Insônia (Poema das minhas noites em claro)

Um lindo por de sol. Um poema sobre a angústia causada pela insônia.

Imagem de Leopictures por Pixabay

O corpo dói
o sono vai
a ansiedade chega
e os pensamentos voam

As horas passam sem pressa
e os sonhos dão adeus
a mais uma noite

A tosse no quarto ao lado
a tristeza acordada sem motivos
e uma madrugada inteira, sem estrelas, sem lua…

feita para lamentar o cansaço…

Os grilos cantam
Os galos respondem
e a sinfonia parece não ter fim…

E a noite pesa
como a escuridão em Saturno
pois a vontade de dormir

já não é suficiente…

Os milésimos
Os segundos
Os minutos
As horas…
A noite finda.
E enfim,

o dia.

Triste dia…

Leia mais em: Corre, Menino (Seja feliz, hoje) – Jeito de ver.

Os meios de comunicação e a política

Jovem observa o Planalto Central. Um texto que fala sobre influência da Imprensa na Política.

Imagem de Nill Matias por Pixabay

 

A “arte de administrar” pode ser uma boa definição para Política.

Mas, antes de sair por aí se esgoelando pelas ruas, gritando: Governo X Ladrão, Governo Y  é corrupto, vamos entender como funciona a arte de governar um país. Falaremos sobre o sistema político brasileiro.

No sistema brasileiro é muito comum Partidos Minúsculos, que compõem o chamado Centrão, convidarem artistas, pessoas em evidência – que na real, não têm nenhum interesse nos cidadãos ou na política, a serem candidatos por suas legendas. O nível ético, às vezes, é tão baixo que na época do escândalo com um morador de rua que flagrado numa relação sexual com uma mulher que apresentava problemas psicológicos cogitaram convidá-lo a ingressar na política, como candidato por um partido nanico. Visto que o morador foi tratado como uma celebridade por muitos e também nas redes sociais, alguns políticos tentaram surfar nesta onda bizarra.

A falta de conhecimento e interesse na política faz com que muitos brasileiros votem em artistas por que são bonitinhos,  famosos,  engraçadinhos e assim por diante.

Nessa linha, por  exemplo, alguns partidos políticos cogitaram a candidatura do apresentador Luciano Huck à Presidência da República.

Pessoas que assistem aos programas dominicais da Tv têm a imagem de um apresentador jovem, carismático, que em seu programa faz doações e ajuda aos participantes. A falta de informação e interesse não os deixa ver que as benesses são propagandas de patrocinadores.

A imagem do apresentador forjada para vender anúncios pode não representar o cidadão Luciano Huck.

Mas o jogo funciona da seguinte maneira: Um famoso atrairá muito mais votos, gerando maior representatividade daquele partido na Câmara, pois esse voto beneficiará um menos famoso do mesmo partido.

Parece SUJO, mas é permitido.

Coisas assim acontecem, não são contra a lei.

 

No Brasil, 513 deputados através de voto proporcional, são eleitos e exercem seus cargos por quatro anos. Essa informação é importante.

Num mundo normal, seria interessante haver uma proporcionalidade entre as três correntes: Direita, Centro e Esquerda.

O problema, porém, é que não há uma corrente ideológica definida na maioria dos partidos do chamado Centrão*.

Por não seguirem uma linha ideológica esses partidos “garantem ” ou “permitem” a governabilidade do partido eleito apenas se recebrem cargos ou pastas importantes – que envolvam o manejo de recursos orçamentários.

Por na maioria das vezes não ter maioria na Câmara o Governo Eleito tem duas opções:

. Ou negocia com tais partidos, abrindo mão de pastas, de modo a garantir o mínimo de condições para governar. Se não recebem pastas votam contra os projetos de Governo que não for de interesse da legenda.

. Ou tenta argumentar sem êxito e ser boicotado pelos partidos fisiológicos, perdendo a chance de fazer o mínimo possível e correndo o risco de sofrer impeachment.

 

Que dizer dos meios de comunicação? Como podem ajudar?

Com a democratização da informação por meio da Internet é possível, apesar de milhares de canais de divulgação de Fake News, encontrar alguns canais que se esforçam em trazer conteúdos legítimos.

Durante muitos anos, as pessoas foram dependentes de informações que vinham do principal Canal de Tv do Brasil, que se apresentava como imparcial e a favor da verdade.

As informações transmitidas eram tidas como verdades absolutas.

As pessoas não foram educadas a questionar o motivo dos destaques em Jornais, não entendem que as notícias são dadas conforme a vontade e interesse de donos e patrocinadores de emissoras que pagam  fortunas em anúncios. Aquilo que serve aos seus interesses é anunciado de modo a causar comoção ou revolta nos telespectadores.

