A velha praça (um texto para te lembrar!)

Um banco na praça. Um texto nostálgico.

Imagem de João Almeida por Pixabay

O mundo era um pouco menos estranho

Não tínhamos tanto medo, não desconfiávamos do escuro

A velha praça era mal iluminada,

podíamos ver estrelas

e ouvir  as meninas cantando,

Elas ensaiavam uma canção de setembro

Era lindo ouvi-las cantar…

Os casais caminhavam de mãos dadas, tanta vida pra viver

e o tempo parecia parar, para que eles passassem

e para que também ouvissem as meninas naquela canção de setembro

Os bares desligavam seus aparelhos sonoros

para que as vozes tomassem o ambiente,

as pessoas sabiam que seria apenas uma música na hora, na história

por isso, não tinham pressa…

e por coincidência, era setembro.

Maldito tempo,

por que tinha que passar, ainda que devagar? Maldito tempo!

Quem dera aquele momento fosse eterno

e as pessoas não vivessem como vivem hoje, com essa pressa,

trancadas em telas de aparelhos, escravas da pressa e dessa impaciência…

Quem dera aquele tempo lançasse uma semente no vento,

e as pessoas aprendessem um novo instrumento

e cantassem juntas

e  que não vivessem isoladas nesta multidão, como vivem hoje

Quem dera os músicos pudessem  cantar nas ruas

e que poesias pudessem ser decantadas…

Sem pressa, no devido tempo…

E que as belas meninas, sentassem novamente, naquele mesmo lugar

na velha praça e cantassem novamente

e semeassem no ar, as velhas canções de setembro.

Gilson Cruz

Leia mais em O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver

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