnicos eram frequentemente boicotados pelo público, como um ensaio do que seriam os realities futuros.

Em 1967, a canção vencedora do Festival de Música Popular brasileira (“Ponteio”, de Edu Lobo) foi escolhida pela plateia, não pelos jurados. Um ensaio para a tirania do gosto popular dos realities.

Mas surge daí uma pergunta para reflexão: qual seria a audiência de tais programas caso não houvesse a competição?


A psicologia da competição – a busca pela audiência

Por que viramos “torcida”? A psicologia da competição

  1. Tribalismo cultural:
    Competições transformam arte em disputa de identidades.
    Torcer por um artista vira defender seu grupo (rock vs. sertanejo, esquerda vs. direita).

Lembro-me de uma frase que ouvi tempos atrás: “O brasileiro reduz o complexo a uma rivalidade de estádio.”

  1. Economia da emoção barata:
    Vaias e gritos geram engajamento instantâneo (e audiência). Lembrem-se: a audiência tem sido mais importante que a qualidade dos programas.
    A televisão explorou isso nos festivais e nos realities de música, editando brigas de fãs. Nos realities, roteirizam “rivalidades”.

  2. Morte da nuance:
    Quando 30 segundos decidem uma eliminação (como no The Voice), não há espaço para experimentação.
    Daí a ascensão de bangers (músicas explosivas) em detrimento de canções lentas ou complexas.


A superficialidade dos realities

Os realities musicais brincam com a inteligência dos telespectadores ao colocar no mesmo “ringue” cantores de vozes e estilos diferentes.

Os ouvintes não terão o privilégio de sentir a música, ouvir a letra… serão influenciados por preferências estilísticas.

Belos cantores, que sonham com o sucesso, estarão lá mais pela exposição que pela fé na estrutura do programa.


Comparemos dois modelos:

A Festa (Circo Voador, anos 80)
O Circo Voador era palco de bandas do rock brasileiro no início da década de 1980.

Cazuza erra a letra de “Exagerado”. Gritos: “Toca de novo!”

Sim, é verdade que Cazuza, durante um show no Circo Voador, errou a letra da música “Exagerado”.

É comum que artistas errem a letra de suas próprias músicas em apresentações ao vivo; muitas situações foram registradas em vídeo, com gritos da plateia pedindo para que os astros repetissem a música.

Artistas compartilhavam o palco (você podia curtir Barão Vermelho + RPM juntos, no mesmo palco!).

Reality (The Voice Brasil)
Sob pressão, o cantor desafina e se torna vítima de ataques e piadas no Twitter (o atual X) e demais redes sociais.

Errando a letra, pode não haver uma segunda chance.

Artistas sobem juntos no palco não para compartilhar.

São batalhas, onde dois cantores lutam por uma vaga.


Onde está o problema?

O problema está justamente no modo como nos habituamos a ouvir música.

A música deixou de ser o elemento principal; tornou-se pano de fundo de atividades cotidianas — e disso os realities se apropriaram magistralmente.

Aprenderam a explorar a futilidade!


Como resgatar a escuta?

A música está por aí, que tal dar uma chance?

  • Rodas de samba ou saraus periféricos: onde não há “vencedor”, só comunhão.

  • Algoritmos afetivos: playlists como Radio Woodstock no Spotify, que misturam estilos sem rankings.

  • Artistas rebeldes: como Liniker, que tem coragem de interromper shows para dizer: “Aqui ninguém vai vaiar ninguém”.

  • Os meninos do Madds, de Taubaté: que resgatam com personalidade clássicos das décadas de 1960 e 1970 e têm um excelente repertório autoral.

  • ou mesmo nos barzinhos, onde novos artistas procuram um espaço.

Lembre: “A competição é a zona de conforto do capitalismo.”

Futilidades movem o mundo, mas só as que lembram que somos humanos — não torcedores — sobrevivem.

Se há em sua cidade festivais onde o foco é o artista, a música e a diversidade da cultura, não deixe de prestigiar: esteja presente, curta o momento!

Permita-se influenciar pela arte, o que raramente se vê quando esta se torna motivo de competição.

E você, o que acha? Deixe o seu comentário abaixo e participe desse projeto com a gente.

Leia também: Propaganda musical e Empobrecimento cultural ‣ Jeito de ver


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Revisado por IA.