Voltando aos exemplos, nas Eleições de 1989, a mais popular rede de televisão do país editou descaradamente trechos de um debate entre os candidatos Luis Inacio da Silva e Fernando Collor de Melo, de modo a favorecer o segundo, aquele que mais se ajustava aos interesses da empresa.

 

Analise o histórico, em 4 de Dezembro de 1963, Arnon de Melo, pai do ex-presidente Collor de Melo, tentou assassinar o seu desafeto político Silvestre Péricles, atingindo e matando o inocente senador José Kairala. – Faroeste Senado: o dia que o pai de Collor matou um | Cultura (brasildefato.com.br)

Como noticiaram alguns jornais?   Arnon de Mello: Pai de Collor fundou afiliada da Globo e matou senador (uol.com.br)

. Há 56 anos, o pai de Fernando Collor matava um senador dentro do Congresso (uol.com.br)

. Em 1970, ele foi reconduzido ao cargo durante o Regime Militar (Ditadura).

Te causaria espanto a informação de que alguns jornais elogiaram o assassino e desqualificaram o morto? – (Veja o vídeo do Canal Meteoro Brasil. – VOCÊ FOI ENGANADO #meteoro.doc – YouTube).

 

Não se deve esperar que haja isenção em qualquer meio de comunicação. Como dito, jornais são mantidos por anunciantes, que pagam grandes quantias e não gostariam de ter seus nomes expostos em propagandas negativas.

Muitas vezes, essa é a moeda de troca.

Lembre:

Quando os jornais apresentarem algo como sendo ruim ou extremamente ruim se questione: Ruim para quem? Qual o interesse da empresa que está noticiando?

Repetindo a informação importante: os políticos que estão lá, foram colocados legitimamente.

Para ajudar ou não, para lutar por interesses próprios ou não – eles foram legitimamente eleitos!

Não desceram dos céus e nem brotaram espontâneamente do solo!

Eles estão lá como representantes de seus eleitores!

Muitos destes eleitos estão envolvidos em escândalos de corrupção, sonegação, peculato (conhece o termo: rachadinha?) , violência doméstica e crimes piores já há muito tempo. O silêncio dos  meios de comunicação não surpreende, muitos são da bancada RURAL que é grande anunciante, outros são donos de filiais de veículos de comunicação e outros se dizem representante de interesses dos religiosos – então, não espere muito, são ELES que garantem a governabilidade utilizando os métodos explicitados acima.

 

Traduzindo: São eles que governam, sem compartilhar a mesma responsabilidade de um presidente eleito.

 

O que fazer então:

O conhecimento de História pode ajudar a não repetir os mesmos erros, uma vez que o principal objetivo é relacionar os acontecimentos e os efeitos destes na corrente do tempo.

O conhecimento da história desmistifica heróis, reajusta lendas e cria expectativas reais com base nas experiências.

Portanto, uma mudança essencial está na educação, neste caso especificamente na importância da disciplina História.

Sim, os Professores de História têm  grande importância na formação dos cidadãos de qualquer nação.

 

Sugestões: Os  meios de Comunicação e a Política. – Muito Além do Cidadão Kane (Beyond Citizen Kane) – 1993 (FullHD 1080p – Upscalled) – YouTube

Conheça o Filme Cidadão Kane.

 

* Uma análise do histórico desses Partidos mostra que o objetivo primário deste grupo, é apenas tirar proveito (locupletar-se) e manter-se no poder. São chamados, partidos fisiológicos.

Veja a definição de Fisiologismo no link  a seguir : Fisiologismo – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

 

Leia mais em: O papel da imprensa e a História ‣ Jeito de ver

 

 

 

 

 

 

Eterno Menino (Lembranças de um amigo)

 

O tempo vive pregando peças e nestas viagens do tempo conheci um menino, bom de bola, amante das poesias e com talento nato para belas composições.
Falava muito, sorria muito – como todo menino.

Mas, sonhava em crescer… e rápido!

Falava do dia quando não seria mais um menino. Seria pai e ensinaria a seus filhos o que se espera da vida.
O tempo parecia bem distante.
O moleque falava de tudo…não parecia ter a idade que tinha.

Mas, ele tinha pressa em crescer.

E cresceu.

Num desses dias em 1999 ele aparecia com uma bela letra de música: Parapeito.
Músico intuitivo se concentrava na métrica e na perfeição das rimas.
A primeira gravação foi feita por Rogério Alves no piano, Floriano Filho no contrabaixo, eu fingindo tocar guitarra e fazendo coro com o Autor e a bela voz de Julice – no Estúdio Rogério Alves, em Castro Alves.
A linda música foi posteriormente gravada por uma dupla de forró do município de Castro Alves no início da década seguinte.

Apaixonado como todo jovem é um dia, expressava com clareza os sentimentos em letras de músicas.
E aí…conhece mais uma razão para compor: Dani.
E as mais lindas composições nascem, duas meninas.

E aquele menino – seria então, pai.
….
E a vida me surpreende novamente, pois num desses sábados da vida, o amigo, me liga, com mais uma composição. E me sugere uma parceria: A música “Tanto pra falar”.
Tive o prazer de colaborar com o Refrão e parte do ritmo.
E ao enviar de volta o resultado daquele trabalho, ouvi as mesmas palavras que ouvia dele, quando menino.
Dizia emocionado: ” Melhor do que esperei!”

Lembrei naquele instante que quando o conheci, ele costumava me encorajar nas minhas tristezas exatamente com essas palavras.
Eu sabia que tinha falhado…mas, o coração de menino, buscava sempre o melhor para um amigo triste.

Hoje vejo o Alan…um pai, um irmão, um amigo e percebo que mesmo o tempo não tirou dele, aquilo que ele sempre teve de melhor:A vontade de ajudar, mesmo quando as nuvens escurecem o caminho…

E agradeço, pelas conversas, pelas músicas e a lembrança de uma amizade sincera.

E o tempo, sempre ele, pregando peças, me ensina mais uma vez, que ele não passa, não envelhece quem no coração é um eterno menino.

 

Ao amigo e irmão

Alan Sampaio

 

Conheça a música: Parapeito

Autor: Alan Sampaio

Intérprete: Grupo Terra

Veja mais Corre, Menino (Seja feliz, hoje) ‣ Jeito de ver

 

 

 

O circo ( e aquelas lembranças!)

Confesso que, naquele tempo , eu não entendia as piadas do palhaço, mas já que o povo ria…eu acompanhava!
O que um bom comportamento condicionado não faz!
E ainda hoje, confesso, eu jamais entenderia aquelas piadas naquela época – não eram para crianças!

Palhacinho obsceno miserável!

Estragou a minha infância!

Mas o circo, não o fez tanto assim!

As bailarinas, lindas, distraíam o público enquanto o “mágico” se preparava para mais um truque!
Os coelhos na cartola eram incríveis, como é que eles conseguiam viver naquelas condições? Não, eu não estava nem um pouco preocupado com o Mandrake, mas com os pobres coelhos…como eram resistentes!

Mas, a mulher serrada ao meio me assustava todas as noites, como é que se colava o corpo novamente?

Os truques com as cartas, lenços e moedas não eram tão interessantes.

Enfim, o Mágico desaparecia dando lugar aos malabaristas!
Os malabaristas demonstravam perícia se equilibrando num trapézio, saltando de um lado a outro –  com um sorriso lindo no rosto.

Palhaços, equilibristas, trapezistas, leões* ( que adoravam os pobres gatinhos da cidade, por motivos alimentares , não, não elementares!), macaquinhos, cantores incríveis e bailarinas.

Mas, o circo ficaria na cidadezinha apenas enquanto ainda houvesse o encanto….
E neste caso ficaria apenas seis dias…
Como castelos que se montam e desmontam, numa rotina infinita, ele também sumiria na próxima segunda.
E a linda bailarina trapezista, que caiu do trapézio, infelizmente, não voltaria para mais uma temporada….

* Os animais geralmente sofriam maus tratos. Não eram bem alimentados, sofriam agressões físicas para serem submissos, além de se assustarem com a presença do público barulhento. O uso de animais em tais espetáculos passou a ser duramente questionado, e no futuro passou a ser proibido, após a tragédia no Circo Vostok no ano 2000, quando uma criança foi devorada por leões esfomeados no dia do seu aniversário, na frente de 3000 pessoas.

A lei brasileira foi benevolente com os responsáveis.  –   Tragédia do Circo Vostok – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org).

Veja mais em  O parque de diversões (Recordações de um dia) – Jeito de ver

E quando as coisas não dão certo…

A bela imagem de um pianista e o piano. Um texto sobre a persistência.

Imagem de Pexels por Pixabay

 

Viver é mais que uma arte e a arte de viver nem sempre é fácil.

É como o músico que dedicou muito de sua vida à preparação daquilo que seria o seu mais importante recital e é traído pelas emoções.