Luiz Gonzaga – O Rei do Baião

alt="Disco de vinil de Luiz Gonzaga"

Por muito tempo, as praças das pequenas cidades do interior nordestino ficavam lotadas de homens que se aventuravam em caminhões desconfortáveis ou ônibus em péssimas condições para o trabalho nas fazendas de corte de cana no Sudeste do Brasil.

Se expunham ao trabalho pesado, alguns morriam picados por cobras venenosas, outros penavam de saudade.

A bebida alcoólica fazia companhia ao sofrimento de muitos.

O Sudeste era símbolo de progresso, e o Norte e Nordeste eram vistos como símbolos de abandono e atraso.

Mas, como se deu isso?

A herança colonial

Esta é uma das heranças do período colonial, em que a exploração do território brasileiro foi feita de forma predatória e concentrada em ciclos econômicos regionais (a cana-de-açúcar no Nordeste, o ouro em Minas, o café no Sudeste).

À medida que o ciclo do café cresceu, especialmente no século XIX, o Sudeste passou a ter maior influência política e econômica.

Era onde estavam as elites econômicas e políticas.

Durante o século XX, principalmente com Getúlio Vargas e, depois, Juscelino Kubitschek, o Brasil passou por uma rápida industrialização — mas quase toda concentrada em São Paulo e Rio de Janeiro.

Essas regiões já tinham melhor infraestrutura, mão de obra disponível e acesso aos portos. Investimentos em energia, transporte e indústria foram canalizados para lá, ignorando o potencial de outras regiões.

Era mais rentável investir onde já havia infraestrutura.

Os grandes centros de decisão, como o Congresso, os bancos, os grandes jornais e empresas, sempre estiveram no Sul e Sudeste.

Isso criou uma espécie de “círculo vicioso”: onde há mais riqueza, há mais poder, e onde há mais poder, mais recursos são direcionados.

O descaso com o Nordeste

O Nordeste passou a ser visto por parte das elites políticas e econômicas como “problema social”, e não como região estratégica.

As políticas públicas geralmente foram emergenciais ou assistencialistas, como frentes de trabalho ou ações contra a seca — sem atacar as causas da desigualdade.

Havia preconceito e marginalização histórica contra o Nordeste.

A falta de investimentos no campo nordestino, somada às secas e ao abandono, forçou milhões a migrar para o Sudeste, onde acabavam vivendo em condições precárias nas periferias urbanas.

Isso contribuiu ainda mais para a concentração populacional e a sobrecarga dos serviços nas grandes cidades — e o ciclo se repetia.

O modelo de desenvolvimento era concentrador e excludente.

Triste Partida

Neste contexto, Patativa do Assaré compôs uma das mais belas músicas do cancioneiro brasileiro: Triste Partida.

“Setembro passou,
Outubro e Novembro,
Já tamo em Dezembro,
Meu Deus, que é de nós?
Assim fala o pobre
Do seco Nordeste,
Com medo da peste,
Da fome feroz…”

Embora Triste Partida não mencione diretamente o governo, o pano de fundo da canção é, sim, profundamente político — ainda que de forma sutil.

A seca é retratada não apenas como fenômeno natural, mas como uma tragédia social e humana agravada pela ausência do Estado e pela falta de políticas públicas eficazes para o povo nordestino.

A seca, constante no sertão, transforma-se em símbolo da negligência histórica com o Nordeste.

Luiz Gonzaga – O Rei do Baião

Luiz Gonzaga

A fome, o êxodo, a desesperança — tudo isso poderia ser amenizado com ação governamental, mas o que se vê é o abandono.

A canção narra o drama do sertanejo que deixa tudo para trás em busca de sobrevivência.

Isso é consequência direta da falta de apoio e estrutura, de crédito, de acesso à terra, de políticas de convivência com o semiárido.

O silêncio do autor sobre o governo, nesse caso, fala alto, sugerindo que o sofrimento é tão prolongado e recorrente que já nem surpreende mais.

A voz e a Asa Branca

O cantor que deu voz à canção foi Luiz Gonzaga, o autor de, entre muitas belas canções da música, Asa Branca.

A música Asa Branca, composta por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira em 1947, é uma das canções mais emblemáticas da música popular brasileira.

Ela retrata o drama da seca no sertão nordestino e a migração forçada dos sertanejos em busca de melhores condições de vida.

A letra é narrada por um sertanejo que se despede de sua terra natal devido à seca devastadora.

Ele menciona a ausência de chuvas, o sofrimento dos animais e a partida do pássaro asa-branca — símbolo da aridez do sertão.

O protagonista também se despede de sua amada, prometendo retornar quando a chuva voltar e a terra voltar a florescer.

Asa Branca é, portanto, uma canção que representa o Nordeste profundo, seu povo, sua dor, sua força e sua esperança.

É considerada um verdadeiro hino do sertão brasileiro.

Rei do Baião

Entender e expressar os sentimentos de um povo são prerrogativas de um Rei, e embora muitos o fizessem pela cultura nordestina, nenhuma voz soou tão alto quanto a de Luiz Gonzaga – O Rei do Baião.

O conhecimento da história pode ajudar a entender as raízes do preconceito e da ignorância e trazer à luz a luta de um povo que expressou a sua história e a sua luta por meio de trabalho e arte.

Vamos à história do Rei do Baião:

Luiz Gonzaga – O Rei do Baião

Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu em 13 de dezembro de 1912, na Fazenda Caiçara, povoado do Araripe, em Exu, no sertão de Pernambuco.

Filho de Januário José dos Santos, sanfoneiro e consertador de instrumentos, e Ana Batista de Jesus, conhecida como Mãe Santana, Luiz foi batizado em 5 de janeiro de 1920 na matriz de Exu.

Seu nome foi escolhido em referência ao dia de Santa Luzia (13 de dezembro), e o sobrenome “Nascimento” foi inspirado no mês em que se celebra o nascimento de Jesus.Luiz Gonzaga – O Rei do Baião

Desde pequeno, Luiz demonstrava fascínio pela sanfona do pai. Ajudava na roça, mas preferia ouvir Januário tocar.

Com o tempo, aprendeu o instrumento e passou a animar festas da região.

Aos 13 anos, comprou sua primeira sanfona com ajuda do coronel Manuel Aires de Alencar e suas filhas, que também lhe ensinaram a ler e escrever.

Sua primeira apresentação remunerada foi em um casamento — momento em que sentiu que a música era seu destino.

A fuga de casa e o Exército

Aos 17 anos, Luiz fugiu de casa após um romance proibido e uma surra da mãe.

Foi para o Crato, no Ceará, vendeu sua sanfona e seguiu para Fortaleza, onde alistou-se no Exército em busca de uma vida melhor.

Durante a Revolução de 1930, percorreu diversas regiões como corneteiro.

Em Minas Gerais, comprou uma sanfona nova e começou a ter aulas com o mestre Domingos Ambrósio.

Teve suas primeiras experiências públicas tocando em clubes, antes de ser transferido para Ouro Fino.

Em 1939, deixou o Exército.

Carreira no Rio de Janeiro

Sem notícias da família havia nove anos, permaneceu no Rio de Janeiro à espera de um navio de volta para Pernambuco.

Um colega do Batalhão de Guardas sugeriu que ele tentasse ganhar a vida tocando sanfona pela cidade.

Luiz começou a tocar nos bares do Mangue, nas docas e nas ruas. Logo passou a se apresentar em cabarés da Lapa.

No início, seu repertório era composto por tangos, fados e valsas — exigência do público.

Tentou a sorte nos programas de calouros de Silvino Neto e Ary Barroso, mas tirava notas baixas.

Em 1940, um grupo de estudantes cearenses o incentivou a tocar músicas nordestinas.

Com a música “Vira e Mexe”, ganhou nota 5 e o primeiro lugar em um concurso de rádio.

Sua habilidade chamou a atenção de Januário França, que o convidou para acompanhar Genésio Arruda em uma gravação.

Primeiras gravações e parcerias

O desempenho foi tão bom que Ernesto Morais, diretor artístico da RCA, convidou-o para gravar como solista.

Em 14 de março de 1941, Luiz Gonzaga gravou seus dois primeiros discos.

Nos anos seguintes, gravou cerca de 70 músicas, muitas instrumentais.

Em 1945, lançou seu primeiro disco como cantor, com a música “Dança Mariquinha”, marcando o início de sua carreira vocal.