A ansiedade não o deixa enxergar as linhas na partitura e as notas parecem dançar, mudando constantemente de posição na pauta. Traído por suas emoções, sente a insegurança e as notas perdem sentimento e intensidade.

A platéia triste, observa apreensiva, enquanto ele… sente o  medo de errar pela segunda vez.

E o medo pode nos paralisar.

Mas, como em toda a arte, viver exige perseverança.

Como de um músico que tenta e não desiste, a vida exige de cada um…

Exige uma ação em cada oportunidade, uma reação a cada erro.

Exige a coragem de se levantar depois do tombo e de rir depois da vergonha.

Exige a humildade de ver outros cruzarem a ponte enquanto não é a sua vez.

Exige traçar rabiscos, antes de completar o quadro.

E se os rabiscos, não estiverem certos…apagá-los e começar tudo, novamente.

Exige-se reler a partitura, sim, decorar a folha inteira, se necessário.

Repeti-la um milhão de vezes, até que todas as notas estejam nos tempo e lugares certos.

Para depois desse esforço maior, sentir uma alegria multiplicada por cada segundo que se planejou acertar.

Viver, é sim, mais que uma arte.

 

Leia mais Viver Plenamente o Presente ‣ Jeito de ver

 

 

“Funk Brasileiro – Raízes e impacto social

Um contrabaixo. Um pouco das origens do FUNK.

Imagem de Jose Araica por Pixabay

Sabe aquelas canções de ritmo pulsante, repetitivo e que muitas vezes choca pela agressividade e obscenidade das letras?*

Calminha, eu não estou falando de alguns pagodes da Bahia. – Não neste Post.

Falaremos um pouco sobre o Funk no Brasil, suas origens e influências.

Revoluções

Se no Brasil, a Bossa Nova crescia no final dos anos 1950 e no início da década seguinte se tornava popular entre jovens de classe média alta, filhos de pais ricos e com cargos influentes na sociedade e nos governos da época…

Nos EUA os jovens negros curtiam algo bem mais politizado, bem mais provocador.

Se por aqui, os jovens que amavam o estilo João Gilberto de sussurrar perfeitamente letras e acordes dissonantes naquela fusão do jazz norte americano com o samba brasileiro, e tinham tempo livre para ver “o barquinho a navegar no macio azul da mar” e viver o romantismo de quem sabia”que iria te amar, por toda a vida…

Lá, do outro lado, os jovens tinham pressa, queriam mudanças. Passavam a admirar ícones como James Brown e Miles Davis.

Esqueça toda a calma e paz da Bossa Nova  –  o Funk é bem diferente…

Um pouco de história e teorias

O Funk cresceria em outro solo…  a água, porém, viria quase da mesma fonte.

Ambos são influenciados pela  música negra americana e entre muitos estilos, compartilham um pouco da vibe do R&B, Soul e do Jazz.

As origens do jazz, que influenciaram a bossa nova, remontam às festas de escravos que parodiavam os estilos dos colonizadores, à mistura de ritmos tribais  e também às jams Sessions de Blues ( se é que se pode chamar assim!) .

O Jazz era a fusão de muito estilos.

Negra em suas origens, essa fusão carregava também um pouco de banzo – canção que expressava a tristeza e era cantada melodicamente em repetições de frases e improvisos por escravos em campos de algodão.

O banzo narrava o sofrimento, a ânsia de libertação e a saudade de um mundo que não mais existiria, desde que foram sequestrados e vendidos como mercadorias.

A expressão deste sofrimento é clara nos blues do Delta do Mississipi nas primeiras décadas do século XX.

O Funk foi desenvolvido pela comunidade negra nos Estados Unidos no início da década de 1960, quando a mesma ânsia de libertação ganhava força num país preconceituoso, onde a segregação racial era questão política e os negros lutavam agora pela igualdade.

Desigualdade social 

É notório que em países como o Brasil, após a lei que abolia a escravidão, havia um projeto de lei que indenizava os donos dos escravos com grandes compensações monetárias, face à pressão de antigos” proprietários”,  ao passo que os escravos, os maiores prejudicados pelo sistema, foram totalmente esquecidos – sem nenhuma compensação ( e às vezes, sem a própria roupa do corpo!).

Fonte:  Indenização aos ex-proprietários de escravos no Brasil – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Documentos relativos à escravidão, registros de compras e vendas de escravos, que poderiam atualmente ser úteis ao entendimento da história foram destruídos no início da república, para dificultar as coisas aos donos de escravos que pleitevam uma compensação pelas perdas decorrentes da abolição.