Parcerias e o sucesso do baião

Em busca de um parceiro letrista, Luiz conheceu o advogado cearense Humberto Teixeira, com quem formou uma das duplas mais importantes da música brasileira.

Juntos lançaram sucessos como “Baião”, “Asa Branca”, “Assum Preto”, “Paraíba” e “Kalu”.

As músicas eram acompanhadas por sanfona, triângulo e zabumba — a formação clássica do forró pé de serra.

“Asa Branca”, lançada em 3 de março de 1947, se tornou um marco.

A canção, de caráter folclórico, retrata o drama do sertanejo diante da seca e foi gravada por artistas como Dominguinhos, Sérgio Reis e Baden Powell.

Retorno ao Nordeste e novos parceiros

Após anos longe de casa, Luiz retornou ao Recife e passou a se apresentar nos programas de rádio da capital. Com trajes típicos — gibão de couro, chapéu de vaqueiro e óculos Ray-Ban —, reforçava sua identidade nordestina.

Em 1949, levou a família para o Rio de Janeiro e conheceu o médico e compositor Zé Dantas, iniciando uma nova e frutífera parceria, que rendeu canções como “Vem Morena”, “Cintura Fina”, “A Dança da Moda” e “A Volta da Asa Branca”.

Entre 1948 e 1954, morou em São Paulo e viajava o Brasil fazendo shows.

Tornou-se um dos artistas mais populares do país, levando os ritmos do sertão para as grandes cidades.

Em 1980, Luiz Gonzaga cantou para o Papa João Paulo II, em Fortaleza. Apresentou-se também em Paris, a convite da cantora Nazaré Pereira. Recebeu o prêmio Nipper de Ouro e dois discos de ouro com o álbum “Sanfoneiro Macho”.

Vida pessoal

Luiz Gonzaga teve um relacionamento com a cantora e dançarina Odaléia Guedes dos Santos, com quem teve um filho, Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, o Gonzaguinha, em 1945.

Odaléia faleceu quando o menino tinha dois anos.

Em 1948, Gonzagão casou-se com Helena Neves Cavalcanti, que o ajudou a criar Gonzaguinha. O casal também adotou uma menina, Rosa Gonzaga.

Luiz Gonzaga morreu em 2 de agosto de 1989, no Recife, deixando um legado inestimável para a música brasileira.

Foi um dos artistas mais importantes da história da MPB e verdadeiro porta-voz da cultura nordestina.

Seus sucessos continuam vivos na memória do povo e influenciaram gerações de músicos, como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Raul Seixas e Geraldo Vandré.

Será eternamente lembrado como o Rei do Baião, aquele que deu voz, forma e ritmo ao Sertão — e transformou a dor de sua terra em música eterna.

O conhecimento da história pode ajudar a entender as raízes do preconceito e da ignorância e trazer à luz a luta de um povo que expressou a sua história e a sua luta por meio de trabalho e arte.

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Baião: A Dança Nordestina de Raiz

Fonte: Wikipedia

Biografia de Luiz Gonzaga – eBiografia

Ouvindo meus velhos discos de vinil

Quando a música pede silêncio

Nessas manhãs de outono, enquanto as crianças dormem, o tempo parece pedir uma boa música.

Em meio às estações de rádio, CDs e streamings de áudio, algo prende minha atenção: os velhos discos adormecidos em meu estúdio.

Confesso, não sou um daqueles colecionadores que conseguem dedicar a essas mídias o tempo que merecem, mas decido — apenas para sentir novamente a experiência — colocá-los de volta em minha vitrola.

Segurar a mídia delicadamente entre os dedos é quase um ritual.

Observar os sulcos no disco de vinil, as divisões entre as faixas, e perceber, na contracapa, os nomes de artistas, técnicos e músicos que contribuíram para que a obra alcançasse sua forma final, é como visitar uma pequena galeria sonora. (Para manter o tom, não menciono o trabalho que foi limpar a poeira…risos)

Há algo de artesanal, de humano, que sobrevive ali.

À medida que a agulha do toca-discos passeia suavemente entre as faixas, o som que se produz transcende o tempo.

É possível ouvir nuances de agudos e graves em perfeita sintonia — o que talvez aconteça justamente por eu estar, aqui, em silêncio e cuidado, apenas ouvindo. Sem pressa. Sem distrações.


Quando ouvir era um acontecimento

Não sei ao certo se o que sinto agora é apenas nostalgia ou também saudade de um tempo em que ouvir música era uma experiência completa — um acontecimento.

A música, hoje, parece ocupar outro lugar: tornou-se pano de fundo para as tarefas do dia a dia.

E talvez por isso se tenha perdido parte da variedade e da qualidade das canções.

Alguns artistas, apesar de sua beleza e profundidade, já não figuram entre os mais executados nas atuais plataformas digitais.

Não por falta de talento, mas por falta de visibilidade diante dos algoritmos que decidem o que se ouve — e o que se cala.


O gosto moldado pelas máquinas

O que talvez nem todos percebam é o quanto os algoritmos — esses curadores invisíveis — influenciam o que ouvimos, quando ouvimos e quantas vezes voltamos a ouvir.

Os algoritmos escolhem o que vamos ouvir...

Imagem de Tom Majric por Pixabay

Eles observam nossos hábitos, anotam o que escutamos no café da manhã, o que deixamos tocando no carro ou no fone de ouvido enquanto caminhamos.

E, pouco a pouco, vão nos moldando sugestões, listas, destaques — como se conhecessem nossos gostos melhor do que nós mesmos.

Mas o gosto, assim conduzido, corre o risco de deixar de ser nosso.

As plataformas coletam milhões de dados por segundo.

Se uma música é tocada muitas vezes em pouco tempo, entra numa engrenagem que a recomenda a cada vez mais usuários — e esse ciclo de reforço costuma favorecer apenas os artistas mais populares.

Os demais, mesmo que tenham produzido algo profundo, delicado ou inovador, acabam soterrados no silêncio digital.

Não por falta de qualidade, mas por falta de números.

O algoritmo não escuta com o coração. Ele não percebe a beleza de uma metáfora bem colocada, nem se emociona com a timidez de um piano no início de uma canção.

Ele apenas lê estatísticas, e distribui as faixas como quem reorganiza prateleiras de um supermercado musical.

Com o tempo, isso molda também o que é produzido. Os artistas passam a criar pensando no que agrada ao sistema, no que se adapta bem às playlists automatizadas.

E assim, o diferente, o ousado, o que pede tempo e escuta atenta, vai ficando para trás.


A quem pertence a música?

O que muitos não sabem é que, por trás dessas plataformas modernas que oferecem milhões de músicas ao alcance de um toque, existe uma engrenagem comercial que também determina quem será recompensado por ser ouvido.

A maior parte do valor pago pelos assinantes — cerca de 70% — vai para gravadoras, editoras e distribuidoras. O restante, em média 30%, fica com a plataforma, que cobre seus custos, investimentos e lucros.

O artista, esse elo sensível da corrente, recebe centavos por stream — e isso, muitas vezes, apenas se for grande o suficiente para aparecer nas estatísticas.

É o modelo chamado pró-rata, em que toda a receita do mês é repartida proporcionalmente conforme o volume total de reproduções.

Ou seja, mesmo que você escute apenas artistas independentes, sua assinatura será dividida com os mais ouvidos do mundo — os gigantes do momento.

Talvez por isso voltar ao vinil, nessas manhãs de outono, seja também reencontrar a liberdade de escolher — sem pressa, sem algoritmo, apenas por sentir.

Talvez seja não uma forma silenciosa de resistência, mas um minuto de reflexão.

Um gesto de reverência a tudo que ainda pulsa, mesmo esquecido.

Um tributo à música que me formou e aos artistas que deixaram ali, no sulco de um disco girando, um pedaço da alma.

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A canção que determinou o fim de um grupo!

New Orleans, início do Sécuo XX

New Orleans, 1910 Pinterest

There is a house in New Orleans

They called the Rising Sun

And it´s been the ruin of many a poor boy

And God, I know I’m One” – The house of the rising Sun

The House of the Rising Sun – Uma história

Origem da Canção

‘The House of the Rising Sun’ é uma canção tradicional folk americana cuja autoria exata permanece desconhecida.

Acredita-se que a música tenha sido transmitida oralmente através de gerações, com raízes que remontam ao início do século XX.

A natureza oral dessa tradição significa que a letra e a melodia foram modificadas ao longo do tempo, refletindo influências culturais e sociais de diferentes épocas e regiões dos Estados Unidos.