O mesmo Brasil que não ofereceu condições para que os negros tivessem uma estrutura social,  objetivando um povoamento maior da região sul, agraciou ( com toda a sorte de incentivos ) a europeus, dando desde casa a ajuda financeira para que estes tivessem condições de se estabelecer na preconceituosa terra brasilis.

700 mil libertos não tiveram acesso a terra e nem à educação.

Foram condenados a viver nas partes menos favorecidas da cidade.

Será que mudou muita coisa por aqui?

Nos Estados Unidos não foi, assim, tão diferente…

Os negros eram vítimas de grupos racistas, eram proibidos de ter acesso à educação igualitária e não podiam sequer usar os mesmos transportes públicos ou os mesmos banheiros que os brancos – muitos foram covardemente assassinados!

Neste ambiente politizado, o blues, o jazz e o Soul ganharam novas abordagens em suas letras.
E agora, um pulsante novo ritmo trazia a alegria, o protesto e a sensualidade ao movimento.

Sensualidade? Isso mesmo, era comum entre os músicos negros americanos na época usar a expressão “Coloca um pouco mais de Funk nisso aí”, quando queriam mais sensualidade, mais ousadia, mais provocação nas interpretações.

O Funk no Brasil

No início dos anos 1970 cantores como Tim Maia e Tony Tornado traziam a influência das Soul Music e do R&B americanos para os solos tupiniquins.
Nessa época, eram organizados no Canecão, casa de espetáculos famosa no Río de Janeiro, encontros conhecidos como Bailes da Pesada, onde o Funk era a “Novidade”!

Com o tempo essas festas acabaram e os produtores passaram a promover bailes regados a Rhythm’ Blues, Soul e advinha?
-O Funk!

Apesar da variedade , o termo Baile Funk popularizou esses encontros.

A polêmica das Letras -1

Assim como as antigas canções caipiras eram inspiradas na nostalgia do homem do campo que se mudou para a cidade e a tristeza de quem ficou para lidar com a suscetibilidade do clima, a jovem guarda se inspirava nas paixões juvenis e amores, por vezes, não correspondidos, a bossa nova se inspirava no otimismo de tudo, o Tropicalismo na busca de mudanças e o sertanejo universitário…bem, esse eu não consegui entender a inspiração ainda … (risos) o Funk se inspira nas realidades e nos desejos dos seus compositores.

A expressão de raiva, a desconfiança nas leis e por vezes, o louvor a nomes do crime são reflexos de uma sociedade abandonada pelo estado, em que a ” lei e a segurança” estão a cargo de milícias e outros criminosos.

Uma sociedade que só é lembrada para fins de repressão.

A polêmica das Letras -2

Entendendo a Cultura

As letras de quaisquer canções refletem a cultura e os valores a que são expostos os compositores.

Isso talvez explique superficialmente, pois há ainda uma grande variedade de estilos dentro do Funk: o Melody, o Pagofunk, o Brega Funk e o Proibidão que se caracteriza por letras pornográficas, a apologia ao tráfico e ao uso de drogas ilícitas.

Música é um reflexo da cultura e uma forma de expressão.

É necessário critério ao se analisar as vertentes musicais.

Aquilo que ouvimos influencia de modo positivo ou negativo as nossas emoções e como em tudo, o mesmo se aplica ao Funk.

Confira os links abaixo:

Bossa nova e jazz: ‘um caso de influência recíproca’, segundo Tom — Senado Notícias

Como o funk surgiu no Brasil e quais são suas principais polêmicas? | Politize!

* A agressivade e obscenidade nas letras também são usadas com o objetivo de causar impacto, que é um método para gerar engajamento bem usado em nossos dias, nos mais variados estilos.

Leia também

O drama do músico – As escolhas ‣ Jeito de ver

A música atual está tão pior assim? ‣ Jeito de ver

Flores pobres (Sonhos interrompidos)

Um menino pobre. Um poema sobre sonhos interrompidos.

Imagem de Charles Nambasi por Pixabay

A primeira manhã de Primavera
ainda não chegara,
nem chegará.

E as pequenas chuvas não tiveram a chance de regar o teu jardim
nem regarão

As abelhas não encontraram os seus pólens e os beija-flores…
Não te beijaram,
e como é triste saber…

A primeira noite
Não te trouxe as estrelas,
Nem o orvalho.

As estrelas não fizeram desenhos
E a lua não apareceu

Apenas a escuridão…

E as lágrimas, sairão
como seivas num galho quebrado

Como sangue
de sonhos interrompidos…

Sem palavras
num verso não acabado.

Aos milhares de jovens e crianças vítimas de balas perdidas, pobreza e da escravidão.

Leia mais: Insônia (Poema das minhas noites em claro) – Jeito de ver.

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