As primeiras gravações conhecidas datam de 1933, quando Clarence Ashley e Gwen Foster registraram suas versões. A interpretação de Ashley é significativa, pois ele aprendeu a música com seu avô, demonstrando sua transmissão geracional. Sua versão refletia as influências do folk e do blues, gêneros profundamente enraizados na cultura americana da época.

Contexto Cultural

O contexto dos Estados Unidos durante o surgimento da canção foi marcado por grandes mudanças e desafios.

A Grande Depressão, que assolou o país na década de 1930, impactou profundamente a vida dos americanos, e a música folk serviu como uma forma de expressão das dificuldades e aspirações da classe trabalhadora. ‘The House of the Rising Sun’ capturava essas realidades, com letras evocando histórias de perda, arrependimento e redenção.

A casa mencionada na canção é frequentemente interpretada como um bordel ou uma casa de jogo, refletindo temas de vício e decadência moral, prevalentes na sociedade da época. Assim, a canção se destacou tanto como peça musical quanto como documento cultural.

Versões e Regravações ao Longo dos Anos

Uma das primeiras interpretações notáveis foi feita por Woody Guthrie na década de 1940. Guthrie trouxe um estilo folk característico, com um arranjo simples e direto que refletia a tradição oral da música.

Musicologistas afirmam que há versões bastante antigas, possivelmente originárias da Inglaterra ou dos Estados Unidos antes da Guerra Civil. As gravações mais antigas conhecidas são de Clarence “Tom” Ashley, Doc Walsh e Gwen Foster (1932) e dos Callahan Brothers (1934), que ouviram a música de seu avô, Enoch Foster.

Texas Alexander, famoso cantor americano, gravou ‘Rising Sun’ em 1928, mas a música era bastante diferente, embora seus acordes tivessem alguma semelhança.

Em 1937, Alan Lomax gravou uma versão cantada por Georgia Turner, filha de mineiros do Kentucky, intitulada “Rising Sun Blues”. Nos anos 1940, novas gravações foram feitas por Woody Guthrie (1941), Josh White (1947) e Huddie “Lead Belly” (1944 e 1948).

Outro intérprete crucial foi Lead Belly, cujo estilo blues adicionou profundidade emocional à música. Sua interpretação destacou-se pelo uso da guitarra ressonadora e uma vocalização intensa.

Nos anos 1960, foi gravada por Joan Baez (1960), Bob Dylan (1961, publicado em 1962), Nina Simone (1962), The Animals (1964), Los Speakers (1965) e Frijid Pink (1969). Em seu disco de 1962, Bob Dylan atribuía ter conhecido a música através de Dave Van Ronk.

The Animals…

A versão mais famosa veio com The Animals em 1964. A banda descobriu a música durante uma turnê com o cantor folk Johnny Handle.

The Animals, The house of the Rising Sun

Capa The house of the rising Sun

Inspirados pela melodia sombria e pela narrativa envolvente, decidiram dar uma nova roupagem à canção.

O arranjo inovador destacou-se imediatamente. O icônico arpejo de guitarra e o uso marcante do órgão contribuíram para que essa versão se tornasse um marco na história da música popular, catapultando a canção para o topo das paradas internacionais.

Muitos outros artistas revisitaram ‘The House of the Rising Sun’, trazendo suas próprias visões e estilos. Nina Simone, Frijid Pink e Five Finger Death Punch adicionaram elementos de jazz, hard rock e metal, respectivamente.

O topo das paradas

O single rapidamente alcançou o topo das paradas no Reino Unido, nos Estados Unidos e em outros países, consolidando-se como um hit mundial. Esse sucesso alavancou a carreira dos The Animals e colocou a banda no mapa do rock dos anos 60.

O impacto cultural dessa versão é inegável. Ela ajudou a popularizar o folk rock e abriu portas para que outras bandas experimentassem com arranjos mais ousados e inovadores.

Além disso, foi frequentemente utilizada em trilhas sonoras de filmes e programas de televisão, perpetuando sua presença na cultura popular.

Até hoje, a interpretação dos The Animals é considerada um marco na história do rock, destacando-se como um exemplo clássico de como uma reinterpretação pode redefinir uma canção e deixá-la eternamente marcada na memória coletiva.

Os Problemas Internos no Grupo The Animals

O sucesso de ‘The House of the Rising Sun’ trouxe notoriedade e fortuna para The Animals, mas também desencadeou problemas internos que contribuíram para a dissolução do grupo original.

Um dos principais pontos de discórdia foi a questão dos direitos autorais e dos royalties.

Cada membro participou do processo criativo da versão definitiva, mas apenas Alan Price, tecladista responsável pelo solo do órgão, foi creditado pela adaptação da canção tradicional – sem o conhecimento dos outros membros.

Isso levou a uma distribuição desigual dos lucros e gerou tensões significativas dentro da banda.

Relatos informais afirmam que, ao ser descoberto, Price abandonou a banda no meio de uma turnê.

A decisão de creditar exclusivamente Alan Price gerou ressentimentos, especialmente porque ‘The House of the Rising Sun’ era o maior sucesso da banda.

As tensões e o fim

Os outros membros sentiam que suas contribuições não estavam sendo reconhecidas, levando a conflitos que corroeram a coesão do grupo. A falta de uma gestão eficiente exacerbou esses problemas, dificultando a resolução das disputas.

Os conflitos internos afetaram negativamente a dinâmica do grupo, minando a moral dos integrantes.

Eric Burdon, vocalista principal, frequentemente tentava mediar as discussões, sem sucesso.

Eventualmente, as divergências tornaram-se insustentáveis, culminando na dissolução da formação original em 1966.

Cada membro seguiu caminhos diferentes, com Alan Price lançando uma carreira solo e Eric Burdon formando novas bandas.

No entanto, os problemas internos gerados pelo sucesso da canção deixaram cicatrizes duradouras, influenciando suas trajetórias.

Assim, enquanto a canção permanece como um marco na história da música, os conflitos que ela gerou no seio de The Animals são um lembrete de como o sucesso pode, paradoxalmente, levar à desintegração de laços criativos e pessoais.

Veja mais: A história do “dia que a música morreu” ‣ Jeito de ver

Recomendamos também o PodCast A hora da Vitrola, com André Góis, da Rádio Eldorado FM, para histórias incríveis como esta.

Aprenda a tocar House of The Rising Sun – The Animals – Cifra Club

 

Música: Parapeito ( Alan Sampaio)

Alguém tocando o violão. Ouça a composição Parapeito, de Alan Sampaio.

Imagem de Firmbee por Pixabay

 

 

Detalhes da música

Música: Parapeito

Compositor: Alan Sampaio

Intérprete: Grupo Terra (Ensaio)

Gravada durante os ensaios do Grupo Terra, de Iaçu.

 

Veja mais em:

Que tal compor a sua obra de arte? ‣ Jeito de ver

 

 

Tanto pra falar (Música de Alan Sampaio)

Violão. A Canção no Post "Tanto pra Falar". Composição Alan Sampaio e Gilson Cruz. Divulgue a sua Obra.

Imagem de Firmbee por Pixabay

Sobre a Música

Inspirado na Jovem Guarda e nas melodias românticas dos anos 1970, o compositor Alan Sampaio trabalhou em mais uma de suas belas melodias.

Conheça e prestigie a sua obra.

Tema: Tanto pra falar

De: Alan Sampaio/Gilson Cruz

Intérprete: Grupo Terra

Edição: Jeito de Ver

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Elvis Presley: O Rei do Rock e Sua Jornada

Estátua de Elvis Presley

Elvis Presley: O Rei do Rock and Roll

Elvis Presley: O Rei do Rock e seu Legado

Elvis Aaron Presley, conhecido como Elvis, foi um cantor e ator americano que transcendeu gerações e barreiras culturais.

Nascido em 8 de janeiro de 1935, em Tupelo, Mississippi, ele veio de origens humildes. Influenciado pela música gospel da igreja Assembleia de Deus e presenteado com sua primeira guitarra aos 11 anos, Elvis iniciou cedo sua jornada musical.

Na década de 1950, em meio à segregação racial, gravadoras buscavam artistas brancos que pudessem replicar a energia dos cantores negros.

Foi nesse contexto que Elvis, com apenas 19 anos, gravou “That’s All Right” nos estúdios Sun Records, unindo gospel, blues e rhythm and blues em um estilo único que

Atuando em Jailhouse Rock.

Atuando em Jailhouse Rock.

revolucionou a música.

Seu talento e presença de palco inigualáveis o transformaram no “Rei do Rock ‘n’ Roll”. Clássicos como Heartbreak Hotel e Jailhouse Rock marcaram sua carreira, enquanto sua influência ia além da música.

Serviço militar.

Durante o período em que prestou serviço militar na Alemanha sua fama de roqueiro rebelde foi abalada.

Neste período participou de vários filmes de sucesso comercial, embora de qualidade mediana, acumulando fama e fortuna.

Na metade final dos anos 1960 retornou ao estilo que o consagrou.

Durante a década de 1970 seu estilo foi marcado por roupas extravagantes e mega shows pelos Estados Unidos. Jamais fizera shows fora de seu país.

Explicaremos isso em um post futuro.

Mesmo enfrentando desafios financeiros e o preconceito da época, Elvis perseverou, deixando um impacto duradouro. Sua morte inesperada em 1977, aos 42 anos, abalou o mundo, mas Graceland, sua casa em Memphis, permanece como um símbolo de sua contribuição inigualável à cultura popular.

Elvis não foi apenas um músico, mas um ícone cultural que ajudou a popularizar o rock and roll, levando o gênero afro-americano a um público global. Seu legado continua vivo, ecoando na música e na cultura contemporânea.

Ouça “Always on My Mind” e redescubra a magia do Rei do Rock.

Leia também: A música como produto e arte – uma história! ‣ Jeito de ver

Elvis Presley – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Rosa Negra – Confira o Videoclipe da canção

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Imagem de Willfried Wende por Pixabay

O vídeo da música Rosa Negra

A poética música Rosa Negra é uma composição de Ranne Ramos .

As paixões intensas, a efemeridade dos acontecimentos, a brevidade da vida e dos sentimentos, num universo de coisas infinitas.

O videoclip traduz em fotografias aquilo que se busca ao longo da vida: A Amizade, O amor, O refúgio da família e a Paz.

Um convite à contemplação.

 

Confira o vídeo no link :

 

O vídeo musical para a música “Rosa Negra” foi criado com a assistência do CoPilot do Bing, Microsoft.

Viva e experiência.

Música: Rosa Negra

Compositor: Ranne Ramos

Intérprete: Grupo Terra

 

 

Veja também Que tal compor a sua obra de arte? ‣ Jeito de ver

 

 

 

 

 

O Músico e a Estrela (um breve momento)

Um texto inspirador, o romance do Músico e a Estrela.

Imagem de 1866946 por Pixabay

O músico e a estrela 🌟

Não tinha jeito, faltava algo.
As suas canções soavam sempre vazias.
Parece que nada brotava de sua mente, já exausta de tanto tentar.
Já cogitava desistir, até que num desses acidentes que só acontecem aos músicos, uma vez na vida, algo brilhante cai ao seu lado.
Ela era de fato, brilhante em todos os seus aspectos.
O sorriso lindo, a delicadeza e a inspiração que emanava de cada gesto dava a certeza de que uma estrela de verdade, caíra, bem ali.
Ele não entendia muito do que ela dizia, falava da distância, das saudades e de outros brilhos. – Aquilo o encantava!
Tudo que emanava da bela estrela se materializava em versos perfeitos e se encaixava milimetricamente em suas melodias.
Suas canções se tornaram alegres, cativantes!
Ele tinha então novidades para contar e cantar!
Delicadeza, amor, distância, inspiração – todos os temas fluíam livremente sem muito esforço!
E enquanto andavam pela noite, de perninhas machucadas, a estrelinha aproveitava cada momento em que se sentia amada e contava histórias, não se importava com o tempo. Queria mais era estender ao máximo aquele momento.

Confessava que também, lá de cima, amava as músicas e os versos do cantor…

E a luz do dia se aproximava lentamente…e eles não sabiam, tampouco se importavam, por isso, não percebiam
que as estrelas não são visíveis à luz do dia – e ela também desapareceu!
Desapareceu, e não conseguiu mais voltar!
E desde então, as músicas daquele compositor falam apenas da saudade.

Gilson Cruz

Para mais contos, leia também:

Um romance de sol e lua ( Um conto) ‣ Jeito de ver

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© Gilson da Cruz Chaves – Jeito de Ver Reprodução permitida com créditos ao autor e ao site.